26 de ago. de 2010

O BRASIL JÁ FOI UMA VENEZUELA, MAS NÃO VAI VIRAR UM MÉXICO

Entre 1964 e 1985 o Brasil experimentou um regime que combinava censura ou restrições à liberdade de imprensa, controle sobre atividades políticas e eleições indiretas para os cargos importantes. Existia uma aparência de democracia e legalidade que escondia uma ditadura não personalista, mas ditadura.

O regime econômico era estatista e socialista. A união, os estados, os municípios e até as autarquias eram proprietários-controladores de empresas e bens em praticamente todas as áreas da economia. Companhias elétricas, telefônicas, de água e esgôto, mineradoras, siderúrgicas, empresas de produção e manutenção de aeronaves, trens e vagões, empresas de abastecimento, empresas de prestação de serviços para portos, dezenas de bancos comerciais e de fomento, distribuidoras de café, companhias hoteleiras, ferrovias, auto-estradas, terceirizadoras de serviços públicos, milhares de imóveis vagos espalhados pelo país, etc...

Notaram a semelhança com a Venezuela de Hugo Chaves?

Pois é, o Brasil já foi uma Venezuela e o resultado não foi nada bom. As taxas brasileiras de crescimento econômico foram grandes e consistentes durante todo o pós guerra e em parte daquele regime ditatorial. Porém, quando o regime se abriu, descobriu-se que as milhares de empresas estatais eram cabides de emprego altamente ineficientes e deficitários, responsáveis diretos pelas altíssimas taxas de inflação e demais desequilíbrios que legaram ao Brasil um período economicamente perdido de mais ou menos 15 anos, pois apenas com o Plano Real em 1994 o país saiu da espiral inflacionária que o corroía depois dos desmandos administrativos daquela época.

A diferença daquele Brasil para a Venezuela de Hugo Chaves, é que mal ou bem, os militares brasileiros deixaram centenas de obras de infra-estrutura e programas desenvolvimentistas que, guardados os problemas já citados, geram efeitos até hoje. Já o ditador Venezuelano, quando sair morto de seu cargo, só deixará miséria e desespero.

Mas enfim, o Brasil já foi como a Venezuela, o que me dá a carteza que não vai caminhar para voltar a isso mesmo em um governo Dilma Roussef, como comentários toscos e insistentes que tenho lido na internet afirmam que vai acontecer. Já se sabe que o governo Dilma vai manter um dos ícones da estabilidade econômica dos anos Lula, o ex-tucano Henrique Meirelles. Será que gente como ele aceitaria a venezuelização do país apenas para atender a meia dúzia de radicais presos na ideologia dos anos 50, mas militantes do PT? Duvido.

Ontem, um editorial do jornal O Estado de S.Paulo saiu com uma outra sandice sob esse mesmo ponto de vista. Alegou que a terceira vitória consecutiva da dupla PT/PMDB estaria levando o Brasil a um regime como o mantido pelo PRI mexicano entre 1940 e 2000, de partido único, com aparência de democracia e aparelhamento do Estado.

Outra bobagem que me recuso a aceitar.

Ora, se Lula quisesse virar ditador, o faria com facilidade. Ele indicou 8 dos 11 ministros do STF, que não raro votam contra os interesses da União ou do PT/PMDB em suas decisões. Mesmo o ministro Dias Tóffoli, tido como a indicação mais política feita pelo presidente Lula, mantém uma postura de independência institucional e bom senso que não se esperaria de um STF "aparelhado" para transformar Lula em um novo Getúlio Vargas.

Mas vamos mais longe.

Quem criou a regra de reeleição? Ela foi a pior ruptura institucional brasileira no pós-democratização. E feita de modo apressado e não pensado, criou um grave efeito colateral no Judiciário, cuja nomeação da cúpula ficou por demais à mercê de um único presidente no caso de reeleição. Porque o sistema não foi repensado como um todo para possibilitar a reeleição, causou essa distorção que Lula poderia ter usado para se perpetuar no poder, coisa que não fez porque nas palavras dele mesmo "não se pode brincar com a democracia", a mesma que a coragem de homens de esquerda como ele, Mário Covas, José Richa, Leonel Brizola, Franco Montoro e Ulisses Guimarães ajudou a reconstruir.

A regra de reeleição foi criada pelos tucanos de afogadilho, porque Fernando Henrique queria mais 4 anos que poderiam ter sido de José Serra e que o PSDB queria negar a Luis Eduardo Magalhães. A verdade é esta, quem queria se perpetuar no poder eram os tucanos, o PT pegou o bonde andando e apenas seguiu a lei imposta pelo rolo compressor congressual do PSDB anos antes.

Daí vemos comentários sobre a venezuelização ou mexicanização do Brasil, mas apenas porque o PT/PMDB arrisca vencer a terceira eleição consecutiva. Mas se o PSDB vencesse em 2002 teríamos entrado em um processo de mexicanização?

Já escrevi aqui e repito que vejo pouquíssima diferença entre Dilma Roussef e José Serra, como vejo diferença alguma nos discursos de Serra com os de Lula, salvo um ou outro erro no português, cometido pelo segundo.

Enfim, o Brasil já foi uma Venezuela de triste memória, e duvido que irá virar um México da década retrasada apenas porque Dilma Roussef se elegeu presidente na esteira de um governo Lula que inegavelmente fez sucesso econômico e social. Não existe regime melhor para um partido como o PT e seu aliado o PMDB, que uma democracia capitalista como a brasileira, capaz de gerar riqueza suficiente para acalmar todos os interesses intestinos dos partidos, suas lideranças e oligarquias. Pensar que vão transformar o Brasil numa república de bananas governada por um macaco como a Venezuela ou o México do PRI é zombar da inteligência das pessoas, mesmo as da oposição.

25 de ago. de 2010

VEM AÍ UM AJUSTE FISCAL

O noticiário não é preciso sobre o assunto, até porque os candidatos evitam falar nisso. Mas o fato é que é grande a possibilidade do novo governo, seja ele de quem for, entrar em um processo de ajuste fiscal.

Os anos Lula foram marcados pelo aumento exponencial do número de funcionários públicos concursados sob a justificativa de que era preciso recompor o Estado. Até aí tudo bem, mas o fato é que também cresceu exponencialmente o número de agentes públicos contratados em regime de confiança e os promovidos em regime de comissão, ou seja, gente não concursada, contratada por critérios meramente políticos, e que custa muito caro para o Estado, nem sempre com contrapartida em eficiência.

Ao mesmo tempo, o tanto o Executivo quanto o Congresso Nacional foram generosos em dar aumentos salariais muito acima da inflação e do crescimento da economia para as carreiras de Estado, como auditores fiscais, juízes, promotores, etc...

Hoje, a folha de pagamento da União cresce mais que a economia, junto com os gastos previdenciários. Ou seja, no médio prazo, o país está dependente de crescimento constante da arrecadação tributária, o que felizmente para o governo Lula tem acontecido, até pelos seus méritos em alavancar a economia. O problema é que fórmulas econômicas se esgotam. Em certo momento, o microcrédito vai estabilizar e pode ocorrer desaceleração.

Mas vamos mais longe. O Brasil continua na ponta de cima entre as taxas de juros mais altas do planeta. E não consegue fugir disso justamente porque ainda tem grande dependência do mercado para rolar a dívida federal. O contingenciamento orçamentário é uma realidade constante, não se gasta o que consta do orçamento, que é peça de mera ficção, de modo que não se pode dizer que tudo está às mil maravilhas em termos de contas públicas.

Tudo isso em um contexto em que se vislumbra no próximo governo um rol de grandes gastos federais para promover as Olimpíadas e a Copa do Mundo, para a recomposição urgente da capacidade operativa das forças armadas, para cumprir as promessas de construir UPA(s) ou congêneres pelo país afora, para manter e ampliar o PAC, para aumentar os gastos com o bolsa-familia, tudo com a chancela dos principais candidatos à presidência.

Enfim, os indícios de que um ajuste fiscal acontecerá são grandes, mas não para cortar investimentos, e sim para cortar despesas de custeio do Estado.

Dependendo do resultado da eleição legislativa, se Dilma eleita com ampla maioria na Câmara e no Senado, esse ajuste poderá em parte seus sustentado com aumento de receita, na recriação da CPMF já para 2012, mas eventualmente vai passar pela redução do número de cargos em comissão e confiança. No caso de vitória de Serra sem possibilidade de um rolo compressor no Congresso, medidas parecidas, mas quase impossivel uma nova CPMF, a não ser que o PMDB migre em bloco para aliar-se aos tucanos. Mas não é implausível um corte na folha de pagamento, coisa que Serra promoveu no estado de SP com bons resultados macroeconômicos.

O fato é que para sustentar o crescimento econômico será necessário sobrar mais dinheiro para investimentos e gastar menos com custeio e juros da dívida mobiliária. Aposto em diminuição do número de agentes estatais, limitação de correção de salários do funcionalismo federal, aperto nas empresas estatais (para que paguem mais dividendos)e até a extinção de ministérios e departamentos.

Mas bem dito, posso estar errado, pouco entendo de economia...
LEIA TAMBÉM:

23 de ago. de 2010

O PSDB ESTÁ MINGUANDO

A vantagem é grande e o quadro, embora não totalmente definido, é tranquilo no sentido de autorizar uma previsão sobre vitória de Dilma Roussef em primeiro turno, senão com tranquilidade no segundo, vez que os votos de Marina Silva migrariam para a candidata do PT.

Tal qual FHC em 1998, quando o candidato anti-Plano Real (Lula), era destituído de discurso e não tinha capacidade de reação, em 2010 o fenômeno se repete: José Serra, que ora é o anti-Lula e ora é apenas o anti-Dilma, não tem discurso capaz de demonstrar porque seria uma alternativa viável à continuidade do atual governo.

José Serra tem capacidade administrativa e biografia para ser presidente da república, mas o seu partido não soube ser oposição.

Governando 3 dos 4 estados mais importantes da federação nos últimos anos (SP, MG e RS), o PSDB não conseguiu sequer uma aliança parcial com o PMDB não governista, oferecendo cargos das estruturas governamentais que controlava. Aliás, o PSDB mal conseguiu manter a aliança com o DEM, que na útlima hora indicou um zé-ninguém para a vice-presidência, pois nenhum dos nomes fortes do partido se dispôs a fortalecer a chapa tucana.

Em MG, o PSDB conseguiu a façanha de desvincular-se de sua principal figura. Aécio Neves vai eleger-se senador com facilidade, mas não consegue emplacar seu candidato ao governo. No PR, Beto Richa deve eleger-se governador, mas boa parte do seu partido torce para que vença Osmar Dias ou no mínimo, fica tranquila para fazer jogo duplo, porque fez isso de modo incontestável nos últimos 8 anos, apoiando um Roberto Requião que fez de tudo para atrapalhar a administração tucana de Curitiba.

Penso que o PSDB devia ter virado um PT. Ou seja, deveria ser simplesmente contra tudo o que o governo Lula propusesse. A mesma oposição insana e radical feita pelo PT teria firmado uma imagem dos tucanos como alternativa e punindo os de seus quadros que não a promovessem.

Não venceria as eleições de 2010 do mesmo jeito, mas ao mesmo tempo não veria tão enfraquecida sua representação no Congresso Nacional, o que é líquido e certo nestas eleições.

Estas eleições devem tornar o PSDB apenas uma representação política de SP, um estado que encontra-se em um nível sócio-econômico muito superior aos demais e não é afetado pela melhoria da condição de vida gerada pelo crescimento econômico, nos mesmos índices que nas demais unidades da federação. A provável vitória do PSDB em SP dá-se porque no estado, as pessoas não tem a mesma sensação de melhoria de vida que nos outros lugares, a vida lá já era muito superior.

Já no PR, o voto nos tucanos é em protesto contra o desastroso terceiro governo de Roberto Requião, é uma eleição que desvinculou-se da nacional. Mas em termos políticos nacionais, o PR é irrelevante, não mais que um apenso de SP.

Enfim, estamos presenciando uma provável enxurrada de votos pró PT e PMDB e boa parte da responsabilidade por isto é da própria oposição (PSBD, DEM, PPS) que jamais se pôs como alternativa, dando a impressão que, se pudesse, entraria para o governo também.

20 de ago. de 2010

ESGÔTO E COPA

O IBGE informa com dados de 2008 que apenas 26,5% dos municípios brasileiros tem uma rede coletora de esgôto. E mais da metade deles sofre com enchentes e falta de controle das águas das chuvas, o que significa que volta e meia a população está sujeita ao contato direto com o esgôto não tratado que sobe junto com a enchente.

Uma situação vergonhosa. O Brasil pretende gastar 16 bilhões de reais para sediar uma Copa do Mundo com estádios suntuosos, mas não consegue captar esgôto nem em 1/3 do país!
As prioridades brasileiras são invertidas.
Em verdade, não existem redes coletoras de esgôto porque o próprio povo não dá muita bola para isso, vez que não sabe sequer manejar adequadamente seu lixo sólido, que joga em qualquer lugar, especialmente os rios. O povo está entusiasmado com a Copa do Mundo no Brasil, porque vai ter a oportunidade de ver (de fora) estádios belíssimos e grandes craques nas janelas de ônibus ou nos locais de desembarques de aeroportos.
Cobrar dos políticos o que eles efetivamente devem fazer, nem pensar!
Ontem ouvi o Datena fazendo um comentário interessante: ele perguntava sobre as propostas dos políticos em 2006, 2002, 1998, no caso, na área de segurança. E depois perguntava: melhorou?
É a mesma coisa a cada 2 anos: os políticos falam em segurança, em saúde, em saneamento, mas na prática não fazem nada, tratam de seus interesses paroquiais enquanto no exercício do poder. Sabem que o povão troca voto por cesta básica, que esquece das promessas, que não se interessa por política.
Os projetos brasileiros de saneamento que andam, são aqueles que envolvem empréstimos a fundo perdido, o que explica a lerdeza na solução do problema, até porque, não é prioridade de ninguém...

17 de ago. de 2010

E SE DILMA VENCER?


A imagem é da BAND (TV)


Salvo alguma reviravolta muito improvável em política, Dilma Roussef deverá ser a primeira presidente mulher da história do Brasil. Mais do que isso, será a primeira vez em nossa história que um grupo político bem definido consegue emplacar 3 governos consecutivos nas urnas.

Eu tenho escrito aqui que não vejo em Dilma Roussef a leviatã estatista e autoritária que muita gente pinta.

Duvido que no seu governo ela se aproxime mais da Venezuela e Cuba do que o Brasil já é próximo, ou que altere radicalmente o trato de questões econômicas sensíveis como a taxa de juros e a política monetária. Duvido de uma guinada mais à esquerda, salvo uma ou outra criação de companhia estatal.

E também não sou dos que acreditam que ela não tem capacidade administrativa. Tem sim!

Pode não ter experiência política, mas capacidade administrativa, sim. Do contrário não teria sido secretária municipal e estadual e ministra das minas e energia e depois da casa civil.

O problema de Dilma não será sua capacidade. O gaguejar dela no debate não é prova de incapacidade, os números que as vezes ela troca quando se apresenta, também não, porque vivemos em um país gigantesco, onde um governo encerra milhares de dados a serem assimilados por um prefeito, que dizer por um presidente ou candidato a presidente. Dilma tem mais experiência administrativa que, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso quando eleito em 1994.

Quando eleito, Fernando Henrique Cardoso tinha experiência política (bem mais que Dilma hoje) e um vasto currículo acadêmico. Motivo de orgulho para qualquer país ter um intelectual assim na função máxima do Executivo, mas sua experiência em admnistração pública resumia-se àqueles poucos meses em que foi Ministro da Fazenda e lançou o Plano Real, sendo que sua função no ministério era mais política que administrativa, ele liderava o grupo parlamentar que acabou sustentando o governo Itamar Franco até o seu fim e possibilitando a implantação do programa de combate à inflação. Administrativamente, Fernando Henrique tinha na época, menos experiência do que Dilma hoje.

Mas penso que o grande problema de Dilma será o "lulismo".

Porque enquanto candidata escolhida por um presidente popular, ela pode e deve colar na figura dele e defender os avanços do governo dele. É invariável em qualquer lugar do mundo democrático: governos de sucesso econômico e social fazem seus sucessores. Para quê então, ela iria se afastar de Lula?

O problema é que a partir e 1º de janeiro de 2011 ela será a presidente e Lula, o ex. Ela passará a ter a palavra final, ela passará a tomar decisões. Ela passará a dar as coordenadas políticas para os embates no Congresso Nacional. Ela certamente terá a vontade de ser reeleita em 2014, coisa que afeta qualquer político.

Já ouvi petistas dizendo que Dilma não vai governar, que quem vai dar as cartas é Lula que voltará em 2014 para mais 8 anos.

Se isso acontecer, o governo Dilma racha na primeira semana, porque duvido que uma mulher que já demonstrou personalidade como ela vá aceitar o papel de presidente apenas de direito a receber ordens de terceiro. Uma vez eleita, ela será Dilma Roussef, a presidente, não a candidata do "lulismo".

Mais ainda, como fica o PMDB nessa equação?

Ora, o PMDB ficou com Dilma porque nenhum de seus líderes seria doido de bater de frente com Lula e sua popularidade (aliás, acho José Serra corajoso porque abriu mão do governo de SP para fazer isso). Mas duvido que dentro do partido não exista quem pense em um projeto de presidência já em 2014 ou em 2018. O PMDB se aliou ao lulismo em 2010, mas quer Dilma à frente do governo até 2014 ou 2018 para daí sim, alçar vôo próprio ou cobrar do PT a igualdade de condições que o PSDB não quis dar ao PFL em 1998, quando os liberais queriam a cabeça de chapa, mas os tucanos impuseram FHC, até porque o candidato natural do PFL, Luis Eduardo Magalhães, morreu.

Lula será uma sombra sobre o governo Dilma e sobre o PMDB, que não vai aceitar a mitificação do atual presidente, a lhe cortar sonhos eleitorais futuros.

Se Dilma tomar as rédeas do poder, pode desagradar a setores do PT, se ela não tomar, pode desagradar o PMDB e a si mesma.

Ela não precisa romper com o lulismo, precisa apenas ser presidente para todos os brasileiros (inclusive os não petistas) e deixar que 2014 e 2018 sejam apenas datas eleitorais. Mas eventualmente terá que administrar atritos dentro de seu partido e talvez, até a insatisfação de seu antecessor.

14 de ago. de 2010

VAMPIROS!

Na foto: Bela Lugosi, astro dos filme B... ou C... ou Z? Vampiro oficial do cinema.


Sou de um tempo em que literatura e cinema associados à figura de vampiros era coisa de fundo de prateleira ou filme B.

Vampiro, tempos atrás, era a coisa mais brega do mundo, piada para adolescentes que rolavam de rir do ridículo dos filmes onde pessoas com dentes caninos avantajados faziam de tudo para cravá-los no pescoço de algum panaca, sendo que no fim da fita o mocinho tratava de curar os bons do vampirismo e mandar os maus para a sepultura distribuindo estacas de madeira com uma precisão digna de atirador suiço de flechas.

A Rede Globo chegou a fazer uma novela esculhambando com o gênero. O vampiro chefe era o Ney Latorraca, que estava impagável e hilariante no papel de um conde europeu diabólico que não fazia absolutamente nada certo.

Foi uma época em que houve um repique do vampírismo, mais ou menos quando ocorreu aquela refilmagem de "Drácula de Bram Stocker", que até hoje é o único filme decente sobre o assunto, até porque foi fiel à obra original (que eu li) e deixou de lado os exageros.

Hoje em dia, os vampiros estão de volta. Tem mais livro sobre vampiro que edições de Paulo Coelho e livros de auto-ajuda nas estantes de livrarias.

É uma praga pior que a peste na Transilvânia!
As editoras estão pegando aqueles "pockets books" que se vendiam em rodoviária, dando uma garibada no idioma, pondo uma capa moderninha e vendendo como se fosse obra de vencedor do Nobel. Na Bienal do Livro em São Paulo, eles enchem prateleiras e se duvidar muito, estarão por lá alguns condes romenos se oferecendo para morder "de graça" o pescoço de adolescentes.

E dias atrás eu estava numa livraria e me surpreendi com uma edição de Emilie Brontë com um box na capa: O livro de cabeceira do personagem tal de Crepúsculo!.

Enfim, o modismo dos vampiros está nas livrarias e no cinema. Hoje em dia eles são "sexys" e "fashion" e não viram mais morcegos para se locomover de lado a outro, vão de Porsche ou Ferrari com insulfilm para evitar os raios solares. Aguenta mais um tempinho e dentro de alguns anos, ao rever os filmes da série Crepúsculo, terá bastante gente se perguntando como é que gostou daquilo quando tinha 15 anos.

E você (e eu) que pensava que Paulo Coelho era ruim, heim? Foi mal...

11 de ago. de 2010

ATESTADO DE NÃO-LERNISTA

Copiado do blog do Fábio Campana.

Atestado

Sempre que chega o período eleitoral, a ordem entre os candidatos é de se descolar de qualquer político ou coisa que seja polêmica ou que tenha reações contrárias sem levar em conta todas as coisas positivas as quais esses políticos também se associaram.

Beto Richa, não precisa jurar que não é lernista; Osmar Dias, também não.

Vou facilitar a vida de vocês e de seus marqueteiros. Estou emitindo atestados de “não lernistas”. Podem apanhá-los na chapelaria.

Digo chapelaria porque certamente o chapéu de Curitiba fornecerá muitos votos. Herdou-se uma cidade que é referência no mundo todo, apesar de todas as suas carências e mazelas.

E ao Estado que se candidatam também creio ter dado alguma contribuição, como a onda de industrialização que multiplicou empregos e arrecadação.

Espero que o atestado de “não lernista” possa contribuir para que os ilustres candidatos aproveitem melhor a campanha, com mais propostas e menos sofismas.

E que tenham a coerência de pedir aos lernistas que não votem neles.

Jaime Lerner

10 de ago. de 2010

JOAQUIM BARBOSA

Não me conformo com essa polêmica envolvendo o Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, fritado porque foi visto em um bar conversando com os amigos enquanto está de licença médica na corte.

O leitor bem sabe como eu critico a magistratura brasileira, como eu reclamo das idiossincrasias de nossa Justiça. Este blog tem sido, ao longo destes quase 4 anos, um crítico feroz do jeito brasileiro de não solucionar problemas em juízo, de arrastar decisões finais, do formalismo excessivo e do excesso de mordomias deferidas aos juízes, desembargadores e ministros.

No entanto, ainda assim, não vejo motivos para essa crítica contra o ministro Joaquim Barbosa, que está em tratamento de problemas de coluna.

Este senhor tem um histórico de vida exemplar. Nascido pobre, saiu de casa aos 16 anos para trabalhar como gráfico no jornal Correio Braziliense. Estudou sempre em escola pública e formou-se pela Universidade de Brasília. Trabalhou no Itamaraty, foi advogado e depois procurador da república e professor universitário.

Uma vez indicado pelo presidente Lula, caracterizou-se pela independência em suas decisões. Foi ele quem relatou e abriu processo criminal contra um monte de indiciados pelo Mensalão, inclusive o todo-poderoso José Dirceu, em sessões do STF onde demonstrou firmeza institucional e não se vergou em momento algum aos interesses do governo que lhe indicou.

Agora, se está doente, nada o impede de visitar os amigos e ter momentos de lazer.

Ora, quem de nós nunca foi gripado a uma festa de amigos? Quem de nós nunca ignorou uma ordem médica para não perder um momento de lazer?

A crítica ao ministro está em ele ter sido visto com amigos, em um bar, bebendo um aperitivo.

Quem lê meste blog também sabe que sou um ativista contra o álcool, mas não podemos demonizar o ministro por ter amigos e não consta que ele beba além da conta.

Que eu lembre, são poucos os tratamentos médicos que impedem o uso eventual de álcool. E tenho certeza que nenhum deles prescreve afastar-se dos amigos.

Enfim, não vejo absolutamente nada de errado no comportamento do Ministro.

7 de ago. de 2010

EU ACREDITO NAS PESQUISAS

À cada divulgação de pesquisa eleitoral, qualquer que seja o resultado acontece o fenômeno da sua desclassificação.

Alguns dizem que a amostragem é insuficiente, outros dizem que a metodologia não é clara, outros, ainda, afirmam que se trata de resultado encomendado e não raro ouvimos alguém perguntar se conhece alguém que já tenha respondido pesquisas. E isso, óbvio, sempre parte de quem está atrás nos números.

Eu já respondi várias pesquisas eleitorais, não menos que 10 vezes para o IBOPE, o Gallup, o DataFolha e entidades de pesquisas regionais. E moro em Rio Branco do Sul na região metropolitana de Curitiba, lugar que há quase 20 anos não consegue eleger um prefeito que complete 1461 dias de mandato, ou seja, 4 anos completos.

E penso que as pesquisas patrocinadas pelos grandes institutos nacionais são sérias, embora toda pesquisa deva ser analisada em conformidade com o momento em que tenha sido feita e a margem de erro, sempre lembrando que a única pesquisa efetivamente relevante é a das urnas.

Como toda sexta-feira é dia de pesquisa daqui até outubro, vamos cansar de ouvir acusações de compra de institutos, favorecimentos e direcionamentos de resultados. Mas as pessoas esquecem que se considerarmos a colocação dos candidatos nos pleitos das últimas eleições majoritárias, as pesquisas quase sempre acertaram, embora o percentual possa ter sido diferente por uma simples razão: o eleitor tem o direito de mudar o voto até aquele momento de apertar o botão verde da urna eletrônica!

É certo, porém, que com uma população desinteressada de política e afeita a transformar quase tudo em partida de futebol. As pesquisas acabam fortalecendo (mas pouco) a parte que aparece na sua dianteira. Existe uma parcela relevante do eleitorado que vota para ganhar a eleição, aquele bando de retardados que acha que perde o voto se seu candidato for derrotado, aquela gente que, sim, é responsável pelo atraso do Brasil na exata medida em que não sabe votar e escolhe sempre os piores, os mais incapazes e os mais desonestos.

Mas isso é outro assunto, guarda relação com a péssima situação da educação e da cultura no Brasil.

6 de ago. de 2010

“O Lula quase me derrotou e agora derruba o Osmar”.
Declaração do senhor Roberto Requião do Mello e Silva, que apóia Dilma Roussef para a presidência e está em todos os palanques do presidente Lula no Paraná. Veja mais sobre isso aqui.

DEBATE MORNO

Assisti 4 blocos do debate de ontem e sinceramente, não vi absolutamente nada que pudesse influenciar meu voto ou qualquer coisa que pudesse alterar os rumos da eleição presidencial.

Se Dilma gaguejava, Serra parecia desligado(em alguns momentos chegou a pedir por três vezes o nome do programa Luz para Todos para comentá-lo). Gaguejar e ter lapsos de memória não tira votos de ninguém, não adianta forçar a barra, até porque, quando deram respostas sobre os assuntos, ambos apresentaram dados e opiniões e o mais engraçado de tudo é que quase sempre concordaram nas questões de fundo, que são uma verdadeira praga em debates, porque tratando delas, não se fazem propostas específicas para absolutamente nada.


EDUCAÇÃO:


Dilma Roussef defendeu acabar com a progressão automática do ensino, ou seja, a aprovação de crianças de uma série para a outra sem provas e avaliações. Marina Silva afirmou que o Brasil está 30 anos atrás do Chile em processos educacionais e defendeu investimento mínimo de 7% do PIB na pasta como sendo "política social de terceira geração", embora não tenha explicado o termo. José Serra afirmou que o governo federal retirou verba das APAES, relativas ao ensino de deficientes, por serem elas entidades privadas. Plínio Sampaio limitou-se a afirmar que educação é problema relativo à distribuição de renda.

SAÚDE:

José Serra defendeu a união de oposição e situação em questões relacionadas à saúde e soube capitalizar o fato de ter conseguido avanços legislativos na área quando era senador. Também criticou a extinção de "mutirões de saúde" pelo atual governo. Dilma Roussef defendeu uma nova organização para o SUS com o aumento exponencial de unidades de saúde emergencial e outras de tratamento e diagnóstico clínico. Marina Silva afirmou que saúde também guarda relação com educação. Plínio Sampaio não teve destaque nesse assunto.

SEGURANÇA PÚBLICA:

Plínio Sampaio afirmou que o problema da segurança decorre da distribuição desigual de renda, mas não apresentou propostas. Marina Silva, disse que decorre do "adoecimento da juventude", mas não teceu maiores considerações. José Serra pouco comentou sobre o assunto e Dilma Roussef trabalhou com 3 questões a) agir com autoridade; b) reforçar o controle de fronteiras; c) expandir o programa de polícia pacificadora do Rio de Janeiro.

INFRA-ESTRUTURA E EMPREGOS:

José Serra foi enfático ao dizer que o programa de investimentos federais é insuficiente e que boa parte dos empregos criados nos últimos 8 anos deve-se a investimentos estaduais, como os de SP e MG. Dilma Roussef afirmou que políticas de crédito, de distribuição de renda e de promoção de investimentos foram fortes nos anos Lula. Marina Silva pouco disse sobre o assunto. Plínio Sampaio afirmou que os demais usam de um discurso gerencial de "bom mocismo" que não muda nada no país, deixando claro que defende a reduçao linear da carga horária de trabalho para gerar mais renda e empregos.

REFORMA AGRÁRIA:

Plínio Sampaio afirmou que o governo Lula promoveu menos reforma agrária que o de Fernando Henrique Cardoso e defendeu a invasão de terras como forma de pressionar o INCRA.

IMPOSTOS, JUROS:

Ninguém defendeu reforma tributária. José Serra declarou-se preocupado com o aumento da despesa pública e a pressão que isso faz sobre os juros que, no Brasil, ainda são os mais altos do mundo. Dilma Roussef afirmou que a relação dívida pública X PIB caiu de quase 50% para 30% em 8 anos e que isso garante que no médio prazo seja possivel atacar o problema dos juros. Plínio reclamou que gasta-se 40 vezes mais para o pagamento de juros do que para o Bolsa-Familia.


Foi um debate fraco. Eu gostaria de ao menos uma vez ver um candidato à presidência ousando em propostas, como, por exemplo, reconhecer que boa parte do problema de segurança pública se dá pela facilidade da entrada de jovens no mundo das drogas em face da leniência que existe no Brasil em favor da publicidade e do consumo de álcool pela juventude. Mas não, todo mundo diz que a saúde é prioridade, que a educação é prioridade e que a segurança pública é prioridade, mas ninguém fala de medidas específicas.

Os militantes do Serra dirão que ele venceu o debate. Os de Dilma dirão que a vencedora foi ela. Quem milita por Marina saiu com a impressão de que ninguém queria ouvi-la e os adeptos de Plínio Sampaio descobriram que seu candidato seria forte... na eleição presidencial de 1960!

3 de ago. de 2010

PUBLICIDADE INFANTIL: NÃO!

MANIFESTO pelo fim da publicidade e da comunicação mercadológica dirigida ao público infantil

Em defesa dos diretos da infância, da Justiça e da construção de um futuro mais solidário e sustentável para a sociedade brasileira, pessoas, organizações e entidades abaixo assinadas reafirmam a importância da proteção da criança frente aos apelos mercadológicos e pedem o fim das mensagens publicitárias dirigidas ao público infantil.

A criança é hipervulnerável. Ainda está em processo de desenvolvimento bio-físico e psíquico. Por isso, não possui a totalidade das habilidades necessárias para o desempenho de uma adequada interpretação crítica dos inúmeros apelos mercadológicos que lhe são especialmente dirigidos.

Consideramos que a publicidade de produtos e serviços dirigidos à criança deveria ser voltada aos seus pais ou responsáveis, estes sim, com condições muito mais favoráveis de análise e discernimento. Acreditamos que a utilização da criança como meio para a venda de qualquer produto ou serviço constitui prática antiética e abusiva, principalmente quando se sabe que 27 milhões de crianças brasileiras vivem em condição de miséria e dificilmente têm atendidos os desejos despertados pelo marketing.

A publicidade voltada à criança contribui para a disseminação de valores materialistas e para o aumento de problemas sociais como a obesidade infantil, erotização precoce, estresse familiar, violência pela apropriação indevida de produtos caros e alcoolismo precoce.

Acreditamos que o fim da publicidade dirigida ao público infantil será um marco importante na história de um país que quer honrar suas crianças.

Por tudo isso, pedimos, respeitosamente, àqueles que representam os Poderes da Nação que se comprometam com a infância brasileira e efetivamente promovam o fim da publicidade e da comunicação mercadológica voltada ao público menor de 12 anos de idade.

Para assinar o manifesto, acesse este site AQUI.

PS.: Este blogueiro também defende a proibição total da publicidade de TV, rádio e internet (salvo em canais para adultos, acessados mediante senha) para bebidas alcoólicas, especialmente quando associadas à alegria, ao sucesso com o sexo oposto, à inteligência ou ao alto desempenho esportivo. A pior das drogas que atinge o jovem brasileiro é o álcool e mais especificamente, a cerveja, cujo consumo tolerado por menores de idade os encoraja a experimentar drogas mais fortes. Trata-se de outro aspecto do mesmo problema, a publicidade que busca atingir o público jovem, com intelecto ainda em formação.

2 de ago. de 2010

JOSÉ SERRA É FRANCO-ATIRADOR

José Serra esteve no segundo turno em 2002, foi quotado como o favorito entre os tucanos para as eleições em 2006 e agora, em 2010, encontra-se em segundo lugar, com algo entre 30 e 39% das intenções de voto, segundo as últimas pesquisas.

É hoje, o que Lula foi na década de 90, um candidato forte nas pesquisas mas não necessariamente vencedor nas eleições. A diferença é que Lula jamais abdicou da candidatura à presidência (até porque o PT não tinha outro candidato para isso) e Serra preferiu garantir-se como governador de São Paulo em 2006.

Em 2010 Serra é franco-atirador.

Em vista dos índices de popularidade do presidente, já se sabia que o quadro das pesquisas antes do lançamento da candidatura da situação era irreal, e que qualquer pessoa apoiada por Lula facilmente seria favorita na disputa, o que está acontecendo.

Mesmo assim, José Serra resolveu enfrentar o lulismo e abdicar de uma reeleição tranquila em São Paulo.

Ele padece da péssima lembrança que os brasileiros têm do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, onde as altas taxas de juros, a paralisia econômica e as privatizações feitas na marra e ao custo de aumentos constantes de tarifas deixaram impressões amargas no eleitorado.

Mesmo assim conseguiu manter aspectos favoráveis em vista de sua boa atuação como ministro, especialmente da saúde.

E depois foi bom governador de São Paulo, estado que naturalmente garante a maior parte do seu eleitorado cativo.

É inegável que é mais preparado política e administrativamente para o cargo do que sua principal adversária, embora ela também tenha sido boa ministra e não seja o monstro radical pintado por alguns.

A questão é que sua preparação deu-se a ferro e fogo, dentro de um governo impopular e depois abdicando da prefeitura de São Paulo para disputar o governo do estado, em um contexto em que faltavam candidatos a tanto para o PSDB.

É bom candidato. Mas não se surpreenda o leitor se não estiver novamente na urna eletrônica em 2014, tentando novamente. Em 2010 esta díficil, embora só com a campanha de TV o quadro vá se estabilizar.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...