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14 de nov. de 2008

COMEÇAM A APARECER OS CULPADOS PELA TRAGÉDIA DE CONGONHAS

Na Agência Estado, hoje, via UOL:

Perícia aponta falhas de TAM, piloto, pista e Anac em acidente em Congonhas

Bem, se a perícia aponta falhas da ANAC e na pista (portanto, INFRAERO), na tragédia com o avião da TAM em Congonhas, o governo é responsável pelo menos em parte pelo acidente, o que não é menos grave, nem o isenta de responsabilidades.

A despeito do "top-top" do sinistro senhor Marco Aurélio Garcia, que festejou a suposta não-responsabilidade do governo a partir de falhas INFRAERO, houve sim, engendrada no Palácio do Planalto, uma verdadeira "caça às bruxas" em razão do acidente, pois ocorreu a substituição do Ministro da Defesa, do presidente da ANAC, além de diversos diretores da mesma ANAC e da INFRAERO.

Em outras palavras, o governo já sabia, pouco após o acidente, que tinha responsabilidades. Só não sabia a extensão, mas se delas estivesse livre, não teria forçado a renúncia do senhor Zuanazzi nem substituído Waldir Pires por Nelson Jobim.

Agora, começam a surgir as confirmações.

Não são águas passadas, porque a partir de um laudo como este, as famílias das vítimas podem e devem requisitar indenizações contra o Estado brasileiro, que se deixou levar pelos interesses comerciais das empresas de aviação e negligenciou a adequação do sistema, mesmo bradando aos quatro ventos sobre a exuberância e o crescimento da economia, que refletia na demanda por serviços aeroportuários.

Se por um lado, a responsabilidade não é do presidente Lula, por outra, é do governo que ele preside, que tem apoio de amplo espectro político, incluindo partidos como o próprio PT, o PMDB, o PP e o PTB, entre outros, sempre ávidos por muitos cargos em comissão, cargos estes que, criados às dezenas de milhares desde 2003, roubaram verbas e dinheiro que poderia ser aplicado em obras e, consequentemente, aeroportos.

Se o governo investisse mais em infra-estrutura e menos em contratação de comissionados, teria boas chances de evitar essa tragédia. Aliás, só depois dela houve algum movimento do PAC em direção ao sistema aeroportuário.

Portanto, o governo merece a crítica, mesmo que sua responsabilidade seja parcial e indireta.

18 de set. de 2008

PERGUNTA... ANTES DE OUTRA TRAGÉDIA

O fato de um problema desaparecer da mídia, não significa que ele acabou.

A extraordinária sucessão de escândalos que se produz no Brasil, faz com que muitos assuntos sérios sejam deixados de lado, porque a mídia se concentra no que dá audiência imediata e porque quase todos os problemas envolvem a classe política que por sua vez, quer mais é ter sua relação com eles esquecida.

Do início de 2008 até agora, a mídia concentrou-se em fatos dos mais diversos, abusando em todos eles do excesso de informação inútil: O caso Nardoni, os cartões corporativos, o Daniel Dantas, o fracasso nas Olimpíadas, a operação Satiagraha, os grampos telefônicos, os fichas-sujas, etc...

O que há de comum em todos eles?

Nenhum, absolutamente nenhum problema ou polêmica que eles encerram teve solução.

Nem o crime do caso Nardoni. Muito menos o fato de que os fichas-sujas podem se candidatar, mas nenhuma autoridade faz absolutamente nada de relevante para que isso chegue de modo claro ao eleitor. Daniel Dantas continua livre. Os grampos telefônicos viraram piada. A operação Satiagraha continua envolta em nuvens que certamente serão a salvação dos envolvidos. Os cartões corporativos ficaram por isso mesmo. E até hoje ninguém sabe o que foi feito do caminhão de dinheiro que o Comitê Olímpico Brasileiro recebeu para mandar amarelões passearem pelo mundo afora se dizendo atletas.

Todos esses casos foram substituídos pelo escândalo posterior da lista e esquecidos, renegados a notas de rodapé e piadinhas que circulam por e-mail. Todos têm implicações sociais graves.

Eu escrevi tudo isso aí em cima, para perguntar:

O que foi feito para solucionar o problema do tráfego aéreo?

Os dois acidentes trágicos que mataram centenas de pessoas foram esquecidos, e do mesmo modo, parece que o caos aéreo também.

O Fantástico de domingo relatou choques de aeronaves na região amazônica. O aeroporto de Congonhas continua sobrecarregado. O governador do Rio de Janeiro declarou em alto e bom som que o aeroporto Tom Jobim é péssimo e precisa ser privatizado. Também se falou que o número de ocorrências relatadas de situações de risco aéreo diminuiu drasticamente porque a atividade dos pilotos foi criminalizada, eles não relatam os casos com medo de serem responsabilizados por sua quase ocorrência.

Mas tudo noticiado de modo tímido e contido, basicamente porque não houve vítimas.

Se constatarmos que boa parte do caos aéreo guarda relação com o abandono das forças armadas (boa parte dos controladores é de militares e operações na Amazônia dependem sempre da FAB e do Exército) e constatando que o governo empurra com a barriga o reequipamento e reorganização delas, ao mesmo tempo em que não vemos obras em aeroporto nenhum e muito menos algum tipo de plano acelerado para construção de outros, temos mais é que rezar antes de pegar algum avião.

O acidente em Congonhas aconteceu num vôo em que eu poderia estar presente em determinada época da minha vida, o que me deixou muito abalado. Foi o suficiente para um "petralha" toupeira dizer que eu fazia campanha anti-Lula me alimentando dos restos mortais das vítimas.

Só que naquela ocasião, o país vivia a exata mesma letargia de hoje, posterior ao primeiro acidente grave, com o avião da Gol, sobre a selva amazônica. A exuberância da economia ofuscava problemas comezinhos, e um dia, os problemas comezinhos viraram uma tragédia.

Estamos esperando outro acidente para novamente discutir a questão de modo efetivo?

O senhor Nelson Jobim chegou ao Ministério da Defesa botando banca e distribuindo cala-bocas. Virou estrela midiática naqueles dias em que o país estava hipnotizado pela tragédia de Congonhas, mas seu fogo foi de apagando e passados pouco mais de doze meses, pouco foi feito para resolver o caos nos aeroportos e nada, absolutamente nada foi feito para atacar a seríssima questão material das forças armadas.

Enfim, o problema desapareceu da mídia, mas não acabou e não adianta dizer que em Congonhas a culpa não foi da pista, porque em matéria de aviação, todo o cuidado, público ou privado, é pouco.

O presidente Lula não teve culpa em nenhum desses acidentes... mas esses acidentes impõem ao governo dele medidas drásticas e efetivas, e sinceramente, não as tenho notado.

Leia no Blog do Vinna.

22 de jan. de 2008

A APOSTA AÉREA!

Foto: O Globo

Ontem o ministro da defesa, Nelson Jobim, anunciou que Congonhas, aeroporto onde no ano passado aconteceu a maior tragédia da aviação brasileira, voltará a receber escalas, conexões e vôos charter.

Eu lembro ao leitor, que logo após a tragédia, Congonhas teve suas operações limitadas, como que reconhecendo-se que sua pista curta e antiquada, e sua localização central na cidade de São Paulo causavam um risco demasiado aos usuários.

Lembro também que as companhias aéreas reclamaram sobremaneira da decisão de limitar as operações lá, porque isso diminuiria seus lucros (leia aqui, aqui e aqui), a ponto de, antes da tragédia, haver negociações no sentido de aumentar ainda mais o movimento naquele aeroporto, conforme o Estadão noticiou em 17/07/2007 (leia aqui)

A quantidade de "slots" (pousos e decolagens) que foi diminuída para de 38 para 33 depois do acidente, era para ser de 44 segundo o plano das companhias aéreas discutido com a ANAC, antes da tragédia.

Em outras palavras, o governo cedeu ao colossal lobby aéreo e definitivamente encostou a barriga no problema, para empurrá-lo torcendo para que o azar não mate ninguém em mais algum acidente antes das eleições de 2010.

Isso nada mais é que uma aposta sinistra, mesmo que a retomada de tais procedimentos não aumente o número atual de "slots".

As vezes me pergunto se a operação deste aeroporto é suspensa quando chove ou ainda se as obras de "grooving" que faltavam no momento da tregédia foram efetivamente encerradas.

Até ontem eu imaginava que o governo tratava de diminuir gradualmente as operações lá e por fim limitar ao máximo o uso do local, tirando Congonhas da malha aérea, mesmo contrariando os interesses do duopólio da aviação comercial brasileira.

Porém, descobri que desde julho passado, o governo falou muito e não fez nada.

Uma medida que o governo poderia tomar sem custo, senão o político, seria de iniciar os processos de reintegração de posse da área contígua a Cumbica, onde deveria ser construída uma nova pista. A área foi invadida e lá se deixou criar uma favela em detrimento dos interesses econômicos maiores do país. Nem isso, que é simples, o governo fez, que dizer obras e principalmente, a contenção dos interesses comerciais das companhias aéreas, que pretendem Congonhas congestionado ainda por muito tempo.

Deus nos ajude para que não aconteça nenhum novo acidente com tanta irresponsabilidade no ar.

Mais sobre o assunto na Folha de S.Paulo/Defesanet, aqui.

21 de ago. de 2007

ENGANO SOBRE CONGONHAS

FUI ENGANADA SOBRE CONGONHAS, DIZ JUÍZA
Na Folha de S. Paulo de hoje.


Sem comentários adicionais, a matéria é bem clara e demonstra muitas coisas que certas pessoas insistem em não aceitar.

Cecília Marcondes, do TRF, disse que recebeu de Denise Abreu, diretora da Anac, documento com falsas medidas de segurança

Documento foi usado para convencer a Justiça a liberar as operações no aeroporto, que estavam restritas para alguns tipos de aviões

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A juíza do TRF (Tribunal Regional Federal) Cecília Marcondes disse ontem que recebeu das mãos da própria diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu o documento com as falsas medidas de segurança para pousos de aviões em pista molhada no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
O documento foi utilizado para convencer a Justiça a liberar, no início do ano, as operações no aeroporto, que estavam restritas para alguns tipos de aviões. O problema é que a tal norma em questão, a IS-RBHA 121-189, não estava em vigor.
A "norma" que constava do recurso ao TRF (3ª Região) vedava às empresas o uso de aviões com um reverso inoperante em pistas molhadas.
Se estivesse sendo aplicada, o acidente com o vôo 3054 da TAM (199 mortes) teria sido evitado -naquele dia, a aeronave estava com o reversor direito inoperante, e a pista, molhada.
Na última quinta-feira, em depoimento na CPI do Apagão Aéreo do Senado, Denise disse que o documento não tem valor legal por se tratar de um "estudo interno", publicado no site de internet da agência por "falha da área de informática".
"Ela [Denise] estava presente, tinha ciência absoluta da existência daquele documento que estava sendo apresentado para mim. Até porque todos falavam a respeito dele", disse ontem a juíza. "Ou mentiram na CPI ou agiram com improbidade pelo fato de não terem aplicado as regras estabelecidas por aquele documento."
Segundo a juíza, o documento foi entregue por Denise no dia 22 de fevereiro.
A juíza disse que a diretora da Anac foi auxiliada por dois técnicos que explicaram detalhadamente que as normas publicadas pela agência, contidas no documento, garantiriam a segurança dos vôos. Convencida pela comitiva, composta por mais duas pessoas, a juíza suspendeu a restrição.
A diretora da Anac, ainda segundo Cecília, demonstrava muita pressa na liberação do aeroporto para todos os tipos de avião. A decisão da Justiça foi assinada horas depois.
A juíza afirmou que recebeu a declarações de Denise com "espanto muito grande" e "revolta". "Não é só a pessoa da juíza que está sendo enganada. Está sendo enganada uma instituição, está sendo enganado um Poder do Estado e por um órgão que está também inserido dentro do Poder do Estado. Isso é o mais grave de tudo."
E continuou: "Se nós não podemos confiar nas agências que fiscalizam, não temos em quem confiar. É uma situação muito desagradável. É uma coisa extremamente séria, estamos mexendo com vidas. Parece uma brincadeira isso aqui".
A juíza disse que, mesmo com a alegação da Anac, da não-validade do documento, a direção da agência não está isenta de responsabilidade porque, para a Justiça, a norma está em vigor. "Por isso que deixei claro que caberia responsabilidade criminal e administrativa para aqueles que não cumprissem aquilo que estava escrito lá. Deixei ressaltado para evitar esquecimentos."

Investigação
O Ministério Público Federal de São Paulo irá pedir que a Anac seja investigada por improbidade administrativa e falsidade ideológica.
Para a Procuradoria-Geral da Anac, subordinada à AGU (Advocacia-Geral da União), a sindicância aberta ontem deve investigar o grupo de técnicos que subsidiou a estratégia de defesa e "quem mandou".
"É preciso investigar se não houve crime de falsidade ideológica e de improbidade administrativa", disse a procuradora federal Fernanda Taubemblatt, que moveu a ação inicial pedindo o fechamento da pista.
Dentro da Anac, o procurador-geral João Ilídio de Lima Filho considera que os procuradores de São Paulo são responsáveis pela parte jurídica do processo, não pelos anexos técnicos. "A peça jurídica está primorosa. No mérito, está perfeita. Agora, se alguém anexa um documento para subsidiar a tese da defesa, então tem que ser apurado o motivo, por que os técnicos utilizaram o estudo e por ordem de quem", disse.
As CPIs do Apagão Aéreo também irão examinar o caso.

6 de ago. de 2007

O BRASIL EM TÓPICOS

1. A "MILITÂNCIA" DO GOVERNO

Recebi ontem o e-mail desaforado de um analfabeto desses que se diz "esquerdista", mas em verdade é bolivariano e, portanto, desonesto, burro e lotado em cargo de comissão onde recebe sem trabalhar.

Segundo ele, o Datafolha atesta a enorme popularidade do presidente Lula, e que é inútil que os "direitistas" de plantão o ataquem e coisa e tal, ou o critiquem por conta do caos em que a imobilidade do governo deixou o setor aéreo, mesmo tendo o então candidato Lula avisado ainda em 2002, na campanha, que isso podia acontecer.

Só me pergunto onde está a lógica dessa gente?

Até semana passada, a Folha de S.Paulo e consequentemente o Datafolha que é de sua propriedade, era um órgão golpista da elite branca, a mentir sobre o acidente da TAM para prejudicar o governo Lula. Ontem, para eles, virou um órgão com credibilidade.

É caso de não entender como funciona a imprensa livre mesmo... e de falta de neurônios na cabeça!

A pesquisa apenas mostrou o óbvio, mas partiu de um órgão da "elite branca" e foi registrada por todos os grandes órgãos de imprensa, o que é sintomático de que esta mesma imprensa não mente como os "esquerdistas" vivem a choramingar. A imprensa diz a verdade, são eles que não a aceitam quando é desfavorável aos seus interesses mesquinhos... Hugo Chaves faz escola entre os desonestos!

Mas eu pergunto para os "bolivarianos":

A Folha tem ou não tem credibilidade?
A Folha mente ou não mente?

2. MARICAS BOLIVARIANO

Bem dito que o covarde comentarista não deixou link de retorno ou e-mail, embora tenha mentido, usando o nome de um blog de um leitor meu para se "identificar".

COVARDE! Sem contar que me ameaçou de agressão física, como se eu tivesse medo de um maricas bolivariano como ele.

3. POR QUE NÃO FUNCIONA?

Olhem esta matéria da Agência Estado e tirem suas próprias conclusões:
Contratações sem Concurso Incham a Infraero.

4. PASSEATA

Teve pouca gente na passeata aqui em Curitiba.

Gritou "Fora Lula!", tal qual os "esquerdistas" gritavam o "Fora FHC!" anos atrás. A diferença é que os petistas gritavam isso e não se importavam se a imprensa noticiasse. Agora, se a imprensa noticia é venal e da elite branca.

Mas eles foram lá e protestaram pacificamente, ao contrário do que fazem os "esquerdistas", como os palermas que promoveram quebra-quebra na visita do presidente dos EUA, ou os movimentos de sem terra que invadiram o Congresso Nacional.

Deixo uma foto:



PS: Ao insolente "esquerdista" mal-educado que visita meu blog, deixo esse texto do Clóvis Rossi, que deixa escancarada a incapacidade de gente como ele:

Um caso para o Procon

Os quadros petistas, com isoladas exceções, continuam se rotulando de "esquerda", como alguns o estão fazendo nessa discussão indireta com o "Cansei".
Bom, vejamos o que disse dessa gente o guru máximo, Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro passado: "Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas".

Como quase todos os líderes petistas, bem como seus bajuladores na mídia e na academia, já têm uma certa idade, só cabe uma de duas possibilidades: ou "têm problemas" ou são uma fraude.

Fico com a segunda hipótese.

Mesmo quem "tem problemas" há de reconhecer que a esquerda não manda no governo, até porque Lula só vê "problemas" em quem, com a idade, não sai da esquerda.

Duas das três principais políticas macroeconômicas, a monetária (juros) e a cambial, são executadas por Henrique Meirelles, que não "tem problemas" em ser de direita. A menos, é claro, que o PT o considere "o banqueiro do povo". Ridículo, mas possível na facção descerebrada do lulo-petismo.

A terceira política, a fiscal, é imposta pelos mercados (não os "mercados populares", mas os financeiros). São de esquerda?

Sempre haverá, entre os descerebrados, os que dirão que as bolsas-esmola são de esquerda. Não passam da aplicação prática da frase de Maria Antonieta: "Não tem pão, comam brioche". No Brasil-2007, fica assim: não tem emprego, não tem instrução, não tem como sobreviver pelos próprios meios, comam bolsa-esmola. Nada contra, aliás.

Melhor brioche que fome, óbvio.

Mas vamos parar de usar rótulos fraudulentos para pessoas e partidos. O rótulo "esquerda" hoje aplica-se ao PSOL, entre os partidos representados no Congresso. O do PT está com o prazo de validade vencido há pelo menos quatro anos e meio. Procon nele.

CLÓVIS ROSSI

1 de ago. de 2007

"VÔO JJ 3054, UMA CENA"


Esta blogagem coletiva foi convocada pelo Gustavo D'Andrea, com o apoio da Silvana e do Ricardo Rayol.

Não vou por aqui uma cena ou imagem do acidente, vou apenas lembrar a única imagem que ficou disso tudo, a da IRRESPONSABILIDADE geral e irrestrita que o país vive atualmente.

Irresponsabilidade de uma empresa como a TAM, que deixou um avião decolar sem um equipamento de segurança plenamente funcional (o reverso da turbina) e ainda por cima, com 186 passageiros, sabendo que a capacidade sugerida da aeronave seria de 170, por mais que isso não tenha sido relevante para o acidente.

Irresponsabilidade da INFRAERO que liberou uma pista de pouso sem o término das obras, por mais que isso não tenha sido relevante para o acidente.

Irresponsabilidade da ANAC, que não fiscaliza as empresas aéreas e que só depois do acidente, anunciou restrições de uso de um aeroporto antigo e com pista curta, mas de operação extremamente vantajosa para as empresas num contexto de mercado aquecido.

Irresponsabilidade histórica da prefeitura de São Paulo (dirigida nos últimos 30 anos pelo PTB, PP, PT, PSDB e PFL) que deu alvará de funcionamento para um posto de gasolina na cabeceira final da pista e um hotel de 15 andares na cabeceira inicial, que atrapalha o pouso de aviões de grande porte, diminuindo a área de frenagem.

Irresponsabilidade do Governo Federal que há 10 meses deparando com o caos nos aeroportos, só começou a tomar medidas de correção após o acidente de Congonhas, inclusive trocando o titular da pasta da Defesa.

Irresponsabilidade do Congresso Nacional, que ao invés de investigar a questão profundamente logo após o acidente do avião da Gol, deixou-se levar pelo jogo político de enterrar a CPI para que ela não investigue contas públicas, como as da INFRAERO, o que atrasaria a votação de medidas do PAC. Um Congresso que se curva aos interesses do poder Executivo é irresponsável, que dizer quando a esmagadora maioria de seus integrantes é de situação e mesmo assim deixa de fiscalizar uma questão que atinge milhares de pessoas.

Irresponsabilidade de ministros de estado fazendo pouco caso de questões sérias, como o senhores Guido Mantega e Marco Aurélio Garcia, e a senhora Marta Suplicy.

A cena que ficou desta tragédia, foi de um país de empresas aéreas e políticos irresponsáveis, apenas essa.

Post Scriptum: Segue ótima matéria de autoria de Augusto Nunes, do Jornal do Brasil, que se encontra no blog da Marta Bellini e que vai de encontro ao que escrevi logo acima:

A sagração da mentira

Augusto Nunes JB


O avião decolou de Porto Alegre em perfeitas condições", jurou já na noite da tragédia o presidente da TAM, Marco Antônio Bologna. Mentia: logo se descobriu que o reversor direito fora desativado depois de descoberto um defeito na peça.
"O Airbus-330 pode voar 10 dias sem um dos reversores", não perdeu a pose Bologna. Mentia: dias mais tarde, tanto a empresa fabricante quanto a TAM determinaram a todos os pilotos que só decolassem se ambos os reversores estivessem funcionando normalmente. Bologna é um ator aplicado. Na véspera da missa em memória dos 200 brasileiros massacrados em Congonhas, recorreu aos serviços de um especialista em primeiros socorros a empresários lanhados por escoriações generalizadas. Cenas explícitas de desconsolo ajudam muito, reiterou o conselheiro. Disciplinado, o presidente da TAM chorou durante a cerimônia. "Lágrimas de esguicho", diria Nelson Rodrigues. Tão verdadeiras quanto uma cédula de 3 reais. Tão verossímeis como a hemorragia no coração presidencial. Tão convincentes quanto a discurseira federal que precedeu a explosão no aeroporto paulista e a ela sobreveio. Iluminada por labaredas que resistiam aos bombeiros e ao temporal, a procissão dos mentirosos seguiu seu curso.
"Não existe crise aérea", disse em junho Milton Zuanazzi, presidente da Agência Nacional da Aviação Civil. Mentia: o colapso da aviação civil escancarou-se em outubro passado. Assustado com as dimensões do acidente, eximiu-se de culpas.
"A Anac até ajudou a reduzir a movimentação de aeronaves em Congonhas", recitou. Mentia: reduzido a despachante da TAM e da Gol, Zuanazzi transformou o aeroporto numa terra sem lei explorada pelo duopólio dos ares.
"A pista principal voltou a ser utilizada depois de concluídos todos os reparos indispensáveis", garantiu o brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero. Mentia: faltava o grooving, o asfalto carecia de ranhuras que apressam o escoamento da água da chuva.
"E a pista não estava escorregadia", reincidiu. Mentia: conversas gravadas atestaram o desconforto de pilotos e controladores com os riscos do pouso no solo molhado.
"Nunca me contaram isso", fingiu espantar-se Lula ao ouvir de Nelson Jobim, substituto de Waldir Pires no ministério-fantasma, informações que denunciavam uma aviação civil em frangalhos. O presidente mentia: desde 2003, minuciosos relatórios da Aeronáutica o alertaram para a acelerada decomposição do transporte aéreo. Só depois de quase 10 meses Lula conseguiu enxergar o apagão. O governo começou a mover-se. Sem parar de mentir. "Vamos construir um terceiro aeroporto em São Paulo", anunciou a ministra Dilma Rousseff. "Só não digo onde porque o governo não é agente de especulação imobiliária". Mentia: 10 dias depois de concebido, o sonho de Dilma foi pulverizado por Nelson Jobim. Faltam locais adequados nas cercanias de São Paulo. Sobretudo, falta dinheiro. "Em vez disso, vamos providenciar uma área de escape em Congonhas, ampliar Viracopos e construir a terceira pista em Cumbica", comunicou Jobim. Mentiu. Ele sabe que já não há espaço para tais requintes em Congonhas, ilhado por avenidas e prédios. Sabe que a modernização de Viracopos está condicionada à existência de um trem-bala ligando São Paulo a Campinas. Sabe que quase 25 mil famílias - uma multidão de eleitores - ocupam o local reservado pelo projeto original à terceira pista de Cumbica. Um ministro íntimo de Lula já avisou que o governo não vai tirar essa gente de lá. Isso é verdade

30 de jul. de 2007

O ACIDENTE E O GOVERNO

A revista VEJA desta semana informa que a causa primordial do acidente da TAM seria a falha do piloto no manejo do avião, incluindo eventual falha de treinamento de pilotagem ou projeto do A-320.

Foi o que bastou para os puxa-sacos do governo saírem a atacar (no anonimato, óbvio)jornalistas e mesmo blogueiros de tentar acusar o presidente Lula sem provas, usando da tragédia por motivos políticos.

Mas a maior prova da responsabilidade do governo, que pode não ser direta, mas é indireta porque ele absteve-se do dever de fiscalizar, está na troca do ministro da defesa e na já anunciada mudança no comando da INFRAERO, sem contar as medidas restritivas do uso de Congonhas e a pressão que já existe sobre a diretoria da ANAC.

Se a ANAC fiscalizasse direito as companhias aéreas, provavelmente não haveria 186 ocupantes num avião com capacidade sugerida de 170, nem a falha do reversor porque as manutenções seriam aferidas.

Se a INFRAERO não fosse um balaio de gatos de politicagem, o terminal de Congonhas seria obra para depois de pronta a pista, inclusive com "grooving", e já teria as restrições de uso anunciadas semana passada há bastante tempo, provavelmente logo após o acidente com o avião da Gol.

Mas em dez meses desde a tragédia do avião da Gol, o que se viu deste governo foi a inação do presidente que, mesmo sem responsabilidade direta pela tragédia, deixou de "presidentar", ao não constatar fatos e cobrar seu ministro da defesa, que por sua vez, nada fez com a INFRAERO e nada requisitou à ANAC, justamente os dois órgãos técnicos, que deveriam ser um contra-peso aos interesses meramente comerciais das companhias aéreas. Mas ao invés disso, cederam às pressões delas, mantendo Congonhas funcionando e reabrindo sua pista bem antes do momento apropriado.

Eu mesmo poupei o presidente Lula em meus comentários sobre o assunto, e continuo fazendo isso, porque se ele for responsável por todos os problemas administrativos do país, deveria dar uma passadinha aqui no balcão da Receita Federal em Curitiba, para passar um pito numa atendente mau-humorada pelo excesso de trabalho causado pelo Super Simples.

Mas exige-se que um presidente exerça o seu cargo e seja presente nas grandes questões e o apagão aéreo não é um problema comezinho, sem relevância, ainda mais em um país onde, para criar 20 mil cargos em comissão basta uma medida provisória, mas para resolver problemas que afetam a vida de milhares de pessoas, exige-se burocracia insana que muitas vezes é feita para atender aos interesses excusos de poucos.

O presidente falhou ao não observar os fatos e agir tardiamente. Se não tem responsabilidade direta, pesa-lhe o resultado da inação de 10 meses. E se tudo estivesse as mil maravilhas, nem o ministro Waldir Pires teria caído, nem a diretoria da INFRAERo estaria no bico do urubu...

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...