30 de nov. de 2010

PELA PROIBIÇÃO DO CONSUMO DE ÁLCOOL EM AMBIENTE ABERTO



Tramita na Câmara Municipal de Curitiba, um projeto de Lei inspirado na experiência da Austrália e de alguns lugares dos EUA, onde se proibiu o consumo de álcool à céu aberto, em ruas, praças, parques, bosques e equipamentos urbanos como terminais de ônibus.

O indivíduo que bebe em casa geralmente não causa maiores estragos porque não há estímulo para os excessos decorrentes do consumo além da conta. Ele não vai se exibir para o cônjuge e filhos, porque ou será ignorado ou vai acabar em discussão.

O indivíduo que bebe dentro de um bar, pode até ter estímulo para praticar asneiras e eventualmente até arranja briga com outro pau d'água, mas no mínimo recebe a censura do dono do estabelecimento e das pessoas que ali bebem sem exagerar. Ou seja, ele pensa suas vezes antes de fazer besteira.

Mas o indivíduo que bebe álcool na rua sente-se livre para agir no contexto de euforia boa ou má que certa dose bebida pode causar.

Daí, para tentar aparecer ou até para destilar seus recalques ou seus ímpetos violentos, sai provocando transeuntes, pixando e vandalizando prédios públicos e privados, aumentando o volume do som do carro, dirigindo feito louco e até procurando discussões com pessoas à sua volta, pouco importa se conhecidas ou não.

O indivíduo que bebe na rua não encontra freios para seu delírio alcoólico, todas as pessoas à sua volta podem ser vítimas de seu estado alterado, seja mediante agressões verbais, seja roubando-lhes o sono às 3 e meia da madrugada ou pixando seus muros, seja enfiando um carro nos seus portões ou roubando, praticando violências físicas, matando ou estuprando.

Penso que se o consumo de cigarro é proibido em ambientes fechados, a lógica seria impor a proibição de consumo de álcool a céu aberto, numa situação tal em que exista algum controle sobre quem bebe em excesso.

Pode ser pouco, mas certamente vai melhorar em muito os índices de segurança, basta lembrar que boa parte da violência no Brasil é causada pelo consumo excessivo de álcool, e isso inclui acidentes de trânsito e ocorrências domésticas. Boa parte dos índivíduos que causou aquele tumulto no estádio Couto Pereira em 06/12/2009, era de integrantes de uma torcida organizada que se concentram à frente do estádio por volta de 5 horas antes dos jogos e bebem sem parar na rua, às vistas das autoridades. Se essa proibição existisse na época, provavelmente poucos deles teriam adentrado ao estádio porque ficariam em algum bar e outra parte deles poderia estar detida por consumir em lugar irregular.

Enfim, apóio a idéia civilizadora que tramita no legislativo curitibano.

29 de nov. de 2010

TEMOS QUE TORCER PELO BEM DO RIO DE JANEIRO


Todos os brasileiros tem a obrigação de torcer e rezar pelo bem do Rio de Janeiro.

Temos que acreditar que, desta vez, finalmente abriu-se uma guerra contra o tráfico e o crime, e que esta guerra só vai terminar quando o Rio voltar a ser uma terra de paz, onde as pessoas possam andar tranquilas sem a paranóia da violência gratuita que tomou a cidade.

Porque finalmente, depois de décadas de demagogia, um governo assumiu o ônus de enfrentar o crime de modo direto e franco, sem sujeitar-se a interesses mesquinhos de gente que se aproveita da violência e da desgraça para uso político, pregando direitos humanos para bandidos que não observam isto no trato com as comunidades que controlam. Muito se falou que as forças armadas não deviam intervir em conflitos assim e agora se comprovou que elas são imprescindíveis na árdua tarefa de impor a Lei a todo o país. Pela primeira vez as esferas de governo chegaram a um termo em que se respeita a Constituição e ao mesmo tempo, se ataca o crime.

Queira Deus que tenha acabado a leniência histórica com a bandidagem, que sempre marcou um Rio de Janeiro acostumado a exaltar contraventores e impedir que a polícia subisse o morro.

Tenho lá minhas críticas às UPP(s) e a forma com que esse processo tem ocorrido, mas mesmo assim, prefiro acreditar que agora as coisas serão diferentes e que finalmente este país abriu os olhos a necessidade de não transigir nunca com bandidos e impor a Lei a todos, doa a quem doer.

Mas desde já aviso que uma vez iniciada a guerra no Rio, é preciso que todos os demais estados também se mobilizem, porque a migração dos traficantes será inevitável. Alguns deles sairão do Rio para se instalarem em áreas igualmente pobres no PR, SC, PE, BA, GO, etc... o que significa que, agora, temos que iniciar imediatamente um sistema de prontidão nacional.

E também não deixo de reiterar minha opinião sobre o assunto: Uma vez efetivamente pacificadas, as favelas cariocas e as de qualquer lugar do país precisam ser realmente urbanizadas, transformadas em bairro de tal modo a possibilitar uma vida digna e sadia para sua gente, uma vida em que a violência não seja uma necessidade para sobreviver.

26 de nov. de 2010

POLÍTICA DE SEGURANÇA?

O Brasil não tem política pública nenhuma.

Tanto nos municípios, quanto nos estados e mesmo na União, a cada troca de governante muda-se tudo e de preferência dizendo que o antecessor tava errado e só fazia porcaria. Os programas são descontinuados em todas as áreas. Uma vez acertados para terem duração de 5 ou 10 anos, se o grupo político que os lançou não ficar no poder durante esse tempo, são simplesmente descartados sem que ninguém se pergunte do desperdício dos recursos, especialmente do dinheiro público.

Isso vale para a segurança pública, onde as polícias estaduais pouco se conversam, onde faltam equipamentos básicos de combate ao crime organizado tais como blindados e helicópteros, onde um policial do Pará ganha mais que um do Rio de Janeiro, onde as várias entidades (Guarda Nacional, Polícia Federal, PM(s), Polícias Civis, Receita Federal, Ministério Público) pouco padronizam suas ações.

Só aqui no Paraná, considerando os últimos 20 anos, mudou-se a forma de fazer policiamento ostensivo várias vezes. Começou com patrulhas motorizadas, criaram-se módulos policiais, extinguiram-se estes e criaram "totens" ao lado dos quais instalava-se patrulha motorizada e chegamos à situação atual, das POVO (Policiamento Ostensivo Volante), sem que isso resolve em absolutamente nada os problemas mais comezinhos de segurança, cujos índices estão degradando dia a dia.

Esse partidarismo tosco, esse personalismo que nos afeta a cada eleição não atinge apenas a área de segurança. Não há política habitacional, as pessoas são empilhadas em favelas que os governos insistem em considerar "comunidades" para não urbanizar, tratando como caso de fazer uma escada aqui ou ali, ou uma pintura ou uma quadra esportiva. Construir moradias dignas, fazer arruamento, recuperar áreas invadidas de preservação ambiental nem pensar, isso tira votos de quem se promove em meio a desgraça, que por sua vez usa a manutenção do precário como meio de denegrir a imagem de quem tenta atacar o problema.

E se entrarmos nas áreas de educação, saúde, trânsito, defesa, veremos que é tudo absolutamente igual. As diretrizes legais são simplesmente ignoradas ou interpretadas conforme o momento, sem que ninguém seja punido pela descontinuidade de programas. A politicagem é o verdadeiro debate nacional, nada se faz pensando na sociedade, tudo se faz pensando em tomar o poder primeiro para depois ver o que faz, desde que pisando no pescoço de quem perdeu a eleição.

O Rio de Janeiro de hoje é o resumo de toda essa irresponsabilidade e demagogia. É um exemplo bem acabado de para onde o país está indo a cada vez que uma troca de governantes paralisa programas, muda parâmetros e altera as diretrizes ou suas interpretações.

24 de nov. de 2010

NO MUNDO DOS SONHOS DA COPA E DA OLIMPÍADA

A imagem aterrorizante é de "O Globo". E faz parte do mundo real que os políticos brasileiros teimam em negar.


As Unidades de Polícia Pacificadora conseguem conter a violência nas favelas que os governos cariocas se recusam a urbanizar verdadeiramente. Mas são incapazes de extinguir organizações criminosas, na medida em que fazem apenas policiamento ostensivo e retiram efetivos policiais de outras áreas para onde o crime migra.

Agora viraram alvo para uma ação conjunta de grupos de traficantes (mesmo rivais), que trataram de colocar a cidade do Rio no caos completo, sabendo de antemão que as autoridades não conseguiriam dar conta de organizar o enfrentamento massivo e muito menos de explicar os fatos à opinião pública, o que está visível nestes últimos dias.

Quando escrevo aqui sobre urbanizar favelas, trato da necessidade imperiosa de transformar o gueto que elas sempre foram em um bairro comum, onde seja possível o controle policial normal sem necessidade de UPP(s) ou coisas parecidas.

A arquitetura de uma favela favorece o crime organizado na medida em que não há arruamento e as "casas" são todas coladas parede a parede. Logo, uma vez invadida pela PM, uma favela precisa virar um canteiro de obras com a derrubada de parte dos barracos para dar lugar a arruamentos, praças, iluminação pública e equipamentos urbanos. Porque é simples, a favela estará pacificada na presença da polícia, se esta sair, volta a ser gueto para o controle pela bandidagem, que ainda assim não deixa de estar lá, escondida, embora inoperante mas planejando sua volta triunfal, como a verificada nos últimos dias.

No mundo dos sonhos dos governos brasileiros faremos uma Copa do Mundo e uma Olimpíada improvisando soluções de segurança pública e intervenções urbanísticas, achando que o turista virá para nossas cidades em segurança. Esses epísódios do Rio de Janeiro comprovam claramente que em um evento como este os bandidos podem fazer uma manifestação de força aterrorizante a partir da ingenuidade e cupidez dos governantes brasileiros, que acham que favela não precisa ser consertada como forma de combate ao crime.

O Brasil vai investir algo em torno de 3,5 bilhões de dólares só em estádios para a Copa do Mundo, isso contando por baixo. Mas não consegue alocar metade disso para aumentar os efetivos policiais, melhorar sua remuneração, aperfeiçoar o treinamento e dar ao cidadão a sensação de segurança que não existe mais nem em cidades pequenas, onde, repito novamente, nem um prosaico telefone 190 funciona.

Mais que isso, estima-se que o custo da Copa do Mundo seja de 14 bilhões de reais, dinheiro que para isto aparece, mas que não existe para um programa habitacional amplo para transformar favelas do país inteiro em bairros onde as pessoas consigam ver-se livres do crime enraizado.

No mundo dos sonhos dos políticos, o Brasil terá um trem-bala depois da Copa 2014, e os problemas aéreos serão resolvidos com terminais provisórios, sem que se construam aeroportos. No mundo dos sonhos das autoridades o combate ao crime é feito colocando efetivos policiais em prontidão local por algum tempo, achando que, quando sairem, os criminosos não voltarão.

Quem sabe agora os sonhadores políticos brasileiros percebam que estão lidando com criminosos efetivamente violentos e organizados, capazes de desestabilizar até os projetos de mostrar ao mundo um país de sonhos, cuja realidade é bem pior que um pesadelo.

22 de nov. de 2010

CAMPEÃO DE NOVO

A foto é do portal TERRA, mas não posso deixar de reclamar com o escudo errado que ela ostenta, que não é o oficial do clube.


Aqui em Rio Branco do Sul, quando chove absolutamente tudo pára de funcionar, inclusive a internet, de modo que este post sai um pouco atrasado.

Mas vale a pena comemorar o título do Coxa, conquistado após o ano mais difícil da história do clube, enfrentando a punição do STJD e adversários altamente qualificados e tradicionais como o Bahia, o Figueirense, o América-MG, a Portuguesa, o Sport Recife, o Náutico e o Paraná Clube.

Parabéns povão Coxa-Branca!

18 de nov. de 2010

O SILVIO SANTOS NÃO É LADRÃO



É muito provável que o rombo do Banco Panamericano tenha sido causado por crime, segundo indícios levantados pelo Banco Central nestes últimos dias. Há informações no sentido de que ativos revendidos não tenham sido baixados da contabilidade, e que investidores específicos recebiam remuneração acima da de mercado para desviar recursos da instituição.

Mas isso não significa de maneira alguma que Silvio Santos, controlador da "holding" do grupo que leva o seu nome artístico, seja ladrão, corrupto, criminoso de colarinho branco ou qualquer outra coisa nesse sentido, como alguns comentários que li na internet e um outro, em um jornal aqui da minha cidade.

Primeiro porque ele não era diretor do banco. Se errou ao indicar para a presidência um parente não exatamente qualificado para a função, mesmo assim ele não praticou atos de administração. Portanto, não está sujeito ao bloqueio de bens dentro de um prazo com termo legal inicial anterior estabelecido no ato de intervenção.

E também porque ele sabia, por ser controlador da "holding", que o banco era a empresa do grupo que mais gerava caixa e mais dava lucros. Ele mesmo afirmou que enquanto o SBT gerava 40 milhões de lucro em determinado período, o banco multiplicava esse número por 3. Ou seja, ele acreditava na boa gestão porque a regra de uma má gestão é universal e simples: ela causa prejuízo ou diminuição sensível de lucratividade. Assim, agiu como qualquer empresário agiria, especialmente com a existência de relatórios de auditoria independente que diziam estar tudo bem, porque a função dela é justamente esta, apontar defeitos de gestão que apareçam ou não nas demonstrações contábeis.

Ou seja, foi enganado pelos diretores e levado a erro por uma auditoria independente que em nada alertou os acionistas do banco de fatos estranhos (inclua nisso a Caixa Econômica Federal).

Particularmente, sou crítico dessas "auditorias independentes" há muito tempo, porque se elas funcionassem mesmo, muitas quebras, falências e intervenções teriam sido evitadas na economia brasileira. Mas isso é outro assunto e mesmo assim, temos que considerar, como SS deve ter feito, que nem todas elas são ineficazes, afinal, o banco repassava lucros pomposos para a "holding".

Mas no fim das contas, Silvio Santos veio a público como nunca antes um banqueiro havia feito no Brasil, para explicar a situação e garantir a todos os interessados que os débitos da instituição seriam pagos e mais que isso, estavam a partir dali garantidos pelo seu patrimônio empresarial, especialmente o Sistema Brasileiro de Televisão (3a. maior rede do país), a cadeia de lojas Baú da Felicidade, a empresa de cosméticos Jequiti e dezenas de outros negócios menores, cujo valor de mercado supera em muito o valor do empréstimo que foi tomado para regularizar as operações bancárias do Panamericano.

Em um país que teve quebras bilionárias de instituições cujos administradores e acionistas simplesmente desapareceram, deixando a função de indenizar os prejudicados para o Banco Central, vide COMIND, Habitasul, Sulbrasileiro, Coroa-Brastel, Banco Santos, Banco Econômico e Banco Nacional, Silvio Santos deu uma lição de integridade e honradez, quando podia aferrar-se aos seus advogados e transformar a questão em uma batalha jurídica de décadas para definir responsabilidades sem se importar com quem eventualmente estivesse prejudicado. Das quebras bancárias do Brasil, que eu saiba, apenas a do Banco Bamerindus gerou devolução de valores aos acionistas, ou seja, todas as demais deram prejuízo ao público sem que um diretor viesse à imprensa para se dizer preocupado com a situação de terceiros.

Esse episódio me faz admirar ainda mais a figura do Silvio Santos, que construiu um grupo empresarial gigante a partir do trabalho de camelô, que concorre com competência contra uma gigantesca empresa de comunicações e contra o braço televisivo de uma igreja pentecostal, e que trabalha ininterruptamente até hoje, prestes a completar 80 anos de idade. Homens como ele engrandecem um país, apesar dos percalços que a vida prega.






PS.: Apóio a campanha acima, sob o ponto de vista de evitar a violência doméstica e a palmada destituída de fundamento. Mas a palmada educativa, dentro dos limites do bom senso é válida e sua proibição seria apenas mais um episódio da tradicional hipocrisia brasileira, que acha que redigir Lei e tirar direitos de pessoas sensatas resolve problemas. A Lei não resolve e pessoas ignorantes vão continuar espancando crianças gratuitamente.

16 de nov. de 2010

PAPAI NOEL DOS CORREIOS 2010

Todos os anos, os Correios distribuem alegrias, satisfações e esperanças que vão muito além da entrega de cartões, de cartas e de encomendas, por meio da campanha Papai Noel nos Correios.

Este ano ela tem como lema "A EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE PARA TODOS" e vai selecionar pedidos das cartinhas de crianças em situação de vulnerabilidade social matriculadas no ensino fundamental público de áreas carentes, um prêmio por sua dedicação aos estudos, um incentivo à cidadania e à idéia fundamental de preparar-se para o futuro.

A campanha dos Correios não é apenas uma busca por doações, é um incentivo a redação, fazendo com que as crianças aprendam o valor de saber ler e escrever. E ao mesmo tempo, é uma oportunidade de, com uma ajuda singela, nos tornarmos cidadãos melhores, seres humanos sensíveis às necessidades das criaturas mais belas criadas por Deus, nossas crianças.

Qualquer pessoa pode ajudar. Eu estou divulgando a campanha aqui, e pedindo para que meus leitores passem a informação para a frente. Quem tem blog, que também faça um post, quem tem twitter, dê RT, quem tem facebook e orkut, avise seus amigos na rede.

Você não precisa gastar mais que algumas horas do seu tempo, dirigindo-se aos Correios e oferecendo-se para ser ajudante para ler as cartinhas e selecionar os pedidos. E quem puder doar brinquedos, roupas, calçados e mesmo outras coisas que sempre aparecem nos pedidos singelos das crianças, seja um padrinho.

Toda a ajuda é importante, por mais singela que seja.

Veja os contatos com uma das regionais dos correios, cujo telefone você encontra AQUI.
E também confira como funciona a campanha no site dos Correios, AQUI.

Vamos promover um Natal feliz para nossas crianças.

10 de nov. de 2010

ENFIM, O COXA VOLTOU!




Imagem do site www.coritiba.com.br e, acima, homenagem à cidade de Joinvile-SC, que tão bem acolheu nós, os Coxas.


Ser rebaixado de divisão no futebol é parte do esporte. Não é vergonha disputar uma série B, C ou D, como não é vergonha não subir de série ou manter-se onde está. É tudo um jogo, é uma disputa que, encarada com o respeito às regras pré-estabelecidas, é sadia e bonita independentemente dos resultados.

Em 6 de dezembro de 2009 não foi o rebaixamento que machucou o coração dos Coxas-Brancas. Naquele dia, a violência patrocinada por uns poucos marginais que não são torcedores, mas bandidos, feriu gravemente a instituição centenária. E nos dias seguintes muito se falou, e até com sorrisos cínicos de satisfação em alguns rostos, que o Coritiba estava morto, que cairia para a série C e que não agüentaria a queda.

Em jornais e sites de Curitiba, torcedores igualmente marginais de um outro clube afirmaram em letras garrafais que todos os Coxas são bandidos e que todos mereciam acabar junto com ele, isso com a leniência de editores, muitos dos quais torciam para que isso acontecesse mesmo.

Depois o clube foi denunciado para o STJD, um tribunal esportivo que, portanto, é influenciado por simpatias clubísticas que caracterizam as condições de suspeição e/ou impedimento definidas pelos Código de Processo Civil e Penal em vigor. Mesmo assim, foi um procurador que é confesso torcedor do seu maior rival que promoveu a denúncia.

No primeiro julgamento sobrou o falso rigor. O STJD que nunca punira nenhum dos grandes clubes do eixo Rio-São Paulo com tamanha ânsia condenatória (basta lembrar que em 1996, aconteceu caso idêntico no estádio das Laranjeiras, Rio de Janeiro, e o clube responsável não sofreu pena alguma) impôs 30 jogos ao Coritiba sem analisar nenhuma das muitas atenuantes do processo(como o fato de que o clube informou por escrito à polícia da grande possibilidade de distúrbios, sem ser atendido no pedido de reforços de guarda). A pena foi reduzida tempos depois por conta da correção de interpretação do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, mantida em 10 partidas a serem jogadas longe do estádio Couto Pereira, mas que na prática corresponderam a 16, porque o clube foi impedido de jogar parte do campeonato paranaense em seu estádio pela recusa da CBF em vistoriá-lo.

Em verdade, eu nada tenho contra a pena. Eu mesmo defendi a punição do meu clube, como o leitor do blog bem sabe e pode comprovar lendo posts anteriores.

Injusta foi a extensão da punição em um processo que a definiu sem uma análise verdadeiramente jurídica, a partir da denúncia exarada por um procurador competente, mas no mínimo suspeito no sentido jurídico da expressão, se não impedido. Uma análise verdadeiramente jurídica teria definido uma pena menor por aplicação de atenuantes, o fato é este.

Pois bem, no ano de 2010 o Coritiba Foot Ball Club jogou 6 partidas do Campeonato Paranaense (1/3 dele) fora do seu estádio e mesmo assim foi campeão por antecipação em um jogo em que bateu seu maior rival, em um torneio em que só perdeu uma partida.

No Campeonato Brasileiro da Série B, o Coritiba mandou 10 de seus 19 jogos na simpática e acolhedora cidade de Joinvile, distante 110 quilômetros de Curitiba. E mesmo assim liderou o torneio por 18 rodadas até ontem, quando garantiu o acesso à série A, mesmo contra os prognósticos entusiasmados daqueles que diziam que cairia para a série C.

A grandeza de uma instituição se mede pela dedicação dos homens que a constituem.

Ela passa pela coragem da diretoria. Tanto do presidente que aceitou a reeleição por saber da importância do desafio, quanto dos que aderiram à ele sabendo das enormes dificuldades que viriam a partir do pleito, ainda em dezembro de 2009.

Passa pelo crédito dos patrocinadores, o Banco BMG, a IRA Motor Peças, Lotto, Nossa Saúde e muitos outros, que souberam valorizar a marca e a verdadeira gente Coxa-Branca.

Por atletas comprometidos como estes que estão vestindo a camisa alvi-verde neste ano de 2010. Alguns deles garotos criados dentro do próprio clube, como Lucas Mendes e Marcos Paulo, e outros que vindos de fora, aceitaram inclusive redução de salário para ajudar o clube, sem contar os funcionários e a comissão técnica liderada pelo (ótimo) Ney Franco, que ganhou como reconhecimento de caráter e competência a oportunidade de dirigir as seleções brasileiras de base.

E por fim, a grandeza de um clube de futebol se mede pelos seus verdadeiros torcedores. Aqueles que vão ao estádio para torcer, cantar e vibrar sem violência, como os abnegados que foram à Joinvile sob chuva e frio em horários difíceis de ir e voltar e outros, sócios, que embora não tenham ido à bela arena da cidade catarinense, mantiveram em dia ou quase em dia suas mensalidades para ajudar a instituição. Todos merecem agradecimentos e parabéns, são todos artífices do impossível conquistado contra tudo e contra quase todos.
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5 de nov. de 2010

FUTEBOL: A SEGUNDONA NÃO É O FIM DO MUNDO


O meu Coxa está no limiar de voltar para a série A do campeonato brasileiro. Dependendo de uma vitória hoje (que será sofrida, acredite o leitor, porque o Ipatinga é osso duro de roer) e um empate nos 4 jogos faltantes.

Mas desde que o Brasil aderiu ao bom senso e instituiu o campeonato de pontos corridos, todos os anos quando chegamos em novembro vemos a mesma novela criada pela imprensa, sobre a "tragédia" que aflige os clubes, especialmente os grandes. A impressão que fica é que, rebaixados, eles estão mortos e enterrados, sem futuro à vista, acabados com direito a protesto de torcidas organizadas e caça a dirigentes que os presidem ano "trágico" de sua queda.

Uma pequena parte da torcida do Coritiba causou um problema colossal ao invadir o campo de jogo após o rebaixamento do clube em 2009, que já era esperado, se bem que uma vitória naquele dia teria impedido. Mas esta sim foi a verdadeira tragédia que afligiu o clube, que a partir de então foi triturado nos tribunais recebendo a maior pena já aplicada no futebol brasileiro, jogando quase 20 jogos fora de seu estádio nos campeonatos paranaense e brasileiro, perdendo sócios e patrocinadores, encerrando ações de marketing e tendo até dificuldades em contratar atletas.
Mesmo assim, o Coxa provou sua grandeza e está disputando com grandes chances a volta à série A. Como também o Bahia, que chegou à terceira divisão, também está, comprovando a força da sua massa torcedora.

Fora isso, o rebaixamento só é desastroso para clubes sem tradição ou com problemas efetivamente sérios de gestão. Veja o leitor que clubes grandes como o Corinthians, o Vasco, o Grêmio, o Palmeiras e o Botafogo caíram e voltaram até mais fortes. Nenhum deles fechou as portas, nenhum deles acabou. E clubes tradicionais como o Coritiba, o Sport e o Bahia vão para divisões inferiores e cedo ou tarde voltam para a série A, porque têm um diferencial que a maioria dos clubes de futebol não têm: grandes torcidas, massa torcedora, gente que empurra o clube para cima se necessário for.

A segundona só é o início do fim para clubes em situação financeira crítica, mas nesses caso é apenas mais um capítulo de uma crise. E também é ruim para clubes de fachada, associações itinerantes que não levam público aos jogos e sobrevivem da negociação de jogadores por serem mantidos por interesses empresariais. Claro que não vou citar nomes desses clubes, mas basta o leitor olhar as tabelas dos campeonatos brasileiros que vai identificá-los.

As séries B,C e D são campeonatos nacionais de futebol, seus títulos são de grande importância para qualquer clube e as vezes, representam o renascimento da instituição. Na era dos pontos corridos, o brasileiro está aprendendo a importância de um futebol organizado em divisões, que permite planejamento de temporada e fortalecimento gradual dos clubes.

A série B é uma prova de força. É tão emocionante e disputada quanto a série A, vencê-la e passar por ela é um atestado de grandeza de uma instituição de futebol. Tregédia não é cair, mas pensar que o mundo acabou e jogar a toalha, abandonar a instituição quando ela mais precisa provar que é forte.

3 de nov. de 2010

A IRRELEVÂNCIA POLÍTICA DO PARANÁ


Dono do 5º PIB estadual do Brasil, do segundo porto mais importante e do terceiro maior destino turístico com uma capital que é referência nacional em urbanismo e qualidade de vida. Líder na produção agrícola, bem colocado na produção de carnes, detentor de um parque industrial considerável especialmente na agroindústria e na área automobilística, corredor de importações do Paraguay, detentor de duas das mais completas universidades do Brasil (UFPR e PUC-PR) e maior produtor brasileiro de energia elétrica, o Paraná está para o Brasil como o Japão para o mundo: rico, mas irrelevante em termos políticos.

Seja quando o governo é conservador, como o de Fernando Collor, seja quando o governo é dito progressista, como o caso de Lula e como, aparentemente, será o de Dilma Roussef, o Paraná não consegue transferir seu peso econômico para a política.

O paranaense que chegou mais perto da presidência da república foi o ex-governador Ney Braga, que foi ministro da educação no governo Ernesto Geisel. Fora isso, mesmo os políticos mais relevantes da terra, como José Richa, Jaime Lerner e Roberto Requião, nunca passaram de curiosidades políticas nos palácios brasilienses, onde há um ou dois paranaenses lotados em tribunais superiores e apenas o ministro Paulo Bernardo em um cargo realmente influente da administração federal, o planejamento.

É certo que a tradição conservadora do estado diminui suas chances de emplacar nomes em governos ditos de esquerda. Mas conservadorismo não é algo ruim, porque sua interpretação depende muito do momento histórico e econômico que se vive. E mesmo conservador, o Paraná foi irrelevante por exemplo, no governo Fernando Collor.

O estado viveu nos últimos 8 anos um governo que se dizia de esquerda e alinhado ao governo Lula, mas não foram raras as vezes que seu governador flertou com o PSDB de José Serra ou Geraldo Alckmin e depois rifou o seu passe na composição da chapa de Osmar Dias, derrotada na corrida estadual justamente pela heterogeneidade e pelo que nós chamamos aqui de "autofagismo", aquela coisa de não ser nada mas invejar o alheio e atrapalhar o sucesso deste, seja impedindo composições, seja se impondo acima dos interesses alheios.

E há pouca probabilidade desse quadro mudar no curto prazo. Na composição do novo governo estadual, acorreram para as hostes tucanas todos os aliados de primeira hora do governo Requião com intuito claro de manter-se no poder e mais do que isso, de não mudar a forma de fazer política em terras paranaenses. Ou seja, o autofagismo continuará forte na terra das araucárias.

A esperança do estado em ter mais importância e consideração política nacional estaria numa renovação do PSDB, com aumento da importância de novas lideranças como Aécio Neves e Aluísio Nunes, incluindo o governador eleito Beto Richa. Mas o fato deste dirigir-se a passos largos para recepcionar de braços abertos a turminha do PMDB que bancou o péssimo governo Roberto Requião, marcado por 8 anos de estagnação política, deixa parecer que as coisas não evoluirão de novo, o estado continuará rico, pujante, mas com influência política quase nula.

1 de nov. de 2010

DILMA PRESIDENTE


Vi muita gente reclamando das pesquisas, mas se considerarmos as últimas que em média davam 10 pontos de vantagem para Dilma Roussef, temos que concluir que foram confirmadas.

Acontece que todas elas têm margem de erro de no mínimo 2 pontos percentuais para mais ou para menos, sendo que a diferença em 2010 foi de 8 pontos. Portanto, essa discussão boba perdeu sentido. Enquanto pesquisas forem tratadas como informação, sua divulgação estará protegida pela Constituição. Já houve Lei tentando restringir a divulgação no mês da eleição, mas isso é impossível por inconstitucional, como também são, diga-se de passagem, controles de mídia que alguns estados pretendem instituir. Resta para os políticos alterar a regulamentação da metodologia, fora isso, elas continuarão, para raiva de quem aparece ou aparecerá atrás nelas.

Portanto, Dilma venceu independentemente das pesquisas.

E se é verdade que venceu porque teve o apoio do presidente, se bem que ninguém em sã consciência recusaria o apoio dele e seu governo com índices de sucesso econômico, também se constatou que evoluiu como candidata. A exemplo, basta comparar o desempenho no primeiro debate na BAND, insegura que estava, ao último, na Globo, quando expressou idéias e opiniões no mesmo nível do adversário.

Sem isso, a vitória não teria sido tão expressiva. Lula pode ter bancado sua candidata, mas ela também venceu por méritos próprios.

No seu primeiro discurso já como presidente, Dilma foi conciliadora e direta no sentido de realçar a defesa dos valores democráticos, especialmente a liberdade de imprensa, bem como reiterar que as bases do seu governo são as mesmas do governo Lula, centradas em políticas sociais consistentes sem descuidar do profissionalismo e da eficiência da coisa pública, chamando inclusive a oposição para o diálogo republicano, reconhecendo a força desta, até pelo número e relevância dos estados que governará a partir de 1º de janeiro.

Eu sempre escrevi aqui neste blog que não achava que Dilma Roussef fosse o monstro pintado durante a campanha eleitoral. Pelo contrário, penso que enquanto ministra, ela sempre demonstrou capacidade administrativa e mais do que isso, credito na sua competência muitas das realizações do governo Lula e parte substancial da popularidade do presidente.

Biografia e capacidade em administração pública lhes sobram. Apoio parlamentar não faltará porque sua coligação elegeu a maioria das bancadas na Câmara e no Senado e por mais que existam os fisiologistas e os infiéis, seu governo terá menos dificuldades que os dois anteriores, de Lula.

O Brasil ainda é uma democracia jovem, o que leva a um debate constante sobre a manutenção da ordem institucional, fruto do medo de experimentar novamente um regime de exceção. Isso ficou patente durante esta campanha. Mas não se deve confundir setores radicais dos partidos com os candidatos. Em todos os partidos políticos brasileiros há quem defenda a tomada do poder e o absolutismo de sua prática, mas isso é exceção, o Brasil caminha para estabilidade democratica como em nenhum momento antes de sua história, sendo implausível e até ilógico que enverede pelo caminho de países em estágios políticos bem menos avançados como a Venezuela e mesmo a Argentina.

Dilma é a primeira mulher a governar o país. Por si só isso é prova da evolução constante da nossa democracia desde que Tancredo Neves rompeu o ciclo de governos militares e abriu o processo que passou pela Constituição de 1988, pelo Plano Real, pelas eleições livres e diretas de presidente em 6 ocasiões e inclusive, pela cassação de um deles com manutenção da democracia e das instituições.

Dilma, pintada por alguns como um retrocesso democrático, em verdade é a prova da evolução constante do país como nação.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...