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4 de abr. de 2011

QUAL O LIMITE DO CONSUMISMO?

No Estadão:
Após ter trigêmeos, pais rejeitam um dos bebês no PR

Um casal de Curitiba é acusado de "devolver" bebês trigêmeos.

A história, ainda não bem explicada, seria de que eles teriam passado por um tratamento de inseminação artificial, que notoriamente sujeita os interessados ao nascimento de gêmeos, trigêmeos ou até mais crianças.

E neste caso, existe a especulação de que o casal ficou contrariado sim é com o número de rebentos, porque esperava apenas um e, na pior das hipóteses, dois.

O que gerou, além da polêmica na imprensa, um indicativo judicial de perda do pátrio-poder com estipulação de pensão para as três crianças, paga, claro, pelos pais. Afinal, se um pai rejeita uma criança por um motivo como este, não serve nem para ter uma barata de estimação, que dizer criar um filho.

Notem bem: não estou acusando ninguém de nada, estou apenas repassando ao leitor as especulações havidas sobre este caso. Pode ser que no meio do processo judicial que se formou, os pais apresentem explicações e provas de que não agiram do modo desumano que foi citado, e eu mesmo, espero que assim seja. Ademais, os nomes dos envolvidos não vazaram (graças a Deus, pelo menos para as crianças!) a público. Mas o que choca é constatar onde chegou o consumismo, na confirmação de que rejeitaram a criança nos termos da notícia dada pela Agência Estado/Estadão.

Hoje em dia, consumir virou requisito de felicidade.

A pessoa não será considerada feliz se não trocar de celular a cada dois anos, se não tiver carro, se uma vez por semana não beber uma caixa de cerveja (se possivel à beira mar, com muita gente em trajes sumários), se não viajar, se não munir sua residência de TV-LCD, home-theater e leitor Blue-Ray, se não tiver câmera digital, IPad, Notebook, se não ostentar bolsas e roupas de grife, se não decorar a casa com os móveis da moda... toda a felicidade do mundo é apenas e exatamente aquela do senso comum da classe média que muitas vezes não tem um lugar digno para morar, com água encanada e esgôto, mas ostenta os produtos e os comportamentos ditados pela publicidade e pelos modismos.

Mas há mais um dos requisitos de felicidade, ditado pelo senso comum da classe média - os filhos.

Já conheci gente que teve filhos por obrigação social antes da vontade efetiva de assumir o encargo (que é grave e exige responsabilidade) de criar uma criança.

Tiveram filhos porque os amigos dizem que isso é indispensável para a felicidade ou porque as publicidades de colégios particulares dão a impressão de que é moleza educar uma criança... que além de tudo, só traz felicidade! TIveram filhos primeiro, para verificar depois se efetivamente os queriam ou mesmo se podiam criá-los fora do contexto pronlemático de, por exemplo, usar escolas públicas na sua educação.

Mas se for confirmada essa história sórdida, vamos concluir que os pais foram a um médico como iriam a um marceneiro:

- Queremos dois armários, digo, dois filhos. Se possível, com olhos azuis, cabelos louros e padrão marfim, ops, desculpe: olhos azuis, cabelos louros e pele clara!

Daí, passado um tempinho, o marce... digo, o médico anuncia que chegarão trigêmeos e o casal indignado ameaça ir ao PROCON e por fim, devolve a mercadoria com exigência de abatimento de preço.


O leitor notou a situação chocante? Será que estamos chegando no ponto em que o consumismo puro e simples também vai ditar o número de crianças abandonadas nas ruas das cidades? Será que já não tem sido este o comportamento de muita gente que se aventura em ter filhos e depois os larga por aí, ou pensa que a educação deve ser dada pelos colégios?

Antigamente, crianças abandonadas eram fruto de pais irresponsáveis que às faziam sem ter condições financeiras de criá-las. Agora, chegamos numa situação em que elas são frutos de pais que planejam tanto suas contas pessoais que enjeitam um filho porque sabem que não terão condição de colocar dois na escola da moda, nem vestir dois com roupas de grife, nem dar aos dois, os muitos brinquedos exigidos para a felicidade da criança... e dos pais.

As pessoas estão virando máquinas. Elas não "são" mais alguém, elas querem "parecer ser" alguém, um alguém modelado pela opinião dos outros, pelas convenções sociais nem sempre justas e corretas, pelos modismos, pela publicidade... estamos deixando a humanidade, as pessoas estão aceitando virar números nas tabulações de pesquisas de opinião feitas para justificar a colocação de produtos no mercado, só isso. E o pior de tudo, parece que crianças também estão virando produtos...

18 de nov. de 2010

O SILVIO SANTOS NÃO É LADRÃO



É muito provável que o rombo do Banco Panamericano tenha sido causado por crime, segundo indícios levantados pelo Banco Central nestes últimos dias. Há informações no sentido de que ativos revendidos não tenham sido baixados da contabilidade, e que investidores específicos recebiam remuneração acima da de mercado para desviar recursos da instituição.

Mas isso não significa de maneira alguma que Silvio Santos, controlador da "holding" do grupo que leva o seu nome artístico, seja ladrão, corrupto, criminoso de colarinho branco ou qualquer outra coisa nesse sentido, como alguns comentários que li na internet e um outro, em um jornal aqui da minha cidade.

Primeiro porque ele não era diretor do banco. Se errou ao indicar para a presidência um parente não exatamente qualificado para a função, mesmo assim ele não praticou atos de administração. Portanto, não está sujeito ao bloqueio de bens dentro de um prazo com termo legal inicial anterior estabelecido no ato de intervenção.

E também porque ele sabia, por ser controlador da "holding", que o banco era a empresa do grupo que mais gerava caixa e mais dava lucros. Ele mesmo afirmou que enquanto o SBT gerava 40 milhões de lucro em determinado período, o banco multiplicava esse número por 3. Ou seja, ele acreditava na boa gestão porque a regra de uma má gestão é universal e simples: ela causa prejuízo ou diminuição sensível de lucratividade. Assim, agiu como qualquer empresário agiria, especialmente com a existência de relatórios de auditoria independente que diziam estar tudo bem, porque a função dela é justamente esta, apontar defeitos de gestão que apareçam ou não nas demonstrações contábeis.

Ou seja, foi enganado pelos diretores e levado a erro por uma auditoria independente que em nada alertou os acionistas do banco de fatos estranhos (inclua nisso a Caixa Econômica Federal).

Particularmente, sou crítico dessas "auditorias independentes" há muito tempo, porque se elas funcionassem mesmo, muitas quebras, falências e intervenções teriam sido evitadas na economia brasileira. Mas isso é outro assunto e mesmo assim, temos que considerar, como SS deve ter feito, que nem todas elas são ineficazes, afinal, o banco repassava lucros pomposos para a "holding".

Mas no fim das contas, Silvio Santos veio a público como nunca antes um banqueiro havia feito no Brasil, para explicar a situação e garantir a todos os interessados que os débitos da instituição seriam pagos e mais que isso, estavam a partir dali garantidos pelo seu patrimônio empresarial, especialmente o Sistema Brasileiro de Televisão (3a. maior rede do país), a cadeia de lojas Baú da Felicidade, a empresa de cosméticos Jequiti e dezenas de outros negócios menores, cujo valor de mercado supera em muito o valor do empréstimo que foi tomado para regularizar as operações bancárias do Panamericano.

Em um país que teve quebras bilionárias de instituições cujos administradores e acionistas simplesmente desapareceram, deixando a função de indenizar os prejudicados para o Banco Central, vide COMIND, Habitasul, Sulbrasileiro, Coroa-Brastel, Banco Santos, Banco Econômico e Banco Nacional, Silvio Santos deu uma lição de integridade e honradez, quando podia aferrar-se aos seus advogados e transformar a questão em uma batalha jurídica de décadas para definir responsabilidades sem se importar com quem eventualmente estivesse prejudicado. Das quebras bancárias do Brasil, que eu saiba, apenas a do Banco Bamerindus gerou devolução de valores aos acionistas, ou seja, todas as demais deram prejuízo ao público sem que um diretor viesse à imprensa para se dizer preocupado com a situação de terceiros.

Esse episódio me faz admirar ainda mais a figura do Silvio Santos, que construiu um grupo empresarial gigante a partir do trabalho de camelô, que concorre com competência contra uma gigantesca empresa de comunicações e contra o braço televisivo de uma igreja pentecostal, e que trabalha ininterruptamente até hoje, prestes a completar 80 anos de idade. Homens como ele engrandecem um país, apesar dos percalços que a vida prega.






PS.: Apóio a campanha acima, sob o ponto de vista de evitar a violência doméstica e a palmada destituída de fundamento. Mas a palmada educativa, dentro dos limites do bom senso é válida e sua proibição seria apenas mais um episódio da tradicional hipocrisia brasileira, que acha que redigir Lei e tirar direitos de pessoas sensatas resolve problemas. A Lei não resolve e pessoas ignorantes vão continuar espancando crianças gratuitamente.

4 de set. de 2010

LEI E ÉTICA NÃO SÃO IRMÃS

No Brasil, se velhinhos são desrespeitados em filas de bancos, criamos um Estatuto do Idoso. Se adolescentes criados por pais irresponsáveis bebem, fumam, cheiram e viram objeto de desejo sexual de facínoras, tascamos um Estatuto da Criança e do Adolescente. Se mulheres apanham dos maridos criminosos, Lei Maria da Penha. Se o atendimento nas filas dos órgãos públicos é lerdo e ruim, um Código de Defesa do Contribuinte, e assim sucessivamente...

A cada escândalo, a cada análise mais aprofundada de algum problema nacional, cedo ou tarde acaba correspondendo uma legislação estúpida com preceitos ideais e quase sempre inexequíveis.

Mas uma coisa é legislar, outra é fazer cumprir o que aquelas palavras bonitas e aquele contexto ideal prevê. No Brasil, são poucas as leis que efetivamente são cumpridas e posso afirmar com absoluta certeza: nenhuma lei que protege o cidadão é cumprida à risca, porque em nossa sociedade há gente de primeira classe (os políticos, os ricos, os famosos e os altos funcionários públicos) para quem há esmero em garantir todos os direitos e para o resto, o povão, a patuléia o pessoal do andar de baixo, sobra ligar para o telefone 190 que ninguém atende, sobra fazer BO que acaba não correspondendo a uma investigação, sobra esperar para que um juizado especial qualquer ou a Justiça lerda e elitista do país tome alguma providência.

Na prática, os velhinhos pegam senhas especiais nas filas de bancos e acabam esperando 20, 40, 50 minutos como qualquer outra pessoa porque a agência que deveria ter 3 caixas tem apenas 1. O adolescente continua na rua fazendo o que bem entende e as mulheres continuam apanhando dos maridos, porque a polícia não atende pobre, ela só atende urgências das pessoas que têm acesso ao comando da corporação como juízes, promotores, políticos, grandes empresários e "bacanas", de um modo geral. E nas filas dos órgãos públicos, ninguém está nem aí para direito do contribuinte pois, se ele reclamar, inventa-se uma obrigação ou um documento faltante e faz ele voltar no dia seguinte para aprender a não reclamar do sistema.

Não se cumpre a lei, não se pune ninguém.

No Brasil é senso comum que basta escrever algumas linhas bonitas com a chancela de alguma casa legislativa para solucionar problemas.

Viramos um país governado pela demagogia e pelo velho ditado do "quem pode mais chora menos". Somos na realidade dois países, um ideal que atende aquele 1% da população que é ouvida pelas autoridades e o resto, que vive ao Deus dará, que a cada 4 anos vota acreditando nas "propostas" idiotas de melhor educação, mais saúde, mais segurança pública... propostas estas incessantemente repetidas a cada campanha política, que geram leis cada vez mais poéticas e menos aplicadas.

Depois do escândalo desta semana, tenho que o novo vilão nacional a ser objeto de ampla legislação moralizadora será a classe dos contabilistas. Não vai demorar, terá gente propondo rever o código de ética da profissão e o endurecimento de todos os procedimentos fiscais em que as mãos sujas e suspeitas de um contador tocarem, por mais que 99,9999999999% dos profissionais da área sejam absolutamente honestos e éticos.

Os contadores serão a partir de agora, o que um dia foram os bancos para os velhinhos, os pais irresponsáveis e os pedófilos para os jovens, os maridos violentos para as mulheres... isso até o próximo escândalo, quando se elegerá uma nova classe para fazer demnagogia acerca da ética que os brasileiros de modo geral não têm e que a classe política comemora não existir!

1 de mar. de 2010

O DISTRITO FEDERAL VAI ENTRAR NOS EIXOS?

O fato do DEM estar se desfazendo não guarda muita relação com o episódio de corrupção do Distrito Federal, já que existem processos muito mais escabrosos que mancham também as cartas políticas do PT, do PSDB e, claro, do PMDB. A lista nacional de casos de corrupção atinge a todos os grandes partidos sem exceção.

Na verdade, o DEM experimenta a decadência de uma estrutura oligárquica, que teve como últimos extertores a perda do governo da Bahia em 2006 e agora, em menor grau, o desfazimento do governo do Distrito Federal.

O DEM não tinha como apoiar o governo Lula em razão de sua relação íntima com o PSDB durante os governos de FHC.

Enquanto o PMDB que apoiava mais ou menos o governo FHC migrou para apoiar mais ou menos o governo Lula, os tucanos mantiveram uma estrutura partidária a partir da manutenção de grandes governos estaduais (SP, MG, RS) sob sua batuta. Mas ao DEM sobrou apenas o troco, o Distrito Federal, que pela Constituição não chega a deter os poderes plenos de uma unidade federativa. Custou-lhe caro a perda da Bahia em 2006, com o fim definitivo do Carlismo, por mais que algum Magalhães volte a ocupar no futuro a cadeira de governador da boa terra.

Sem contar que o DEM é hoje desprovido de grandes líderes nacionais. O último, teria sido Luis Eduardo Magalhães, cuja morte precoce anunciava o fim da legenda supostamente "liberal" mesmo em um partido que jamais praticou o liberalismo.

Seu desaparecimento em pouco afeta a situação do Distrito Federal, até porque esta é sui generis.

Uma quase unidade da federação que ao mesmo tempo em que concentra a área de maior renda per capita do país, o plano piloto, concentra também alguns dos piores grotões nas cidade satélites. Um lugar que já foi governado pelas luzes intelectuais de um Cristóvam Buarque, mas que já elegeu e reelegeu uma figura populista como Joaquim Roriz.

A questão primordial hoje para o Distrito Federal não é o fim do DEM, muito menos a intervenção federal que eventualmente caiba ao lugar. O principal é saber como reagirá um eleitorado que elegeu senadores como Arruda e Roriz, ambos renunciantes em casos sérios no Congresso Nacional, e que também lhes deferiu o governo do lugar, mesmo com denúncias escabrosas por todos os lados.

Será que o eleitorado do Distrito Federal entenderá que a solução de seus problemas não está em desenterrar os problemas passados?

25 de ago. de 2009

RECEITA FEDERAL DO BRASIL X DILMA ROUSSEF

Quando um conjunto altamente técnico e qualificado de funcionários federais de carreira entrega cargos de nomeação pelo ministro, como superintendências regionais, algo está errado.

Cinco superintendentes da Receita Federal entregarem os cargos em razão da demissão de assessores da ex-secretária Lina Vieira, reforça a tese de que no mínimo houve pressão da ministra Dilma Roussef para acelerar processos, ingerência política em questão técnica, afinal, a Receita Federal do Brasil é subordinada ao Ministério da Fazenda, e não à Casa Civil.

Como eu comentei aqui, se ocorreu qualquer mínimo ato de ingerência em procedimentos da Receita Federal, Lina Vieira se viu entre a cruz e a caldeirinha. De um lado, interesses políticos poderosos e uma crise constante, alimentada inclusive pelas pendências fiscais de parlamentares influentes. De outro, o fato de ser funcionária de carreira e por conta disto estar moralmente obrigada perante seus pares em defender a independência do órgão.

E o governo errando e dando munição para a oposição.

A ministra Dilma negou veementemente o encontro, quando bastava admitir a reunião e, alegando preocupação em evitar o aprofundamento da crise, dizer ter pedido celeridade e o máximo possivel de sigilo nas investigações contra as empresas Sarney. Seria uma ingerência do mesmo jeito, mas aliviada pela preocupação com o país e a governabilidade. Na época do encontro Sarney era influente como é hoje e importante para o governo como é hoje, e nem vou entrar no tópico Petrobrás.

Depois o presidente Lula saiu em sua defesa com bravatas e valorizou o caso ao invés de deixar a poeira abaixar.

E agora, partindo do Ministério da Fazenda, exonerações de funcionários em comissão ligados à ex-secretária antes mesmo de definir quem será o novo chefe do órgão, o que denota pressa em afastar qualquer resquício da gestão de Lina.

Penso que a atitude dos superintendentes em pedir exoneração dos cargos em comissão é uma forma de preservar a tecnicidade do órgão público, que não pode ser politizado sob pena de perder a independência sem a qual ele simplesmente não consegue operar.

Por ser altamente profissional e eficiente (que bate recordes seguidos de arrecadação) a RFB é extremamente corporativa, seus integrantes são a elite do funcionalismo público, ciosa da independência em relação aos embates políticos. Está cada dia mais claro que Lina Vieira se obrigou a tomar uma posição que lhe custou o cargo e, depois disso, em respeito (e talvez até por pressão) dos colegas de órgão, teve que demonstrar que existe pressão para aparelhá-lo, fazendo dele um braço político capaz de chantagear adversários por meio de devassas fiscais, o que certamente ofende os funcionários, mas que é gravíssimo por ofender a democracia.

Governo Federal não é sindicato ou prefeitura de interior onde os incomodados com a gestão política são pressionados a se retirar. A impressão que fica deste episódio, é que o PT governa o Brasil como se ele fosse uma cidadezinha de 10 mil habitantes, onde os ungidos pelo prefeito podem fazer o que bem entendem e dar ordens mesmo abusivas para funcionários de carreira.

23 de jul. de 2009

NO CONTEXTO, PARECEU AMEAÇA


No Estadão de hoje, com as palavras do senhor presidente:

No primeiro evento de que participou, ao lado de Gurgel, Lula também alertou que o Congresso pode se sentir motivado, ante abusos, a promover alterações na Constituição para reduzir os poderes do Ministério Público. 'Sabemos que a mudança nunca será por mais liberdade, mas por mais castramento'.


Ditas por um presidente extremamente popular de um governo com resultados sociais concretos, que conta com folgada maioria na Câmara dos Deputados e possível maioria no Senado Federal, maioria esta capaz de aprovar emendas constitucionais mesmo polêmicas, principalmente se feitas mediante o conjunto de interesses nem sempre éticos dos senhores parlamentares.

Essas palavras soaram como ameaça velada ao Ministério Público, contrangendo-o para que não cumpra sua função constitucional em detrimento das "biografias" nem sempre belas de parlamentares que apóiam o governo.

6 de jul. de 2009

GOVERNABILIDADE AGORA, É MULETA!

O presidente Lula saiu em defesa do senador José Sarney usando o batido argumento da governabilidade, que supostamente estaria ameaçada porque parte da sociedade quer investigação democrática e legal para alguém acusado de irregularidades no uso do dinheiro público.

Sinceramente, um argumento falho porque o Brasil não vive nem de longe um momento de instabilidade política como viveu, por exemplo, no processo de cassação de Fernando Collor ou mesmo nos primeiros meses do governo FHC ou ainda, quando estourou o caso do mensalão, ocasião em que o próprio presidente tinha que amealhar o máximo de apoios parlamentares possíveis para evitar a abertura de um processo político que poderia custar sua reeleição.

Surfando em índices recordes de aprovação, o governo Lula mantém controle total de um Congresso fisiologista e absolutamente incapacitado, tanto pela "base aliada" bem servida em seus interesses quanto pela péssima qualidade da oposição em fazer qualquer coisa que tenha por efeito desconstruir a imagem de santidade do presidente.

O Legislativo se vê enleado nas cordas dos problemas que ele mesmo cria quando não combate o fisiologismo e a verdadeira cultura de mordomias excessivas, arbitrariedades e incompetência do poder como um todo em impor-se como órgão fiscalizador do Executivo e do Judiciário.

Se a imagem do Legislativo está arranhada é porque faz muito tempo que ele não legisla, pois virou um carimbador de medidas provisórias, além, claro, da vida nababesca de seus integrantes, assessores, amantes, esposas, filhos, sobrinhos e correligionários, todos os dias esmiuçada pela imprensa como verdadeira novela de terror armada em torno do mau uso e do desperdício do dinheiro dos impostos abusivos pagos pelos contribuintes.

Não existe instabilidade política quando o presidente é aprovado por 80% da população, que o force a manter-se blindado no Congresso. Mesmo que o senador Sarney renuncie ou seja cassado, hipóteses remotíssimas, ainda assim, o Congresso jamais se voltaria contra o presidente Lula, porque isso seria suicídio para a imensa maioria de fisiologistas que o compõe.

Com efeito, perder o apóio de José Sarney dentro do Senado não atrapalharia em absolutamente nada a governabilidade, até porque este governo não tem interesse nenhum em discutir reformas política, tributária, fiscal e previdenciária. Se no passado, início do governo Lula, a discussão de tais questões parecia relevante, hoje os índices de aprovação do governo às tornam secundárias, fazendo do Legislativo apenas um detalhe do dia a dia.

A única razão para proteger José Sarney e mesmo usar do risível argumento da "governabilidade" é manter o político maranhense como aliado para impedir que o PMDB enquanto partido, migre seu apoio dúbio e pouco efetivo para José Serra ou Aécio Neves. Ou seja, hoje, Sarney nada representa em termos de governabilidade, sua importância é apenas eleitoral.

E mesmo eleitoralmente, Sarney tem importância limitada, até porque a tendência do PMDB é apostar em Dilma Roussef em 2010 e, se ela perder a eleição, oferecerá seus serviços para o novo presidente com o mesmo tipo de adesão pelo qual virou um apêndice do PT desde 2003.

O argumento da governabilidade virou muleta no sentido de desculpa, para que não se crie entrave algum para a candidatura Dilma Roussef, apenas isso.

29 de jun. de 2009

NÃO VOU PERDER MEU TEMPO

Com todo o respeito e mesmo admiração por quem já está pedindo a cabeça do senador Sarney e mesmo por quem irá às ruas manifestar-se por isso, não vou entrar na campanha.

E não o farei por não acreditar nos resultados dela.

Se o senador Renan Calheiros, infinitamente menos poderoso e influente que José Sarney não foi cassado nem renunciou ao cargo, porque o ícone maranhense seria ou faria isto?

Mais do que isso, na improvável hipótese do Senado ensaiar cassá-lo, ele ainda teria a possibilidade de renunciar, voltando em 2010 nos braços do povo do Maranhão ou do Amapá, que certamente garantiriam sua reeleição. E na mais remota hipótese ainda, de ser cassado e condenado a 3 anos de inelegibilidade, ele voltaria em 2014, isso se não eleger um filho, sobrinho ou neto para seu lugar em 2010.

Ou seja, toda e qualquer indignação esbarra na incapacidade do povão em separar o joio do trigo e extirpar essas figuras da política.

Collor bateu nada mais, nada menos que a senadora Heloísa Helena e voltou à cena política, mesmo cassado com perda de 8 anos de direitos políticos. Maluf voltou mesmo após uma temporada na cadeia. Antonio Carlos Magalhães voltou e mesmo morto, deixou seu filho no lugar. E seu desafeto Jáder Barbalho também retornou ao Congresso, assim como Severino Cavalcanti deverá fazê-lo em 2010, após 3 anos como prefeito da cidade natal, eleito inclusive com a presença do presidente Lula na campanha.

Aqui no Paraná, o deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho trafegava com um carro blindado em excesso de velocidade e, segundo as informações preliminares do inquérito, alcoolizado. Matou duas pessoas e dias depois renunciou ao cargo, sabendo que por ser de família tradicional, filho do prefeito de Guarapuava, voltará à Assembléia em 2010 se quiser.

Enfim, exemplos são inúmeros.

Para o presidente Lula e o PT, Sarney era um vilão irrecuperável enquanto presidente da república ou aliado de FHC et caterva. Hoje, o presidente Lula e o PT não só tecem loas ao cacique maranhense, como o defendem inclusive com a solidariedade velada da histriônica senadora Idelli Salvatti, de tantos discursos radicalóides, ultra-esquerdistas e pregadores de uma falsa ética que uma vez alcançado o poder, foi esquecida.

Enfim, para quê gastar saliva, tempo e paciência para investir em algo inútil?

Que me desculpem esses corajosos engajados na causa, mas a acho perdida e enterrada desde já.

Mesmo assim, boa sorte!

Mas em última análise, é o povão que ratifica os atos dessa gente. É o povão que os reconduz à cena política a cada vez que uma parte pequena da sociedade consegue uma cassação por meio dos meios legais cabíveis, inclusive com o auxílio da imprensa livre.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...