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30 de nov. de 2009

DIPLOMACIA DO VEXAME - III

Nesse processo eleitoral hondurenho a maior derrota foi do Itamaraty, ou seja, da diplomacia brasileira.
O presidente Lula declarou que reconhecer as eleições hondurenhas pode incentivar a novos golpes, mas isso soa hipócrita na exata medida em que o governo brasileiro faz vistas grossas aos atos ditatoriais de Hugo Chaves, que já deu vários pequenos golpes dentro da Venezuela. Aliás, Chaves agrediu a Colômbia militarmente e não se ouviu um pio a partir do Itamaraty.
Mas o Brasil deu guarida a Manoel Zelaya e lhe ofereceu sua embaixada, sendo que o único intuito dele era tumultuar e impedir as eleições, que deveriam ocorrer do mesmo jeito se ele ainda estivesse na presidência.
A questão é que no momento em que Zelaya voltou a Honduras, o candidato mais alinhado com ele era líder disparado de pesquisas. Mas com a polêmica causada pela sua volta, perdeu as eleições com margem de 20%. Ou seja, o Brasil contribuiu para afastar o grupo de Zelaya do poder.
É uma situação "sui generis". As vezes o Brasil se destaca pelo bom senso, como quando estabeleceu um índice de corte de emissão de gases que acabou sendo copiado por EUA e China, mas as vezes perde completamente a compostura, como nesse caso hondurenho e como será a não-extradição de Césare Battisti, que (consta) será indultado em meio das festas natalinas e de fim de ano para diminuir o impacto negativo, se bem que neste caso também há culpa do STF, que se omitiu, como, aliás, é comum na Justiça brasileira.
Tudo bem, o Brasil não precisa acertar sempre nessas questões internacionais, porque ninguém acerta, nem mesmo as chancelarias mais experientes.
Mas o conjunto da obra do governo Lula é de assustar, porque o elogio às ditaduras africanas e à venezuelana, o caso Battisti, o caso dos boxeadores cubanos e as vistas grossas ao radicalismo de Ahmadinejad corróem a imagem de um país que foi brilhante (incluído seu presidente) ao defender um meio-ambiente sustentável e o combate à fome e à miséria nos últimos 8 anos.
Dá a impressão que a chancelaria de Celso Amorin e Marco Aurélio Garcia defende a ditadura como única forma de combater as desigualdades sociais. Parece que não entendem a história.

28 de set. de 2009

DIPLOMACIA DO VEXAME - II

Cresce a cada dia a possibilidade de invasão da embaixada brasileira em Honduras.

Na prática, seria um ato de guerra. Mas fico imaginando como o Brasil responderia uma agressão como esta. Ou ainda, se teria coragem de responder, num contexto em que é incapaz de manter operações militares fora do seu território com suas forças armadas sucateadas e sem o apoio da ONU(como faz no Haiti).

O presidente Lula nega-se a negociar com o governo de fato de Honduras, referindo-se a ele como golpistas.

Isso até seria elogiável, se Lula não apoiasse o ditador cubano Fidel Castro e seu irmão-múmia-dublê, Raul. Da mesma forma, seria elogiável se o presidente do Brasil não mantivesse um diálogo fraterno com o ditador de Zimbabwe, Robert Mugabe, a quem elogiou por suas "sucessivas reeleições". Ou ainda não fizesse vistas grossas aos atos de ataque à imprensa livre e à democracia praticados pelo venezuelano Hugo Chaves, que por sua vez admitiu em público (com um enorme sorriso no rosto) ter urdido uma trama para colocar o Brasil na marra, no meio de um problema que não lhe diz respeito.

Os golpistas de Honduras pelo menos não têm contratos com o Brasil, não recebem ajuda brasileira e não intervém nos assuntos brasileiros, como fazem os Castro e Mugabe, e como faz às gargalhadas, o ladrão venezuelano Hugo Chaves.

Com todo o respeito que tenho pelo presidente, ele foi incoerente na declaração.

Se o Brasil ainda tivesse algum interesse efetivo em Honduras, país que exporta bananas e hortaliças, quando muito minerais pouco nobres, eu poderia entender essa "intervenção" brasileira, que afronta a nossa própria Constituição.

Mas o comércio entre Brasil e Honduras é praticamente inexistente.

Mas não o tendo, o Itamaraty deveria mandar evacuar o prédio, tirando todos os brasileiros de lá e, quem sabe, entregá-lo para a Venezuela, país que, confessadamente por seu presidente marginal, engendrava o plebiscito que levou à queda de Zelaya, bem como organizou a operação de jogar a batata-quente em mãos brasileiras.

Ainda se Zelaya fosse um governante digno de respeito, como o presidente da Costa Rica ou a presidente do Chile, eu poderia entender. Mas Zelaya é um oligarca latifundiário que de socialista só tem o apoio do ditador venezuelano, e que pretendia violar expressamente a Constituição do seu país.

10 de ago. de 2009

AS BASES AMERICANAS NA COLÔMBIA NÃO AFETAM O BRASIL


A Colômbia é um país soberano.

Noves fora a bobagem de discutir um terceiro mandato para Álvaro Uribe, o que faria dele outro candidato a ditador, como por exemplo Rafael Corrêa é no Equador, se o Congresso daquele país aceitar a instalação de bases americanas em seu território, estará exercendo sua soberania como melhor que aprouver.

Essa questão sobre as "bases" que tanto melindra o ditador venezuelano, Hugo Chaves, é um aspecto da soberania daquele país.

Antes dos acordos de cooperação com os EUA, a Colômbia detinha o triste título de país de maior violência urbana das Américas e um dos mais violentos do mundo. As FARC agiam quase livremente, controlavam fatia enorme do território e o faziam em conjunto com o narcotráfico, do qual viraram braço militar. Pior do que isso, a economia do país estava paralisada e empobrecia a população com desastrosos resultados sociais.

O plano Colômbia dotou o país de equipamentos modernos e treinamento eficiente nas áreas de combate e inteligência. E na medida em que o narcotráfico perdeu poder e as FARC foram contidas, melhorou muito a qualidade de vida das pessoas com bons resultados de crescimento econômico e social e especialmente a diminuição da violência.

E em verdade, a Colômbia não está cedendo bases para os EUA, mas apenas concentrações de adidos militares e civis, núcleos de planejamento militar para a continuidade do combate ao narcotráfico com organização logística, locais de desembarques de equipamentos. Serão no máximo 1500 americanos, dos quais, apenas 800 militares, quantidade insuficiente para ocupar uma cidade do tamanho de São José dos Pinhais no Paraná.

Ou seja, absolutamente nada que leve perigo algum aos países vizinhos, especialmente à Venezuela do paranóico Hugo Chaves, que além de manter acordos até mais abrangentes de segurança com a Russia, se arma até os dentes para combater o único inimigo real à sua pessoa, que é a democracia verdadeira.

E o Brasil já percebeu isto. Tanto é que o presidente Lula voltou para Brasília antes dos encontros bilaterais da UNASUL, de modo a impedir que alguém colocasse o país numa suposta condenação à Colômbia.

Sempre digo que no dia que os americanos quiserem atacar qualquer país da América Latina, basta enviar um ou 3 (no caso do Brasil) de seus super-porta-aviões que não haverá tempo de colocar uma aeronave no ar para uma tentativa de defesa. Mas isso eles não farão, porque os governantes ruins da região fazem mais estragos sozinhos e o efeito anti-americano seria absolutamente o mesmo!

29 de jul. de 2009

LIDERANÇA SE CONQUISTA, NÃO SE COMPRA


O Marcus Mayer e o Neto fizeram ótimos comentários no post anterior, sobre a suposta liderança que o Brasil quer ter na América Latina, o que seria uma espécie de justificativa para essas concessões absurdas feitas para Bolívia e Paraguai nas questões do gás e de Itaipu.

O Brasil tem pretensões de, numa eventual modificação dos estatutos da ONU, virar membro permanente do Conselho de Segurança. Por esta razão, busca consolidar uma imagem de liderança sobre países pobres e não desenvolvidos, como forma de compensar sua absoluta falta de poderio bélico e sua insignificância como coadjuvante que é da corrida tecnológica e do comércio global, mesmo contando com os recursos naturais mais abundantes do planeta, pouco e mal utilizados em função da péssima qualidade de seu sistema educacional e dos gastos públicos, que corróem qualquer programa desenvolvimentista.

Eu penso que a estratégia brasileira é até interessante, mas equivocada, porque liderança se conquista, ela não é comprável como parece entender o Itamaraty de Celso Amorin e a Presidência da República sob a assessoria de Marcos Aurélio Garcia.

Se Bolívia e Paraguai querem discutir os termos de tratados sobre o gás e Itaipú, é direito deles desde que observem os instrumentos legais necessários.

Mas o Brasil nem aguardou eles recorrerem às instâncias cabíveis e em nome dessa suposta liderança e fez concessões sem maior esforço, e, pior, sem critério.

As refinarias na Bolívia forem entregues pelo preço estipulado pelo governo de Evo Morales e a compensação pela energia de Itaipu (se aceita pelo Senado) com o uso de recursos do Tesouro Nacional em detrimento a um crédito que o Brasil detém por ter construído a usina sozinho. E ninguém deu murros na mesa e o Itamaraty não engrossou a discussão ao ponto de, no caso paraguaio, ter se falado que o acordo saiu com vias a possibilitar ao senhor Fernando Lugo mostrar algum serviço ao seu eleitorado, cansado de falácias e da constatação que ele, bispo, foi imoral e desumano ao fazer filhos e abandoná-los à própria sorte, coisa que um cristão de verdade não faria.

Ou seja, para consolidar uma "liderança" o Brasil baixou a cabeça para o pleito boliviano e deu uma esmola para o Paraguai na tentativa de salvar a cabeça do seu presidente. Tudo o que um líder não pode fazer, tudo o que alguém que pretende ser líder de algo deve evitar, que é a desmoralização e o favor, ao contrário da negociação franca, aberta e legal e a defesa do bom senso.

O Brasil está cometendo o erro de comprar uma liderança, prometendo ajuda humanitária para países pobres quando não cuida direito nem dos miseráveis daqui, não lhes dando oportunidades de estudar, saúde e segurança pública. E por esta razão é tratado como um "nouveau rich" que dá as caras no churrasco da lage da favela: paga tudo, ganha tapinhas nas costas e é mal falado tão logo saia do recinto.

Liderança se conquista, não se compra.

16 de out. de 2008

O DESPERTAR, FINALMENTE!

A tal usina que o Equador alega não estar operacional, foi entregue com 9 meses de antecedência e há suspeitas de que tenha sido utilizada acima de suas capacidades, o que causou os problemas que levaram ao imbróglio, com o possível calote.

Ou seja, é provável que aquele país tenha causado o problema e aplicado o chamado "migué", culpando a empreiteira brasileira e defendendo o não pagamento, especialmente porque os problemas ocorreram às vésperas de um plebiscito importante para o projeto político de seu presidente Rafael Corrêa.

Mas ao contrário do que aconteceu com a Bolívia, país de quem o Brasil ficou gás-dependente, Brasília aumentou o tom, cancelando a missão ministerial que trataria de novas obras lá, com financiamento pelo BNDES.

Ato contínuo, Corrêa teve a petulância de dizer que isso foi uma arbitrariedade, como se ele fosse um poço de bom senso ao usar um país amigo para seus desígnios políticos, onde seu projeto de constituição autoriza praticamente sua eternização no cargo.

Tanto o cancelamento da missão ministerial quanto a edição do Decreto 6592 ao determinar que “São parâmetros para a qualificação da expressão agressão estrangeira, dentre outros, ameaças ou atos lesivos à soberania nacional, à integridade territorial, ao povo brasileiro ou às instituições nacionais, ainda que não signifiquem invasão ao território nacional.” e mesmo a declaração de hoje por parte do ministro Celso Amorin de que "...Então, vai acabar o comércio entre Brasil e Equador porque o empréstimo é lastreado no CCR (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos). Eu não entendo como deixar de pagar porque tem a garantia do CCR, que é uma garantia comercial...". foram avisos claros de que, parece, o Brasil terá menos tolerância com o populismo que o usa para auferir votos em países vizinhos, sempre em prejuízo do suado dinheiro dos impostos do contribuinte daqui.

Brasília finalmente reagiu!

Talvez constatando que, se não fizesse isso, seria alvo de outros achaques continentais. Basta dizer que houve um ensaio disso por parte de Fernando Lugo, presidente do Paraguai, que pleiteou a aquisição, por Itaipú, de um avião presidencial.

Estava na hora. Será que a influência deletéria do assessor de coisa nenhuma, Marco Aurélio Garcia, está decrescendo?

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