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10 de out. de 2016

HILLARY X TRUMP



Hillary Clinton e seu marido Bill já foram acusados de crimes no caso Whitewater e de obstrução da justiça no caso Mônica Lewinski, ambos arquivados. 

Contra ela ainda há o caso dos e-mails sonegados das instituições, trocados quando Secretária de Estado (chanceler de relações exteriores), que revelam práticas não muito republicanas em pavimentar seu caminho à sala principal da Casa Branca, muito embora isso cause espanto lá, mas não para nós brasileiros, acostumados que somos a escândalos diários que na comparação fazem-na parecer uma Branca de Neve, de tão pura.

Os Clinton também são considerados oligarcas, família que dominou por muitos anos a política de um estado não muito importante, e que já havia insinuado em 2000 que aceitaria concorrer a um terceiro mandato, o que é proibido. Fora isso, as acusações pesadas contra Bill Clinton e seus (muitos) deslizes de natureza sexual.

Hillary, mesmo com a sólida carreira acadêmica, com o protagonismo que teve no governo de seu marido, a atuação parlamentar e depois, administrativa no governo Obama, ainda assim não é considerada popular, nem carismática. Conseguiu a candidatura por conta de sua competência em negociar com as várias alas do partido, e, talvez, pela falta de líderes,  que acomete os partidos americanos quando um governo tem sucesso como o de Obama, já que é tradição não ofuscar o presidente, como já havia ocorrido, por exemplo, com George Bush (o pai) a substituir o popularíssimo Ronald Reagan.

Já Donald Trump é o típico tubarão de Wall Street. Não tem grande formação acadêmica, fez carreira no mercado de imóveis, no show bizz e até programa de TV já apresentou. É acusado de quebrar negócios conscientemente para não pagar impostos, de deslealdade com sócios, de elitismo, de machismo e de belicismo, muito embora nada disso seja tão preponderante para ser desdenhado quanto sua aparente burrice, geralmente escancarada em declarações como a que deu no debate de ontem, ao afirmar que mandaria prender sua adversária caso fosse eleito, sem contar a falta de tato com eleitorados sensíveis como o de imigrantes, especialmente com latinos. 

Trump conseguiu a candidatura porque o Partido Republicano sofre crise profunda. Não emerge de seus quadros um grande líder desde Reagan. George W. Bush já não o era, e, desde que foi eleito, a ausência de quadros com carisma e ascendência sobre o partido é dramática, de modo que o "tea party", ala utra-radical que vem dominando a legenda há duas décadas, impõe seus dogmas, tenta se contrapor radicalmente aos democratas, fugindo de outra tradição nacional, segundo a qual os dois grandes partidos eram quase iguais e tinham políticas muito parecidas em quase tudo.

O "tea party" representa o americano dos grotões, dos estados rurais e menos desenvolvidos. Representa os anseios do americano médio, amedrontado com a imigração e o terrorismo, que sonha em voltar a viver com a fartura econômica aliada a um pensamento conservador com muito do isolacionismo que foi poderoso até quase a metade do século XX.

Nas eleições que se aproximam, é provável que a diferença de votos entre Hillary e Trump não seja muito grande, mas a diferença de delegados da eleição indireta seja recorde. Como muitos estados indicam todos os delegados sem proporcionalidade de votos, é estimado que no colégio eleitoral Hillary ganhe com 70%, porque nos estados mais populosos, mais desenvolvidos e mais miscigenados ela vencerá, mesmo que por margens não muito grandes.

E é melhor que seja assim, Por mais idiossincrática que ela seja, por piores que sejam as máculas que lhe causem nódoas de imagem, ainda assim Trump dá mostras diárias de que não tem bom senso, paciência nem comiseração necessários ao presidente de um país que tem capacidade de fazer guerra em qualquer lugar do mundo, e que por isso precisa exercitar mais do que qualquer outro líder do planeta estas qualidades que o afastem do radicalismo e de atos impensados. Trump não seria um problema se sua retórica encerrasse apenas propostas como um muro na fronteira com o México, porque coisas assim as instituições e mesmo o Partido Republicano compensariam, o grande problema é que ele parece não entender para que serve e como trabalha um presidente daquele país, ele não aparenta saber a dimensão da tarefa. 

3 de out. de 2016

JOVENS NA POLÍTICA TEM QUE SER AS IDÉIAS, NÃO OS CANDIDATOS



Eu poderia citar uma lista enorme de candidatos "jovens" que representam idéias atrasadas e conceitos que a história já venceu. Gente que representa muito mais as suas famílias, o jeito de fazer política dos seus pais ou ainda a forma de fazer política mais a partir de conceitos vencidos que de um sopro de juventude e arejamento de idéias. A idade física de um candidato não necessariamente significa que ele defende conceitos modernos.

O Brasil precisa repensar o modelo de Estado paternalista, segundo o qual ele tem que estar presente em tudo, tem que fiscalizar tudo, tem que ter controle sobre tudo e tem que ser ativo em tudo, se agigantando cada vez mais e transferindo para a sociedade o ônus de ser cada vez mais caro e difícil de operar. Vivemos uma crise econômica causada pelo vício que o brasileiro (inclui o empresariado e toda a sociedade civil) tem em querer o Estado como sócio ou parceiro para tudo.

No Brasil não se faz investimento sem ponte de empréstimo de banco público, não se constrói uma estrada sem que o governo tenha de alocar recursos, não se cria um programa de inclusão social que não envolva ONG que receba dinheiro público de alguma forma, não se faz uma obra de cinema sem recursos de estatais ou da Lei Rouanet. A consequência disto é o excesso de gasto público, o excesso de agentes públicos, um número absurdo de ministérios, secretarias, institutos, fundações e órgãos de todo o tipo, e, claro, a corrupção que decorre do excesso de regras e de pessoas que precisam ser consultadas para que se faça qualquer coisa.

Não há nada mais antigo e atrasado na política que essa onipresença do Estado como agente econômico. O Estado que deveria fomentar e fiscalizar, virou um agente. O capitalismo de Estado, que não deu certo em nenhum país democrático é algo tão ultrapassado e anacrônico, e, pior, é algo tão autoritário, que me custa acreditar em jovens saídos de universidades se candidatando com o discurso do socialismo que odeia a livre empresa e a decisão da sociedade, dos rumos que pretende tomar.

Por outro lado, também não nos enganemos com o discurso do Estado ausente que abdica de suas funções primordiais como educação, saúde, previdência e segurança pública, que é tão atrasado quanto o do Estado paquidérmico.

Moderno hoje, é ter economia aberta e pronta para negociar com o mundo. Moderno é ter contas públicas equilibradas sem grandes déficits ou superávits. Jovem é entender que o mundo em que vivemos é de inovação constante que precisa ser fomentada por liberdade e agilidade em empreender, quebrando regras antigas e adequando a sociedade aos desafios do futuro por meio de política educacionais e sociais responsáveis e inclusivas. Não há nada mais velho que defender que nada pode mudar para preservar direitos que pouco ou nada valem se não há crescimento econômico consistente.

Pouco adianta o discurso do "jovem" na política, quando um Requião Filho faz o mesmo tipo de campanha raivosa que caracterizou a carreira política do seu pai. De nada serve uma "jovem" Luciana Genro que defende as ditaduras de Cuba, da Venezuela e da Coréia do Norte, que fotograva na Praça da Revolução em Cuba exaltando Che Guevara e ao mesmo tempo fala em democracia aqui, no Brasil. Pouco se aproveita de um Flávio Bolsonaro que representa as idéias erráticas, oportunistas e ultraconservadoras do seu pai, na onda contrária que segue à uma avalanche de 13 anos de ideologia capenga de esquerda.

Em política, jovens tem que ser as idéias, não os candidatos.

26 de set. de 2016

DEBATES QUE NÃO SERVEM PARA NADA, POLÍTICOS AFASTADOS DA SOCIEDADE



Eu não assisto mais debates eleitorais porque cheguei à conclusão de que não servem para absolutamente nada. 

Ontem, troquei rápido de canal quando vi que na Record Curitiba estavam 7 dos 8 candidatos a prefeito, com aquelas caras lavadas fingindo gostar de pobre para se aproveitar de uma declaração infeliz de um deles, líder das pesquisas, e mostrando indignação com os atos que eles mesmos cometem, mais a verborragia clássica do "sou perseguido", seja pelo governo do estado, seja pelo governo federal, seja pelo Ministério Público, seja por quem eles encontrarem como tábua de salvação para não terem de explicar os seus atos e falhas morais.

Se debate eleitoral servisse para alguma coisa, Dilma Roussef, que não tem capacidade de articular uma frase inteligível jamais teria sido eleita. Se prestasse para alguma coisa, debate eleitoral não teria reuniões intermináveis com assessores de campanha para definir regras para que os candidatos aceitem participar, tais como tempos máximos para pergunta e respostas.

Aliás, o debate é apenas mais um aspecto do afastamento da classe política da sociedade. Ao aparecer na TV dizendo que está aberto para debater com os adversários, mas dentro de regras pré-estabelecidas e tempos muito bem contadinhos, os candidatos querem dar uma impressão de que suas vidas são livros abertos, o problema é que não são, porque esse modelo de debate comum no Brasil limita os assuntos e as argumentações, não é possível fazer uma acusação, muito menos ouvir uma resposta  com fundamentação que fuja do discurso padrão do eu isso e aquilo, do você isso e aquilo e da "perseguição" que o pobre vivente sofre por estar na vida pública.

Debate de verdade é colocar dois candidatos com tempo livre para pergunta, réplica e tréplica, nem que ele se resuma a um único questionamento. Daí há tempo para morder a jugular do adversário e ver como ele se defende.

Eu voto numa cidade pequena. Aqui, o indivíduo precisa de uns 500 ou 600 votos para se eleger, No entanto, quase no fim da campanha eleitoral, até agora nenhum candidato apareceu aqui no balcão do meu escritório me pedindo seu voto ou tentando me convencer que é uma boa opção. Isso porque o candidato favorito à prefeitura mora aqui do lado. 

No Brasil, os políticos pensam que o candidato a cargo eletivo só precisa martelar na cabeça do eleitor uma musiquinha estúpida tocada à exaustão em carros de som que passeiam pela cidade, o que nada mais é que a intenção de eleger-se e simplesmente ficar longe dele (do eleitor) para gozar da "dolce vita" dos bons salários, dos carros oficiais, dos muitos assessores, das mordomias e do conforto dos palácios e gabinetes ricamente decorados.

O afastamento da classe política dos cidadãos talvez seja o mais grave problema brasileiro, porque ele tem por consequência todos os demais. Nossos políticos, uma vez eleitos, vão trabalhar em palácios monumentais cheios de seguranças e salvaguardas, distantes das ruas e onde só se entra ou sai de carro. Eles pensam viver num país rico, com problemas solúveis por projetos de leis criados a partir de conceitos românticos e idealizados à perfeição. O problema é que a sociedade não é perfeita e leis bonitas nem sempre resolvem problemas, isso quando não os agravam.

É impossível para um cidadão brasileiro entrar numa prefeitura, dirigir-se ao secretário do prefeito  municipal e marcar uma audiência com ele. Se tentar conversar com o deputado ou vereador em quem votou, no mínimo vai levar um chá de cadeira de algumas horas, senão dias, isso sem contar que nosso governo central está instalado em uma ilha da fantasia, Brasília (que não se confunde com as cidades satélites à sua volta), lugar com a maior renda per capita do país sem ter sequer uma indústria que produza alguma coisa e onde os políticos e os alto funcionários públicos vivem numa rotina de imóveis funcionais a palácios suntuosos, hotéis de luxo e casas noturnas caríssimas (algumas de prostituição), cuja única ligação com a vida real é a imprensa, que eles também desprezam e por quem invariavelmente se dizem perseguidos.

É certo que em todo lugar do mundo é difícil aproximar-se da classe política. Mas no Brasil isso beira a insanidade. Uma vez eleitos, nossos políticos se consideram intocáveis e isentos de toda e qualquer responsabilidade pelo que fazem. Eles votam leis absurdas e desconectadas da realidade e quando esta se aproxima deles por meio de algum caso escabroso e corrupção, praticam o movimento visto no Congresso Nacional nos últimos dias, de criar anistia para que certos crimes não sejam alcançados pela operação Lava Jato ou interpretações fantasiosas da Constituição para evitar que a presidente cassada por condenação criminal perca seus direitos políticos e as mordomias que eles garantem.

No Brasil, o debate eleitoral é tão fantasioso quanto a vida dos políticos. É uma quimera agradável para eles, mas amarga para o cidadão assoberbado por impostos absurdamente altos, burocracia insana e uma sociedade doente, violenta, ignorante e assim mantida para que não se mexam nos privilégios dos agentes importantes do Estado.


14 de jun. de 2016

ELEIÇÕES GERAIS NUM CLIMA DE NINGUÉM PRESTA?

A sequência impressionante de escândalos que o Brasil experimenta desde a redemocratização, as muitas operações policiais, as denúncias diárias pela imprensa, as acusações em campanhas eleitorais, os processos judiciais complexos com suas infindáveis idas e vindas, o excesso de leis que protegem a bandidagem, a fúria legiferante que promete atacar os problemas mas acaba agravando-os, as CPI(s) que não levam a solução alguma. 

O Judiciário incompetente, que, incluído o STF,  não é capaz de ser rigoroso com absolutamente ninguém. O Congresso Nacional que se debate dentro de si mesmo protegendo corruptos de toda a ordem sob a desculpa da imunidade ou do foro privilegiado, e o Executivo agigantado, distribuindo cargos e benesses para quem lhe protege das investigações constantes.

Tudo isso acumulou no subconsciente nacional. Hoje, qualquer brasileiro médio que não esteja ligado aos grupos radicais de situação ou de oposição, se perguntado sobre a classe política e as perspectivas do país, certamente responderá um sonoro ninguém presta! No íntimo nacional, temos todos os políticos, sem exceção, como ladrões, corruptos, nepotistas e usuários de mordomias pagas pelo erário e ainda por cima, recebedores de salários generosos de 5 dígitos corrigidos periodicamente por índices superiores aos da inflação, enquanto as sucessivas crises arroxam o trabalhador comum não só diminuindo seus salários como gerando aumentos constantes de impostos usados apenas e tão somente para manter uma máquina pública incapaz de gerir educação, saúde e segurança pública,


E o pior é que esse movimento de insatisfação está se espraiando da classe política para o alto funcionalismo, aquela elite do serviço público, tais como desembargadores. juízes, promotores, procuradores, auditores fiscais e demais servidores que alcançaram o topo da carreira, que recebem salários de 5 dígitos e mordomias (auxílio moradia é uma mordomia, e das mais agressivas para o cidadão) e que têm suas demandas atendidas em plena recessão. Por mais justas que sejam, chamam a atenção de quem está efetivamente pagando a conta da crise: o cidadão comum.



Criou-se no Brasil um sentimento generalizado de que o Estado arranca recursos dos cidadãos por meio de impostos cada vez mais altos, apenas para manter as mordomias dos poucos detentores de poder, já que ao mesmo tempo em que essa escalada da sensação de corrupção ocorreu, também se agravaram a ineficiência dos sistemas de ensino e saúde, e explodiu de vez insegurança e a violência, que hoje é generalizada e não poupa nem as pequenas cidades do interior. 


Pior do que isso, é constatar a generalizada situação em que, mesmo aumentando impostos e burocracia, ainda assim o Estado simplesmente não se importa mais com as pessoas comuns, basta verificar o noticiário constante de greves de trabalhadores terceirizados que não recebem seus salários, porque seus empregadores não recebem dos governos para quem prestam serviços. 


Criou-se um contexto segundo o qual "ninguém presta", alimenta-se diariamente no subconsciente nacional um ódio surdo não contra as pessoas, mas contra o Estado que tira muito, promete demais e nada cumpre porque corrompe todas as pessoas a que por alguma forma à ele se relacionam.


Nesse contexto, eleições gerais são perigosas. A manutenção de um determinado núcleo político tanto de oposição quanto de situação, formado por figuras que apesar de eventualmente maculadas, são capazes de manter a estabilidade das ações do Estado, é essencial para que se evitem rupturas radicais que quase sempre acabam em situações graves.

Quando "ninguém presta", o eleitorado é capaz de eleger uma classe política preponderantemente nova acreditando em algum discurso salvador. Na Alemanha pré guerra isso causou 20 anos de um regime violento que marcou a história da humanidade como um exemplo de maldade. Na Rússia criou-se um regime criminoso que por 70 anos oprimiu cidadãos, matou-os aos milhões e exportou uma revolução que nada mais fez, senão fundar ditaduras sanguinárias e irresponsáveis pelo mundo todo. Na Venezuela, elegeram Hugo Chaves e o hoje o país está destruído, simplesmente voltou à idade da pedra.

O risco de uma eleição geral elevar uma Luciana Genro ou um Jair Bolsonaro ao poder, acompanhados de bancada parlamentar capaz de legislar pelas suas loucuras e irresponsabilidades é enorme, é algo que pode causar sérios danos ao país, inclusive o de dividi-lo permanentemente.

Eleição geral é um instrumento parlamentarista que só funciona em países com partidos consolidados. No Brasil, seria uma loteria perigosa e o exemplo é Fernando Collor, que foi eleito na primeira eleição presidencial direta pós-redemocratização, vindo do nada, sem partido e com discurso de salvação nacional. O risco de um Collor piorado, acompanhado de um Congresso servil a aprovar todo tipo de legislação absurda torna-se grande, extremamente perigoso.






12 de fev. de 2016

POPULISMO: A PRAGA!

Bernie Sanders causa frisson nas primárias do Partido Democrata com um discurso bonito, cheio de promessas de bondades e ataques contra as forças supostamente opressoras Elege o capitalismo como inimigo, promete universidade de graça para todos os jovens e saúde universal gratuita para todos os cidadãos, levanta a voz para falar mal dos doadores de campanha e se mostra como um inimigo do sistema, o mesmo que fez dele um político profissional que se acha diferente dos demais. Ele se diz "socialista democrático", mas seu discurso é de caudilho sul-americano, incluindo o ranço, praticamente o vício de prometer o que sabe que nunca cumprirá, apostando no eleitorado ingênuo, que se esquece das promessas tão fácil quanto aperta um nome na máquina de votação.

Donald Trump não é diferente. Apesar de estar no lado oposto, de ser o capitalista empedernido defensor intransigente do livre mercado, seu discurso também é o que o seu eleitorado quer ouvir, prometendo controle sobre imigração e sanções contra imigrantes, o uso de armas, menos impostos, menos regulamentação e mais liberdade, coisas que o mundo sensato discute dentro de uma lógica de meio-termo que os  republicanos, por serem uma agremiação política conservadora e interiorana, nem sempre entendem.

O populismo é uma praga que volta e meia atinge mesmo os países politicamente mais desenvolvidos. Hitler e Mussolini foram populistas, Lênin foi um populista, Fidel e Raul Castro são populistas como Getúlio Vargas, Perón, Hugo Chaves, Nicolas Maduro, Alfredo Stroessner, Alberto Fujimori, Augusto Pinochet, Franco, Mao Tsé Tung, Nestor e Cristina Kirchner,  Lula e George W. Bush, todos elevados ao poder ou eleitos com o discurso que as massas queriam ouvir, com resultados no máximo tremendamente distantes do generosamente prometido.

No caso dos EUA, as primárias são um freio nas pretensões mais radicais dos candidatos. Elas antecipam o debate da campanha eleitoral propriamente dita, e dentro das agremiações as idiossincrasias e as promessas vazias podem se relevar inexequíveis. Sanders pode até atacar o sistema de ensino do país, mas em algum momento no futuro próximo, Hillary Clinton ou qualquer outro de seus colegas partidários levantará a questão de modo objetivo, como, por exemplo, perguntando para ele como mudar um sistema que legou ao país as melhores universidades do mundo, as que mais produzem conhecimento científico, as que mais produzem produtos e inovações, as que mais distribuem bolsas de estudo para o mundo todo. Será que ele vai estatizar tudo para dar universidade para todos? Por outro lado, de onde ele vai tirar dinheiro para expandir e universalizar o "Medicare" que Obama conseguiu à custa de uma pequena guerra política? E Trump? Será que suas propostas absurdas de murar a América contra os imigrantes se sustentam? Será que um país que desde a crise de 2008 viu 29 instituições financeiras gigantescas serem concentradas no sistema para aguentarem as novas regulamentações que são imperiosas para evitar outra bolha imobiliária e financeira, tanto quanto odiadas pelos capitalistas mais liberais? 

O populismo da América não é diferente do que ocorre no Brasil. A diferença é que nos EUA essas questões são debatidas e no Brasil, não, porque nossa campanha eleitoral é um programa de auditório muito antes de um evento institucional. Mas o populismo está por aí, e se agora ele ameaça (novamente) os EUA, o Brasil, a Argentina, a Venezuela e outros tantos países pelo mundo estão pagando a conta das promessas vazias, radicais e impossíveis de serem cumpridas, que levam a déficits financeiros colossais e problemas de toda a ordem, mas cujo pior efeito é impedir que os cidadãos entendam que não há soluções mágicas, que bondades precisam ser pagas com dinheiro vindo de algum lugar, que déficits públicos um dia precisam ser pagos e que país nenhum vive eternamente de endividamento. O populismo é a arte de prometer o céu sabendo que só pode entregar o purgatório, mas no fim das contas, é mais provável que leve todos ao inferno.

Graças ao seu sistema partidário, os EUA ainda têm a chance de trocar um lunático como Sanders por uma pessoa preparada e capaz como Hillary Clinton, e um boquirroto como Trump por um político competente e pragmático como Michael Bloomberg. Mas ainda há a possibilidade de se enfiar num buraco igual ao deixado por George W.Bush... tomara que a América desperte antes do desastre que o Brasil já experimentou várias vezes. 

6 de out. de 2015

PODÍAMOS APRENDER ALGUMA COISA COM A ARGENTINA



Na Argentina, faltam pouco menos de 20 dias para as eleições gerais.

Estive lá este fim de semana e não vi muitos muros pichados, cheios de cartazes ou pintados com nome e número de candidatos. Nem derrame de santinhos no chão por toda a parte, muito menos militantes com bandeiras e faixas de partidos e candidatos nas esquinas. Nos carros, não vi adesivos, não havia aparelhos de som com músicas de campanha. Cartazes oficiais, apenas em lugares pré-determinados e "out-doors" e mesmo assim, raros de serem vistos.

Na TV, os candidatos se apresentavam em propagandas de 30 segundos, a maioria delas propositivas, sem ataques pessoais e principalmente, sem insinuações de que alguém vai retirar programas sociais ou entregar o país aos interesses dos bancos. O candidato do governo, Daniel Scioli, alegava que não se pode melhorar o país descartando o que já foi feito, os demais candidatos apresentavam suas propostas, tais como programas de geração de emprego (Maurício Macri), de segurança (Adolfo Rodrigues Saa) e combate à corrupção (Margarita Stolbizer). 

Nas TV(s), o primeiro debate presidencial da história do país aconteceu sem o candidato governista, que foi bastante criticado já que é líder das pesquisas, embora as discussões tenham sido sobre pobreza, corrupção e economia. Assisti alguns trechos, prestei atenção nos comentários e notei pouquíssima chicana com acusações e ironias, embora se note claramente que Scioli é um governista tímido que mantém certa distância de Cristina Kirchner, esta pesadamente acusada de usar cadeia nacional de rádio e TV para, nas entrelinhas, alavancar a campanha do seu filho ao Congresso Nacional.

Aliás, os argentinos com quem conversei pareciam estar de saco cheio com Cristina. 10 anos de poder, mais 5 anos de Nestor Kirchner, parecem pesar sobre a imagem da presidente, que é acusada de ser irascível, não dialogar com ninguém (havia grupos indígenas acampados no centro da cidade "aguardando" audiência com ela há 3 anos, e os jornais especulavam que Scioli já preparava uma comitiva para dialogar com os fundos "abutres", que discutem judicialmente a dívida pública do país, cujos bens no exterior tem sofrido restrições, mas com quem Cristina não aceita sequer aventar aproximação), tomar decisões unilaterais e exagerar nas mordomias, sem contar a ostentação que é o "Centro Cultural Nestor Kirchner", um prédio imenso e luxuoso nas cercanias da Casa Rosada, ainda em construção, onde ela trabalhará após entregar o cargo.

O país tem problemas parecidos com os do Brasil. Há inflação e pobreza, há corrupção, há excesso de regramento sobre os cidadãos, há imensas demandas sociais, há um debate intenso sobre a necessidade de educar. No entanto, nota-se que os prédios públicos não são fortalezas de luxo e riqueza como visto no Brasil, sem contar que, à exceção da Casa Rosada, há pouquíssimas barreiras entre o cidadão e o acesso à eles, o que é surpreendente, já que por aqui, delimita-se até a distância com a que se pode chegar perto de certos palácios.

Me chamou a atenção o clima de absoluta tranquilidade numa campanha eleitoral aparentemente civilizada. Não que a Argentina seja um grande exemplo. Provavelmente nas demais províncias e cidades há campanhas mais acirradas, coronelismo, e mesmo militantes mais radicais e engajados. Mas me pareceu que o processo político de lá é bem mais calmo, não existe uma polarização tão intensa a ponto de eleições virarem verdadeiras guerras como acontece aqui, onde o debate gira em torno do fim do país se candidato "a" ou "b" vencer ou perder. Me pareceu que lá, as eleições são apenas uma rotina a ser seguida.

E penso que isso seja reflexo da cultura dos argentinos. Os jornais de Buenos Aires são ótimos, suas coberturas de política nacional e internacional, cultura e esportes são abrangentes, os textos são muitas vezes longos e bem feitos para quem tem prazer na leitura. A cidade detém com orgulho o título de lugar com mais livrarias no mundo (mais de 400) e entrando nelas, são dezenas de títulos sobre história e política, tanto recente quanto contemporânea, obras acusatórias contra os governos e biografias políticas. Os livros de pintar, de auto-ajuda, de vampiros e de sado-masoquismo light se fazem presentes, mas não nas estantes principais das lojas. 

Enfim, pode ser apenas uma impressão minha, já que não fiquei muito tempo lá... mas os argentinos me pareceram politicamente muito mais civilizados que nós, brasileiros.

11 de out. de 2012

MENSALÃO E ELEIÇÕES: TÁ NA HORA DA REFORMA POLÍTICA!


A impressão que tenho é que os próceres do PT pensavam que por ser composto em sua maioria por ministros indicados pelo ex-presidente Lula e pela presidenta Dilma, o STF seria leniente com a bandalheira que foi o mensalão, esquema que não só desviou dinheiro público mas buscou a subversão das instituições por motivos meramente eleitoreiros em um esquema capitaneado dentro do Palácio do Planalto.

O Brasil empreendeu desde 1988 várias medidas de reforma política. A mais grave delas e que mais gerou efeitos nefastos foi a criação da regra de reeleição para o poder executivo, que teve como efeito colateral justamente a troca de praticamente 80% do STF por ministros indicados por um único presidente, e que só não gerou uma crise gigantesca, porque as escolhas deste foram institucionais, feitas a partir do bom senso e do conhecimento jurídico do então ministro da Justiça, Marcio Thomás Bastos, que levou à escolha de ótimos ministros, por mais que eventualmente não concordemos com suas opiniões, e me refiro especialmente a Ricardo Lewandovski sem entrar no mérito do que penso sobre Dias Tóffoli, cuja indicação não foi institucional, mas meramente política, numa altura dos acontecimentos em que Bastos já não estava mais respondendo pela pasta da Justiça.

O que se conclui do julgamento do mensalão é que o Brasil precisa de reformas políticas amplas. Não basta alterar regras sensíveis da Constituição sem adequar seus efeitos colaterais. Não basta apenar 7 anos depois alguns políticos acusados de desviar dinheiro público com finalidade específica de financiar campanhas. Não basta proibir brindes e showmícios para diminuir o custo das campanhas se os candidatos transferem o dinheiro disto para santinhos que espalham pelas ruas e musiquinhas tornadas onipresentes por carros de som. Não basta exigir ficha limpa de ninguém se o Judiciário é incapaz de julgar as situações antes dos pleitos abrindo a brecha para confundir o eleitor com renúncias de última hora em favor de filhos, esposas ou amigos que garantam a manutenção do poder do grupo político cujo cabeça eventualmente já foi condenado em segunda instância.

O mensalão foi apenas o ápice de um processo de degeneração dos costumes políticos, causado pelo Estado por demais paternalista e por de menos profissional, onde os políticos se acostumaram a trocar apoios por cargos e benesses e serem eleitos sem contato com o povo em razão de campanhas midiáticas e milionárias que se repetem desde candidaturas de vereadores em grotões do interior até às de presidentes que se limitam a articular alianças espúrias em razão da acumulação do tempo de TV que por sua vez, não os faz buscar apoios reais nos estados e municípios, mas mera aproximação com caciques de partidos que só existem justamente para isto – faturar - com a venda de seus espaços de mídia!

O mensalão foi apenas o maior esquema de muitos, de centenas deles que se repetem todos os dias em todas as esferas do poder em maior ou menor grau financeiro com finalidade específica de carrear recursos para campanhas assim, subvertendo a verdadeira vontade popular e sabendo que as instituições jamais terão capacidade de apurar e julgar todos os delitos.

Reforma política passa, em verdade, por adequar a regra de aposentadoria do STF eliminando o afastamento compulsório aos 70 anos, porque não é implausível que no futuro, um presidente não seja assim tão coerente quanto foram FHC e Lula e é Dilma, em não indicar apenas por motivação meramente política. Passa também por adequar os prazos para a aplicação de leis eleitorais, de modo tal que o TSE julgue todos os recursos antes do início das campanhas, nem que as convenções partidárias tenham que ser feitas em dezembro do ano anterior para dar tempo que elas iniciem com os candidatos já homologados, sem chances de empreenderem manobras ou entregarem suas candidaturas a terceiros, mesmo aparecendo seus rostos nas urnas eletrônicas. E por óbvio, passa por alterar a estrutura da campanha de TV e rádio, de modo a impedir a existência de partidos de fachada a vender seus tempos, ao mesmo tempo em que se força o candidato a ir para as ruas e pedir seus votos para as pessoas, proibindo, por exemplo, as placas fixas e móveis, os santinhos de candidatos e os carros de som nas campanhas de vereadores e deputados.

O julgamento do mensalão coincidiu com eleições e isso demonstrou de uma vez só os tremendos defeitos de nosso sistema político. Se o Brasil quiser, o conjunto dos fatos alardeados pela mídia podem lhe ensinar o caminho de uma reforma política eficiente que devolva ao povo a decisão de eleger alguém e acabe com essa situação grave, de a cada 2 anos termos que esperar para que os tribunais decidam o resultado final da eleição bem depois dela, ou ainda, leve 7 anos para punir quem tentou subverter o processo democrático.

1 de out. de 2012

EM NOME DO PAI... OU ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE!

Lei da Ficha Limpa seria desnecessária se o povo brasileiro não defendesse tanto a marginalidade como defende. Já vi gente chorando em defesa de político simplesmente confesso como ladrão, já vi pessoas brigando de se ameaçarem de morte para defender a elegibilidade de gente condenada por desvio de dinheiro público em benefício personalíssimo.

O problema é que a Lei da Ficha Limpa se torna absolutamente inútil no contexto em que, no Brasil, quando um político se vê declarado inelegível ele aponta para o filho ou, na impossibilidade deste, para a esposa ou ainda para o irmão para manter a "dinastia" eleita pelo voto direto, e quase sempre obtém sucesso nisso, impedindo a renovação dos quadros políticos e mantendo esquemas de corrupção que prejudicam à toda coletividade.

A completa incapacidade da imensa maioria do povo brasileiro em distinguir o pilantra do honesto e em entender que uma declaração de inelegibilidade é algo grave e não se trata de perseguição contra quem quer que seja, está legando a eternização de quadrilheiros no poder, mesmo com sucessões de escândalos de desvios de dinheiro público, quando não ainda com a simples paralisação de serviços públicos que a memória curta do eleitor desonesto leva a não punir. O brasileiro médio simplesmente esquece em muitas ocasiões de políticos que não administraram direito a saúde, a educação e a segurança pública, vota no sobrenome e esquece dos atos falhos, da incompetência e da improbidade.

Gente acusada de corrupção, de compra de votos, de improbidade administrativa e até de assassinato se faz representar nas mais altas esferas de poder por meio de filhos, esposas e irmãos, chefiando verdadeiras quadrilhas de assalto ao dinheiro público e usando da pressão do poder político para impedir ou atrapalhar investigações pelo Ministério Público ou atrasar ao máximo o julgamento pelo Judiciário. Não há outra razão senão esta para que se insista sempre em manter em evidência um determinado sobrenome. Trata-se de uma forma de blindar politicamente um determinado grupo de pessoas, garantindo-lhe acesso às altas esferas governamentais, investigativas e judiciárias.

Pior do que isso, quando esses filhos/esposas/irmãos são eleitos para o poder executivo, eles garantem que as mesmas "equipes" de pilantras liderados por seu mentor intelectual voltem a governar municípios e orçamentos inteiros, praticando os exatos mesmos atos que levaram seus "chefes" à inelegibilidade, especialmente as fraudes em licitações e contratos irregulares que enriquecem meio mundo, mas empobrecem o município e causam o puro e simples não atendimento das necessidades básicas dos cidadãos.

Enfim, a Lei da Ficha Limpa é mais uma daquelas colossais hipocrisias pátrias, um conjunto de palavras bonitas que dá uma aparência de rigor e honestidade em processos altamente viciados por culpa do eleitorado que se abstém de pensar.

16 de mar. de 2010

"ALIADOS"

O governador do Paraná, Roberto Requião, posa de bolivariano e esteve alegre e sorridente nos palanques do presidente Lula em 2002 e 2006, quando pôs toda sua capacidade oratória e sua ideologia esquerdista radical, populista e ultrapassada para guinar o conservadorismo do estado onde Lula sempre teve (até então) votações menores e onde o PT é um partido tido como pequeno.

Mas atualmente vive um dilema com consequências nas eleições para o governo estadual e a presidência.
Ora ele defende uma aproximação com o tucanato do estado para apoiar ao governo o prefeito de Curitiba Beto Richa, ora tece loas ao seu atual vice e candidato declarado à sucessão, Orlando Pessutti.

Daí ameaça bandear para a candidatura presidencial de José Serra (o que, convenhamos, causa calafrios nos tucanos) mesmo com a maior parte do PSDB paranaense fazendo-lhe cerrada oposição. Vejam a frase dita por ele há pouco tempo:

"Se o presidente Lula vier ao Paraná pedir votos para Osmar Dias (PDT), fecho um acordo com Serra e passo a mostrar as maracutaias do PT. O candidato de Lula no Paraná tem de ser o Orlando Pessutti".


O que mais impressiona é a alternativa que o governador deu: se o presidente apoiar Pessutti, o governador não mostra as supostas maracutaias do PT, mas se apoiar, as maracutaias (termo usado pelo próprio governador) serão expostas.

Bem, se atos irregulares, maracutaias, chegam ao conhecimento de um governador de estado, ele tem a obrigação de denunciá-los, doa a quem doer, seja o autor quem for, sem que isso seja usado como trunfo eleitoral na formação de alianças.

Essa declaração do governador do Paraná causa constrangimentos à ele mesmo (que deu a entender que esconde maracutaias por motivos eleitorais), ao PT e ao presidente Lula. E mais do que isso, afasta Requião tanto dos palanques de Dilma quanto de Serra, até porque parece óbvio que o presidente vai apoiar Osmar Dias num embate contra o PSDB de Richa e Serra.

Mas é interessante notar a atitude de muitos "aliados" do presidente Lula e do PT.

3 de fev. de 2010

É CEDO PARA COMEMORAR PESQUISAS


A imagem é do blog Jovem Pan


Assim como era cedo, há 1 ano, comemorar o primeiro lugar folgado do governador de São Paulo na corrida presidencial, ainda é cedo para comemorar o empate técnico dele com a ministra nas pesquisas da semana passada.

Também não compartilho do entusiasmo de alguns blogueiros com o resultado da eleição chilena, onde a presidente Michele Bachelet, extremamente popular, não conseguiu eleger seu sucessor por não conseguir transformar essa popularidade em votos.

Nem Serra, nem Dilma têm o que comemorar nesse momento, pelo contrário, devem se preocupar é em organizar suas candidaturas.

Nestas eleições de 2010 todos os candidatos viáveis que se apresentam são de esquerda (Serra, Dilma, Marina Silva e Ciro Gomes). Seus discursos são parecidos a ponto de ninguém defender a reforma radical do Estado excessivamente paternalista e ineficiente. Logo, os programas e problemas eleitorais são semelhantes. Também está claro que quem quer que seja eleito, precisará do PMDB para governar, salvo se o resultado da eleição para o Congresso Nacional seja surpreendente, minguando o "coringa parlamentar" que ele é, o que duvido.

José Serra mantém os índices altos porque já foi candidato à presidência, é conhecido do público e faz um bom governo em São Paulo, onde vence todas as pesquisas. Mas não podemos esquecer que o presidente Lula entrou em duas eleições (l994 e 1998) como favorito por ser conhecido do público, e não venceu. É sabido também que enquanto o governador de Minas Gerais, Aécio Neves não decidir seu papel nestas eleições, o quadro não ficará estável.

Já a ministra Dilma Roussef emplacou nas pesquisas porque está em campanha aberta ao lado do presidente Lula, num contexto em que a oposição não tem meios de demonstrar suas idiossincrasias. Hoje, se a oposição usar a munição que tem contra a ministra, ficará a nítida impressão de atacar o presidente Lula e o seu governo. Ficaria a impressão de brigar com Lula, que é popular, e não com Dilma. Quando o horário eleitoral gratuito de TV e rádio começar, a situação pode mudar, será candidato X candidato, e os ataques terão alvo determinado. Dilma também terá o problema do vice, que certamente virá do PMDB. Qual o efeito em campanha de Dilma numa chapa com alguém ligado intimamente a, por exemplo, José Sarney?

As pesquisas dão uma imagem do momento, mas elas não são capazes de prever o que poder acontecer no calor de uma campanha, ou os efeitos das variáveis do processo.

Em 1989, o clima emocional levou a verdadeiras gangorras entre Collor, Brizola e Lula, com espasmos em favor de Afif Domingues e uma virada de mesa em favor de Silvio Santos. Se o segundo turno tivesse ocorrido duas semanas depois, é provável que Collor sequer seria eleito. E penso que, dada a tentativa de mitificação e endeusamento do presidente Lula, por meio de cinema, literatura e publicidade, uma campanha emocional não está descartada para 2010.

14 de jan. de 2010

HAITI: TRAGÉDIA DENTRO DA TRAGÉDIA



O terremoto que devastou Porto Príncipe é apenas mais uma tragédia dentro da tragédia maior que é a história deste pequeno e paupérrimo país do Caribe.

Tornado independente em 1804 pelo líder escravo Jacques Dessaline, que logo se autonomeou imperador e com plenos poderes, o país passou ao longo de sua história por nada menos que 24 golpes de Estado. Entre 1964 e 1986, foi governado por um regime brutal, alucinado e policialesco comandado pelo médico François Duvalier, apelidado "papa doc" e depois pelo seu filho ainda mais violento (além de paranóico e exibicionista), apelidado "baby doc".

Nesse período, florestas inteiras, única riqueza efetiva da nação, foram arrancadas e vendidas com os recursos acumulados em contas da familia "doc" no exterior. Nenhum centavo advindo da devastação teve uso público. E mais que isso, a fauna local praticamente desapareceu, os rios assorearam e as cidades viraram favelas gigantescas, abrigando gente sem nenhuma oportunidade de vida. No último episódio de ruptura institucional, uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo descrevia um "biscoito" feito de terra aquecida, único "alimento" de uma parcela considerável da população local.

No Haiti jamais houve democracia, nem imprensa livre, nem eleições livres e ao mesmo tempo, jamais se constituiu um Estado, considerando-o como um conjunto de órgãos de instituições com finalidade de disseminar bem estar à população.

A ONU encontra-se no país desde a deposição de Jean-Bertrand Aristide, cujas intenções também não eram democráticas, apesar de deposto. O objetivo das forças de paz (inclusive do Brasil) é dotar o país de mínima organização governamental, fomentar o nascimento de instituições (como uma polícia ostensiva, exército, sistema tributário e educacional) na tentativa de reorganizá-lo em bases sólidas, vez que hoje o seu poder é disputado por milícias que ao contrário das de qualquer outro lugar em conflito no mundo, não são formadas nem por ideologia nem por laços raciais. São simplesmente grupos de pessoas que querem o poder pelo poder.

O problema é que antes que tais instituições se firmem, o país precisa encontrar alguma potencialidade econômica, fala-se em plantio de cana-de-açúcar.

De qualquer modo, trata-se de um país que é exemplo do que a falta absoluta de democracia, de Estado e de organização social pode causar.

2 de fev. de 2009

SARNEY & TEMER: O PMDB JÁ BARGANHA 2010!


José Sarney disse que não queria ser candidato à presidência do Senado, mas pôs para escanteio o ex-presidente da casa, Garibaldi Alves Filho, e venceu o senador Tião Viana do PT, que era o favorito até ele entrar na disputa.

Sarney foi "aliado" do atual governo e nesse processo, onde não queria ser candidato, deu nítidas indicações de que foi para a oposição, o que repetiu-se hoje em seu discurso, quando disse que "nesta presidência reafirmaremos a nossa independência e exigiremos respeito à nossa instituição".

É sintomático que ele tenha dito isso, porque no caso da CPMF, o Senado foi a última barreira de resistência da sociedade(mas muito mais da oposição) ao rolo compressor parlamentar do governo Lula. Ou seja, o Senado é, efetivamente, a casa do Congresso onde o governo precisa negociar muito se quiser aprovar projetos polêmicos.

E no mesmo discurso, Sarney afirmou que vai lutar (do melhor lugar possível, diga-se de passagem) por reformas política e tributária, que são tudo o que o governo Lula em fim de mandato já tencionava não discutir, porque são capazes de causar muitos estragos se tiverem que ser aplicadas pelo Poder Executivo, inclusive com perda de apoios políticos importantes para quem ainda precisa "construir" uma candidata.

Sarney vai barganhar muito com este governo com vistas a 2010, e isso enfraquece, pelo menos por enquanto, as pretensões da ministra Dilma Roussef.

Já Michel Temer, que foi fiel escudeiro de Fernando Henrique Cardoso, conseguiu a façanha de ser eleito presidente da Câmara com votos da oposição e da base aliada, o que denota que está aberto a negociar com quem dá mais pelo naco de poder que o PMDB exigirá em 2010.

Mas na Câmara, é sabido que o governo tem folga e gordura para queimar, o que faz de Temer um personagem bem menos importante que Sarney.

O PMDB, que para muitos estava morto e enterrado, sujeito a no máximo emplacar um candidato a vice na chapa encabeçada pelo PT para 2010, virou o jogo!

Agora, controlando as matérias que vão à votação tanto na Câmara quanto no Senado, tendo o poder de definir presidências e relatorias de comissões, o PMDB pode barganhar muito e tanto fazer um vice pelo governo quanto pela oposição, ou, ainda, vetar candidaturas que não agradem seus próceres, se a crise econômica se agravar e forem necessárias medidas de efeito chanceladas pelo Congresso.

Mais que isso, o PMDB pode pensar até em candidato próprio, porque o Congresso dá a visibilidade necessária para construí-lo.

É cedo para dizer se o governo Lula saiu enfraquecido deste processo, pode ser até que tenha saído mais forte, dependendo das peculiaridades do processo político para 2010. Mas que a partir de agora terá que negociar mais pelo que precisa, não duvide o leitor.

26 de jan. de 2009

2010 SE APROXIMA - PARTE II


As eleições para as mesas do Congresso revelam claramente o pior da política brasileira.

Na Câmara, Michel Temer não se decidiu ainda se é representante do governo ou da oposição. Ele joga com os votos do PMDB e, dependendo do que acontecer no Senado, pode ser eleito presidente da casa ou com o apoio do governo (PT e aliados) ou com o apoio da oposição (PSBD e DEM), sendo que o PT ainda não lançou candidato, mas na última hora pode apoiar Aldo Rebelo do PC do B, que, afinal, é aliado e fiel ao governo.

Sem chances, tal qual um Dom Quixote contra os moinhos de vento, o deputado paranaense Osmar Serraglio, tentando reeditar a "terceira via".

Já no Senado, especula-se que José Sarney já se comprometeu com o DEM, em troca da
1ª Secretaria, que é a que cuida da administração da casa, o que envolve verbas de R$ 2 bilhões. Também no campo da especulação, Josias de Souza da Folha de S. Paulo comenta que o PSDB teria exigido a vice-presidência da casa, mais duas comissões, a de Assuntos Econômicos e a de Relações Exteriores.

Se assim for, José Sarney bandeou para a oposição. Imagine o leitor o que pode fazer o PSDB em termos de mídia, dirigindo essas duas comissões?

A Comissão de Assuntos Econômicos assume importância em razão da crise que assola o mundo e especialmente em vista dela ter influência sobre o orçamento da União. E a de Relações Exteriores, trata do que é o ponto fraco, o calcanhar de Aquiles do governo do PT, em vista da excessiva leniência havida desde 2003 em relação a países que violaram direitos brasileiros, como a Bolívia, o Equador, o Paraguai e a Venezuela.

O PSDB e o DEM teriam mídia e, principalmente, "ganchos" onde grudar no governo e enfraquecer seu candidato, ou melhor, sua candidata, fazendo estardalhaço com convocações para depoimentos e quetais.

Enfim, pouco se pensa no país, e muito nas eleições. O pior da política brasileira está escancarado, o que vai desde a troca de favores e interesses, até a incapacidade do governo em manter uma base aliada sem liberar emendas orçamentárias para o baixo clero das casas.

Foto da assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados.

21 de jan. de 2009

2010 SE APROXIMA... E COMO TEM PODER ESSE SENHOR SARNEY!!!


2010 realmente se aproxima.

No Congresso Nacional, o governo, que contou com maioria e base "aliada" supostamente folgada depois de 2006, começa agora a sentir os efeitos da pressão por um arranjo político para o pleito presidencial.

José Sarney negou ser candidato à presidência do Senado até o último momento e agora, não só conseguiu que o atual presidente, Garibaldi Alves Filho (PMDB/RN), desistisse de uma nova candidatura, como deixou clara sua liderança sobre o PMDB, que o qualifica a afrontar o "aliado" PT de Tião Vianna (AC), para desgosto nas hostes do governo Lula.

E na Câmara, a situação não é muito diferente. Michel Temer (SP) é candidato do PMDB e supostamente teria apoio do PT. Mas se duvidar muito, o olho grande do partido no Senado o leva a se aliar na Câmara a PSDB, DEM e qualquer outro que queira enfraquecer o governo.

Não custa lembrar que Michel Temer foi presidente da Câmara durante os anos FHC, e um presidente (muito) bem afinado com aquele governo, diga-se de passagem. Sua posição política é nada ideológica e muito oportunista.

O problema todo é que essa volubilidade do PMDB coloca o PSDB e o DEM como fiéis da balança nas duas casas. E loucos para infligir uma derrota ao governo Lula depois de tanta sapatada, com exceção do caso da CPMF.

E ao mesmo tempo, essa sede peemedebista pelo poder no Congresso não deixa de ser uma resposta à candidatura de Dilma Roussef, que já está nas ruas, com o apoio do presidente.

No PMDB, havia quem imaginasse que em 2010 a cabeça de chapa seria do partido. Mas o PT, especialmente o presidente Lula, já deixou claro que vai liderar o processo com gente própria, o que significaria um PMDB supostamente "aliado" por mais 4 anos mas, consequentemente, secundário, como tem sido desde que aderiu ao governo petista, já em 2003.

Agora, o PMDB (e José Sarney) faz menção a dar o troco para quem promoveu a candidatura Dilma e esqueceu que o PT não governou sozinho desde 2003. Estaria cobrando a conta da adesão por esse tempo todo?

Vendo coisas assim me convenço do extraordinário poder que o senador José Sarney amealhou desde que foi presidente da república, sem contar a esperteza.

Nesse episódio, ele conseguiu (até agora) dar um nó no PT e impor uma negociação em termos políticos bem claros. Controlando as mesas do Congresso, pode ficar daqui até as eleições incomodando e atrapalhando o governo numa época de turbulência econômica não muito adequada para construir uma candidatura nacional como a de Dilma.

Pode fazer a diferença entre ser coadjuvante ou protagonista em 2010 em diante.

Ps.:A foto é da assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados.

27 de out. de 2008

GROTÕES

O DEM é o antigo PFL, que por sua vez era formado em parte por egressos do PDS e consequentemente da ARENA, partido cujas fileiras também ajudaram a formar o atual PMDB naquele momento em que este assumiu o poder na fase de redemocratização.

Com a vitória do presidente Lula em 2002, o fisiológico PMDB foi esperto e aderiu de primeira hora ao projeto de poder do PT. E não foi seguido pelo PFL, partido que estivera na linha de frente das trocas de favores políticos desde o governo José Sarney, mas que perdeu o bonde do fisiologismo, até porque representava
teorias radicalmente contrárias às sociais-populistas do novo PT que então nascia e que deixava de lado a pureza ideológica e a política urbana, para voltar-se também aos grotões, até o ponto de ser dominado por eles, como se constata agora em 2008.

Isso fez com que tanto o discurso quanto a ação política fossem roubados do PFL pelo PMDB e pelo PT, à guisa dos programas sociais do governo federal. Enquanto PFL, o DEM era um partido assistencialista forte nos grotões, onde impera a miséria e a falta de consciência política, pois os eleitores decidem seus votos pela maior ou menor quantidade de mimos que recebem às vésperas da obrigação de sufragar. Quando o PT passou a mandar no plano federal, o PFL, de tantos bons serviços prestados às trocas de favores, incluindo aquela vergonhosa emenda constitucional que criou a reeleição, ficou sem mimos para distribuir e definhou nos grotões, a ponto de ser efetivamente varrido do nordeste do país, como bem declarou a candidata Marta Suplicy.

Seu eleitorado e suas "bases" minguaram. Prefeitos e vereadores ladrões de galinha, "coronéis", deputados de baixo clero, senadores e governadores populistas o deixaram e foram se abrigar ou no PMDB, no PT ou em algum dos partidos "aliados", para não ficarem longe da imagem do presidente Lula, e, claro, das benesses estatais que permitem manipular currais eleitorais mantendo no poder deputados sem atuação parlamentar alguma, verdadeiros despachantes de verbas governamentais que impressionam os moradores dos grotões, embora pouco representem em progresso econômico e social para eles. O ápice desse processo ocorreu em 2006, quando o então já DEM, perdeu de lavada até em lugares onde jamais imaginaria isso, como o interior da Bahia, onde o Carlismo sucumbiu ao bolsa-família

Então voltou-se para os centros urbanos e para um discurso mais intelectual e menos sertanejo na tentativa de sobrevivência política de seus líderes, todos senhores bem apessoados, de famílias tradicionais, estudados nas melhores universidades, mas com a carreira vocacionada a abrir e fechar porteiras de currais dos grotões, onde a absoluta falta de cultura e discernimento dos eleitores impede o sucesso de partidos que não têm verbas estatais que sirvam de moedas de troca.

Essa vitória do DEM em São Paulo é apenas isso, primeiro resultado concreto de um projeto de reerguimento do partido em bases menos grotenses e, portanto, mais estáveis e ideológicas, na exata contramão do que faz o PT, que de partido urbano e ideológico, está virando um balaio de gatos, irmão siamês de outro, o PMDB.

Se o DEM sobreviverá como partido urbano e ideológico, não sei. Mas o PT e o PMDB estão cada vez mais parecidos com o PFL.

5 de out. de 2008

VENCEDOR E VENCIDO

Política, apesar dos partidos, é feita de pessoas.

Vejam o caso da aliança (informal é verdade)PT/PMDB.

Foi bem em todo o país graças ao governo e à popularidade do presidente Lula, a ponto dele ter que evitar subir em alguns palanques no segundo turno. Nada que preocupe o presidente, afinal, é visível que pelos resultados do conjunto PT/PMDB, o Planalto venceu as eleições municipais com folga.

Mas aqui, no Paraná, a coisa foi radicalmente contrária. O PT e o PMDB minguaram.

Se no plano nacional, a figura do presidente Lula aglutinou eleitores, aqui, a figura do governador Requião foi deletéria e desastrosa tanto para ele mesmo, quanto para o conjunto PT/PMDB.

Nos maiores colégios eleitorais do Paraná, aquelas grandes cidades que elegem deputados e têm influência regional, o conjunto PT/PMDB fez os prefeitos de Apucarana, Paranavaí e Pinhais. Nesta última cidade, a chapa PT/PMDB venceu, e o partido de Requião ainda pôde comemorar estar na chapa vencedora em Umuarama.

E só.

Em Curitiba, a somadas as candidaturas do PT e do PMDB, chegaram a 20,07% dos votos. Em Londrina, 14,44%. Maringá, 28,75%. Lideranças consagradas de ambos os partidos foram trituradas nas urnas e quanto mais próximas se apresentaram a Requião, pior foi o resultado.

Em Curitiba, o governador Requião não conseguiu eleger sequer o seu candidato a vereador, o senhor Doático Santos, cuja votação não chegou a 1600 pessoas, apesar do empenho velado do ocupante do Palácio Iguaçú, que chegou a declarar que faria tudo ao seu alcance para eleger o amigo, convocando o PMDB a abandonar outros candidatos para dar conta da tarefa.

Requião venceu em muitas cidades pequenas, é verdade. Mas nestas cidades o voto é pulverizado por interesses internos dos mais diversos. Mesmo somadas, não podem ser consideradas como capital político porque suas bases eleitorais são instáveis e não raro, migram para o lado melhor colocado nas pesquisas, independentemente de partidos.

Lula venceu as eleições no Brasil, Requião perdeu (e feio) as eleições no Paraná.

É a tal coisa:

Lula não é nepotista. Requião é.

Lula faz um governo que agrega progresso, apesar de todas as críticas. Requião têm atrasado o Paraná a despeito de todas as críticas.

Lula aceita as críticas. Requião vai à TV Educativa para desatar ofensas contra juízes e inimigos políticos.

Lula mostra serviço. Requião vive falando da Carta de Puebla e não apresenta nada de concreto.

O povo, de certo modo, soube avaliar isso tudo.

2 de out. de 2008

ACABOU, GRAÇAS A DEUS!

A campanha eleitoral acaba oficialmente amanhã.

Ótimo! Graças a Deus! Acabou a "festa" da democracia, que eu melhor classificaria de "esbórnia do sufrágio" (isso porque eu preferia usar um termo chulo, iniciado com S!) tamanha a falta de consciência da maioria dos eleitores que fingem não vender seus votos, e a cara-de-pau dos candidatos, que fingem ser honestos e preocupados com as cidades.

Não digo que seja assim nas capitais, mas no interior, campanha eleitoral é garantia de saco cheio, tamanha a quantidade de idiotas, aventureiros, analfabetos, ladrões e arruaceiros que arriscam arranjar um emprego público bem remunerado onde não precisem trabalhar e onde ainda consigam empregar a família toda.

Não aguento mais candidatos com nomes ridículos. Tô de saco cheio de ouvir falar do Zeca da Farmácia, do Jorgão Pindaíba, da Tereza da Boate, do Negão Polaco, do Linguiça do Boteco e da Jucicreide do Salão! Meus ouvidos dóem a cada vez que um carro de som passa na porta da minha casa (e isso se repete 3500 vezes ao dia) tocando melodias sertanejas, de axé ou pagode exaltando candidatos, alguns deles que não valeriam um tiro numa execução sumária. E me enojam os muros e fachadas das cidades emporcalhados de "banners", faixas e placas de indivíduos tão sorridentes quanto falsos.

Quer saber? Nas próximas eleições, o TSE deveria proibir TODO o tipo de propaganda eleitoral externa para vereadores em cidades com menos de 100 mil habitantes. O cara teria que entregar santinho de casa em casa e falar diretamente com o eleitor. Isso pouparia os meus e os seus ouvidos e ainda e forçaria o indivíduo a efetivamente conhecer os problemas de sua cidade, pisando em esgôtos, entrando com o carro em ruas esburacadas e sentindo o sufôco de andar numa rua poeirenta por falta de asfalto. Ele seria obrigado a constatar as filas nos postos de saúde, as condições das creches e a falta de equipamentos das escolas. Ele ouviria diretamente dos eleitores as reclamações e teria condições de efetivamente decidir o que pretende fazer quando eleito, longe das idéias mirabolantes de marqueteiros que colocam no papel planos inexequíveis. E quem sabe, mesmo os desonestos (que são maioria entre os candidatos) aprendessem com esse sofrimento a ter um pouco de compaixão pelas pessoas, trabalhando nem que seja um titiquinho de nada por elas.

19 de ago. de 2008

O TRÂNSITO VAI PARAR? (PARTE 3)

Está na Folha de S. Paulo de hoje:

Propostas para o trânsito de SP ignoram explosão da frota

Um dia alguém disse que campanha eleitoral serve para debater os grandes temas da coisa pública. Bobagem! Campanha eleitoral tem servido para divulgar asneiras, como as que Marta Suplicy, Geraldo Alckmin e demais concorrentes deixaram claro para esta reportagem da Folha.

Mas o fato é que os candidatos demonstram ou má assessoria ou preocupação excessiva com os humores do eleitorado, mormente aqueles ditados pela sensibilidade do seu bolso.

Falar que o metrô será aumentado é partir do pressuposto que a cidade terá BILHÕES de reais para aplicar em obras, coisa que sabemos que não tem, e estamos falando de São Paulo, cidade mais rica do país. Sem contar que a obra do metrô é estadual, o que faz dessa promessa uma tentativa clara de usar o bolso alheio para receber o próprio troco.

Dizer que haverá mais corredores de ônibus é como ignorar que eles existem hoje em dia e pouco representam em termos de solução.

Pior de tudo, apostar em obras viárias, viadutos, pontes, minhocões, etc... é continuar no velho modelo, aquele que incentiva o transporte individual ao custo de bilhões em licitações que sempre acabam objeto de suspeitas, com outro agravante, a deterioração de áreas da cidade.

E não pense o leitor que em Curitiba ou Porto Alegre a coisa está diferente, eu preferi usar São Paulo porque nela o problema é real, presente, imediato. Aqui em Curitiba, é um problema, mas cuja gravidade ainda não chegou no nível da calamidade como na Paulicéia onde, se houvesse algum planejamento há 30 anos atrás, talvez a situação atual seria melhor, e isso sem o excesso de viadutos e obras viárias que impermeabilizam o solo, aumentam a poluição e não resolvem a questão da mobilidade urbana.

O trânsito vai deteriorando a olhos vistos em todo o lugar, e nenhuma medida concreta é discutida de modo franco, livre dos clichês eleitorais. Hoje, se algum candidato falar em pedágio urbano, o marketing da campanha dos adversários (qualquer um deles) dirá que ele pretende cobrar pelo uso das ruas, levantará o preço das rodovias pedagiadas e as suspeitas de corrupção em suas concessões, etc... mas certamente não lembrará que todos os partidos políticos um dia resolveram aplicar essa solução em seus governos e que mal ou bem, as rodovias pedagiadas são as melhores do país.

Mas eu já cheguei à conclusão que este será um dos caminhos, por mais que eu mesmo não goste dele. Em São Paulo, haverá cobrança para uso das marginais e de vias públicas onde concentra-se o movimento, e uma vez aplicado em São Paulo, será questão de dias ou meses para que chegue no Rio, em Belo Horizonte, Curitiba, etc...

Não gosto da solução, mas ela tem o mérito de desestimular o uso do transporte individual.

E você, leitor? Que sugestão daria para melhorar o trânsito?

Eu encerro com uma sugestão: diminuir as vagas de estacionamento à margem das ruas, transformando-as em pistas de rolamento. Isso traria mais um custo para o dono de automóvel, o de pagar estacionamento privado. Mas funciona, embora apenas em parte, para dar melhor fluidez ao trânsito.

23 de jul. de 2008

A CARA-DE-PAU DE QUEM PEDE VOTOS

Anos atrás, um candidato a governador do Paraná (de um partido de esquerda, antes que venham dizer que isso é exclusividade das elites) inventou um jagunço que supostamente seria um empregado do seu adversário no segundo turno das eleições.

O tal jagunço foi à TV e disse que matou e roubou a mando da família do candidato, que, claro, perdeu a eleição.

Tempos depois descobriu-se que foi uma farsa muito bem engendrada, mas suficiente para levar ao Palácio Iguaçú o seu idealizador que, esperto que é, tratou de colocar a culpa em assessores, meio que "esquecendo" seus discursos inflamados e caluniosos, discursos estes que ele continua fazendo até hoje, a cada vez que descumpre determinação judicial ou tenta justificar as falcatruas das pessoas que o cercam.

E o processo corre até hoje, tocado por advogados bons em fazer com que ele nunca acabe e não cause constrangimentos a ninguém.

É apenas um caso. Todos os anos eleitorais, são muitas as acusações falsas, as interpretações maliciosas de fatos e os atos de cinismo contra adversários, sendo que o agente geralmente se diz acima do bem e do mal, um bastião da ética e da moralidade.

E ninguém se salva, é algo generalizado, todos os partidos adotam a tática, apesar de todos concordarem antes do processo eleitoral em fazer uma campanha propositiva e de alto nível, o que se altera radicalmente tão logo é divulgada a primeira pesquisa de opinião.

Com efeito, dizia um péssimo deputado paranaense felizmente já morto, um daqueles que estava sempre do lado do governo, fosse ele de direita, de esquerda ou com pacto com o demônio, que "em política, vale tudo, menos perder".

Escrevo isto, porque a Associação dos Magistrados do Brasil resolveu divulgar os candidatos a prefeitos de capitais processados por improbidade administrativa.

E não é que ato contínuo choveram reclamações de que a AMB têm motivações políticas, que está caluniando e "rasgando a Constituição" ao violar a norma de que todo cidadão é inocente até prova em contrário?

Ora, os processos de improbidade administrativa, salvo casos específicos, são públicos. A divulgação de que eles existem, não configura punição de ninguém e não é moralmente ofensiva, mormente em um país onde 75% dos candidatos a cada eleição são processados criminalmente ou por descaminho de dinheiro público.

Só que é a tal coisa, quem passa a vida se dizendo honesto e moral apontando o dedo para os outros fica constrangido quando vê que é igual a quem acusa.

Há excesso de caras-de-pau na política brasileira.

4 de jul. de 2008

NADA É TÃO RUIM QUE NÃO POSSA FICAR PIOR

Tá no uol:

Severino Cavalcanti (PP) volta à cena política em Pernambuco com apoio de PT e PSB

Eu não faço oposição radical a ninguém, muito menos ao PT ou ao atual governo.

Mas notícias como esta, provam que o PT não é mais ético ou melhor que o PSDB ou o DEM, é tudo farinha do mesmo saco.

Aos partidos políticos brasileiro só importa o poder a qualquer custo, por mais que ele implique em beneficiar gente do quilate deste senhor, envolvido na névoa de casos escabrosos até hoje não totalmente esclarecidos, mas que não o impediram de renunciar ao seu cargo em Brasília, com medo confesso dos processos a que estaria sujeito.

Se vivêssemos num país onde a política fosse levada a sério, este senhor até conseguiria se candidatar. Mas não teria o apoio de partidos que se dizem éticos e historicamente comprometidos com tudo o que ele representa na história recente do país, ficaria restrito a um partido de oligarcas como é o PP.

O PT foi rigoroso ao tratar da aliança Frankenstein que o diretório de Belo Horizonte queria fazer com o PSDB, na qual o candidato do partido seria apoiado. Mas é leniente e incoerente ao apoiar este senhor que envergonhou o país inteiro ao ser o primeiro presidente da Câmara dos Deputados a renunciar ao cargo no seu exercício, para não enfrentar um processo de cassação.

E estendo todas essas críticas também ao PSB.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...