Mostrando postagens com marcador Lula. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Lula. Mostrar todas as postagens

23 de jul. de 2009

NO CONTEXTO, PARECEU AMEAÇA


No Estadão de hoje, com as palavras do senhor presidente:

No primeiro evento de que participou, ao lado de Gurgel, Lula também alertou que o Congresso pode se sentir motivado, ante abusos, a promover alterações na Constituição para reduzir os poderes do Ministério Público. 'Sabemos que a mudança nunca será por mais liberdade, mas por mais castramento'.


Ditas por um presidente extremamente popular de um governo com resultados sociais concretos, que conta com folgada maioria na Câmara dos Deputados e possível maioria no Senado Federal, maioria esta capaz de aprovar emendas constitucionais mesmo polêmicas, principalmente se feitas mediante o conjunto de interesses nem sempre éticos dos senhores parlamentares.

Essas palavras soaram como ameaça velada ao Ministério Público, contrangendo-o para que não cumpra sua função constitucional em detrimento das "biografias" nem sempre belas de parlamentares que apóiam o governo.

6 de jul. de 2009

GOVERNABILIDADE AGORA, É MULETA!

O presidente Lula saiu em defesa do senador José Sarney usando o batido argumento da governabilidade, que supostamente estaria ameaçada porque parte da sociedade quer investigação democrática e legal para alguém acusado de irregularidades no uso do dinheiro público.

Sinceramente, um argumento falho porque o Brasil não vive nem de longe um momento de instabilidade política como viveu, por exemplo, no processo de cassação de Fernando Collor ou mesmo nos primeiros meses do governo FHC ou ainda, quando estourou o caso do mensalão, ocasião em que o próprio presidente tinha que amealhar o máximo de apoios parlamentares possíveis para evitar a abertura de um processo político que poderia custar sua reeleição.

Surfando em índices recordes de aprovação, o governo Lula mantém controle total de um Congresso fisiologista e absolutamente incapacitado, tanto pela "base aliada" bem servida em seus interesses quanto pela péssima qualidade da oposição em fazer qualquer coisa que tenha por efeito desconstruir a imagem de santidade do presidente.

O Legislativo se vê enleado nas cordas dos problemas que ele mesmo cria quando não combate o fisiologismo e a verdadeira cultura de mordomias excessivas, arbitrariedades e incompetência do poder como um todo em impor-se como órgão fiscalizador do Executivo e do Judiciário.

Se a imagem do Legislativo está arranhada é porque faz muito tempo que ele não legisla, pois virou um carimbador de medidas provisórias, além, claro, da vida nababesca de seus integrantes, assessores, amantes, esposas, filhos, sobrinhos e correligionários, todos os dias esmiuçada pela imprensa como verdadeira novela de terror armada em torno do mau uso e do desperdício do dinheiro dos impostos abusivos pagos pelos contribuintes.

Não existe instabilidade política quando o presidente é aprovado por 80% da população, que o force a manter-se blindado no Congresso. Mesmo que o senador Sarney renuncie ou seja cassado, hipóteses remotíssimas, ainda assim, o Congresso jamais se voltaria contra o presidente Lula, porque isso seria suicídio para a imensa maioria de fisiologistas que o compõe.

Com efeito, perder o apóio de José Sarney dentro do Senado não atrapalharia em absolutamente nada a governabilidade, até porque este governo não tem interesse nenhum em discutir reformas política, tributária, fiscal e previdenciária. Se no passado, início do governo Lula, a discussão de tais questões parecia relevante, hoje os índices de aprovação do governo às tornam secundárias, fazendo do Legislativo apenas um detalhe do dia a dia.

A única razão para proteger José Sarney e mesmo usar do risível argumento da "governabilidade" é manter o político maranhense como aliado para impedir que o PMDB enquanto partido, migre seu apoio dúbio e pouco efetivo para José Serra ou Aécio Neves. Ou seja, hoje, Sarney nada representa em termos de governabilidade, sua importância é apenas eleitoral.

E mesmo eleitoralmente, Sarney tem importância limitada, até porque a tendência do PMDB é apostar em Dilma Roussef em 2010 e, se ela perder a eleição, oferecerá seus serviços para o novo presidente com o mesmo tipo de adesão pelo qual virou um apêndice do PT desde 2003.

O argumento da governabilidade virou muleta no sentido de desculpa, para que não se crie entrave algum para a candidatura Dilma Roussef, apenas isso.

16 de mai. de 2009

A CPI DA PETROBRÁS

O governo não conseguiu evitar a CPI da Petrobrás, que recebeu assinaturas até da "base aliada" e que levou o presidente Lula a chamar a oposição de "irresponsável" e "não patriota".

Que a Petrobrás é uma caixa preta desde que foi criada nos anos Vargas, todo mundo sabe.

No atual governo ficou esclarecida a política da empresa em relação ao preço dos combustíveis, ou seja, mantê-los o máximo de tempo estáveis, para mais ou para menos, para sustentar o crescimento econômico do país evitando as altas frequentes e coibindo a corrida aos postos em caso queda deles.

Sinceramente, mesmo pagando mais caro pelos combustíveis, prefiro esta política, à que vegia no governo anterior, quando os preços na bomba acompanhavam o preço internacional do petróleo, mas só quando ele subia.

Aliás, esta seria uma razão para investigar a Petrobrás. Eu gostaria muito de saber porque até 2002, os preços dos combustíveis só aumentavam.

Mas não vou dizer que a oposição deve apenas investigar os atos dos administradores que indicou para a empresa, porque esse caso do suposto não pagamento de impostos em decorrência de manobra contábil também é gravíssimo.

A primeira coisa a se dizer sobre isto, aliás, é que numa empresa do tamanho da Petrobrás, manobras contábeis não são feitas pela diretoria, na surdina. Para fazer algo assim num colosso empresarial é preciso adequar sistemas de informática em toda a estrutura administrativa e mesmo cooptar chefias e departamentos inteiros. Numa empresa do tamanho da Petrobrás, manobras de elisão fiscal não são feitas por um ou outro indivíduo, isso é coisa de empresa pequena.

Outro aspecto a partir disto, é o efeito que isto tem na suposta concorrência que vige em teoria, no mercado brasileiro de combustíveis. A única vez que o governo anterior baixou o preço dos combustíveis, foi quando criou a CIDE, um imposto regulador que teoricamente facilitaria a importação de álcool e gasolina para que distribuidoras pudessem competir com a Petrobrás. Mas na prática, a concorrência não aconteceu, e pelo jeito, basicamente porque a poderosa estatal já se utiliza há tempos, de instrumentos políticos para evitar o aparecimento de distribuidoras privadas e, agora, se descobre que além disso, usa também de instrumentos fiscais. Isso deve ser investigado sim! Ou, pelo menos, deve-se reconstituir o pleno monopólio da Petrobráse acabar com a hipocrisia que vige desde a criação da CIDE.

O pagamento a menor de impostos pela estatal tem efeito dúbio. Seu principal acionista é o governo, que a usa em vários aspectos políticos. Se ele não recebe os impostos porque manda não pagá-los, o país não perde, afinal, o dinheiro continua com a viúva, usando o termo bem moldado pelo jornalista Hélio Gaspari. Se bem a prática pode implicar em lucros maiores aos acionistas privados, quebrando o princípio da isonomia entre os cidadãos.

Não vou aderir ao radicalismo do presidente Lula em chamar os defensores da CPI de irresponsáveis e não patriotas. A CPI da Petrobrás pode até ser motivada por questões eleitorais, afinal, o presidente está em campanha escancarada em favor de Dilma Roussef e não pode pensar que a oposição vai esperar até julho do ano que vem para reagir. Mas, se for para investigar a empresa, investiguem-na em suas práticas monopolistas num sistema teoricamente livre, coisa que não é exclusividade do atual governo socialista. Teve muito governo de inclinação dita liberal que promoveu o monopólio a caneladas, nem sempre respeitando os cidadãos.

6 de abr. de 2009

O ENGANO DO PRESIDENTE LULA

"Nós temos consciência de que, se a prefeitura estiver mal, a primeira coisa que vai ocorrer é o corte nos salários, a segunda é piorar a qualidade da educação, a saúde, a terceira é que o prefeito não vai ter dinheiro pra fazer obra."




A declaração do presidente Lula foi feita há pouco, numa visita à Minas Gerais, referindo-se à choradeira dos senhores prefeitos, insatisfeitos com a queda do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) decorrente da crise. O presidente adiantou aos prefeitos que todos terão que apertar os cintos, o que é bom, visto que os ilustres alcaides acham que dinheiro cai do céu e a crise não é com eles, que alegam que a diminuição do IPI sobre os automóveis lhes prejudica, numa linha clara de que preferem o desemprego na indústria do que menos verba para fingirem administrar seus municípios.

Mas o presidente enganou-se, e feio, por várias razões:

Primeiro porque esses prefeitos de regra já não pagam direito seu funcionalismo fixo, aquele pessoal que fez concurso e rala no trabalho. Os comissionados, os paus-mandados, os inúteis que ganham cargos por terem trabalhado na campanha, esses nunca recebem nada em atraso, sem contar que seus salários são muito maiores que o do pessoal fixo.

Em segundo lugar, porque esses prefeitos de grotões não querem educar ninguém. Eles devem suas carreiras políticas aos imbecis analfabetos, que caem na bobagem de seu populismo torpe. A educação é uma lástima na enorme maioria das cidades, onde o dinheiro é usado não para melhorar escolas, mas para alugar ônibus caindo aos pedaços, a preço de leitos de luxo da Viação Cometa. Os prefeitos reclamões confundem despesa de transporte com despesa de educação e o fazem de má-fé, porque a idéia é beneficiar o máximo de correligionários com aluguéis que eventualmente implicam em comissão ou caixinha para campanhas futuras.

E em terceiro lugar, porque esses prefeitos que estão chorando e ameaçando fazer passeata em Brasília (para onde irão com enormes comitivas a hospedarem-se nos mais luxuosos hotéis) já não se preocupam com obra nenhuma, salvo, claro, se ela for num terreno seu, da sua família, da sua amante ou de seus "amigos".

A única razão para a imensa maioria desses prefeitos reclamar, é que sobra menos dinheiro para eles roubarem ou para beneficiarem suas famílias ou correligionários. Só isso.

Prefeito sério não reclama e aceita o fato de que a crise afeta a todos. E prefeito sério é exceção da exceção.

E o presidente deveria indignar-se com o pleito injusto dos senhores prefeitos e passar-lhes uma boa carraspana. Afinal, em fevereiro eles saíram de uma festança gorda em Brasília agraciados com um parcelamento de débitos previdenciários de pai para filho.

Leia mais aqui.


[PS: Este blog é anti-municipalista! Defendo a extinção sumária pura e simples dos municípios com menos de 15 mil habitantes. Defendo a gratuidade da função de vereador em municípios com menos de 100 mil habitantes, bem como a diminuição drástica do número deles nas cidades maiores.]

26 de mar. de 2009

RACISMO PARA JUSTIFICAR A CRISE?

No portal Terra:

Crise foi provocada por "brancos de olhos azuis", diz Lula

Essa declaração do presidente é racista.

Ao invés de criticar especuladores, preferiu o populismo. Ficou parecendo Fernando Collor ao falar dos descamisados, só faltou o "não me deixem só".

Colocou a culpa da crise que rouba empregos pelo mundo todo nas pessoas brancas e de olhos azuis, pouco importa sejam trabalhadoras, como eu, que não especulo nem na bolsa nem em lugar nenhum, sejam especuladores, mesmo negros, mulatos, pardos ou índios, que existem aos montes tanto em Wall Street quanto na City em Londres.

Aliás, vamos falar de especuladores.

Os hidrocarbonetos (petróleo, gás, etc.,..) são produtos sujeitos a especulação. Dependendo dos humores do mundo, seus preços sobem sem maiores justificativas, por mera ESPECULAÇÃO dentro de um mercado. E quem são seus maiores especuladores?

Não são somente pessoas brancas, de olhos azuis. São pessoas de olhos escuros, como o senhor Hugo Chaves da Venezuela ou o senhor Morales da Bolívia, representante indígena, ou ainda os sheiks árabes e até mesmo representantes orientais.

Especulador tem de todas as raças e seu crime não é eventualmente ter olhos azuis. É o de não ter freios morais.

O presidente me deve desculpas por essa declaração.

24 de mar. de 2009

CARA DE PAU!

Só em um país sem memória é que um ex-presidente como Fernando Henrique Cardoso pode fazer críticas ao Congresso Nacional, acusando-o de estar desmoralizado e de se deixar "cupinizar" pelas artimanhas governamentais do presidente Lula e do PT.

Ora, como foi conquistado o direito à reeleição?

FHC destituiu ministros para que voltassem ao Congresso e votassem favoráveis à emenda que lhe interessava. Depois, os reconduziu aos cargos.

Isso sem contar as manobras orçamentárias e a liberação de emendas parlamentares, que na época foram generosas para a base aliada.

Ou seja, ele foi artífice da desmoralização do Congresso, contribuiu sobremaneira com ela e ainda tem a coragem de apontar o dedo gordo para criticar?

Não estou defendendo o Congresso, estou defendendo a verdade histórica - FHC não tem moral para criticar o Congresso ou o atual governo - ele se utilizou das mesmas práticas e situações que hoje aponta como fatores que "bambeiam" as instituições.

Leia mais:

O Estado de S.Paulo

Blog do Sidnei Rezende.

20 de mar. de 2009

A CRISE E OS COMISSIONADOS

No espaço de 5 dias, um tsunami de notícias ruins, contrapondo à marola das primeiras declarações do governo sobre a crise.

Ao mesmo tempo em que se noticiou o aumento da inadimplência, especialmente dos cheques sem fundos, o Ministério do Planejamento anunciou o corte de 21 bilhões no orçamento, se bem que, justiça seja feita, ainda inferior aos 36 que projetou em janeiro.

E foram adiados concursos públicos.

E declarou-se a diminuição da expectativa de crescimento do PIB de 3,5 para 2%, se bem que, 2% está ótimo, ainda positivo dentro do quadro mundial, embora abaixo da necessidade do país em combater suas ainda colossais diferenças sócio-econômicas.

Ninguém pode dizer que o governo não tem atacado a crise e tomado medidas para combatê-la.

A redução de impostos que promoveu por exemplo, foi tão relevante que pela primeira vez em décadas, o país experimenta uma queda de arrecadação tributária, se bem que, não custa lembrar, é a primeira crise que o país enfrenta com moeda estável, de modo que o crescimento constante de arrecadação que houve em alguns momentos históricos, deu-se mais por correção monetária que por efeito econômico. Mas não deixa de ser relevante notar que antes, a arrecadação apenas crescia, nem que inercialmente, e hoje, caiu.

E ontem, medidas para conter as despesas. Vejam bem contê-las não diminuí-las.

Alguns políticos, como o governador do Paraná, Roberto Requião, fazem cara feia quando perguntados sobre diminuição e contenção de gastos públicos. Ele, Requião, diz que isso é conversa de néo-liberal e que não vai gastar menos com políticas sociais apenas por exigência de especuladores.

Não deixa de estar certo, embora ele cometa alguns dos mesmos erros do presidente Lula nesse assunto. Temos vistos nos jornais quase que diariamente, notícias sobre a explosão de gastos palacianos (no PR e no Planalto) e as generosas contratações de comissionados, funcionários sem concurso alçados aos cargos por motivação política, não técnica.

O atual governo adquiriu dois aviões presidenciais novos junto à Embraer (E-190) ao custo de US$ 212 milhões, dinheiro que seria muito mais bem empregado na satisfação de prementes necessidades militares da FAB, do que em conforto palaciano, até porque, a presidência é atendida por um avião novo, adquirido em 2006. E, do ponto de vista mais relevante, ninguém me convence da necessidade dos milhares de cargos em comissão criados neste governo.

Ora, se o governo não quer reduzir gastos sociais, eu concordo com a justificativa, ainda mais em tempos de crise grave, que afeta os mais necessitados.

Mas isso não significa que não deva reduzir gastos não-sociais e, óbvia e especialmente, os supoérfluos e os políticos, sendo que estes englobam os salários e benefícios dos comissionados.

É momento do governo ousar e proceder uma diminuição drástica de gastos com mordomias (que são naturais em qualquer Estado) e gastos políticos. Começar a dispensar pelo menos uma parte substancial dos MILHARES de comissionados, gente de regra bem remunerada, que não sentiria a crise como a maioria. Seria uma medida importante, com economia de recursos que seriam muito mais bem utilizados nas políticas sociais.

Mas não se pode tapar o sol com a peneira. Se por um lado o governo Lula recuperou os salários e as estruturas administrativas da União, o que é elogiável, por outro, contratou comissionados demais, que nada mais representam, em regra, que dinheiro jogado fora, porque nada agregam em eficiência à coisa pública.

O leitor sabe de minha má-vontade com os tais comissionados. Eu defendo um Estado profissional, amadorismo não condiz com administração pública, ainda mais em tempos de crise.

2 de fev. de 2009

SARNEY & TEMER: O PMDB JÁ BARGANHA 2010!


José Sarney disse que não queria ser candidato à presidência do Senado, mas pôs para escanteio o ex-presidente da casa, Garibaldi Alves Filho, e venceu o senador Tião Viana do PT, que era o favorito até ele entrar na disputa.

Sarney foi "aliado" do atual governo e nesse processo, onde não queria ser candidato, deu nítidas indicações de que foi para a oposição, o que repetiu-se hoje em seu discurso, quando disse que "nesta presidência reafirmaremos a nossa independência e exigiremos respeito à nossa instituição".

É sintomático que ele tenha dito isso, porque no caso da CPMF, o Senado foi a última barreira de resistência da sociedade(mas muito mais da oposição) ao rolo compressor parlamentar do governo Lula. Ou seja, o Senado é, efetivamente, a casa do Congresso onde o governo precisa negociar muito se quiser aprovar projetos polêmicos.

E no mesmo discurso, Sarney afirmou que vai lutar (do melhor lugar possível, diga-se de passagem) por reformas política e tributária, que são tudo o que o governo Lula em fim de mandato já tencionava não discutir, porque são capazes de causar muitos estragos se tiverem que ser aplicadas pelo Poder Executivo, inclusive com perda de apoios políticos importantes para quem ainda precisa "construir" uma candidata.

Sarney vai barganhar muito com este governo com vistas a 2010, e isso enfraquece, pelo menos por enquanto, as pretensões da ministra Dilma Roussef.

Já Michel Temer, que foi fiel escudeiro de Fernando Henrique Cardoso, conseguiu a façanha de ser eleito presidente da Câmara com votos da oposição e da base aliada, o que denota que está aberto a negociar com quem dá mais pelo naco de poder que o PMDB exigirá em 2010.

Mas na Câmara, é sabido que o governo tem folga e gordura para queimar, o que faz de Temer um personagem bem menos importante que Sarney.

O PMDB, que para muitos estava morto e enterrado, sujeito a no máximo emplacar um candidato a vice na chapa encabeçada pelo PT para 2010, virou o jogo!

Agora, controlando as matérias que vão à votação tanto na Câmara quanto no Senado, tendo o poder de definir presidências e relatorias de comissões, o PMDB pode barganhar muito e tanto fazer um vice pelo governo quanto pela oposição, ou, ainda, vetar candidaturas que não agradem seus próceres, se a crise econômica se agravar e forem necessárias medidas de efeito chanceladas pelo Congresso.

Mais que isso, o PMDB pode pensar até em candidato próprio, porque o Congresso dá a visibilidade necessária para construí-lo.

É cedo para dizer se o governo Lula saiu enfraquecido deste processo, pode ser até que tenha saído mais forte, dependendo das peculiaridades do processo político para 2010. Mas que a partir de agora terá que negociar mais pelo que precisa, não duvide o leitor.

12 de jan. de 2009

O PREÇO DO CARRO USADO DESPENCOU

Com a redução de IPI que o governo promoveu no fim do ano passado, caiu o movimento das concessionárias de carros usados, cujos preços despencaram e que levam, indiretamente, a uma recuperação não tão boa do mercado de zero quilômetros.

Isso porque o carro usado geralmente entra como entrada no negócio do carro zero quilômetro. E se a entrada é menor, a prestação consequente será maior e não necessariamente estará dentro do orçamento do interessado, ainda mais em época de aperto de cinto, como a que vivemos.

O governo sabia que isso aconteceria, tanto é que também promoveu a redução do IOF, justamente para melhorar as prestações do negócio, apostando no fascínio natural que quase toda pessoa tem por um carro com cheirinho de novo.

Mas hoje, se o comprador não fizer a troca de veículo e pagar em dinheiro ou mesmo financiando, o carro usado pode ser muito vantajoso, mas o fato é que essa hipótese não é a preponderante no mercado, sem contar que a tentativa de fazer valer essa vantagem implica em outra obrigação, a de pesquisar bem, pois certamente tem muita gente só dizendo que o preço que pratica diminuiu.

O leitor bem sabe que sou favorável a toda e qualquer desoneração tributária.

Não estou dizendo aqui que o governo errou, pelo contrário, ele acertou mas essa situação do mercado automobilístico demonstra com clareza que uma crise como a que se afigura não se combate apenas com medidas pontuais.

Toda a economia está apresentando sinais de desaceleração, de modo que não é apenas um setor (o automobilístico, no caso) que merece ser analisado.

12 de dez. de 2008


Em 25 anos militando na área de contabilidade, desde os tempos em que era contínuo e pagava as contas dos clientes nos bancos, até depois, formado em Contabilidade e ainda adiante, formado em Direito, jamais vi o governo federal diminuir impostos.

Eu critiquei o governo Lula por não levar a sério, no momento inicial, a ameaça de crise e desaceleração econômica. Também critiquei a bravata sobre a marola.

Mas justiça seja feita: a partir do momento em que o governo sentiu que os efeitos econômicos passaram a afetar o país, e mais do que isso, no momento em que a histeria passou a pintar um quadro muito piorado da economia, o governo agiu. E de modo efetivo.

Se por um lado não hove redução dos juros, por outro, houve alívio para o sistema financeiro, com a diminuição dos depósitos compulsórios sobre empréstimos, além das medidas de oferta pública de crédito e a contenção da especulação com o dólar, usando das reservas cambiais. E ontem, a diminuição de impostos sobre a renda e sobre produtos industrializados.

Até o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal levaram reprimenda por aumentar juros sem justificativa técnica, apenas especulativa.

Pouco, alguns dirão. Demagógico, podem outras pessoas acusar.

Não acho. Desoneração tributária é um tabu nacional e o governo que a promove, mesmo temporariamente, demonstra ter coragem de afrontar os interesses mesquinhos de políticos meia-boca, e mesmo os interesses da máquina arrecadatória, que constitui um governo dentro do outro por aqui já há muitas décadas, pois não foram poucas as "reformas" tributárias que presenciei, em que projetos de lei com artigos de lavra da área técnica dos orgãos fazendários embutiram aumentos disfarçados de impostos.

Nesse caso elogio o governo, ele merece.

Mas não esqueço das tentativas de prorrogar a CPMF e criar a CSS, nisso, estou de olho.

PS.: Na contramão de qualquer bom senso,o governador do Paraná mandou a Assembléia Legislativa aumentar o ICMS para cobrir o rombo da péssima administração pública do estado de 2003 para cá. Os combustíveis terão até R$ 0,10 de aumento a partir de 1º de janeiro, e também haverá majoração de luz e telefone, sob a desculpa de desonerar de ICMS produtos da cesta básica, medida inútil, pois 90% de quem produz isso ou é pessoa física (já não recolhe ICMS) ou é tributada pelo SuperSimples (recolhe ICMS por valor fixo sobre o faturamento). Na verdade, a medida só alivia o resultado da incapacidade administrativa e atende a um lobby poderoso de supermercadistas. Requião de afasta cada vez mais de Lula.

14 de nov. de 2008

COMEÇAM A APARECER OS CULPADOS PELA TRAGÉDIA DE CONGONHAS

Na Agência Estado, hoje, via UOL:

Perícia aponta falhas de TAM, piloto, pista e Anac em acidente em Congonhas

Bem, se a perícia aponta falhas da ANAC e na pista (portanto, INFRAERO), na tragédia com o avião da TAM em Congonhas, o governo é responsável pelo menos em parte pelo acidente, o que não é menos grave, nem o isenta de responsabilidades.

A despeito do "top-top" do sinistro senhor Marco Aurélio Garcia, que festejou a suposta não-responsabilidade do governo a partir de falhas INFRAERO, houve sim, engendrada no Palácio do Planalto, uma verdadeira "caça às bruxas" em razão do acidente, pois ocorreu a substituição do Ministro da Defesa, do presidente da ANAC, além de diversos diretores da mesma ANAC e da INFRAERO.

Em outras palavras, o governo já sabia, pouco após o acidente, que tinha responsabilidades. Só não sabia a extensão, mas se delas estivesse livre, não teria forçado a renúncia do senhor Zuanazzi nem substituído Waldir Pires por Nelson Jobim.

Agora, começam a surgir as confirmações.

Não são águas passadas, porque a partir de um laudo como este, as famílias das vítimas podem e devem requisitar indenizações contra o Estado brasileiro, que se deixou levar pelos interesses comerciais das empresas de aviação e negligenciou a adequação do sistema, mesmo bradando aos quatro ventos sobre a exuberância e o crescimento da economia, que refletia na demanda por serviços aeroportuários.

Se por um lado, a responsabilidade não é do presidente Lula, por outra, é do governo que ele preside, que tem apoio de amplo espectro político, incluindo partidos como o próprio PT, o PMDB, o PP e o PTB, entre outros, sempre ávidos por muitos cargos em comissão, cargos estes que, criados às dezenas de milhares desde 2003, roubaram verbas e dinheiro que poderia ser aplicado em obras e, consequentemente, aeroportos.

Se o governo investisse mais em infra-estrutura e menos em contratação de comissionados, teria boas chances de evitar essa tragédia. Aliás, só depois dela houve algum movimento do PAC em direção ao sistema aeroportuário.

Portanto, o governo merece a crítica, mesmo que sua responsabilidade seja parcial e indireta.

16 de out. de 2008

O DESPERTAR, FINALMENTE!

A tal usina que o Equador alega não estar operacional, foi entregue com 9 meses de antecedência e há suspeitas de que tenha sido utilizada acima de suas capacidades, o que causou os problemas que levaram ao imbróglio, com o possível calote.

Ou seja, é provável que aquele país tenha causado o problema e aplicado o chamado "migué", culpando a empreiteira brasileira e defendendo o não pagamento, especialmente porque os problemas ocorreram às vésperas de um plebiscito importante para o projeto político de seu presidente Rafael Corrêa.

Mas ao contrário do que aconteceu com a Bolívia, país de quem o Brasil ficou gás-dependente, Brasília aumentou o tom, cancelando a missão ministerial que trataria de novas obras lá, com financiamento pelo BNDES.

Ato contínuo, Corrêa teve a petulância de dizer que isso foi uma arbitrariedade, como se ele fosse um poço de bom senso ao usar um país amigo para seus desígnios políticos, onde seu projeto de constituição autoriza praticamente sua eternização no cargo.

Tanto o cancelamento da missão ministerial quanto a edição do Decreto 6592 ao determinar que “São parâmetros para a qualificação da expressão agressão estrangeira, dentre outros, ameaças ou atos lesivos à soberania nacional, à integridade territorial, ao povo brasileiro ou às instituições nacionais, ainda que não signifiquem invasão ao território nacional.” e mesmo a declaração de hoje por parte do ministro Celso Amorin de que "...Então, vai acabar o comércio entre Brasil e Equador porque o empréstimo é lastreado no CCR (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos). Eu não entendo como deixar de pagar porque tem a garantia do CCR, que é uma garantia comercial...". foram avisos claros de que, parece, o Brasil terá menos tolerância com o populismo que o usa para auferir votos em países vizinhos, sempre em prejuízo do suado dinheiro dos impostos do contribuinte daqui.

Brasília finalmente reagiu!

Talvez constatando que, se não fizesse isso, seria alvo de outros achaques continentais. Basta dizer que houve um ensaio disso por parte de Fernando Lugo, presidente do Paraguai, que pleiteou a aquisição, por Itaipú, de um avião presidencial.

Estava na hora. Será que a influência deletéria do assessor de coisa nenhuma, Marco Aurélio Garcia, está decrescendo?

Leia também:

Brasil hace una gratuita demostración de
fuerza que afecta al Paraguay


Comércio irá acabar se Equador
não pagar BNDES, diz Amorim

8 de out. de 2008

NÃO É POR NADA... MAS ESTAMOS EM CRISE!

Nessa questão da crise financeira internacional, já ouvimos de tudo aqui no Brasil.

Primeiro o presidente Lula fez bravata e disse que era um problema do seu amigo George W. Bush e que ligando para ele, trataria de evitar que a crise chegasse aqui.

Depois, que o Brasil era imune e que nossas reservas em dólar garantiriam a estabilidade financeira.

Semana passada a ministra-candidata Dilma Roussef disse que o Brasil teria algo como uma pequena gripe, por conta do fordúncio internacional. Vejam bem: gripe, não resfriado.

Na segunda-feira, em meio ao pânico nos mercados financeiros, o ministro da Fazenda, Guido Mantegna e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, trataram de anunciar medidas pontuais para fazer frente à nova realidade, evitando falar em crise, mesmo convocando uma incomum entrevista coletiva conjunta.

Mas a FIAT e a GM já anunciaram férias coletivas e hoje a Volkswagen anunciou que vai paralisar suas fábricas por alguns dias alternados. Mais que isso, alguns bancos suspenderam todas as operações de Crédito Direto ao Consumidor, especialmente o destinado à aquisição de veículos, que até então eram financiados até sem entrada em parcelas que chegavam a 6 anos para pagar. Agora mesmo, li que o Banco do Brasil e a CEF foram convocados a ajudar instituições financeiras menores.

Estamos em crise.

Uma coisa é o fato de que o Brasil está mais preparado para enfrentar uma crise financeira do que no passado, isso porque diminuiu sensivelmente seu endividamento em dólar e ao mesmo tempo, manteve a política de fazer superávits primários nos níveis exigidos pelo FMI, mesmo não devendo mais nada para ele. Mérito inegável do governo Lula.

Outra é achar que as reservas em moeda forte são suficientes para blindar nossa economia de problemas. O Brasil deteve reservas bilionárias (algo em torno de US$ 75 bilhões) em moeda forte na década de 90, e quando iniciaram os ataques especulativos não deu um mês, foi ao FMI pedir empréstimo e garantias adicionais.

A sensação que dá é que o governo está protelando medidas mais duras por conta das eleições. Se isso é algo normal e aconteceria em qualquer país do mundo, por outro lado, há que se informar que o governo já as venceu, e com folgas, de modo que deveria entrar com mais força na arena econômica e tratar de fechar os buracos.

O próprio assessor (informal, é verdade) de economia da presidência da república, Delfin Neto, afirmou ontem na CBN que se existem reservas, elas devem ser usadas rapidamente para conter os problemas, economizá-las só vai aumentar seu gasto posterior.

Eu prefiro que o presidente venha a público e informe de modo sincero que o Brasil é gravemente afetado pela crise, que é mundial e, portanto, não é culpa de ninguém aqui do Brasil (muito menos dele), mas que precisa ser enfrentada sob pena de agravamento. Fazendo isso, ele pode até perder alguma popularidade, mas preserva-se como líder e ao mesmo tempo volta os olhares de seu governo para questões que podem afetar muito o país no prolongamento de uma situação internacional atípica.

7 de out. de 2008

PENDENGAS NO EQUADOR

Evo Morales inventou uma irregularidade qualquer no contrato, aumentou preços unilateralmente e por fim, expropriou bens brasileiros. Agora, Rafael Corrêa do Equador vai pelo mesmo caminho a julgar pelo noticiário de hoje, na Folha de S. Paulo. E o mesmo só não aconteceu na Venezuela porque lá, os investimentos da Petrobrás são ínfimos.

No Paraguai o caldo ainda não entornou, basicamente porque seu presidente bolivariano não tem maioria no Congresso e não conseguirá aprovar uma nova constituição. Aliás, não conseguirá nem discutir algo nesse sentido, razão pela qual mantém o diálogo com o Brasil em bons termos, embora certamente tenha ânimo de afrontá-lo, desta vez no caso de outro investimento brasileiro, Itaipu Binacional.

O Brasil não deve negar a esses países seus direitos sobre riquezas naturais. Mas ao mesmo tempo, não pode deixar de protestar veementemente contra a tentativa velada deles de afrontar interesses brasileiros e confiscar patrimônio do nosso povo. Se o petróleo é equatoriano, os equipamentos de extração são nossos. Se o gás é boliviano, aquelas refinarias expropriadas foram construídas com dinheiro dos impostos brasileiros, de tal modo que o presidente Lula jamais poderia "doá-las" como insinuou o senhor Evo Morales.

Mas o governo brasileiro está impassível. Sempre disposto a negociar, mas sem ensaiar dar alguns murros na mesa para fazer valer sua condição de investidor, coisa que faz com o dinheiro que em última instância, sai da carga tributária mais injusta do mundo. O brasileiro paga impostos demais e recebe quase nada de um Estado gastador, que enche sua classe política de mordomias as vezes nem consoantes com a legalidade.

Quando um indivíduo como o senhor Rafael Corrêa, formado em Harvard mas com a mentalidade de um vereador analfabeto de Rio Branco do Sul/PR afronta os interesses brasileiros desse modo, quem está pagando a conta não é o presidente Lula, muito menos o assessor de coisa nenhuma, Marco Aurélio Garcia. Quem paga a conta somos nós, que pagamos e exportamos impostos e ultimamente só temos importado problemas de nossos vizinhos.

5 de out. de 2008

VENCEDOR E VENCIDO

Política, apesar dos partidos, é feita de pessoas.

Vejam o caso da aliança (informal é verdade)PT/PMDB.

Foi bem em todo o país graças ao governo e à popularidade do presidente Lula, a ponto dele ter que evitar subir em alguns palanques no segundo turno. Nada que preocupe o presidente, afinal, é visível que pelos resultados do conjunto PT/PMDB, o Planalto venceu as eleições municipais com folga.

Mas aqui, no Paraná, a coisa foi radicalmente contrária. O PT e o PMDB minguaram.

Se no plano nacional, a figura do presidente Lula aglutinou eleitores, aqui, a figura do governador Requião foi deletéria e desastrosa tanto para ele mesmo, quanto para o conjunto PT/PMDB.

Nos maiores colégios eleitorais do Paraná, aquelas grandes cidades que elegem deputados e têm influência regional, o conjunto PT/PMDB fez os prefeitos de Apucarana, Paranavaí e Pinhais. Nesta última cidade, a chapa PT/PMDB venceu, e o partido de Requião ainda pôde comemorar estar na chapa vencedora em Umuarama.

E só.

Em Curitiba, a somadas as candidaturas do PT e do PMDB, chegaram a 20,07% dos votos. Em Londrina, 14,44%. Maringá, 28,75%. Lideranças consagradas de ambos os partidos foram trituradas nas urnas e quanto mais próximas se apresentaram a Requião, pior foi o resultado.

Em Curitiba, o governador Requião não conseguiu eleger sequer o seu candidato a vereador, o senhor Doático Santos, cuja votação não chegou a 1600 pessoas, apesar do empenho velado do ocupante do Palácio Iguaçú, que chegou a declarar que faria tudo ao seu alcance para eleger o amigo, convocando o PMDB a abandonar outros candidatos para dar conta da tarefa.

Requião venceu em muitas cidades pequenas, é verdade. Mas nestas cidades o voto é pulverizado por interesses internos dos mais diversos. Mesmo somadas, não podem ser consideradas como capital político porque suas bases eleitorais são instáveis e não raro, migram para o lado melhor colocado nas pesquisas, independentemente de partidos.

Lula venceu as eleições no Brasil, Requião perdeu (e feio) as eleições no Paraná.

É a tal coisa:

Lula não é nepotista. Requião é.

Lula faz um governo que agrega progresso, apesar de todas as críticas. Requião têm atrasado o Paraná a despeito de todas as críticas.

Lula aceita as críticas. Requião vai à TV Educativa para desatar ofensas contra juízes e inimigos políticos.

Lula mostra serviço. Requião vive falando da Carta de Puebla e não apresenta nada de concreto.

O povo, de certo modo, soube avaliar isso tudo.

28 de set. de 2008

PREOCUPANTE

Não sou economista, mas já levantei aqui neste blog, algumas questões que o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa citou na matéria que você pode ler no DEFESANET:

"O dólar acabou"

Eu não torço por uma crise, muito menos se ela afetar o atual governo, porque o Brasil já elegeu em meio a uma crise severa, um senhor chamado Fernando Collor e deu no que deu.

Mas não custa alertar e lembrar que Carlos Lessa é um petista histórico, gente que estava na gênese do partido do presidente Lula. E ele faz alertas importantes, fugindo da "maris tranquilitatis" dos discursos oficiais.

18 de set. de 2008

PERGUNTA... ANTES DE OUTRA TRAGÉDIA

O fato de um problema desaparecer da mídia, não significa que ele acabou.

A extraordinária sucessão de escândalos que se produz no Brasil, faz com que muitos assuntos sérios sejam deixados de lado, porque a mídia se concentra no que dá audiência imediata e porque quase todos os problemas envolvem a classe política que por sua vez, quer mais é ter sua relação com eles esquecida.

Do início de 2008 até agora, a mídia concentrou-se em fatos dos mais diversos, abusando em todos eles do excesso de informação inútil: O caso Nardoni, os cartões corporativos, o Daniel Dantas, o fracasso nas Olimpíadas, a operação Satiagraha, os grampos telefônicos, os fichas-sujas, etc...

O que há de comum em todos eles?

Nenhum, absolutamente nenhum problema ou polêmica que eles encerram teve solução.

Nem o crime do caso Nardoni. Muito menos o fato de que os fichas-sujas podem se candidatar, mas nenhuma autoridade faz absolutamente nada de relevante para que isso chegue de modo claro ao eleitor. Daniel Dantas continua livre. Os grampos telefônicos viraram piada. A operação Satiagraha continua envolta em nuvens que certamente serão a salvação dos envolvidos. Os cartões corporativos ficaram por isso mesmo. E até hoje ninguém sabe o que foi feito do caminhão de dinheiro que o Comitê Olímpico Brasileiro recebeu para mandar amarelões passearem pelo mundo afora se dizendo atletas.

Todos esses casos foram substituídos pelo escândalo posterior da lista e esquecidos, renegados a notas de rodapé e piadinhas que circulam por e-mail. Todos têm implicações sociais graves.

Eu escrevi tudo isso aí em cima, para perguntar:

O que foi feito para solucionar o problema do tráfego aéreo?

Os dois acidentes trágicos que mataram centenas de pessoas foram esquecidos, e do mesmo modo, parece que o caos aéreo também.

O Fantástico de domingo relatou choques de aeronaves na região amazônica. O aeroporto de Congonhas continua sobrecarregado. O governador do Rio de Janeiro declarou em alto e bom som que o aeroporto Tom Jobim é péssimo e precisa ser privatizado. Também se falou que o número de ocorrências relatadas de situações de risco aéreo diminuiu drasticamente porque a atividade dos pilotos foi criminalizada, eles não relatam os casos com medo de serem responsabilizados por sua quase ocorrência.

Mas tudo noticiado de modo tímido e contido, basicamente porque não houve vítimas.

Se constatarmos que boa parte do caos aéreo guarda relação com o abandono das forças armadas (boa parte dos controladores é de militares e operações na Amazônia dependem sempre da FAB e do Exército) e constatando que o governo empurra com a barriga o reequipamento e reorganização delas, ao mesmo tempo em que não vemos obras em aeroporto nenhum e muito menos algum tipo de plano acelerado para construção de outros, temos mais é que rezar antes de pegar algum avião.

O acidente em Congonhas aconteceu num vôo em que eu poderia estar presente em determinada época da minha vida, o que me deixou muito abalado. Foi o suficiente para um "petralha" toupeira dizer que eu fazia campanha anti-Lula me alimentando dos restos mortais das vítimas.

Só que naquela ocasião, o país vivia a exata mesma letargia de hoje, posterior ao primeiro acidente grave, com o avião da Gol, sobre a selva amazônica. A exuberância da economia ofuscava problemas comezinhos, e um dia, os problemas comezinhos viraram uma tragédia.

Estamos esperando outro acidente para novamente discutir a questão de modo efetivo?

O senhor Nelson Jobim chegou ao Ministério da Defesa botando banca e distribuindo cala-bocas. Virou estrela midiática naqueles dias em que o país estava hipnotizado pela tragédia de Congonhas, mas seu fogo foi de apagando e passados pouco mais de doze meses, pouco foi feito para resolver o caos nos aeroportos e nada, absolutamente nada foi feito para atacar a seríssima questão material das forças armadas.

Enfim, o problema desapareceu da mídia, mas não acabou e não adianta dizer que em Congonhas a culpa não foi da pista, porque em matéria de aviação, todo o cuidado, público ou privado, é pouco.

O presidente Lula não teve culpa em nenhum desses acidentes... mas esses acidentes impõem ao governo dele medidas drásticas e efetivas, e sinceramente, não as tenho notado.

Leia no Blog do Vinna.

9 de set. de 2008

O PLANO NACIONAL DE DEFESA

Hoje o presidente Lula e os ministros da Defesa, Nelson Jobim, da Justiça, Tarso Genro e da Fazenda, Guido Mantegna, além do Secretário de Planejamento Estratégico Roberto Mangabeira Unger, devem anunciar o Plano Nacional de Defesa, um ousado planejamento estratégico para repotencializar as forças armadas e ao mesmo tempo usá-las como instrumento de capacitação tecnológica da indústria brasileira.

No primeiro momento, haverá a compra dos equipamentos necessários para devolver às Forças Armadas a efetividade militar perdida pelos seguidos contingenciamentos orçamentários das últimas décadas. Especula-se que o Brasil anunciará a aquisição de equipamentos militares em um valor aproximado de mais de 10 bilhões de dólares nos próximos cinco anos, sendo os mais importantes:

- 24 a 36 caças de superioridade aérea até 2015, chegando em até 120 em 2025;
- 51 helicopteros médios de transporte, a serem fabricados em Itajubá/MG;
- 12 helicópteros de ataque, para uso pelo exército nas fronteiras amazônicas;
- 5 submarinos convencionais;
- 1 submarino nuclear a entrar em operação em 2015;
- 6 fragatas de patrulha e guerra oceânica;
- 27 navios pequenos de patrulha oceânica;
- modernização da aviação de caça da marinha.

Some-se a estas ações, a continuidade de alguns programas emergenciais já em curso, quais sejam:

- 6 helicopteros médios BlackHawk para o exército;
- 4 helicopteros SeaHawk para a marinha;
- aquisição de 250 tanques Leopard 1A5;
- aquisição de novos caminhões de transporte de tropas;
- aquisição de novos veículos de transporte tático;
- modernização dos aviões F-5 e A-1;
- 99 aviões super-tucano;
- aquisição de 8 aviões de guerra anti-submarino P3-C-Modernizados.

Todos os projetos de aquisiões novas, envolverão cessão de tecnologia nos chamados "off-sets". Assim como houve cessão quando a Embraer ajudou a produzir os aviões (AMX) A-1, e com isso ela obteve "know-how" para produzir a familia ERJ 145 e tornar-se a 3ª maior companhia do mundo no seu setor, a idéia e dotar a índústria brasileira de tecnologia sensível, que os países detentores dificilmente vendem. Como a quantidade de armamentos a serem adquiridos é considerável, espera-se obter avanços importantes para a indústria brasileira.

Há quem diga que o Brasil é um país pacífico e não precisa de tantas armas. Discordo por algumas razões:

1. Tecnologia militar cedo ou tarde recebe uso civil e leva ao fortalecimento da indústria de um país. Todos os países altamente desenvolvidos têm indústrias militares fortes, e nem por isso envolvem-se em guerras constantes. Hoje, o Brasil encontra-se atrasado na corrida tecnológica mesmo entre as nações emergentes, vez que Rússia, China e Índia têm grandes programas militares, que transferem tecnologia para a indústria civil, que por sua vez gera empregos qualificados (bem remunerados) e riquezas.

2. O Brasil tem imensas áreas de riquezas naturais a proteger. As duas Amazônias, a verde e a azul, têm extensões continentais e dado o fato de que hoje elas concentram riquezas das mais importantes do planeta (água doce e o petróleo da camada pré-sal) é certo que no futuro serão alvo de todos os tipos de interesses estrangeiros. Patrulhar e proteger esse patrimônio é obrigação do Brasil para com a humanidade, mas também para com seu próprio povo.

3. Investimentos militares se pagam e geram dividendos. Os EUA são extremamente ricos, entre outros fatores, porque sabem que boa parte dos valores investidos em seus arsenais, retornam à sociedade por meio de empregos, impostos e melhorias na qualidade de vida decorrentes da tecnologia. Usar o discurso pacifista e sair desse mercado de armamentos é contentar-se em exportar produtos primários sem valor agregado, condenando milhões de pessoas a vidas miseráveis.

4. Sem contar a questão da segurança em si. Imaginemos o Brasil alvo de terrorismo, por exportar petróleo para os EUA?

Outro aspecto interessante do PNAD, é exigir o serviço militar ou social obrigatório, com vias a difundir conceitos de cidadania entre os jovens. Apóio isso incondicionalmente. O serviço militar já demonstrou ser um poderoso instrumento para difundir bons valores e melhorar a educação e capacitação das pessoas que envolveu.

Eu apóio o PNAD mesmo sendo oposição ao governo Lula.

Apóio porque o Brasil jamais será uma potência sócio-econômica se não tiver capacidade de proteger-se de ingerências externas e mesmo de exportar seus interesses e sua influência.

O Brasil tem que deixar de ser o cordeiro do mundo e virar tigre, ou melhor... onça!

1 de set. de 2008

AGORA, O GRAMPO!

Toda a verborragia de Carlos Lacerda não foi suficiente para arranhar a imagem nem de Getúlio Vargas, muito menos de Juscelino Kubitschek.

Lacerda batia forte. Praticamente todos os dias dava socos no fígado do presidente de então, sempre seu desafeto, porque achava que desconstruindo o o mito que GG e JK representaram, chegaria ao poder para sentar na cadeira deles.

Getúlio não se entregou a seus ataques e, morto, transformou o político carioca em vilão.

Lacerda conseguiu se recuperar de seu processo demonizatório e então voltou as luvas de boxe contra JK.

Novamente virou vilão, o que inviabilizou sua candidatura em 1960, quando ele teve que engolir Jânio Quadros sentando na cadeira que tanto cobiçou durante vida públlica.

Insatisfeito, virou golpista a atacar um presidente incompetente e sem carisma algum (João Goulart), mas no final de sua carreira política acabou pedindo penico para Juscelino, tentando formar a "frente ampla" para fazer o país retornar à democracia que seu discurso incendiário e irresponsável ajudou a destruir.

Porque resolvi lembrar Carlos Lacerda?

Por que já tem gente da oposição falando em "impeachment" do Presidente Lula, dado o caso do grampo envolvendo o Ministro do STF, Gilmar Mendes.

É incrível como a história se repete. Lacerda tentou desconstruir dois mitos, GG e JK, e a atual oposição tenta desconstruir o mito Lula, como que não percebendo que não adianta atacar de modo confuso um presidente com índices altíssimos de aprovação e que detém a simpatia do povão.

GG morreu como herói e até hoje é idolatrado. JK, se não fosse mito e com enorme aprovação popular, não teria terminado seu governo que acabaria em golpe de Estado promovido por pessoas como Carlos Lacerda e efetivado pelas forças armadas de então.

Já o caso de Lula, éuma síntese desses dois ex-presidentes e não adianta absolutamente nada tentar associá-lo aos (muitos) casos de corrupção de seu governo, basicamente porque sua força popular está na economia em alta e na distribuição efetiva de riqueza que promoveu nos últimos 6 anos.

A oposição prefere atacar o presidente de novo e dar com os burros n'água de novo, o que é um atestado de burrice extrema e mesmo de falta de consciência dos instrumentos que possui.

Se ao invés de a toda hora buscar acertar o fígado do ocupante do Planalto, que é blindado, a oposição utilizasse os meios de que dispõe para exigir o julgamento acelerado dos próceres do PT envolvidos em casos de corrupção deste governo, seria mais eficaz.

Não batendo em Lula, mas deixando claro as mazelas do PT, a oposição obteria um crédito eleitoral ao enfraquecer o partido do presidente, que não se confunde com ele. Agora, batendo em Lula, a oposição alimenta sua mitificação, o torna herói e ao mesmo tempo fortalece o PT.

Lula não será candidato em 2010, de tal modo que a oposição deveria voltar suas baterias aos muitos próceres petistas e às pessoas próximas ao governo, com condições de alçar vôo presidencial. Enfraquecendo o PT, a oposição teria chances de fragmentar a instável "base aliada" que entraria em 2010 com vários projetos presidenciais entabulados, muitos deles com intenção de passar por cima até mesmo do partido do presidente, que ficaria em maus lençóis se dois ou três de seus aliados mais próximos (incluídos do PT) resolvessem usar sua imagem de mito popular na campanha para o Planalto.

Mas não! Preferem atacar o presidente e reforçar o mito. Se algum tipo de manifestação brancaleone em prol de cassação acontecer contra Lula, o povão identificará isso como golpismo, o mesmo que vitimou Getúlio e JK e, pelo menos eu penso assim, criará alguém acima do bem e do mal, capaz de decidir uma eleição apenas subindo em um palanque.

Desse jeito, Lula está a um passo da eternidade... e a oposição correndo em direção ao abismo.

Mas vai ver que sou eu que não entendo nada de política e percebo as coisas de modo errado...

26 de jun. de 2008

O AUMENTO DO BOLSA-FAMÍLIA

Nunca fui contra o Bolsa-Familia.

Mas não aceito esse aumento para ele, de quase 8%, anunciado ontem pelo governo.

Porque o governo, que bate recorde atrás de recorde de arrecadação, calculou e prometeu aumentos salariais para várias categorias do serviço público e simplesmente não os honrou. Um bom exemplo, os fiscais agropecuários, que ameaçam parar na virada do mês, porque o governo simplesmente não paga o aumento que negociou na greve do ano passado.

O mesmo governo que se nega a dar aos aposentados um percentual de aumento este ano, igual ao do salário-mínimo, proposta do senador Paulo Paim (PT-RS).

Governo que não dá garantia alguma de que vai honrar o reajuste dos soldos militares, estes, ainda mais aviltados que qualquer outra classe do funcionalismo público.

Uma coisa, é tratar de verba alimentar, que é salário, aposentadoria e soldo. Outra completamente diferente, é tratar de verba complementar como o Bolsa-Família e o seguro-desemprego.

Verba complementar tem natureza diferente, por mais que seu uso seja alimentar. No BF ela é uma ajuda do Estado para uma condição excepcional de necessidade. O problema é que não sendo uma verba alimentar e recebendo aumentos generosos à guisa da inflação, isso é discriminatório contra milhares de pessoas com empregos na ativa, e de aposentados, que contribuíram durante a vida para receber uma contraprestação mensal na sua inatividade.

Não nego que o Bolsa-Familia recebeu este como o primeiro aumento percentual, desde que foi criado em 2003.

Mas ao mesmo tempo, o governo alardeia que o país cresceu e a pobreza diminuiu, e se assim foi, a verba complementar pode sofrer um congelamento, porque sua função precípua é atender uma situação emergencial que, repita-se, segundo o próprio governo, ficou menos grave desde 2003.

Enfim, é preciso entender que programas sociais são paliativos provisórios feitos para alavancar o progresso pessoal de quem os recebe. Eles não podem ser tratados do mesmo jeito com que se trata a renda advinda do trabalho, que dizer em ano eleitoral.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...