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9 de jan. de 2012

NÃO, O MUNDO NÃO VAI ACABAR!

Imagem: Lula e Cabral... se a gente sobrevive à eles, como é que o mundo vai acabar?

Ao final do ano passado, com a chuva no litoral estive zapeando pelas TV(s) por assinatura e me impressionei com a quantidade de programas afirmando que o mundo não passa de de 21 de dezembro próximo e que vamos todos desta para melhor. Tem um canal que eu gostava, que só fazia programas sobre história e biografias mas que hoje em dia limita-se a falar de antiguidades e do fim do mundo. Chega a afirmar que se o mundo não acabar por conta do calendário Maia, acaba porque o ser humano vai dar um jeitinho de provocar uma hecatombe global para coincidir com ele, apostando no espírito de porco global!


Uma coisa é certa, e só ela: se o mundo não acabar, o canal acaba, ficará difícil manter a programação só com revolucionários produtos Polishop se os programas sobre o fim do mundo não tiverem mais espaço na grade de programação.


Todos os programas seguem a mesma linha. Especulam sobre o por quê do calendário, sobre os números e coincidências de datas, dizem que Nostradamum também previu o fim do mundo, que ele nunca errou (embora também nunca tenha acertado, porque suas poesias hecatômbicas são interpretáveis ao gosto do leitor), que o mundo tá uma m..., que o meio-ambiente tá fraquejando, que as pessoas “tão nem aí”.


Mas nunca, absolutamente jamais dizem como efetivamente o mundo acabaria na epifânia índia prevista por uma “avançadissima”civilização que precedeu incas e a ocupação espanhola, mas que não conseguiu sobreviver aos 6 séculos que separavam ela do fim do mundo que seus próprios escritos dizem que supostamente vai acontecer.


Estranho, não? Os caras eram avançados pra caramba mas o fim do mundo para eles chegou antes?


Se os “historiadores” Maia me dissessem que o mundo vai acabar por alguma razão concreta, como um meteoro, uma invasão de extra-terrestres malvados ou um juízo final vindo do além com inquisidores espanhóis ressucitados para julgar os ímpios, eu até pensaria no assunto. Mas sinceramente, essa história de que vai acabar porque vai acabar já encheu o saco!


Tem um indivíduo nos EUA que já previu o fim do mundo umas 7 ou 8 vezes durante a vida, amealhou seguidores e até se preparou para passar desta para melhor sempre em alguma sexta-feira dramaticamente pré-anunciada. E chegava a sexta-feira e o mundo continuava tropicando como sempre, mas existindo apesar das bombas nucleares de russos, americanos e chineses, da loucurada do Ahmadinejad e do Hugo Chaves e mesmo da péssima voz do Michel Teló...


Quando milênio passado ia acabar, chamaram os intérpretes das bobagens do Nostradamus e afirmaram que a guerra do Iraque e Saddam Hussein estavam previstos e que de 31/12/2000 o mundo não passava, até porque o “bug” dos computadores ia gerar uma catástrofe global: gente sem telefone celular e TV a cabo porque os malditos pc(s) e mac(s) iam falhar, como se essas porcarias não falhassem todos os dias para atormentar pobres mortais.


Mas estamos quase todos aqui em 2012 e não foi o aquecimento global, nem Saddam Hussein e a Al Qaeda, nem o É o Tchan que acabaram com o mundo.


Quer saber?


O mundo não vai acabar. Processos naturais não funcionam assim destruindo tudo de uma vez só, uma guerra nuclear até é possível mas mesmo os militares mais empedernidos pensam muito antes de explodir um artefato tão poderoso e meteoros perigosos são monitorados pelas autoridades espaciais do mundo todo... sobraria a invasão de alienígenas malvados mas, pensemos bem... será que os caras viajariam zilhões de anos-luz para vir aqui destruir tudo como adolescentes bêbados destróem canteiros de praças?


O negócio é esperar até 21/12 para ver se voltam as biografias eletrônicas e acabam com a encheção de linguiça sobre o fim do mundo... e aguentar o Michel Teló mesmo achando melhor o mundo acabar do que ouvir aquilo!


Leia mais aqui.

15 de mar. de 2011

O ALERTA NUCLEAR DO TSUNAMI

Um terremoto seguido de um tsunami e o mundo encontra-se em crise nuclear, que nem de longe é problema só do Japão.

O mundo em que vivemos é sedento de energia. Usinas nucleares sempre foram consideradas um mal menor ante a falta de recursos hídricos ou petrolíferos para gerar eletricidade, fugindo dos problemas ambientais e políticos das usinas termoelétricas, movidas a petróleo e gás.

O esgotamento das fontes de energia da Europa e do Japão é flagrante, mas esse fenômeno é mundial. Hoje, todos os países guardam preocupação com o aumento da oferta de energia em face de processo econômico em que o progresso é medido pelo aumento da demanda por ela.

Mesmo países ricos em recursos hídricos, como o Brasil e os EUA já experimentam o esgotamento deles, com a impossibilidade de construir novas usinas, isso independentemente do dano ambiental que sua construção causa.

Uma usina nuclear acaba gerando menos problemas para seu operador que uma termoelétrica, sujeita às instabilidades do Oriente Médio. Uma usina nuclear, gera energia bem mais barata e diminui os protestos dos consumidores, que em qualquer lugar do mundo, reclamam dos aumentos de tarifas pouco se lixando para o fato de que energia não se produz do nada, desde que ela esteja disponível para acionar TV(s), computadores, celulares e videogames.

O dano que as usinas nucleares podem causar não é menor que o causado pelas hidroelétricas ou termoelétricas, é apenas mais dramático e concentrado.

Pouca gente pensa no mal que uma Tucuruí causou ao cortar milhões de árvores, matar milhares de animais e alagar centenas de quilômetros de florestas até então virgens. Quase ninguém atina para quantidade de carbono jogado na atmosfera ao queimar petróleo para garantir que uma familia pobre tenha duas TV(s) LCD(s), aparelho de som, computador e internet, embora não tenha nem água encanada e muito menos esgôto tratado.

São as idiossincrasias do mundo em que vivemos, que não escolhem país rico ou pobre, porque os erros cometidos no Japão, não são diferentes dos cometidos no Brasil ou em Angola.

O planeta Terra está em estado de esgotamento. Muita gente dizia que isso jamais aconteceria, outros diziam que seria coisa para 200 anos. Mas se verificarmos a degradação visível do planeta só nos últimos 20 anos, constatamos a olho nu a aceleração desse processo.

O Japão deveria servir de exemplo para começarmos a repensar o mundo de modo efetivo e verdadeiro. O problema é que, tão logo a crise nuclear de lá seja controlada, mesmo se houver um novo Chernobyl, o mundo fará questão de esquecer tudo, e a publicidade vai continuar vendendo a felicidade em planos de telefonia celular, cerveja na praia, refeições altamente cálóricas e substituição paranóica de eletrodomésticos.

Muito mais que um terremoto seguido de tsunami, o que aconteceu no Japão foi o alerta de um planeta que, bem disse Raul Seixas, como um cachorro que não aguenta mais as pulgas, se livra delas com um sacolejo.

15 de mar. de 2010

UM FÓSFORO, UM BARRIL DE PÓLVORA...

É ousado, só não sei se é muito inteligente visitar o Oriente Médio e mexer no vespeiro das relações entre Israelenses e Palestinos, que são fruto de décadas de dissensos, lentos processos históricos agravados com a 2a. Guerra Mundial e depois com a Guerra Fria.

O presidente Lula recusou-se a participar em Israel, de uma cerimônia em homenagem a um dos criadores do Movimento Sionista, mas ao mesmo tempo vai visitar o Irã e tecer loas ao seu problemático presidente Mahmoud Ahmadinejad.

É uma estratégia ousada, com tudo para não dar certo e deixar o Brasil numa saia justa.

Devo estar errado, afinal, não sou diplomata mas... não me parece que seja a melhor estratégia para o assunto, tentar conciliar duas posições historicamente antagônicas baseando esta ação apenas no carisma e na popularidade do presidente brasileiro, que dizer quando existe também um componente religioso, além do político, que acirra os ânimos. Se o presidente der uma declaração mal entendida ou truncada nesta viagem, arrisca atrair a ira de radicais do mundo inteiro para o Brasil, que certamente não quer um episódio como o experimentado pela Argentina no caso AMIA.

Penso que o Brasil deve estreitar os laços de amizade tanto com o Irã quanto com Israel. Os dois são potências militares, um detém grandes reservas petrolíferas e pode virar mercado para a Petrobrás, outro detém conhecimento científico sensivel nas áreas de informática e comunicações. Ambos podem precisar de mão-de-obra e matérias-primas brasileiras, mas nenhum dos dois pode oferecer para o Brasil um trunfo como o da aproximação para que se diminuam as tensões regionais, que seja suficiente para justificar a tão sonhada vaga no Conselho de Segurança da ONU.

Note bem o leitor, os americanos atuam naquela arena porque sabem que, contra eles, os ódios regionais já estão estabelecidos e não causam mais problemas além dos que já existem. Mas eu não lembro de outros governantes de países relevantes do mundo, que tenham ido à região com tanta ânsia em discutir problemas cuja solução é por demais complexa.

16 de fev. de 2010

É ALTO O CUSTO DE SALVAR A ECONOMIA, INTERVINDO NELA OU NÃO



Após a II Guerra, o Estado indutor de crescimento econômico se fez presente, até porque as economias européias estavam destruídas com enorme perda de massa crítica (empresários, cientistas, técnicos em áreas sensíveis, etc...) no conflito, o que forçou os Estados nacionais a tomar a frente da recuperação.

Essa intervenção estatal perdurou até meados da década de 70, quando as crises do petróleo e do endividamento dos Estados atingiu até a Meca do capitalismo, os EUA. O keynesianismo tinha se esgotado. o Estado empregava gente demais e era ineficiente, muitas vezes o que produzia não era suficiente para compensar os custos de uma operação.

O que se convencionou chamar "neo-liberalismo" iniciou-se em 1979 com a ascenção ao poder da primeira-ministra Margareth Thatcher na Inglaterra, e com o início do governo Ronald Reagan em 1980, com a diferença de que este não privatizou porque os EUA não tinham grandes estatais, sendo que ele adotou os outros pilares do novo sistema: a desregulamentação e a diminuição de impostos.

E, quer queiram os defensores do Estado empresário, quer não, o crescimento econômico do primeiro mundo foi consistente pelas três décadas seguintes, mesmo que em 1997 tenha caído o governo tory de John Major, assumindo os trabalhistas, sem, no entanto, mudar radicalmente as políticas econômicas até então em voga.

E mesmo as crises pontuais da dívida da Rússia e das economias asiáticas não mudaram muito o quadro. As economias americana e européias enriqueceram a olhos vistos, até que em 2007 acabaram os tempos de bonança e o Estado teve que intervir para salvar o sistema financeiro que havia inchado na esteira da pouca regulamentação, coisa que só não aconteceu no Brasil, porque sofremos uma crise como a do "sub-prime" bem antes (na década de 90), combatida com o PROER e com o aperto da fiscalização do BACEN promovidas no governo esquerdista de Fernando Henrique Cardoso.

O que aconteceu?

Na minha modesta opinião (figurativa) de leigo, o mesmo equívoco que levou à grave crise do petróleo e das dívidas públicas de meados dos anos 70: a fé extrema de que não se deve mexer em time que está ganhando.

Tal qual os Estados nacionais que já estavam falidos na década de 60 mas não faziam nada mudar esse quadro, no início dos anos 2000 já se notava que a falta de regulamentação do sistema financeiro criava distorções, mas nada se fez para combater o que se sabia perigoso.

Um dos equívocos de nossos dias é achar que agora, o Estado deve voltar a ser empresário porque salvou as economias injetando dinheiro no sistema financeiro. A atuação dos Estados nacionais foi atrasada, eles deveriam ter revisto bem antes a política de não intervir em bancos mantendo a pouca regulamentação, mas isso não significa que devam voltar ao papel de indutor da economia.

Felizmente para o mundo e infelizmente para os povos de alguns países (Espanha, Portugal, Grécia e Bélgica, especialmente) a intervenção do Estado para evitar o aprofundamento da crise do sub-primelevou a um efeito colateral, a completa desestruturação das contas públicas.

E isso foi rápido. Menos de um ano após a corrida das economias nacionais em injetar bilhões no sistema financeiro, agora aparece a conta, que as vezes é suportada por economias nacionais extremamente fortes como a dos EUA, mas que afeta a todos, de modo que não vai demorar, todos os países serão no mínimo forçados a empreender ações para (novamente) conter seus déficits públicos, impedir a emissão de moeda (inflação) e garantir o pagamento em dia de suas contas.

Os países que insistirem em impor uma política de intervenção estatal na economia, arriscam repetirem a década de 70, os países que insistirem em manter o sistema financeiro desregulamentado, arriscam rever os problemas de 2007.

No fim das contas o que vale é o meio termo, o estatismo excessivo é tão deletério quanto o liberalismo excessivo. O Estado empreendedor é tão perigoso quanto o Estado que se abstém de intervir quando necessário.

14 de jan. de 2010

HAITI: TRAGÉDIA DENTRO DA TRAGÉDIA



O terremoto que devastou Porto Príncipe é apenas mais uma tragédia dentro da tragédia maior que é a história deste pequeno e paupérrimo país do Caribe.

Tornado independente em 1804 pelo líder escravo Jacques Dessaline, que logo se autonomeou imperador e com plenos poderes, o país passou ao longo de sua história por nada menos que 24 golpes de Estado. Entre 1964 e 1986, foi governado por um regime brutal, alucinado e policialesco comandado pelo médico François Duvalier, apelidado "papa doc" e depois pelo seu filho ainda mais violento (além de paranóico e exibicionista), apelidado "baby doc".

Nesse período, florestas inteiras, única riqueza efetiva da nação, foram arrancadas e vendidas com os recursos acumulados em contas da familia "doc" no exterior. Nenhum centavo advindo da devastação teve uso público. E mais que isso, a fauna local praticamente desapareceu, os rios assorearam e as cidades viraram favelas gigantescas, abrigando gente sem nenhuma oportunidade de vida. No último episódio de ruptura institucional, uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo descrevia um "biscoito" feito de terra aquecida, único "alimento" de uma parcela considerável da população local.

No Haiti jamais houve democracia, nem imprensa livre, nem eleições livres e ao mesmo tempo, jamais se constituiu um Estado, considerando-o como um conjunto de órgãos de instituições com finalidade de disseminar bem estar à população.

A ONU encontra-se no país desde a deposição de Jean-Bertrand Aristide, cujas intenções também não eram democráticas, apesar de deposto. O objetivo das forças de paz (inclusive do Brasil) é dotar o país de mínima organização governamental, fomentar o nascimento de instituições (como uma polícia ostensiva, exército, sistema tributário e educacional) na tentativa de reorganizá-lo em bases sólidas, vez que hoje o seu poder é disputado por milícias que ao contrário das de qualquer outro lugar em conflito no mundo, não são formadas nem por ideologia nem por laços raciais. São simplesmente grupos de pessoas que querem o poder pelo poder.

O problema é que antes que tais instituições se firmem, o país precisa encontrar alguma potencialidade econômica, fala-se em plantio de cana-de-açúcar.

De qualquer modo, trata-se de um país que é exemplo do que a falta absoluta de democracia, de Estado e de organização social pode causar.

12 de jan. de 2010

O COVEIRO DA VENEZUELA



O ditador venezuelano Hugo Chaves criou um fundo com dinheiro retirado das reservas internacionais do país e superdesvalorizou a moeda local.

Retirar dinheiro das reservas internacionais é o mesmo que dizer para os credores que não lhes dá mais mais garantia alguma e provavelmente pedirá renegociação. Nenhum país sério mexe nelas, salvo para pagar débitos utilizados para sustentar o Estado e o desenvolvimento do país. O mais impressionante é que a idéia estúpida de Chaves foi encampada pela presidente da Argentina pelos mesmo motivos, embora o Judiciário austral tenha barrado a insanidade que equivale a uma moratória.

Já com a desvalorização da moeda, Chaves busca aumentar a competitividade internacional da PDVSA, a petroleira responsável pela maior parte das exportações do país e praticamente por toda receita tributária do governo. A idéia é diminuir o monumental déficit público e arranjar recursos para obras e programas sociais antes das eleições, evitando uma operação de fraude mais elaborada que a normal, visto que os chavistas não aceitarão serem despejados do poder pelas urnas, só sairão mortos. Mesmo assim, para manter as aparências precisam investir alguma coisa na melhoria das condições de vida de um povo que já não tem mais acesso a produtos de primeira necessidade e sofre com o racionamento constante de energia elétrica, o que tem minado a popularidade do coronel.

Mas desvalorização causa inflação, e Chaves já avisou que não vai tolerar aumentos de preços, pondo o exército para fiscalizar, o que não funciona, porque é impossível revogar a lei da oferta e da procura, como nós brasileiros comprovamos do modo mais doloroso e humilhante possível, naqueles congelamentos sarneyianos de preços, quando até a Polícia Federal foi apreender boi no pasto para impedir o ágio no preço da carne que desaparecera dos supermercados. Produto sem preço desaparece, é a lei do mercado, é universal e irrevogável, mesmo ante o exército de Hugo Chaves ou dos fiscais do Sarney.

Chaves é incomensuravelmente incompetente. A PDVSA já foi uma das maiores empresas do mundo e hoje é menor em tamanho que a nossa Petrobrás, mesmo tendo mais reservas petrolíferas e mais mercados cativos. Ela produz cada vez menos e tem custos cada vez mais altos, aparelhada que está por bolivarianos de raia miúda, com suas verbas de investimento comprometidas com o projeto de perpetuação do "socialismo do século XXI", usadas para nacionalizar empresas e adquirir armamentos, para que o chefe acuse seu maior cliente, os EUA, de buscarem uma invasão do país.

E a cada diatribe do ditador, mais empresas são nacionalizadas e entregues aos borra-botas bolivarianos, o que faz com que ninguém em sã consciência invista no país com medo de perder tudo por conta de alguma loucura nacionalizante do presidente. E a má administração diminui a produtividade e aumenta os custos e preços.

O resultado é que hoje a Venezuela sofre com a falta de produtos que ninguém quer produzir no país com medo de ter empresas confiscadas. E nenhum estrangeiro investe lá pelos mesmos motivos, sendo que o Estado não tem capacidade alguma de substituir o investimento privado, mesmo se dizendo socialista e desenvolvimentista.

E a inflação que já bateu 25% no ano passado, é projetada para 40% este ano e dependendo das loucuras do ditador, pode disparar. Chaves colocará a Venezuela numa espiral inflacionária e, se isso lhe corroer ainda mais a popularidade e lhe ameaçar o trono, poderá colocá-la também numa guerra externa para desviar o foco de seu desastroso reinado.

Ele esta enterrando seu país, e tem gente que ainda o aplaude, mesmo aqui no Brasil.

23 de nov. de 2009

OBSOLESCÊNCIA PLANEJADA

Quantas vezes, você, leitor, já trocou de telefone celular?

E quantas vezes foi obrigado a trocar de computador, porque o seu, velhinho que funcionava bem, de uma hora para outra não suportava mais os novos sites da internet ou os softwares de utilização do dia a dia (MSN, Outlook, Explorer, Firefox, etc...)?

Num passado mais o menos distante, um diretor de companhia automobilística descobriu que mudando alguns detalhes nos modelos que produzia, as pessoas tendiam a descartar o veículo antigo e trocar por um novo. Foi o "ovo de colombo" da industria, que então passou a a promover modenizações e agregar novas funcionalidades à "conta-gotas" nos produtos, obrigando as pessoas a compulsivamente trocarem seus bens por outros pouco mais modernos, mantendo uma onda consumista constante.

Quando lançaram o I-Phone houve filas de madrugada em frente das lojas que prometiam vendê-lo. E o mesmo fato ocorreu quando apareceu o Windows 7 ou ainda os mais antigos, como o (péssimo) Windows Vista ou mesmo o Windows XP.

Numa certa época trabalhei com uma pessoa que me forçou a comprar o Windows 98. E quando eu pensava que estava tudo bem, os computadores padronizados com o novo sistema, a mesma pessoa veio me dizendo que seria imprescindível comprar também o novo Office, porque o antigo não suportava as novas funcionalidades do novo sistema operacional, apesar de funcionar sem problemas com ele.

Hoje em dia, todo mundo quer celular com tela grande, que receba e-mails e capte sinal de TV. E pagam fortunas por um aparelho sub-utilizado que muitas vezes é tão complicado de operar que não vale o esforço financeiro de mantê-lo, já que ele depende de um pacote mais caro de transferência de dados.

Agora, pergunto: Porque eu tenho que acessar meus e-mail em tempo real se 95% das mensagens que recebo são inúteis?

Tudo isso é decorrência da chamada obsolescência planejada, pela qual a indústria induz o consumo constante e obsessivo, com vias apenas tão somente a aumentar suas taxas trimestrais de lucro (vejam bem, aumentar, não manter).

Mais do que isso, a indústria age assim de modo programado: a cada 2 anos a Microsoft lança um novo sistema operacional, a cada 6 meses a Intel lança um chip mais poderoso. A cada ano, as indústrias de celulares lançam aparelhos com uma coisinha a mais aqui ou ali. E nem por isso, esses aparelhos funcionam melhor. Os computadores atuais são tão lerdos quanto os que eu usava há 5 anos atrás, mesmo saindo de 256k para 4 giga de memória. E os celulares continuam na mesma, falham quando a gente mais precisa, ficam fora de área, suas baterias nada duram, etc...

Reclamamos de um mundo em crise ambiental mas ela também é causada pelo consumismo obsessivo, que nos faz descartar aparelhos com meses de uso ou tornar obsoletas máquinas lançadas recentemente. Mantida essa ciranda tecnológica não haverá recurso natural que chegue ao planeta e estaremos sempre jogando mais lixo no meio-ambiente do que conseguiremos reciclar.

Exagerou-se na dose. Uma coisa é mudar de celular a cada 2 anos e de computador a cada 3, mas hoje em dia,tem gente trocando de aparelhos por imposição mercadológica (somada a exibicionismo e/ou obrigação social) de uma indústria que está longe, muito longe de preocupar-se com o bem estar do planeta.

16 de nov. de 2009

COPENHAGEN ESTÁ FADADA AO FRACASSO

A atitude do governo brasileiro foi elogiável.

Ao deixar de lado o discurso batido do "país em desenvolvimento" e fixar metas claras de redução da emissão de carbono, instou os países ricos a aumentarem sua oferta e ao mesmo tempo tentou enquadrar China, Índia e Rússia, grandes emissores.

O problema é que os EUA estão sob efeito de crise severa e não querem fixar metas mais ousadas agora, preocupados com eventuais consequências em seu parque industrial. Se eles já eram relutantes antes da crise, imagine agora, com os tubarões de Wall Street pedindo penico para o governo salvar as empresas que sua ganância empurrou para o desastre?

Já a China, segundo maior poluidor do planeta, não aceita porque seu desenvolvimento é calcado em pura e simples irresponsabilidade ambiental. O país não conseguiria a disparada de PIB das últimas décadas sem isso. A China só chegou onde chegou devastando o meio-ambiente e vendendo produtos bons para os EUA e produtos ruins e poluentes para o resto do mundo.

Os EUA precisam de um pouco mais de tempo e a China de muito mais tempo para fixar metas efetivas de redução de emissões. O problema é que, sem eles, Copenhagen servirá apenas para tirar fotos do grupo de chefes de Estado e nada mais.

É bem dito que há um outro lado na questão, não abordada pelo governo brasileiro ao fixar as nossas metas ousadas.

Para o Brasil, que ainda tem muitos recursos naturais a preservar, essa redução de metas atrai investimentos do mundo todo, na exata medida em que existe um mercado de carbono, onde a preservação de florestas daqui, pode viabilizar investimentos nos países desenvolvidos. Para o Brasil, a preservação do meio-ambiente pode ser altamente lucrativa, como já não é possivel aos EUA e à Europa.

Ademais, para o Brasil, crescimento de 3,5% por ano do PIB é considerado normal e festejável dado o fato de que sua própria classe política não têm muito interesse no progresso do país, porque isso lhe rouba currais eleitorais. Mas na China, um percentual como este é uma hecatombe que põe em risco o regime ditatorial que optou pelo crescimento acelerado para evitar que seu mais de bilhão de habitantes ensaie uma insurreição que seria incontrolável.

Com todas essas diferenças de visão e na ausência completa de consenso sobre os riscos pelos quais passa o planeta, e sem o aval de EUA e China a planos mais ousados, parece que Copenhagen está fadada ao fracasso.

8 de nov. de 2009

20 ANOS SEM MURO


Em 9 de novembro de 1989 caiu muito mais que um muro que separava duas cidades. Na verdade, a data marca o fim de uma era da humanidade, que o historiador comunista Eric Hobsbawm bem definiu como o "breve" século XX, iniciado em 1915 com a Revolução Russa e encerrado em 1991, com a derrocada da União Soviética.

Penso que a queda do muro é que simboliza o fim daquela era, é a imagem que vai ficar marcada por gerações de seres humanos que cresceram e viveram a Guerra Fria, e que conheceram um mundo bipolar, atormentado pela ameaça diária de holocausto nuclear. Nós na faixa dos 40 anos de idade para cima, podemos dizer que vivenciamos uma mudança radical da história, fato comparável às quedas do Império Romano do Ocidente e do Oriente.

A queda do muro teve muitos artífices. O maior deles, o conjunto dos governos comunistas da "Cortina de Ferro", todos incompetentes, corruptos e incapazes de evitar que seus países virassem estados totalitários e policialescos, feudos de uma elite burocrática que nada legou a seus povos senão propaganda destituída de sentido, falta de liberdades e insuficiência econômica. A URSS e a "Cortina de Ferro" caíram primeiramente por seus próprios erros, ao dirigir suas economias de modo equivocado e eliminar a possibilidade de lucro, de ascensão social e desenvolvimento tecnológico não ligado aos complexos militares.

Outros artífices, o papa João Paulo II, cuja fé inabalável na democracia levantou o povo polonês contra a opressão servindo de exemplo para outros países. O secretário geral do Partido Comunista Mickail Gorbachev que teve a coragem de sinalizar para seu povo que o sistema em que viviam havia ruído, contrariando a cúpula composta pela velha guarda política. A primeira-ministra inglesa Margareth Thatcher, que livrou a economia de seu país das amarras estatais e de um socialismo enrustido que acabou por influenciar as políticas econômicas norte-americanas, que levaram ao governo Ronald Reagan, que por sua vez recuperou os EUA da recessão vivida na década de 70 e inviabilizou a possibilidade da URSS competir na corrida armamentista. E o chanceler alemão Helmuth Kohl, que no momento certo soube oferecer diálogo ao ditador da Alemanha Oriental.

A queda do muro acelerou o processo de globalização. Empresas transnacionais passaram a investir nos países da antiga "cortina" e que enriqueceram rapidamente, melhorando sobremaneira a qualidade de vida de sua gente. Hoje, a Rússia está voltando à condição de superpotência, desta vez pela força de sua economia e não pelo clamor das armas. Mais do que isso, o fim da guerra fria facilitou as relações econômicas com a China, que também é superpotência por que abriu mão do comunismo para agregar investimentos estrangeiros (embora não tenha aberto mão do totalitarismo)virando uma força industrial. E mesmo países menos expressivos, como a Polônia e a República Tcheca podem alardear que a abertura de 1989 foi a responsável por hoje apresentarem números sócio-econômicos pujantes, que as colocaram no chamado primeiro mundo.

Vivíamos num mundo bipolarizado entre a URSS e os EUA. Hoje, vivemos num mundo multipolar, onde há pelo menos 3 super-potências militares globalmente influentes (EUA, China, Rússia)e várias outras potências econômicas a definir os rumos do mundo (Japão, Coréia do Sul, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Índia, Austrália e mais recentemente, o Brasil).

Ela nos deixou como legado um mundo um pouco mais seguro e bem menos dependente dos humores nos escritórios políticos de Washington e Moscou. Outra das suas heranças são a retirada de milhões de pessoas da miséria pelo globo afora, o aumento exponencial de democracias e do livre arbítrio em contraposição ao totalitarismo dirigista que ainda vige nas ditaduras de Cuba, Coréia do Norte e Venezuela.

Foi o canto do cisne do comunismo e também do capitalismo. A partir daquela época, o mundo entrou em um processo de junção dos dois sistemas, aproveitando o que cada um tem de melhor, como comprova a crise econômica de nossos dias, que demonstra que a ausência de Estado é tão deletéria para a humanidade quanto o Estado onipresente e empreendedor.

Vivemos em um mundo melhor. Talvez não seja fácil perceber isto, haverá sempre quem diga que o mundo deve retroceder ao capitalismo sem amarras ou ao comunismo totalitário.

Mas presenciamos de fato, um dos momentos mais belos da humanidade. Como descendente de alemães também chorei de alegria naquele 9 de novembro de 1989, e de certa maneira vislumbrei um pouco da verdadeira revolução pacífica que experimentamos nestas duas décadas.

18 de set. de 2009

FRASE

Esta frase está no blog da Ro Costa. Lapidar e atual, não resisti em divulgá-la aqui:

"Todo mundo pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

10 de ago. de 2009

AS BASES AMERICANAS NA COLÔMBIA NÃO AFETAM O BRASIL


A Colômbia é um país soberano.

Noves fora a bobagem de discutir um terceiro mandato para Álvaro Uribe, o que faria dele outro candidato a ditador, como por exemplo Rafael Corrêa é no Equador, se o Congresso daquele país aceitar a instalação de bases americanas em seu território, estará exercendo sua soberania como melhor que aprouver.

Essa questão sobre as "bases" que tanto melindra o ditador venezuelano, Hugo Chaves, é um aspecto da soberania daquele país.

Antes dos acordos de cooperação com os EUA, a Colômbia detinha o triste título de país de maior violência urbana das Américas e um dos mais violentos do mundo. As FARC agiam quase livremente, controlavam fatia enorme do território e o faziam em conjunto com o narcotráfico, do qual viraram braço militar. Pior do que isso, a economia do país estava paralisada e empobrecia a população com desastrosos resultados sociais.

O plano Colômbia dotou o país de equipamentos modernos e treinamento eficiente nas áreas de combate e inteligência. E na medida em que o narcotráfico perdeu poder e as FARC foram contidas, melhorou muito a qualidade de vida das pessoas com bons resultados de crescimento econômico e social e especialmente a diminuição da violência.

E em verdade, a Colômbia não está cedendo bases para os EUA, mas apenas concentrações de adidos militares e civis, núcleos de planejamento militar para a continuidade do combate ao narcotráfico com organização logística, locais de desembarques de equipamentos. Serão no máximo 1500 americanos, dos quais, apenas 800 militares, quantidade insuficiente para ocupar uma cidade do tamanho de São José dos Pinhais no Paraná.

Ou seja, absolutamente nada que leve perigo algum aos países vizinhos, especialmente à Venezuela do paranóico Hugo Chaves, que além de manter acordos até mais abrangentes de segurança com a Russia, se arma até os dentes para combater o único inimigo real à sua pessoa, que é a democracia verdadeira.

E o Brasil já percebeu isto. Tanto é que o presidente Lula voltou para Brasília antes dos encontros bilaterais da UNASUL, de modo a impedir que alguém colocasse o país numa suposta condenação à Colômbia.

Sempre digo que no dia que os americanos quiserem atacar qualquer país da América Latina, basta enviar um ou 3 (no caso do Brasil) de seus super-porta-aviões que não haverá tempo de colocar uma aeronave no ar para uma tentativa de defesa. Mas isso eles não farão, porque os governantes ruins da região fazem mais estragos sozinhos e o efeito anti-americano seria absolutamente o mesmo!

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...