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3 de out. de 2016

JOVENS NA POLÍTICA TEM QUE SER AS IDÉIAS, NÃO OS CANDIDATOS



Eu poderia citar uma lista enorme de candidatos "jovens" que representam idéias atrasadas e conceitos que a história já venceu. Gente que representa muito mais as suas famílias, o jeito de fazer política dos seus pais ou ainda a forma de fazer política mais a partir de conceitos vencidos que de um sopro de juventude e arejamento de idéias. A idade física de um candidato não necessariamente significa que ele defende conceitos modernos.

O Brasil precisa repensar o modelo de Estado paternalista, segundo o qual ele tem que estar presente em tudo, tem que fiscalizar tudo, tem que ter controle sobre tudo e tem que ser ativo em tudo, se agigantando cada vez mais e transferindo para a sociedade o ônus de ser cada vez mais caro e difícil de operar. Vivemos uma crise econômica causada pelo vício que o brasileiro (inclui o empresariado e toda a sociedade civil) tem em querer o Estado como sócio ou parceiro para tudo.

No Brasil não se faz investimento sem ponte de empréstimo de banco público, não se constrói uma estrada sem que o governo tenha de alocar recursos, não se cria um programa de inclusão social que não envolva ONG que receba dinheiro público de alguma forma, não se faz uma obra de cinema sem recursos de estatais ou da Lei Rouanet. A consequência disto é o excesso de gasto público, o excesso de agentes públicos, um número absurdo de ministérios, secretarias, institutos, fundações e órgãos de todo o tipo, e, claro, a corrupção que decorre do excesso de regras e de pessoas que precisam ser consultadas para que se faça qualquer coisa.

Não há nada mais antigo e atrasado na política que essa onipresença do Estado como agente econômico. O Estado que deveria fomentar e fiscalizar, virou um agente. O capitalismo de Estado, que não deu certo em nenhum país democrático é algo tão ultrapassado e anacrônico, e, pior, é algo tão autoritário, que me custa acreditar em jovens saídos de universidades se candidatando com o discurso do socialismo que odeia a livre empresa e a decisão da sociedade, dos rumos que pretende tomar.

Por outro lado, também não nos enganemos com o discurso do Estado ausente que abdica de suas funções primordiais como educação, saúde, previdência e segurança pública, que é tão atrasado quanto o do Estado paquidérmico.

Moderno hoje, é ter economia aberta e pronta para negociar com o mundo. Moderno é ter contas públicas equilibradas sem grandes déficits ou superávits. Jovem é entender que o mundo em que vivemos é de inovação constante que precisa ser fomentada por liberdade e agilidade em empreender, quebrando regras antigas e adequando a sociedade aos desafios do futuro por meio de política educacionais e sociais responsáveis e inclusivas. Não há nada mais velho que defender que nada pode mudar para preservar direitos que pouco ou nada valem se não há crescimento econômico consistente.

Pouco adianta o discurso do "jovem" na política, quando um Requião Filho faz o mesmo tipo de campanha raivosa que caracterizou a carreira política do seu pai. De nada serve uma "jovem" Luciana Genro que defende as ditaduras de Cuba, da Venezuela e da Coréia do Norte, que fotograva na Praça da Revolução em Cuba exaltando Che Guevara e ao mesmo tempo fala em democracia aqui, no Brasil. Pouco se aproveita de um Flávio Bolsonaro que representa as idéias erráticas, oportunistas e ultraconservadoras do seu pai, na onda contrária que segue à uma avalanche de 13 anos de ideologia capenga de esquerda.

Em política, jovens tem que ser as idéias, não os candidatos.

16 de mar. de 2011

OS MÉDICOS VÃO PARALISAR ATENDIMENTOS DE PLANOS DE SAÚDE

Tempos atrás eu li na capa de uma revista quinzenal de finanças uma chamada de matéria sobre um poderoso executivo, dado como um verdadeiro mago no mercado de planos de saúde, cantado em prosa e verso pelos ambiciosos operadores do mercado financeiro por maximizar os lucros e aumentar o volume de suas operações.

E passados uns tempos, deparei com esta notícia, segundo a qual, em 7 de abril, médicos do país inteiro, em protesto contra o baixíssimo valor pago por consultas e procedimentos, vão parar de atender planos de saúde.

Esses planos de saúde brasileiros são uma verdadeira máfia que se presta a especulação econômica e explora a boa vontade de ciosos e competentes profissionais de saúde, além da crendice do povo que acha que prestam serviços satisfatórios de saúde, coisa que na maioria das vezes não é realidade, por mais que atendam melhor que o SUS.

Um conhecido meu, cardiologista, reclamou certa vez que um desses planos de saúde boicotava sua clínica corretamente credenciada para favorecer outra, que havia comprado recentemente. E o fazia sem dó nem piedade, aceitava as marcações de consultas e exames para o estabelecimento do meu conhecido, mas atrasava sistematicamente os pagamentos de uma tal forma a forçá-lo a assumir custos e endividar-se acorrendo a empréstimos bancários para fechar os furos transitórios, diminuindo sua já baixa lucratividade forçando uma quebra, que ou fecharia a clínica, ou o forçaria a vendê-la para o mesmo generoso plano de saúde.

Meu conhecido simplesmente pediu descredenciamento, parou de atender aquele plano e concentrou-se nos serviços do sistema UNIMED, que são cooperativas formadas pelos próprios médicos e, portanto, não são planos de saúde em formato empresarial, no sentido de terem obrigação com lucratividade. Nas UNIMED(s), a lucratividade de alguma forma é repassada aos médicos que às formam, de modo que os valores de consultas, exames e procedimentos são fixados de regra mediante a situação econômica de momento e, não sendo os ideais, ao menos não são aviltantes como os pagos pelos planos de saúde, cujas mensalidades para a clientela não deixam nunca de aumentar para garantir a lucratividade dos sócios, sem que isso represente serviços satisfatórios.

Perdi um conhecido (era meu amigo, mas distante) porque seu plano de saúde, na ânsia de contenção de custos, não autorizou um exame mais minucioso na cabeça e atrasou o diagnóstico de um tumor cerebral.

E agora me chega a notícia que os procedimentos e exames são pagos pela maioria dos planos de saúde a partir de tabelas feitas ainda na década de 90, antes do Plano Real, corrigidas com índices que não cobrem nem a inflação do período, que dizer o aumento normal de custos e de adoção de novos procedimentos e tecnologias.

É vergonhoso que um médico receba 25 reais por consulta enquanto os recursos pagos pelos usuários são usados para a aquisição de hospitais e clínicas próprias dos planos de saúde, usados como meios de atrair aportes de capital por meio de venda de ações, que por sua vez implicam em obrigação de contar custos para aumentar lucros e distribuição de dividendos.

É um círculo vicioso no qual se arrancam recursos na marra de médicos e segurados, pra garantir apenas os interesses do quadro social da empresa.

Bem sabe o leitor que não sou contra o lucro de ninguém, muito menos contra a prática capitalista. Mas no Brasil parece que tudo se resume a uma forma safada, que nada respeita e que não guarda nenhuma preocupação com a excelência de serviços ou ainda a satisfação de colaboradores. Um indivíduo ganha uma capa elogiosa de revista de finanças porque gerou lucro, mas seus métodos ficam em segundo plano, não importa mais se ele pisa nas pessoas, destrói outros negócios antes lucrativos e aumenta a pressão social. Pouco importa se suas práticas administrativas agressivas pioram o serviço recebido pela clientela. Só o lucro que aumenta todos os anos é que importa, só o lucro é que é elogiável e se ele cair por um trimestre que seja, o cargo do super-executivo está a perigo, o mesmo da execração pública pelos operadores do mercado financeiro.


É o que eu chamaria de capitalismo selvagem pra valer.

8 de nov. de 2009

20 ANOS SEM MURO


Em 9 de novembro de 1989 caiu muito mais que um muro que separava duas cidades. Na verdade, a data marca o fim de uma era da humanidade, que o historiador comunista Eric Hobsbawm bem definiu como o "breve" século XX, iniciado em 1915 com a Revolução Russa e encerrado em 1991, com a derrocada da União Soviética.

Penso que a queda do muro é que simboliza o fim daquela era, é a imagem que vai ficar marcada por gerações de seres humanos que cresceram e viveram a Guerra Fria, e que conheceram um mundo bipolar, atormentado pela ameaça diária de holocausto nuclear. Nós na faixa dos 40 anos de idade para cima, podemos dizer que vivenciamos uma mudança radical da história, fato comparável às quedas do Império Romano do Ocidente e do Oriente.

A queda do muro teve muitos artífices. O maior deles, o conjunto dos governos comunistas da "Cortina de Ferro", todos incompetentes, corruptos e incapazes de evitar que seus países virassem estados totalitários e policialescos, feudos de uma elite burocrática que nada legou a seus povos senão propaganda destituída de sentido, falta de liberdades e insuficiência econômica. A URSS e a "Cortina de Ferro" caíram primeiramente por seus próprios erros, ao dirigir suas economias de modo equivocado e eliminar a possibilidade de lucro, de ascensão social e desenvolvimento tecnológico não ligado aos complexos militares.

Outros artífices, o papa João Paulo II, cuja fé inabalável na democracia levantou o povo polonês contra a opressão servindo de exemplo para outros países. O secretário geral do Partido Comunista Mickail Gorbachev que teve a coragem de sinalizar para seu povo que o sistema em que viviam havia ruído, contrariando a cúpula composta pela velha guarda política. A primeira-ministra inglesa Margareth Thatcher, que livrou a economia de seu país das amarras estatais e de um socialismo enrustido que acabou por influenciar as políticas econômicas norte-americanas, que levaram ao governo Ronald Reagan, que por sua vez recuperou os EUA da recessão vivida na década de 70 e inviabilizou a possibilidade da URSS competir na corrida armamentista. E o chanceler alemão Helmuth Kohl, que no momento certo soube oferecer diálogo ao ditador da Alemanha Oriental.

A queda do muro acelerou o processo de globalização. Empresas transnacionais passaram a investir nos países da antiga "cortina" e que enriqueceram rapidamente, melhorando sobremaneira a qualidade de vida de sua gente. Hoje, a Rússia está voltando à condição de superpotência, desta vez pela força de sua economia e não pelo clamor das armas. Mais do que isso, o fim da guerra fria facilitou as relações econômicas com a China, que também é superpotência por que abriu mão do comunismo para agregar investimentos estrangeiros (embora não tenha aberto mão do totalitarismo)virando uma força industrial. E mesmo países menos expressivos, como a Polônia e a República Tcheca podem alardear que a abertura de 1989 foi a responsável por hoje apresentarem números sócio-econômicos pujantes, que as colocaram no chamado primeiro mundo.

Vivíamos num mundo bipolarizado entre a URSS e os EUA. Hoje, vivemos num mundo multipolar, onde há pelo menos 3 super-potências militares globalmente influentes (EUA, China, Rússia)e várias outras potências econômicas a definir os rumos do mundo (Japão, Coréia do Sul, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Índia, Austrália e mais recentemente, o Brasil).

Ela nos deixou como legado um mundo um pouco mais seguro e bem menos dependente dos humores nos escritórios políticos de Washington e Moscou. Outra das suas heranças são a retirada de milhões de pessoas da miséria pelo globo afora, o aumento exponencial de democracias e do livre arbítrio em contraposição ao totalitarismo dirigista que ainda vige nas ditaduras de Cuba, Coréia do Norte e Venezuela.

Foi o canto do cisne do comunismo e também do capitalismo. A partir daquela época, o mundo entrou em um processo de junção dos dois sistemas, aproveitando o que cada um tem de melhor, como comprova a crise econômica de nossos dias, que demonstra que a ausência de Estado é tão deletéria para a humanidade quanto o Estado onipresente e empreendedor.

Vivemos em um mundo melhor. Talvez não seja fácil perceber isto, haverá sempre quem diga que o mundo deve retroceder ao capitalismo sem amarras ou ao comunismo totalitário.

Mas presenciamos de fato, um dos momentos mais belos da humanidade. Como descendente de alemães também chorei de alegria naquele 9 de novembro de 1989, e de certa maneira vislumbrei um pouco da verdadeira revolução pacífica que experimentamos nestas duas décadas.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...