9 de jan. de 2010

O "CASAL K"

A foto é de autoria de "O Globo"

Acusados de eleitos com recursos ilegais da Venezuela (o que é crime em qualquer país do mundo), enriquecendo a olhos vistos sem que seus rendimentos oficiais justifiquem a variação patrimonial e solapando a Constituição e as instituições do país, o casal Cristina e Nestor Kirchner representa mais uma fase triste da derrocada econômica e social da Argentina.

No último capítulo da saga, Kirchner demitiu o presidente do Banco Central porque ele se recusou a liberar 6 bilhões de dólares das reservas cambiais a serem injetados no orçamento federal, basicamente para livrar dinheiro para obras e ações eleitoreiras com vias a reeleger seu marido à presidência em novembro próximo.

O problema é que demitir o presidente do BC é ato exclusivo do Senado, sendo que a Suprema Corte do país decidiu ontem que a manobra de transferência do dinheiro é inconstitucional.

Cristina Kirchner praticamente rasgou a Constituição na tentativa desesperada de pavimentar a volta de seu marido à presidência, para perpetuar sua familia no poder.

A Argentina sofre de uma série de problemas que existem em toda a América Latina, mas não tão concentrados.

A crise econômica e o Estado falido são legados de décadas, mas especialmente do governo peronista de Carlos Ménem, que enterrou o país e o entregou para a União Cívica Radical desmoralizar-se no governo relâmpago de Fernando de La Rua.

E os peronistas voltaram sem oposição. E deram o calote nas dívidas pública e externa aumentando ao mesmo tempo a concentração de poderes na Presidência da República, sem que isso resolvesse ou desse início de soluçao a nenhum dos graves problemas estruturais do país, que hoje não recebe mais investimentos internacionais (salvo esmolas venezuelanas usadas para solapar as instituições) e encontra-se empobrecido e estagnado.

O Peronismo é um movimento político amplo que envolve em sua parte mais forte um conjunto de organizações sindicais corruptas e oligarquias travestidas de movimentos sociais que hoje sustentam o desastroso governo do "Casal K". E por ter essa natureza é provável que o capítulo desta semana não seja o último na tentativa de perpetuar um novo casal emblemático no poder, tal qual fez com Perón e Evita.

Penso que, sem maioria no Congresso Nacional que lhes impede de chancelar os atos arbitrários e inconstitucionais, o "casal K" vai apelar para a vitimização e ao mesmo tempo tomar todas as medidas cabíveis para aprofundar a crise econômica com nefastos resultados sociais.

Alegará nas eleições que agiu pelo povo mas foi impedida pelos seus inimigos encastelados no Congresso. Fará exatamente o que Perón fez na década de 40, numa tentativa de perpetuação personalista dos chefes no poder.

Basta saber se isso cola e se o raio cairá uma segunda vez no mesmo lugar.

4 comentários:

  1. Olá, tudo bem? A Argentina vive sempre em crise.. O país que já foi uma potência no início do século XX, hoje vive uma situação delicada... A violência explode.. Mais pobreza... Complicado... Abraços, Fabio www.fabiotv.zip.net

    ResponderExcluir
  2. Nunca tivemos um casal em nossa história, mas, já estivemos em situação semelhante, e não faz muito tempo, não é?

    Será que existe algum ligação da situação Argentina, que nunca se acerta, com os atentados da década de 90?

    ResponderExcluir
  3. A demissão do presidente do BC por Cristina foi uma tentativa dela de tentar recuperar 'a autoridade', bastante comprometida em seu país depois do caso com os agricultores argentinos.

    O que assusta na AL é essa intenção inescrupulosa de alguns governantes de quererem se eternizar o poder às custas de planos maquiavélicos e com o aval do povo leigo. Há que se tomar bastante cuidado com essas iniciativas.

    Em relação ao passado, a Argentina já esteve melhor. Hoje é apenas um país caminhando para o descrédito e mais pobre, social e financeiramente. Um péssimo exemplo na AL - bem diferente do vizinho Chile.

    ResponderExcluir
  4. Faz parte da nossa natureza: o poder é sedutor o suficiente para que a gente passe a viver para viver dele. Em todos os lugares, do mais chulo ao mais complexo nível de "autoridade". Quanto à politica[gem] externa, confesso-me um analfabeto funcional; E já me incomoda, muito, saber pouco da local... na batalha pelos interesses particulares [politica em sua essencia], abstive-me um pouco do universo ao meu redor.

    E [mudando radicalmente de assunto], com certeza, prefiro anos como o de 2009 (exceto por um únicozinho fator, rs!) do que ser expectador na vida. Ah, no meu nome há um link novo. O blog mudou de endereço =). Abraços!

    ResponderExcluir

Não serão publicados comentários ofensivos, fora dos limites da crítica educada.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...