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16 de abr. de 2009

E SE UMA GIGANTE AUTOMOBILÍSTICA FALIR?

Rumores dão conta de que uma gigante automobilística mundial estaria se preparando para declarar falência, apesar de todos os recursos que recebeu do governo americano.

É a tal coisa, a atual crise econômica para uma empresa assim, é apenas o ápice de um processo em que ela mesmo não se salvou, persistindo em erros administrativos e estratégias equivocadas de negócios.

Nos EUA, as montadoras nacionais se especializaram em carros enormes, gastadores de combustível. A praga das SUV(s) levou cada montadora norte-americana a oferecer vários modelos praticamente com as mesmas características para seu mercado consumidor. E os carros japoneses assumiram a fatia de mercado destinada a veículos menores, mais econômicos embora não menos confortáveis, apesar de com menos sofisticação. Ou seja, as montadoras americanas deixaram de lado a prática de oferecer um "mix" de produtos e perderam mercados, coisa que qualquer estudante de administração sabe que não é uma estratégia aconselhável.

Por outro lado, e isso não se restringe às montadoras americanas, é sabido que os executivos naquele país abusaram em bônus por produtividade alguma, viagens com jatinhos particulares e hospedagens em hotéis ultra-luxuosos por absolutamente nada.

Viagem de trabalho, até pela sua natureza, deveria ser espartana, mas este conceito básico de administração também foi esquecido como muitos outros, pois empresas americanas e pelo mundo afora viraram fornecedoras de mordomias para poucos diretores, algo como se o Congresso Nacional brasileiro exportasse seus "métodos" administrativos para o resto do mundo, se é que o leitor me entende.

Bem, mas, e se a gigante falir, o que acontecerá?

É sabido que se uma das três grandes companhias automobilísticas americanas simplesmente fechar as portas, as duas que sobram enveredam pelo mesmo caminho, tamanha a quantidade de fornecedores comuns e interdependência de mercado. Logo, se uma das gigantes falir, o mais provável é que seja desmembrada em várias pequenas companhias, talvez uma para cada marca de seu portfólio.

E mais do que isso, as subsidiárias internacionais seriam desmembradas também ou até mesmo vendidas. Imaginemos uma subsidiária brasileira de marca tradicionalmente americana, controlada por um grupo chinês ou coreano. Isto não é implausível.

Mas o fato é que a falência de uma companhia assim só afetará seus acionistas (que perderão tudo o que tinham investido nela) e eventualmente, seus administradores, porque as leis americanas são rígidas sobre responsabilidades de comando numa falência.

Mas duvido que a estrutura produtiva simplesmente feche as portas. Seria um risco demasiado para a sociedade norte-americana.

18 de nov. de 2008

GM, FORD E CHRISLER PEDINDO AJUDA GOVERNAMENTAL

No século XX, os EUA desenvolveram dezenas de marcas de automóveis, tais como Buick, Pontiac, Cadillac, Chevrolet, Chevy, Mercury, Ford, Dodge, Jeep, Lincoln, Saturn, Plymonth, Chrisler, AMC, Hummer, Oldsmobile, Shelby, Willys Overland, etc... que em meio a uma concorrência feroz alavancaram o crescimento industrial do país, a ponto de, hoje, se dizer que correspondem a 20% do gigantesco parque industrial de lá, um país em que, sem carro, você é praticamente um nada!

Com o passar do tempo praticamente todas essas marcas foram englobadas pelas três gigantes, a General Motors, a Ford e a Chrisler.

E talvez esteja aí a gênese da crise que as três vivem hoje em dia, quando seus executivos vão ao Congresso do país, de pires na mão, implorar ajuda estatal para se salvarem.

A GM alcançou a hegemonia do mercado, quando num ato de ousadia ofereceu veículos coloridos ao consumidor médio, cansado do tradicional preto, que Henry Ford se recusava a mudar. E a Ford revolucionou o mercado automobilístico com o Mustang, um carro que virou símbolo de esportividade e fez a concorrência copiar para se salvar.

São dois exemplos de algo que os americanos sempre adotaram e inexplicavelmente deixaram ser deturpado na sua indústria automobilística: CONCORRÊNCIA!

As três poderosas se acomodaram.

Essa crise não existe há pouco tempo. Desde o início da década de 80, quando as montadoras japonesas passaram a ofertar veículos médios e grandes ao gosto americano (como os Honda Civic e Accord, o Toyota Corola e a linha Lexus), as 3 gigantes simplesmente não têm mais sossego e, pior que isso, não conseguem se reinventar.

Primeiro acharam que não haveria concorrência contra elas, praticamente apostando num cartel. Depois, porque seus executivos pensaram que a concorrência dos japoneses seria passageira e inútil, por ofertar veículos pequenos. E em um momento mais recente, apostaram tudo em veículos grandes que consomem muito combustível, a verdadeira praga automobilística resumida na sigla SUV, um modismo alimentado pela farra dos yuppies e do consumo exagerado que marcou a prosperidade do país nas últimas décadas.

É interessante notar que elas canibalizam seus esforços e concorrem consigo mesmas, oferecendo, as vezes, 5 veículos com as mesmas características gerais, diferenciados por detalhes de acabamento e logotipos diferentes.

E ao invés de usarem as muitas marcas para criar variações de tipos de veículos, como por exemplo especializar uma em grandes e outra em econômicos, fizeram isso de modo muito tímido, preferindo produzir uma gama de enormes SUV(s) gastadores de combustível, apostando do american way of life, que preconiza carros grandes e imponentes e cujo maior símbolo recente é um horroroso Hummer, que, aliás, foi a primeira vítima da crise, pois a GM pôs a marca à venda.

O baque final dessa inacreditável cadeia de erros foi o aumento exponencial do preço do petróleo ocorrido entre 2006 e 2008 e o estouro da crise econômica a partir do sub-prime.

Nos EUA, o preço do combustível na bomba reflete o preço do barril do petróleo no dia anterior, que levou os consumidores a trocar seus veículos por outros mais econômicos, especialmente os japoneses. E agora, mesmo com o petróleo em baixa, ainda há a crise, em que ninguém sabe se terá emprego no dia seguinte, com o mesmo efeito de troca de modelo.

Se já não era fácil competir com as SUV(s) japonesas, imagine competir com os carros menores contra os quais as 3 gigantes nunca se preocuparam em apresentar alternativas?

Enfim, seus executivos declararam hoje, que estão em situação caótica e sem capacidade de gerar caixa imediato para manter suas operações. A que se encontra em melhor estado é a Ford, cujo presidente foi enfático ao alertar que, a falência de qualquer uma das outras gigantes, significará também a sua, porque haverá falência de milhares de fornecedores comuns.


É estranho que isso aconteça nos EUA, país onde o mercado sempre foi considerado a mãe de todas as soluções econômicas e agora volta-se para a bondade governamental.

Mas como há muitos interesses em jogo e 20% do parque industrial do país não pode parar, haverá sim, ajuda imediata.

Basta saber se as três gigantes vão entender o recado histórico. Elas precisam de capital não só para se salvar, mas para se reinventar e projetar carros menores, mais econômicos e modernos. Também terão que fazer um esforço trabalhista gigantesco, no sentido de fazer carros mais bem acabados a custos menores, o que depende muito da sua mão-de-obra, extremamente engessada por conta da estrutura sindical adotada lá.

Enfim, muito longe de ser um desafio das empresas, é do país inteiro.

É apenas uma parte dos problemas que aguardam a posse do novo presidente recém eleito.

9 de set. de 2008

O PLANO NACIONAL DE DEFESA

Hoje o presidente Lula e os ministros da Defesa, Nelson Jobim, da Justiça, Tarso Genro e da Fazenda, Guido Mantegna, além do Secretário de Planejamento Estratégico Roberto Mangabeira Unger, devem anunciar o Plano Nacional de Defesa, um ousado planejamento estratégico para repotencializar as forças armadas e ao mesmo tempo usá-las como instrumento de capacitação tecnológica da indústria brasileira.

No primeiro momento, haverá a compra dos equipamentos necessários para devolver às Forças Armadas a efetividade militar perdida pelos seguidos contingenciamentos orçamentários das últimas décadas. Especula-se que o Brasil anunciará a aquisição de equipamentos militares em um valor aproximado de mais de 10 bilhões de dólares nos próximos cinco anos, sendo os mais importantes:

- 24 a 36 caças de superioridade aérea até 2015, chegando em até 120 em 2025;
- 51 helicopteros médios de transporte, a serem fabricados em Itajubá/MG;
- 12 helicópteros de ataque, para uso pelo exército nas fronteiras amazônicas;
- 5 submarinos convencionais;
- 1 submarino nuclear a entrar em operação em 2015;
- 6 fragatas de patrulha e guerra oceânica;
- 27 navios pequenos de patrulha oceânica;
- modernização da aviação de caça da marinha.

Some-se a estas ações, a continuidade de alguns programas emergenciais já em curso, quais sejam:

- 6 helicopteros médios BlackHawk para o exército;
- 4 helicopteros SeaHawk para a marinha;
- aquisição de 250 tanques Leopard 1A5;
- aquisição de novos caminhões de transporte de tropas;
- aquisição de novos veículos de transporte tático;
- modernização dos aviões F-5 e A-1;
- 99 aviões super-tucano;
- aquisição de 8 aviões de guerra anti-submarino P3-C-Modernizados.

Todos os projetos de aquisiões novas, envolverão cessão de tecnologia nos chamados "off-sets". Assim como houve cessão quando a Embraer ajudou a produzir os aviões (AMX) A-1, e com isso ela obteve "know-how" para produzir a familia ERJ 145 e tornar-se a 3ª maior companhia do mundo no seu setor, a idéia e dotar a índústria brasileira de tecnologia sensível, que os países detentores dificilmente vendem. Como a quantidade de armamentos a serem adquiridos é considerável, espera-se obter avanços importantes para a indústria brasileira.

Há quem diga que o Brasil é um país pacífico e não precisa de tantas armas. Discordo por algumas razões:

1. Tecnologia militar cedo ou tarde recebe uso civil e leva ao fortalecimento da indústria de um país. Todos os países altamente desenvolvidos têm indústrias militares fortes, e nem por isso envolvem-se em guerras constantes. Hoje, o Brasil encontra-se atrasado na corrida tecnológica mesmo entre as nações emergentes, vez que Rússia, China e Índia têm grandes programas militares, que transferem tecnologia para a indústria civil, que por sua vez gera empregos qualificados (bem remunerados) e riquezas.

2. O Brasil tem imensas áreas de riquezas naturais a proteger. As duas Amazônias, a verde e a azul, têm extensões continentais e dado o fato de que hoje elas concentram riquezas das mais importantes do planeta (água doce e o petróleo da camada pré-sal) é certo que no futuro serão alvo de todos os tipos de interesses estrangeiros. Patrulhar e proteger esse patrimônio é obrigação do Brasil para com a humanidade, mas também para com seu próprio povo.

3. Investimentos militares se pagam e geram dividendos. Os EUA são extremamente ricos, entre outros fatores, porque sabem que boa parte dos valores investidos em seus arsenais, retornam à sociedade por meio de empregos, impostos e melhorias na qualidade de vida decorrentes da tecnologia. Usar o discurso pacifista e sair desse mercado de armamentos é contentar-se em exportar produtos primários sem valor agregado, condenando milhões de pessoas a vidas miseráveis.

4. Sem contar a questão da segurança em si. Imaginemos o Brasil alvo de terrorismo, por exportar petróleo para os EUA?

Outro aspecto interessante do PNAD, é exigir o serviço militar ou social obrigatório, com vias a difundir conceitos de cidadania entre os jovens. Apóio isso incondicionalmente. O serviço militar já demonstrou ser um poderoso instrumento para difundir bons valores e melhorar a educação e capacitação das pessoas que envolveu.

Eu apóio o PNAD mesmo sendo oposição ao governo Lula.

Apóio porque o Brasil jamais será uma potência sócio-econômica se não tiver capacidade de proteger-se de ingerências externas e mesmo de exportar seus interesses e sua influência.

O Brasil tem que deixar de ser o cordeiro do mundo e virar tigre, ou melhor... onça!

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...