28 de dez. de 2007

COMBATER O BOM COMBATE


“Este é o dever de que te encarrego, ò filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate, mantendo a fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé.” I Tm. 1:18-19

Combater o bom combate é uma expressão no mínimo estranha, muito embora seu significado possa estar em combater a nós mesmos, dentro de nossas limitações humanas, nossos dogmas pessoais e principalmente, a acomodação em que todo humano incorre a partir de um determinado momento da vida.

Pouco entendo de teologia, filosofia e muito menos psicologia, mas é um fato que muitas vezes pessoas passam suas juventudes acumulando ideais e em certo momento deixam eles de lado não por falta de crença, mas porque ideais assim são penosos de manter, exigem uma certa fibra e que a maioria não mantém na idade adulta, muitas vezes em virtude dos muitos afazeres e compromissos comezinhos.

E há ainda aqueles que se entregam às suas desgraças. Para essas pessoas, problemas combatíveis passam a ser insolúveis e problemas insolúveis uma antecipação da morte.

Basicamente, combater o bom combate é não se entregar. É acreditar em sonhos e ideais e buscar incessantemente ou a solução ou o alívio possível aos fatos que nos causam angústia. Em suma, é manter a fé, seja ela religiosa, seja ela apenas a fé na vida.

Uma amiga minha, acometida de uma doença grave perdeu progressivamente os seus rins.

Das diálises dos primeiros tempos da doença, passando por um transplante fracassado e depois anos de hemodiálises até que um segundo transplante teve sucesso, nunca abandonou a fé em Deus e na vida, e sempre dizia que, curada ou simplesmente melhor, voltaria a dançar, viajar e viver como sempre vivera.

Combateu o bom combate porque não desistiu de viver e não se entregou à doença, como faz a maioria.

E agradece todos os dias a Deus pela vida.

Dias atrás Paulo Coelho escreveu sobre isso e foi certeiro ao encerrar seu texto dizendo em relação à essa acomodação que "...para evitar isso, vamos encarar a vida com a reverência do mistério e a alegria da aventura...".

É isso mesmo. Todos nós, humanos, e eu inclusive, precisamos aprender a lidar com as decepções do dia a dia e com os problemas que nos assolam sem perder a fé em nossas crenças pessoais nem a vontade de viver.

Temos que combater o bom combate.

Que todos façamos isso em 2008. Feliz Ano Novo!

26 de dez. de 2007

EMENDANDO

No Estadão de hoje, uma matéria interessante, leia no link clicando no título:

Constituição recebe 5 emendas por ano e mantém normas transitórias
Carta tem capítulo que abriga todo tipo de medida dos governos, como instituição da CPMF e da DRU

João Domingos


Durante a Assembléia Nacional Constituinte ocorreu um debate intenso sobre constitucionalização de certos assuntos, para diminuir a possibilidade de violação de direitos ou pura e simplesmente impedir sua discussão, consectário do entendimento de que uma Constituição guarda direitos e protege a sociedade.

O intuito de impedir discussões é visível nos direitos trabalhistas, enumerados na Carta Magna para supostamente proteger o trabalhador.

Isso não ocorreu.

Até hoje fala-se em reforma trabalhista com vias a diminuir o custo de folhas de pagamento e aumentar o número de vagas. Todos os governos desde então (inclusive o atual), tentaram flexibilizar essas regras e foram derrotados por maiores que fossem suas "bases aliadas", e por mais os entraves que isso tenha causado ao país.

Um exemplo claro desse excesso é o salário-familia, constante do inciso XII do artigo 6º. É um direito constitucional que representa alguns centavos na folha de pagamento de quem recebe mais de 2 salários mínimos por mês. Um acinte à inteligência do país, que não pode discutir sobre centavos numa folha de pagamento agravado pela com demagogia ainda maior de a regra constitucional não ser universal, não ser aplica a todos os trabalhadores a teor das exceções de que trata o parágrafo único do mesmo artigo.

O dinheiro que esses centavos representam poderia ser muito mais bem utilizado de outra forma, mas fica ali atrapalhando empregadores e onerando o governo porque a Constituição o exige.

Já no que concerne ao Direito Tributário, buscou-se constitucionalizar os tributos para impedir que aumentassem todos os anos, evitando a violação de direitos.

Mas para tributos o Congresso Nacional é sempre flexível e aceita qualquer emenda constitucional por mais danosa que ela seja ao país. Daí se criam impostos, contribuições sociais e dezenas de novas taxas e acréscimos cobrados na folha de pagamento (os inefáveis "terceiros").

Para aumentar tributos por aqui, a Constituição nunca é difícil de emendar e já ouvi quem defenda tirar a listagem dos impostos da Constituição para facilitar a criação de mais deles, mantendo nela apenas os princípios tributários, os mesmos que todos os governos teimam em violar quase diariamente com as vistas quase grossas do Judiciário

A Constituição foi mal redigida. Já sofreu 95 emendas desde 1988, muitas delas entulhadas no Ato das Disposições Constitucionais Tributárias sobre matérias que de constitucionais não têm nada.

Ora, observada uma boa técnica jurídica (uma utopia num país de gente - parlamentares, inclusive - que não lê nem estuda), o ADCT deveria considerado como imune à emendamento. Ou seja, ele teria que exaurir suas matérias e ser esquecido, justamente por ser transitório.

Mas isso não impediu de sucessivos governos e legislaturas emendá-lo, como bem demonstra a matéria do Estadão. O resultado é que o ato transitório virou permamente, uma parte da Carta onde se constitucionalizam todos os assuntos de conveniência do governo em exercicio.

O país já não tem mais exatamente uma Constituição. Tem uma Lei Complementar que nada complementa e que não guarda mais direitos, muito menos protege eficazmente a sociedade, justamente pela facilidade de ser alterada.

FHC comprou a regra da reeleição e há quem defenda que o atual governo compre outra, e quem perde é a sociedade, que vê a democracia esvair pelos dedos, corroída por continuismo e caudilhismo.

Outro exemplo é o constante aumento de tributos, que arrancam dinheiro da sociedade para financiar um Estado ineficiente que paga salários milionários à uma elite política e funcional. Se a Constituição não fosse tão facilmente emendável, o Estado teria que aprender a ser eficiente e trabalhar com os recursos que ela disponibiliza. Mas não, emenda-se e premia-se a incompetência, a gastança e a corrupção em detrimento da sociedade.

Enfim, temos uma "quase" Constituição, e isso explica muito do atraso nacional

21 de dez. de 2007

AMIGOS

A tecnologia é incrível. As vezes ela nos dá raiva, mas em outras, ela aproxima as pessoas e cria laços de afeto, como o que têm ocorrido aqui no meu blog.

Eu não imaginava em julho de 2006 a quantidade de amigos que faria por meio desta página na internet. Não imaginava tantas demonstrações de carinho, de afeto e consideração que poderiam advir da troca de idéias por meio eletrônico que ocorre aqui.

Tive um ano difícil, ainda por decorrência dos problemas ainda mais graves que me assolaram em 2005 e 2006. Mas graças a Deus, minha família e meus amigos me deram alento sempre que precisei, e isso inclui as dezenas de amigos virtuais que fiz aqui, cujas palavras de carinho aparecem na minha tela como se eu recebesse aqui em casa a visita de todos.

Por mais que eu escreva, não há palavras suficientes para agradecer a todos vocês blogueiros, leitores, comentaristas, os lincados ou não lincados aí do lado, os que me visitam todos os dias ou os que só vêm aqui de vez em quando, os que me acompanham pelos "feed" ou os que me encontram navegando pela internet.

É com muita honra que recebo todos aqui e com orgulho que vejo muitas pessoas que mesmo discordando de minhas opiniões, o fazem de modo firme e educado, sem perder a classe e melhor que isso, fazendo amizade, mesmo que virtual.

Eu gostaria de visitar cada um de vocês em suas páginas da internet. Gostaria de mandar um e-mail para cada pessoa sem blog que passou por aqui desde julho de 2006. Mais ainda, gostaria de conhecer a todos pessoalmente, dar abraços apertados, bater papo e dar boas risadas.

Como isso não é possível, sintam-se todos abraçados e homenageados. Meu blog não é apenas uma ferramenta onde eu escrevo minhas opiniões, meu blog é um lugar onde diariamente encontro amigos queridos.

Citarei alguns ao fim deste "post", os que me acompanham a mais tempo ou os com quem interajo mais, mas os que ali não estiverem listados, sintam-se homenageados também, todos vocês são bem vindos, a todos eu considero como amigos e para todos dirijo meus pensamentos positivos e minha estima, pedindo a Deus sua proteção.

Obrigado por me acompanharem, FELIZ NATAL e um ANO NOVO repleto de felicidades a todos!

A Imagem é "roubada" do Maurício de Souza. Mas a Turma da Mônica representa bem a amizade.

Adriana
André Wernner
Blogildo
Bruna
Cejunior
Ciça Donner
Cilene Bonfim
Chawca
Daniela
David
DO
Fábia
Fernanda Ruiz
Jack Aré
Jackie
Letícia
Letícia Coelho
Lino Resende
Luisete
Luma
Magui
Mário
Mutumutum
Nádia Bonani
Oscar Luiz
Pablo
Patrícia
Renata
Ricardo Rayol
Roça
Ronald
Samanta
Saramar
Santa
Shirlei
Silvana
Tom Paixão
Túlio
Tunico
Zé Povo
Veridiana Serpa
Walter Carrilho

19 de dez. de 2007

NO APAGAR DAS LUZES DE TODOS OS ANOS

O sistema tributário nacional é perverso, toda pessoa com um pouco de discernimento sabe disso.

Basta dizer que todo o fim de ano os governos federal e/ou estaduais remetem aos legislativos um ou vários pacotes de maldades tributárias, com vias a tungar cada vez mais o contribuinte, devolvendo a ele cada vez menos em serviços.

Já escrevi isso aqui, mas repito: sou contabilista há 22 anos e nunca houve nesse tempo todo um só exercício fiscal em que não ocorreu algum aumento de imposto federal, estadual ou municipal, e, detalhe, sempre com aprovação nos últimos dias de dezembro, justamente para aproveitar a letargia popular de fim de ano.

Quase sem diferença em 2007. Por exemplo, aqui no Paraná, o bolivariano governo Requião aumentou o IPVA cortando parte substancial do desconto pelo pagamento à vista. E só não fez mais, porque a oposição foi esperta e fez barulho em novembro, já sabendo que em dezembro nem uma bomba atômica alertaria a opinião pública para o novo assalto ao seu bolso.

Só que neste ano, o feitiço virou contra o feiticeiro pela primeira vez na história.

O governo Lula bem que tentou atribuir antecipadamente à oposição qualquer culpa por eventuais problemas decorrentes do fim da CPMF. Mas deu com os burros n'água justamente porque é fim de ano e a opinião pública, especialmente aquela que o governo pretendia atingir na sua diatribe anti-oposicionista, não está nem aí, entusiasmada com a chegada das festas e com a proximidade do carnaval.

O leitor pode notar. Pouco se fala da CPMF que já nem rende manchetes garrafais nos periódicos. Mesmo as medidas que o governo tomará para compensá-la são tratadas como uma coisa de importância menor.

É época de festas, e quase ninguém pensa em imposto às vésperas do Natal (bem, por ser contador, eu sou exceção né?).

O efeito disso é o contrário ao que acontece todos os anos.

Geralmente, o governo aumenta impostos e conta com as festas de fim de ano para salvar sua imagem. Afinal, quando chega fevereiro, todo mundo recebe seus carnês de impostos em casa e ninguém lembra mais que o Congresso ou a AL aumentou o imposto no apagar das luzes do ano passado.

Mas no caso da CPMF, o governo não consegue colar qualquer culpa na oposição, primeiro porque o seu fim foi algo inédito no Brasil, a diminuição da carga tributária, segundo porque foi em dezembro e ela foi esquecida, afinal, o povão precisa fazer compras, confraternizar e soltar foguetes por mais um ano que passou e mais um carnaval que virá.

Resultado: chegaremos em fevereiro e se acontecer algum problema por conta do fim da CPMF (duvido, o orçamento sobre o fim dela com folgas) o prejudicado será apenas o governo, mas só se insistir em tentar apontar a culpa da oposição, mesmo sabendo que perdeu o votação porque vários "aliados" seus se uniram à ela.

Se não disser nada, tanto faz como tanto fez...

PS: Ando meio afastado do blog por motivos de trabalho, perdoem-me pelas poucas postagens desta semana.

15 de dez. de 2007

UM ALERTA PARA A COPA 2014

Na Folha de S.Paulo, que reproduzo abaixo, um alerta para os endividados clubes nacionais de futebol, que resolverem se aventurar a construir estádios pensando em 2014:

19/11/2007 - 09h13
Decadência de arena peruana é alerta a Brasil-2014
PAULO COBOS
da Folha de S.Paulo, enviado especial

O confronto de domingo, contra o Peru, em Lima, pela terceira rodada das eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo-2010, mostrou que uma coisa é construir um estádio moderno, outro é mantê-lo, desafio que o Brasil terá pela frente com o Mundial de 2014.

Passaram-se apenas sete anos desde que o imponente estádio Monumental foi inaugurado, depois de um gasto de US$ 44 milhões apenas com a obra propriamente dita. E o que já foi chamado de "o mais moderno" estádio sul-americano se deteriorou bastante, o que ficou evidente na partida de ontem.

Os banheiros são imundos. Em boa parte deles não há águas nas torneiras, e as descargas não funcionam. Três horas antes da bola rolar, o lixo já se acumulava em frente aos bares e lanchonetes --lixeiras são coisa rara.

O moderno telão, do mesmo tipo do instalado no Maracanã para o Pan, não funciona mais. O relógio gigante colocado ao lado do placar eletrônico também não --marcava o horário com imprecisão.

As paredes nunca receberam uma mão de tinta depois da sua inauguração, em 2000. A rede elétrica cai com freqüência --o único funcionário da empresa de telefonia responsável pela instalação das linhas para a imprensa fazia seu serviço com uma lanterna em uma sala escura e com parte do gesso do teto caindo.

Alguns dos elevadores que servem o Monumental também não funcionaram. Problemas de segurança fizeram o estádio "encolher" em mais de 20 mil lugares. No domingo, um efetivo total de 11 mil homens (com o reforço até de carros blindados, como o "Caveirão" da polícia carioca) trabalhou para garantir a tranqüilidade, o que aconteceu pelo menos dentro de campo --os cerca de 400 brasileiros que acompanharam o jogo, muitos deles vindos do Acre, ficaram misturados com os peruanos e nenhum incidente aconteceu.

Eram vários os orientadores com a missão de indicar os lugares para os torcedores, e alguns deles exigiam uma "caixinha" pelo serviço.

Vários policiais tinham como função checar se dentro dos camarotes havia bebida alcóolica --a ameaça era de acabar com a segurança para esses setores nos próximos jogos se alguém furasse o veto.

Não é sem motivo que uma arena tão nova já pareça tão velha. O modelo adotado para a sua construção, uma parceria entre a iniciativa privada e um clube de futebol (o Universitário), como muitos querem para 2014, mostrou-se um fracasso.

A construtora e o time travaram uma batalha pelo Monumental. O Universitário acumulou uma dívida de US$ 23 milhões com a empresa.

Enquanto isso, ambos não pagavam o imposto predial e o governo de Lima, onde está localizado o campo, quis vetar jogos no local porque a limpeza externa tampouco era realizada pelos administradores. A federação peruana também tem problemas com o Monumental, porque não consegue controlar os mais de 20 mil lugares localizados nos camarotes, também deteriorados.

13 de dez. de 2007

O USO DOS ESTRANGEIRISMOS

Quem diria que este que vos escreve, estaria aqui elogiando um deputado comunista e aplaudindo a Câmara dos Deputados heim?

Pois é, a Câmara está concluindo a aprovação do projeto do deputado Aldo Rebelo (PC do B) regulamentando o uso de estrangeirismos em publicações, documentos e publicidade no Brasil.

Muita gente vai me criticar por eu achar que a medida é correta. Alguns vão dizer que o inglês é o idioma quase universal e que eu mesmo uso um estrangeirismo ao usar a palavra "blog" no título deste "site" da "world wide web", mas a questão não está no uso de palavras nascidas e popularizadas em língua estrangeira sem similar exato nacional, está sim, na banalização do uso de palavras inadequadas ao nosso idioma, pela falta de critério em sua adoção.

Entro num "shopping center" popular de Curitiba, vejam bem, po-pu-lar, não é um dos bacanas centros de compras da Avenida Batel, mas um po-pu-lar do bairro chamado Boqueirão, e encontro vitrines onde vendem couro do Rio Grande do Sul ou rendas nordestinas ofererendo "70% Off". Não seria melhor usar liquidação e desconto de 70%?

Aqui na minha cidade, uma cabeleireira tascou-lhe um "PERFIU'S" na fachada, sem atentar para o correto ser "profiles", mas porque é bonitinho e parece estrangeiro. Uma vendedora de muamba paraguaia enfiou um "LORENA PRESENT'S" na sua fachada, sem saber que, em inglês, presente é "gift".

Claro que por aqui também tem a pizza "delivery", não sem certa saia justa de as vezes ter que explicar para um desavisado que chegue do interior que esse sabor não existe, é apenas a forma de entrega, em domicílio.

E se você leitor entrar no www.perolasdoorkut.com.br vai constatar que pessoas que não sabem sequer escrever em português (aliás, pessoas que não sabem nem pensar), se aventuram a parecer inteligentes escrevendo expressões supostamente em inglês, francês, espanhol, italiano e uscambau, basicamente porque associam isso às fachadas dos "shoopings", às novelas da Globo e revistas de fofocas, entre elas, claro, a meca do estrangeirismo destituído de sentido, a Caras.

Tá certo o Aldo Rebelo, o progresso do país passa, efetivamente, pelo ensino de idiomas importantes para os negócios, mas não pela destruição do idioma pátrio, muito menos pela idiotização das pessoas por modismos absurdos e por esse bombardeio incessante de expressões estrangeiras por todos os lados, sem um mínimo de critério, justamente aquilo que a Lei pretende instituir.

VITÓRIA DE PIRRO

O Ministério da Fazenda já informou que não vai mexer na estrutura de gastos do governo federal e que os cortes orçamentários serão os mesmos feitos todos os anos, se bem que nem poderia tratar as coisas assim, por serem atribuição do Ministério do Planejamento, o mesmo que, há décadas, não planeja nada que não implique novos tributos.

Em outras palavras, ficou claro que o governo continuará contratando assessores em cargos de comissão à razão atual de 9 inúteis para cada útil.

Por outro lado, já foi anunciado o "estudo" para o aumento das alíquotas do IPI, IOF e CSLL, o que significa que esses impostos vão aumentar, porque o governo não se contenta com o acréscimo geral de arrecadação de quase 11% neste ano, equivalente a uma CPMF e meia.

O aumento do IPI e CSLL terão efeito direto nos preços de bens duráveis, tais como, carros, geladeiras, fogões, eletrônicos, etc. O IOF terá efeito direto nos financiamentos, esses de até 100 prestações para comprar carros.

Tenho quase certeza que em fevereiro, o governo apresentará nova emenda constitucional para recriar a CPMF e, se aprovada, não diminuirá as alíquotas dos impostos acima indicados, basicamente porque é essa a prática da burocracia nacional: impostos nunca baixam, só aumentam.

A vitória da CPMF marcou apenas a existência de um resquício de oposição, contra uma "base aliada" tão arrogante na face petista, quanto incompetente na peemedebista, quase unida em razão da enorme popularidade do presidente, mas não do seu governo.

E demonstrou para o presidente Lula que, se necessitar de apoio para leis complementares ou emendas constitucionais, terá que apelar para a distribuição de cargos em comissão e a liberação das emendas parlamentares em favor de partidos toscos e imorais que sempre são aliados do governo, seja ele de direita ou esquerda, de Deus ou do demônio.

Mas, em síntese, quem esperava alívio tributário, esqueça! Eu já tinha avisado que isso aconteceria, o Ministério da Fazenda deixou bem claro, há dois meses, que o caminho das pedras era esse: ou o Congresso aprova a CPMF ou o governo aumenta os impostos que dependem apenas de decreto ou de Lei Ordinária, de modo que iniciou-se a corrida pela aprovação até 31/12, do pacotaço tributário que ocorre todos os anos, aumentando um ou outro tributo, só que neste ano, muito mais "generoso" para os cofres públicos.

Ontem, o povo brasileiro obteve uma vitória no Congresso... mas foi de pirro, festejemos hoje, amanhã voltamos ao normal!

12 de dez. de 2007

UM FESTIVAL DE INCOERÊNCIA

Não há muito mais o que falar.

Segundo os jornais de hoje, o presidente instruiu sua "base aliada" a votar a CPMF para vencer ou não, tentando, ao menos, salvar a DRU - Desvinculação das Receitas da União no caso de acontecer a derrota.

Acredito que o tributo será aprovado mas, mesmo que isso não ocorra, importante informar o que se viu em Brasília desde o início da tramitação dessa emenda constitucional.

Um festival de incoerência e desfaçatez poucas vezes repetido na triste história dos conchavos parlamentares nacionais.

Um governo que detém uma "base aliada" com mais de 2/3 dos componentes da Câmara dos Deputados foi obrigado a negociar, liberar emendas e preencher cargos públicos vagos para conseguir naquela casa uma vitória apertada, onde ficou visível que houve traição por parte de muitos parlamentares que apóiam a popularidade do presidente, não o seu governo.

Um partido governista, o PT, que enquanto oposição sempre votou contra o tributo não chegando sequer a discutí-lo, rechaçando qualquer argumentação, deixando claro ser uma taxação desnecessária (pois, segundo o PT, para evitá-la bastaria cobrar os sonegadores, calotear a dívida externa e romper com o FMI e sua mania de superávits primários).

Um partido de oposição, o PSDB, que criou a taxação original e lançou as bases para que seu uso fosse deturpado e não aplicado à área de saúde, reclamando justamente que ela afeta os mais pobres e que é indefensável num contexto de carga tributária altíssima, a mesma carga que o próprio PSDB aumentou o que pôde enquanto gozou das benesses do poder.

No Senado, parlamentares incoerentes como Mercadante e Arthur Virgílio a relativizarem seus discursos passados, jogando no lixo qualquer resquício de ideologia ou principiologia partidária, sem contar que a casa, onde a idéia geral era de que o governo não teria votos para aprovar a emenda, ainda não se decidiu por isso, e pode muito bem dar uma vitória consagradora à tese de manter esse imposto perverso.

Incoerência que denota uma opinião geral entre os parlamentares: A OPINIÃO PÚBLICA NÃO SERVE PARA NADA!

10 de dez. de 2007

NON, JE NE REGRETTE RIEN (NÃO, DE JEITO NENHUM)

Ontem tive o prazer de assistir um daqueles filmes que ficam na retina pelo resto de uma vida, um daqueles momentos mágicos que nos fazem ter certeza que o cinema é efetivamente uma arte.

Piaf é simplesmente arrebatador, tal qual a interpretação da atriz Marion Cotillard.

Eu sabia que a vida de Piaf não foi fácil, só não imaginava a quantidade de fatos tristes e a fibra monumental de uma gigante de 1 metro e 42 centímetros cuja voz e a a coragem apaixonaram uma nação inteira.

O filme arranca emoções desde a primeira cena, ele funde a realidade nua e crua com a fantasia que a música é capaz de provocar em uma pessoa. Os sofrimentos e os desvios morais da personagem são amenizados pelas canções criando um vai-vem frenético de emoções em quem assiste. Quando as lágrimas começam a descer o rosto, eis que o som transforma a tristeza em alegria para que a edição das imagens novamente apresente outra tristeza e outra canção a amenizar a história trágica.

O filme termina com uma licença poética, quando, supostamente no último show de sua vida, a diva, que a essa altura do filme já é dona dos corações de quem o assistiu, canta a música título deste post, cuja letra em português é a que segue, uma síntese da vida e do jeito de encará-la, da portentosa cantora francesa.

Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Nem o bem que me fizeram,
Nem o mal, tudo me parece igual

Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Está pago, varrido, esquecido
Eu estou farta do passado

Com minhas lembranças,
Eu alimentei o fogo
Minhas aflições, meus prazeres
Eu não preciso mais deles

Varri meus amores
Junto a seus aborrecimentos
Varri por todo dia
Eu volto ao zero

Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Nem o bem que me fizeram,
Nem o mal, tudo me parece igual

Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Minha vida, Minhas jóias
Hoje
Começa com você

9 de dez. de 2007

DIREITOS HUMANOS

Tratar de direitos humanos é difícil, porque sempre há o risco de escorregar para a demagogia. Eu mesmo sou um adepto das obrigações humanas, que bem aplicadas, substituem o arcabouço de direitos humanos, com a vantagem de que diminuem em muito a demagogia.

Uma das obrigações humanas fundamentais é respeitar o próximo, inclusive em razão do sexo, da raça e das opções religiosas e sexuais dele.

Alguém pode dizer que isso é tratar de direitos humanos sob o prisma contrário, mas eu não penso exatamente assim.

Se aquelas "autoridades" paraenses atentassem para suas obrigações humanas, jamais teriam jogado aquela garota numa cela com 20 homens. Isso porque, a teor de suas declarações na semana passada, eles esperaram que ela se declarasse menor (e provavelmente, mulher também), para lhe deferir o direito humano fundamental da dignidade. Como ela não disse nada, e eles não vêem o assunto como uma obrigação própria, mas um direito de terceiro que precisa ser requisitado, deu no que deu.

O problema é que isso se repete todos os dias em muitos lugares do mundo, mas especialmente nos lugares onde as pessoas só têm noções de seus direitos, não atentando para suas obrigações, caso típico do Brasil, onde nossa constitituição foi redigida com base apenas em direitos das classes desfavorecidas e principalmente, do Estado (no sentido de conjunto de instituições e agentes), sem perceber que deu a impressão de que a estas classes e o Estado não tinham mais obrigações a partir de 1988.

O resultado foi o país quebrar 5 vezes desde então, violando direitos humanos basicamente pela não observância das obrigações humanas comezinhas.

Outro exemplo?

É obrigação humana cuidar do meio ambiente onde se vive, mas parece, as vezes, que o direito humano só é deferido a quem mais o destrói, como algumas pessoas no Brasil que jogam até geladeira nos rios, mas na primeira enchente vão para a frente dos palácios de governo pedir ajuda oficial em prol de sua dignidade, a mesma que eles mcorromperam ao destruir o meio-ambiente de modo estúpido e doloso.

Ou seja, por não terem noção de obrigação humana, acabam mendicando por direitos humanos que muitas vezes eles mesmos podem preservar sem ajuda de ninguém.

Enfim, o conceito de direitos humanos envolve uma carga de obrigações, de responsabilidades, de punição e premiação. Um habitante deste planeta jamais terá observado todo o arcabouço de seus direitos humanos fundamentais, se não perceber e atentar que eles dependem de sua atitude em observar suas obrigações humanas.

8 de dez. de 2007

PARA QUEM GOSTA DE MÚSICA POPULAR

Música é arte e dizem que arte não tem parâmetros, precisa ser apreciada sem preconceitos. Não que eu aceite exatamente essa premissa, mas quando o assunto é música eu gosto de experimentar todos os sons, porque fui criado ouvindo todos os gêneros, que me fizeram conhecer um pouquinho de várias partes do mundo, porque a música de um país diz muito sobre ele.

Resolvi deixar aqui uns clipes do youtube, relevando um pouco do meu gosto musical.

São de música popular mesmo, de um tempo antes e depois em que a "Eurovision", um consórcio de TV(s) européias promovia festivais sediados um ano em cada país. Nesses festivais, os cantores arriscavam homenagear países vizinhos cantando nos diversos idiomas ou fazendo versões de músicas famosas de cada um deles.

Foi uma época em que apareceram na cena musical grandes artistas de estrondoso sucesso em suas terras natais, como Julio Iglesias (Espanha), Mireille Mathieu (França), Demis Roussos (Grécia), Freddy Breck (Alemanha) e Pepino di Capri (Itália). Mais que isso, era uma época em que o Brasil importava música do mundo inteiro do mesmo jeito que exportava a nossa.

Lentamente, porém, o mercado fonográfico brasileiro encolheu e passou a importar apenas aquilo que fazia muito sucesso lá fora, o que nos privou de ótimas interpretações, o que só melhorou com o advento do CD e da importação maciça, o que foi a verdadeira felicidade para eu e meu amigo Osmar, colecionador de CD(s) de música de todos os tipos, mas vidrado nos cantores europeus populares.

Deixo aqui três bons exemplos.

Gilbert Bécaud foi o primeiro cantor popular moderno da França, uma espécie de Roberto Carlos deles, alguém que deixou de lado o estilo "cabaret" e assumiu a mídia como ferramenta para vender seu peixe. O clipe, de L'important c'est la Rose foi feito para o cinema. Música espetacular.



Mireille Mathieu, também da França, foi considerada por muitos a nova Edith Piaf, até porque ela imitou a diva e tem um timbre de voz muito, mas muito parecido. Chegou a gravar um LP apenas com canções de Piaf e chegaram a maquiá-la para parecer com a mítica cantora dos cabarés parisienses. Mas não chegou a virar um mito, embora grande cantora quando no uso do seu repertório próprio. O clipe é de "Acropolis Adieu" uma homenagem à Grécia, num dos festivais da Eurovision.



E Demis Roussos encantou o mundo com a canção "Goodbye My Love Goodbye", embora eu goste mais desta do clip, "My Friend the Wind". Tempos atrás esteve em Curitiba, não fui assisti-lo, mas comprei o CD, e constatei que, infelizmente, a idade chega e a voz se vai... mas vale a pena ouvir e lembrar dos seus tempos áureos.





Esse post, foi feito por inspiração da Renata, que pediu para eu escrever um pouco de mim. Tarefa cumprida, embora não exigida, porque ela deu só uma sugestão.

7 de dez. de 2007

O DEIXA DISSO DOS BACANAS

Uma mulher é jogada numa carceragem com um monte de marginais do sexo masculino e fica lá a apodrecer por semanas, sofrendo estupros e sabe Deus quais outros tipos de torturas.

E quando a imprensa descobre a gravíssima violação de direitos humanos fundamentais, o país descobre um outro fato ainda mais grave, a omissão contumaz das autoridades bem instruídas e remuneradas, com o que acontece no andar de baixo, aquele reservado ao povão.

Quando a ministra presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça, Ellen Gracie, informou que as autoridades do Pará seriam investigadas pelo caso absurdo, soou o alarme entre muitos "bacanas" do estado nortista, mormente detentores de cargos importantíssimos como de delegados, juízes e promotores, cujas vidas são limitadas a esperar seus gordos salários dentro de gabinetes, onde a realidade das ruas não os atinge e só se faz saber por autos processuais, pilhas de papéis que armazenam muitas informações, mas que são sentimentalmente inócuos, incapazes de transmitir as emoções que sente a patuléia que lhes paga os salários.

E absortos pelo papelório, esses profissionais alçados ao cargo por concursos que não avaliam suas vocações, mas tão somente seu conhecimento enciclopédico de textos, regras e "macetes" legais, parecem não entender o que se passa na vida de verdade, aquela que se desenvolve fora dos palácios cheios de mármore e granito, dos tratamentos cheios de deferência, o típico "doutor" para cá ou "excelência" para lá, das viaturas potentes e confortáveis que lhes servem e de uma função pública que lhes possibilita cometer todo tipo de arbitrariedade com a quase certeza de se manterem impunes.

O delegado declarou achar que a garota é débil mental porque não lhe avisou que era menor de idade. E logo depois a corregedora da polícia, uma "bacana" ainda mais "bacana" que o delegado, veio com a história de que ele foi levado ao erro, porque a vítima não se declarou menor de idade.

Uma mocinha de 15 anos, mal e porcamente alfabetizada levou um delegado ao erro, como se a maioridade dela bastasse para afastar o crime que ele cometeu, de jogá-la numa carceragem que deveria ser exclusivamente masculina, para ter a vida destroçada por indivíduos que, nada tendo a perder, não se importaram de cometer outros crimes de concupiscência.

E teve "bacana" que aplaudiu!

Para os "bacanas" solidários ao delegado, a garota devia mesmo ter dito ser menor daí ele não a jogaria na carceragem!

Mas o fato é que se não a jogasse na carceragem, a próxima mulher maior de idade que aparecesse em sua delegacia e ousasse roubar a tranquilidade do seu gabinete, iria para o meio da homarada na mesma cela, do mesmo jeito. E daí qual seria a desculpa?

Eu mesmo respondo, porque usariam uma alegação segundo a qual a vítima não seria vítima, por, quem sabe, ser profissional do sexo!

Seria o delírio dos "bacanas"! Profissional do sexo não tem moral para discutir atos de delegado, promotor ou juiz, afinal, "bacana" de verdade não usa profissionais do sexo, usa? Aquelas boates maravilhosas que existem em áreas nobres de todas as grandes cidades brasileiras, cheias de luxo e garotas lindíssimas afinal, são para a patuléia, para os pobres, para o andar de baixo! Se é profissional do sexo, não tem direito a humanidade, é assim que pensam os "bacanas" quando é para salvar a cara de outro "bacana" que, formado em direito, provavelmente não foi à faculdade no dia em que o professor de Direito Constitucional falou da Revolução Francesa e suas consequências.

E assim caminha o Brasil, onde a lei é para o pobre ou o remediado e onde os "bacanas" se protegem com suas imunidades e prerrogativas, recebendo belos salários e vivendo em meio à solidariedade dos demais "bacanas", pois que nunca nenhum deles perde o emprego, vai preso ou, pior, é jogado nula cela cheia de marginais até que outros "bacanas", juízes ou promotores, atentem para o estado de seus direitos humanos fundamentais.

A Justiça brasileira é rápida e eficiente só para os ricos e famosos, a verdade é essa.

PS: Resolvi mexer no template hoje, tirar os excessos (para voltar com eles daqui há pouco, é verdade) e dar uma cara mais pessoal. Espero que gostem.

1 REAL

Por que complicamos nossas vidas?

Tive que trocar de telefone celular. O anterior não funcionava mais e eu já estava de saco cheio de não conseguir atender ligações sem algum tipo de problema.

E o anterior é um aparelho bom, display colorido, máquina fotográfica, MP3, jogos, internet, agenda, acessórios e coisa e tal.

Custou quase os olhos da cara e não durou mais que 2 anos.

No dia a dia, constatei que a máquina fotográfica é de péssima qualidade. Que eu só consegui arrumar a data e a hora quase ano e meio depois de comprá-lo. Que o sistema de internet, por mais que evolua, é péssimo em aparelhos celulares e que os jogos são uma porcaria, e além de tudo, estragam o teclado.

Conclui que, em quase 2 anos, só usei o aparelho como agenda telefônica e, óbvio, telefone.

Não só eu, mas milhares de pessoas compram aparelhos sofisticadíssimos e não usam nem 1/10 de suas funções, muitas delas complicadas, escondidas em menus esotericamente ocultos em algum lugar daquela tela minúscula.

Daí cheguei ontem na loja precisando de um aparelho e fui simples e direto: Quero o mais simples e barato que tiver. Me ofereceram um com autonomia baixa de bateria, que faz ligações e tem agenda telefônica. Nada de fotografia, nenhuma função sonora, internet só em ficção.

Graças à minha fidelidade com a operadora, custou 1 real... e o aparelho anterior não faz falta nenhuma!

3 de dez. de 2007

ASSIM NÃO

1. ASÍ NO!

Me diga o leitor:

Você trabalha numa empresa tradicional, controlada, digamos, pelo capital espanhol.

A empresa está há décadas no seu país, emprega milhares de pessoas e paga em dia, sem contar que, por ser multinacional, paga um pouco acima da média nacional e concede alguns benefícios adicionais.

Daí, o governante do seu país, se achando injustiçado, humilhado e escorraçado pela declaração do chefe de Estado da Espanha, ameaça nacionalizar a empresa em que você e mais algumas milhares de pessoas trabalham, dependendo do resultado das eleições... espanholas!

Você continuaria a votar num governante assim se lhe for dada a chance de sufragar?

Acho que Chaves se encontrou ontem com sua arrogância. E ela lhe deu um pontapé!

2. ASSIM NÃO!

O Chaves paranaense, que atende pelo nome de Roberto, veio com o discurso de classes, dizendo que ia aumentar o IPVA em 20% porque é um imposto que afeta a quem tem carro, que por sua vez, é a parcela mais rica da população.

E pretendia aumentar também o ITCMD para as heranças acima de R$ 600 mil, que para ele, é o padrão dos "ricos".

Daí o caldo entornou, e sua "base aliada" resolveu ouvir as vozes sensatas da oposição (que fez barulho)e começou a se rebelar.

Hoje o governo recolheu a mensagem e, pelo andar dos trabalhos legislativos, os paranaenses se livraram por pelo menos um ano de mais uma tungada em seus combalidos bolsos.

Provavelmente lhe disseram: Assim não, governador!

3. ASSIM NÃO, MERCADANTE!

Assisti parte do discurso do senador Mercadante, defendendo a CPMF.

Um discurso muito bonito, em que ele falou do custo que a estabilidade econômica, trabalho de vários governantes, teve para o Brasil.

Falou que a CPMF ajuda na manutenção do superávit primário que por sua vez ajuda na queda dos juros e da dívida pública.

Mas no meio da peroração, ele saiu com uma pérola, que não foi comentada pela imprensa. Disse que a arrecadação aumentou mesmo mais que uma CPMF, mas isso é porque o crescimento econômico está aí.

Ou seja, reconheceu que o governo arrecadará em 2007 mais que uma CPMF, mas deixou claro que não abre mão dela, mesmo com o governo não precisando, porque, afinal, terá em 2007, arrecadação adicional maior que ela!

Bonito discurso, mas soou falso, porque se fosse para contribuir para a estabilidade desse modo tão bonito que ele citou, ele mesmo teria votado em favor dela, naquele tempo em que éramos governados pelos tucanos.

Mas na época ele votou contra, de modo que, hoje, o discurso soou como se o país só tivesse importância para ele a partir de 2003.

Assim não, Mercadante!

2 de dez. de 2007

A MÍSTICA DO JOGO

O bom futebol, aquele que é jogado em campo, prega peças em nós torcedores.

E isso porque o futebol não é uma ciência, e muito menos é exato. Ele envolve coisas estranhas como fé, sorte, azar e mística.

Na semana passada, no apagar das luzes de um jogo dramático eu vivi uma das mais arrebatadoras emoções da vida, uma explosão de alegria que ficará na retina pelo resto da minha vida.

Hoje, no entanto, vi uma verdadeira religião chorar e fiquei triste, porque um time aqui de Curitiba, pelo qual nutro simpatia fora de campo, o Paraná Clube, também caiu.

Mas penso que o Paraná caiu pela falta de mística, enquanto o Corinthians, pelo excesso dela.

Queira ou não queira, mesmo quem não tem a mínima simpatia pelo Corinthians (meu caso), é triste ver milhões de pessoas decepcionadas porque faltou apenas um gol, um gol de nada e ao mesmo tempo de tudo, para que a tragédia não ocorresse. Se bem que esse gol teria que ser feito em um time tão grande, importante e tão místico quanto o alvi-negro, o imortal tricolor gaúcho de tantas batalhas.

O problema é que o Corinthians que foi rebaixado hoje não é o alvi-negro do bom futebol e da mística, a mesma mística que faltou ao Paraná Clube que perdeu do Santos uma partida que vencia até os 28 do segundo tempo.

Pelo contrário, o Corinthians que caiu hoje, é o de Duailib, de Kia, da MSI, e do suspeito Berezovski, às voltas com a Policia Federal e com ligações com uma coisa ainda mais má, a política. O Corinthians que caiu hoje é o da vergonha de gente que enriqueceu e se aproveitou daquela massa retumbante que lota estádios por onde o time joga, e que por vezes, de modo incauto e irresponsável, chegou a gritar coisas como "el, el, el" Kia é da Fiel!".

O Corinthians de hoje, de mística não tem nada, porque ela, a mística, no esporte acompanha quem compete, não quem compra.

A mística do Corinthians é a do clube sofredor, dos craques formados em casa, do time empurrado pela massa. Esse Corinthians que víamos há alguns anos, não era o verdadeiro. Era um Corinthians moldado pela força de um dinheiro maldito e não o time do povão paulista. A mística do futebol manda avisar que pode até ser deixada de lado, mas um dia cobra a conta disso.

Porque o Corinthians de verdade, o do bom futebol e da mística, até poderia cair, como cairam Grêmio, Sport, Náutico, Palmeiras, Fluminense, Coritiba e Atlético Mineiro, com a certeza de que voltaria um dia, como todos voltaram, sem que isso seja vergonha, nem desgraça, muito menos o fim de tudo.

A mística no futebol tem disso, presente, ela não deixa seu apadrinhado se apequenar.

O Paraná Clube, por não ter mística, ou ter pouca, se apequenou e caiu, o Corinthians, abandonou a sua e acreditou no conto de fadas da riqueza instantânea,
e não há nada que a mística odeie mais que ser trocada por algo fugaz, porque ela tem vocação de eternidade.

O futebol cobra a taxa da mística. Grandes clubes não podem se afastar dela porque se o fazem, se apequenam.

O que seria do Grêmio sem sua mística de lutador?

Ou do Coxa sem a sua, a do sofredor que precisa acreditar até o último minuto?

Ou ainda, a do São Paulo, para quem a organização é a mistica?

O Paraná voltará à Série A e um dia, daqui há muitos anos, terá a mística a lhe acompanhar.

Já o Corinthians, terá de fazer as pazes com a sua, e voltar a ser o time do povo, embalado pela galera, não o time dos executivos engravatados a prometer milhões de dólares para quem só se contenta com troféus e glórias.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...