11 de jul. de 2013

FELICIDADE VIROU UM GRANDE NEGÓCIO

 Não sei exatamente quando, mas em um determinado momento na história recente da humanidade, a felicidade “full time” virou um dogma social, e não exatamente um valor a ser calculado em perspectiva como faziam nossos avós que, ao fim da vida, ou regozijavam-se de tê-la vivido de modo frutífero, com muitos bons momentos e muitas alegrias guardadas no baú da memória, ou os que chegavam à conclusão que nem tanto, não viveram exatamente como podiam ter vivido. Uma pista sobre isso é a figura clássica do velhinho(a) aposentado(a) que dava balas para os netos e lhes contava histórias de uma juventude alegre, cheia de momentos bonitos que mereciam a atenção dos garotos.

O fato de nossos dias, perceba o leitor, felicidade virou produto porque vende, e muito!

Basta ver as revistas de manchetes em que “fulana tal, atriz famosa, casada com o bonitão tal passa férias perfeitas na Toscana”. As pessoas compram a revista para saber da felicidade alheia - mesmo que ela seja montada - porque o casalzinho se separa 30 dias depois, ocasião em que a mesma revista vende a felicidade pela antítese: separou, negócio é bola pra frente! O produto que se vende é a ideia do sucesso a qualquer custo, do dinheiro que tudo compra, da felicidade representada por uma vida perfeita cheia de sorrisos, mesmo que nem sempre sinceros.

Ouvi uma reportagem de rádio que disse que a felicidade virou um grande negócio que alimenta consultórios de psicologia e passa pela venda de antidepressivos. Eu acrescentaria que envolve também as cerimônias pomposas de casamentos que não duram muito tempo, pelos aniversários luxuosos de crianças de colo que não entendem patavina do que está acontecendo e até da educação precária de crianças que, por não poderem ser contrariadas para não serem infelizes, ou não se deixam educar ou simplesmente não são educadas pelos pais.

Vivemos uma época de pessoas incapazes de suportar a frustração natural da vida. Gente como os “ex” namorados/noivos/maridos/esposas enlouquecidos pela perda do ente querido, a criança que reina, chora, esperneia e enche o saco dos pais até conseguir aquele brinquedo com o qual vai se divertir por uns dias e depois jogar em algum armário, o jovem que mede a felicidade pelas roupas de grife que veste ou pela quantidade de álcool que consome em uma única noite. Tudo numa busca por uma felicidade idealizada, mesmo que fugaz, confundida com felicidade para sempre.

É 8 ou 80, tudo ou nada! O casal que passa por uma crise, solução: divorcio e bola pra frente! A criança agitada: o calmante ou o suborno do brinquedo novo! Ao cão que faz xixi na sala: o abandono!

Só importa a imagem de perfeição do casal que não briga, da criança que não faz travessuras, da sala de estar de revista de decoração sem o cãozinho mal criado, que porém foi comprado para alavancar a felicidade do dono tal qual os iPads, iPhones e eletro-eletrônicos da moda.

A felicidade virou um produto intrínseco a outros produtos e serviços, ela é parte da promessa de quem organiza eventos e de quem vende produtos, ela é a matéria-prima dos livros e palestrantes de auto-ajuda, é ela, e não os sorrisos falsos estampados em capas de revista, que aumenta as tiragens e a audiência de sites de fofocas.

O problema é que felicidade é um valor medido pelo conjunto de bons momentos da vida de uma pessoa e pela satisfação que ela tem no seu dia-a-dia e não exatamente ser medida pelo tempo de sorriso no rosto de quem quer que seja ou por aquela sensação de perfeição vendida na publicidade e na mídia.


Mas virou negócio, e as pessoas estão a confundindo com prosperidade.

1 de jul. de 2013

A SELEÇÃO VOLTOU A SER NOSSA, MAS A LUTA CONTINUA!

 Minha ideia era não comentar sobre a Copa das Confederações e aliás, nem assisti-la, em protesto pelo gasto absurdo de recursos públicos no evento e na Copa do Mundo de 2014.

Mas no fim de semana, nada restou senão assistir ao recital de futebol protagonizado pela Seleção Brasileira que, afinal, descobriu-se que é mesmo do povo, acima das espertezas da CBF, das jogadas de marketing da poderosa rede de TV e do escândalo que envolve a FIFA e a organização da Copa 2014. É a tal coisa, em um lugar onde todo mundo pára para assistir o jogo, de que adianta querer ser diferente?

O que muita gente não percebeu nesses dias cheios de emoções durante os quais jogou-se a Copa das Confederações, é que o Rei Pelé estava certo no seu discurso confuso sobre apoiar a Seleção Brasileira, “esquecendo” tudo o que rolava no país. Em verdade, o Rei queria dizer para o povo apoiar a seleção apesar da revolta justificada contra um estado de coisas que afeta a todos e ao qual se chegou porque a classe política cansou de abusar do povo e achava que ia fazê-lo indefinidamente. No final das contas, protestos e seleção se uniram e o povo brasileiro distinguiu bem a verdadeira paixão nacional que as camisas amarelas representam, dos problemas que não foram causados pelos rapazes que às vestem!

Foi bonito ver os estádio enchendo o peito para cantar “Pátria Amada, Brasil!” a despeito do protocolo da FIFA, que não tocava o hino nacional completo, isso em território brasileiro.

Foi mais bonito ainda, ver que essa acolhida popular inspirou técnico e jogadores que, vindos de uma fase negra, talvez a pior da gloriosa história da Seleção Brasileira que tantas vezes arrebatou o país quase sempre em crise, mostraram uma superação incrível que eu, particularmente, penso que foi em homenagem a este povo que resolveu tomar de novo o que é seu e foi para as ruas lutar por isso. Tanto foi que reconquistou algo que realmente é seu, que é a Seleção Brasileira de Futebol, talvez o maior símbolo de brasilidade que exista, apesar de em muitas ocasiões ser também o símbolo de uma alienação nacional que, sonham todos os brasileiros de bem, esteja acabando em definitivo.

A final contra a Espanha pode mascarar as dificuldades que certamente haverão até a Copa 2014. A Seleção ainda tem um longo caminho a percorrer se quiser ser hexa-campeã em casa. Mas foi uma vitória bela, incontestável, uma vitória categórica contra a melhor seleção do planeta na atualidade. E se redescobriu durante esta Copa das Confederações que craque não falta aqui ao sul do Equador na terra onde em se plantando, tudo dá. Neymar e Fred foram sublimes, simplesmente fantásticos, sobrenaturais. Ter os dois no mesmo time jogando com a gana batalhadora que vimos nestes dias é certeza de momentos inesquecíveis, dos quais destaco o gol deitado de Fred e a jogada de gênio (algo que o Rei Pelé faria) de Neymar que, impedido, deu 3 passos para trás e voltou a correr em direção ao gol para fugir do impedimento.

A Seleção Brasileira voltou a ser grande. Não que a da Espanha tenha se apequenado, não que não se deva prestar muita atenção nas verdadeiras escolas de futebol, que são a da Itália, da Argentina e da Alemanha e que, com o Brasil fecham a quadra das seleções que não vivem de uma geração brilhante, como o que acontece com a Espanha e aconteceu com França, Inglaterra, Hungria, Holanda e Tcheco-Eslováquia. Penso que esta geração do futebol espanhol ainda tem muita força acumulada e vai para 2014 com franco-favorita, o time a ser batido pela eficiência do seu futebol. Mas é uma geração de um país que se muito, tem 3 clubes fortes: Real, Barcelona e Atletico Madrid e cuja renovação não se compara à de países como o Brasil, a Argentina e mesmo Alemanha e Itália.


Vendo tudo isso, cheguei à conclusão que não é incompatível protestar contra o gasto exorbitante na Copa e ao mesmo tempo torcer e se emocionar com a camisa canarinho. Eu mesmo, por debaixo de uma máscara ou ingênua ou arrogante, pensei que seria simples não torcer pelas camisas amarelas até a final no Maracanã em julho de 2014. Não é tão simples assim lutar contra o DNA, e tanto não é simples, que o sentimento que ficou é que o país acordou, a luta por tornar esta terra em lugar mais justo continua e será renhida porque há muito o que consertar... mas o país gigante cujo povo acordou de décadas de sonolência, nunca deixará de prestar atenção nas telinhas da TV e abraçar seu filho pródigo que veste 11 camisas e carrega uma história de emoções belas e superlativas tão importantes mesmo para quem esteja nas ruas protestando contra as injustiças!

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...