28 de abr. de 2009

A doença da ministra.

Não acredito que a divulgação feita sobre a doença da ministra Dilma Roussef tenha finalidades políticas.

Doença, em política, remete a fraqueza, e fraqueza, em política, implica desconfiança e perda de votos, por mais que o candidato seja bem assessorado por gênios do marketing.

Uma pessoa doente perde mais votos do que ganha, independentemente de ter o apoio de um presidente popular, líder de massas.

Se ela anunciou seu estado de saúde acompanhada de pessoas ligadas à comunicação social do governo, foi muito mais em razão de ser ministra de Estado, do que por motivações políticas.

Prefiro não procurar cabelo em casca de ovo, e desejar a melhor recuperação para a ministra, porque câncer é uma tristeza em qualquer família.

Me-me

Não que eu seja assim tão jovem, sou quarentão, mas o Lino Resende me presenteou com o selinho e com a frase lapidar: "Juventude não é uma questão de idade, mas de espírito", e eu agradeço e repasso o Manifesto Jovens que Pensam para os seguintes blogs, que estão livres para dar continuidade ao me-me, se quiserem:

Cissa
Entrando numa fria
Fotografando a vida
Ro Costa - Metamorfosear
Sakuxeio - Neto
Encanto de Renascer
30 e alguns
Lulu on the sky
Pensamentos, devaneios e fotos
Postura ativa

23 de abr. de 2009

BATE BOCA NO SUPREMO

O STF é um tribunal político em essência. Ele não julga apenas baseado na letra fria da Lei ou da Constituição, ele tem um olho na sociedade, porque a interpretação de uma norma pode modificar-se, uma vez modificados os costumes adotados na vida real, que nem sempre guarda paridade com as conceitos ideais do legislador ou do constituinte.

Por isso, naquela bancada, cabem debates em alto nível, onde a política é apenas um elemento a mais, tratada sob o prisma científico muito mais que o prático, que dizer quando a prática política do Brasil é rasteira como sabemos que é.

O ministro Joaquim Barbosa teria certa razão se levantasse aquelas questões em particular, com os demais integrantes do STF e mesmo num bate-boca com o Gilmar Mendes, na hora do cafezinho.

Da opinião que ele tem sobre seu colega, em parte eu compartilho, mas expressando-a na bancada do STF, ele perdeu o argumento, porque ali, os ministros são apenas engrenagens do Estado, uma representação da coisa pública.

Gilmar Mendes é presidente do STF, podemos não concordar com suas decisões, podemos até ficar contrariados com elas. Mas elas são proferidas dentro de um contexto de legalidade e prerrogativas que a ele são deferidas em razão do cargo que ocupa. A forma de contestar seus atos é o recurso judicial, onde seus pares tratarão de decidir se errou ou acertou ao proferi-las.

Por mais que tenha tido boas intenções (e teve!) e cidadania. Por mais que seja o ministro Barbosa um ótimo magistrado que honra a toga que lhe foi deferida. Mesmo que a sociedade queria ouvir o que ele disse, mesmo assim não se pode, em público, ofender a própria instituição, e foi isso que aconteceu ontem.

Instituições existem porque são maiores que os homens que às compõem. Eu preferia que o fato não tivesse ocorrido e que a imagem do STF continuasse intacta.

E se alguém me perguntar como fica a imagem do STF a cada vez que o ministro Mendes defere uma liminar em favor de Daniel Dantas ou de quem quer que seja, eu continuo dizendo - essa insatisfação tem recurso específico para ser levada a termo.

22 de abr. de 2009

CATASTROFISMO


Os jornais de hoje alardeiam que o FMI prevê uma retração econômica 1,3% para o Brasil em 2008, com provável recuperação em 2010, com um crescimento em torno de 2,2%.

Sinceramente, acho isso apenas um exercício de achismo.

Que eu lembre, sempre que o FMI fez previsões sobre a economia brasileira, errou feio. Aliás, quando interveio em nossa economia, determinou medidas de contenção de gastos públicos e efetivação de superávits dizendo que a economia teria recuperação.

E a economia brasileira, enquanto esteve sob o jugo do FMI, apenas patinava, e os números previstos pela instituição só serviam para justificar mais arroxo fiscal, mais aumentos de impostos e, em última instância, mais recessão.

O Estado brasileiro, ainda precisa de ajuste fiscal, mas o que se constatou é que o conserto disso é sempre mais rápido quanto melhores os resultados de crescimento econômico. Apostar em recessão e arroxo para melhorar contas públicas é uma imbecilidade cruel com as pessoas que não vivem em função de números divulgados por instituições financeiras.

Esse achismo do FMI me dá essa nítida impressão - estão apostando em arroxo e recessão para dizer que o Brasil deve se conformar com retração econômica, mas sem prejudicar o superávit primário e de preferência, manter os juros nas alturas!

Daí levantam dados sabe Deus de onde e comparam a economia brasileira com a americana, onde os bancões quase quebraram numa hecatombe financeira, para dizer que na China está tudo bem, mas no Brasil o bicho vai pegar.

Que o Brasil não vai crescer este ano, até não duvido, mas daí a dizer que vai retrair, mesmo com o governo abrindo mão de receita tributária e drenando recursos para programas sociais que por sua vez alavancam a economia, duvido!

Não sou esquerdofrênico a gritar contra o imperialismo yankee por meio do FMI. Isso é cretinice. Mas dá-se muita publicidade para previsões catastrofistas como estas, que sempre prevém um quadro mais devastador que a previsão anterior, feita poucos dias ou meses antes.

Aliás, esse é o tipo de jogo que especulador adora! Especulador adora números díspares, previsões catastrofistas ou ufanistas demais, de preferência em sequencia. Os garotos que operam pregões nas bolsas de valores dão pulos de alegria ao saber que o pregão de hoje terá uma queda histórica e o de amanhã, uma alta compensando tudo, baesada em alguma contra-informação alardeada pelos jornais.

O FMI devia se preocupar mais em prover programas de ajuda efetiva para países em dificuldades, e menos em fazer previsões e achismos como estes. E a imprensa (e não só a brasileira) deveria deixar mais claro que previsão não é realidade.

20 de abr. de 2009

MOTOS SEM COSTURA?

Foto: O Estado de S.Paulo.

Tramita no Congresso Nacional um projeto de Lei que proíbe às motocicletas trafegar entre os automóveis, devendo observar seu lugar na fila normal da pista.

Já na gênese do atual Código Nacional de Trânsito isso foi tentado, mas o então presidente Fernando Henrique Cardoso vetou, o que, aliás, achei acertado.

Não faz sentido o indivíduo comprar uma moto e ter que sujeitar-se ao mesmo engarrafamento urbano que afeta os automóveis. Não se pode pensar apenas em economia de combustível por quem compra um veículo assim que, se não gasta, ao mesmo tempo não é um primor de conforto.

Aliás, o uso da moto como instrumento de trabalho pressupõe sua maior agilidade. Mexer nisto, prejudica quem trabalha como motoboy que, se por um lado é uma praga urbana, por outro, virou algo indispensável no mundo em que vivemos, onde o tráfego de documentos e produtos nem sempre pode esperar o trânsito paralisado. O moto-transporte é uma realidade econômica vital em grandes cidades, não há como suprimi-lo sem prejuízos.

O que eu acho que se deve fazer é adotar o meio termo.

Nas rodovias, as motos seriam obrigadas a respeitar a pista e não poderiam trafegar entre veículos. Em vias urbanas, estariam livres para trafegar entre os veículos, porém, com regulamentação da profissão de motoboy. Eventualmente, poderia se liberar a "costura", dentro de certas regras pré-estabelecidas, em vias urbanas arteriais ou de trânsito rápido, proibindo nas demais. Mas travar as motos nos engarrafamentos, me parece anti-econômico na situação atual.

Aprovou-se aqui em Curitiba uma lei que obriga os motoboys a se cadastrarem na municipalidade e usarem uma roupa padrão e uma pintura específica na moto, com uma numeração adicional às placas, para facilitar sua identificação em casos de abusos ou acidentes.

Claro que está dando galho. Afinal, isso implica em custos (a roupa, a pintura, as taxas municipais), mas é uma solução melhor do que o pode tudo que vemos hoje em dia, sem contar que traz para a legalidade esses profissionais e eventualmente, até força-os a afiliarem-se à previdência social. Claro que a idéia passa pela vontade do município em cobrar alvará, mas faz-se necessário ante o grando número de acidentes que envolve estes veículos, e ainda dos prejuízos que eles causam aos demais cidadãos, muitas vezes pura e simplesmente ignorando o prejudicado e seguindo em frente.

Processo parecido aconteceu quando regulamentou-se a profissão de taxista. E é algo que também tem causado problema entre os donos de vans e peruas. Enfim, é parte de um processo. No início os envolvidos não aceitam e protestam, mas com o tempo, se adaptam e isso acaba sendo melhor para toda a sociedade.

18 de abr. de 2009

IMAGENS DE CURITIBA - 17

No último dia 29 de março, aniversário da cidade, ocorreu a re-inauguração do antigo prédio da prefeitura municipal, agora denominado Paço da Liberdade.

Um verdadeiro presente que ajuda na revitalização de uma área central importante, que tem recebido investimentos esporádicos ao longo das últimas décadas.

É um lindíssimo prédio em estilo art nouveau, cuja inauguração ocorreu em 1916 na gestão do prefeito Cândido de Abreu. Foi a sede do Executivo municipal até 1969, quando a prefeitura mudou-se para o horroroso palácio onde está até hoje.

Após 1969, passou por períodos de abandono ou fechamento, tendo abrigado por alguns anos o Museu Paranaense.

É situado na Praça Generoso Marques, que é paralela à Rua XV, ambas cortadas pela Rua Barão do Rio Branco.

Sua fachada traseira é voltada para a que antigamente era a Praça do Pelourinho, onde hoje estão instaladas bancas de jornais e floriculturas, em complemento à equipagem da Praça Tiradentes, tudo muito próximo à Catedral Basílica e ao Largo da Ordem, de modo que o leitor que vier a Curitiba já sabe que pode visitar tudo à pé, numa tarde.

Com a saída da prefeitura daquele local e posteriormente, a chegada da linha exclusiva do ônibus expresso, que passou por ali até os anos 90, a região toda, que engloba uma parte da Rua XV, entrou em processo de degradação e mesmo a instalação do Museu Paranaense naquele prédio não foi suficiente para evitar vandalismo ou puro e simples abandono do local.

Na década de 90 a linha do expresso foi transferida para a Rua Presidente Faria que é mais larga e de menor importância histórica. Ao mesmo tempo, foi feita uma pequena reforma no local, que ganhou um ajardinamento com a pintura do seu prédio principal. Pouco antes, ainda, inaugurou-se um pequeno shopping-center que restaurou fachadas dos casarões da família Tacla.

Mesmo assim, a reforma não pegou a a área continuou degradada, inclusive com a pixação inclemente da estátua do Barão de Rio Branco e do próprio paço, que ficou fechado por muitos anos.

A administração municipal chegou a aventar o retorno do gabinete do prefeito para ali, o que foi descartado pelos altos custos e pela dificuldade de operação da proposta, pois o alcaide estaria de um lado da cidade, e a burocracia de outro.

Por fim, o SESC e a Fecomércio resolveram assumir o encargo de restaurá-lo, transformando-o em um centro cultural, o que foi reforçado com a reforma do prédio histórico do Clube Curitibano pelo Banco J. Malucelli, que é ali pertinho.

Aquela área está ganhando novos ares e novamente valorizando. O presente dado à cidade aproveita a todos, pois resgata a Curitiba do passado.


Na primeira foto, a visão noturna da fachada e dos chafarizes.















O detalhe do relógio.












Detalhes da arquitetura.
















A fachada traseira, vista da Praça do Pelourinho, onde existem um chafariz e floricultu- ras.














Vista a partir do pavilhão das floricultu- ras.









CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIÁ-LAS.
USO LIVRE DAS IMAGENS NA INTERNET, CITADA A FONTE.
TODAS AS FOTOS SÃO DE MINHA AUTORIA.

16 de abr. de 2009

E SE UMA GIGANTE AUTOMOBILÍSTICA FALIR?

Rumores dão conta de que uma gigante automobilística mundial estaria se preparando para declarar falência, apesar de todos os recursos que recebeu do governo americano.

É a tal coisa, a atual crise econômica para uma empresa assim, é apenas o ápice de um processo em que ela mesmo não se salvou, persistindo em erros administrativos e estratégias equivocadas de negócios.

Nos EUA, as montadoras nacionais se especializaram em carros enormes, gastadores de combustível. A praga das SUV(s) levou cada montadora norte-americana a oferecer vários modelos praticamente com as mesmas características para seu mercado consumidor. E os carros japoneses assumiram a fatia de mercado destinada a veículos menores, mais econômicos embora não menos confortáveis, apesar de com menos sofisticação. Ou seja, as montadoras americanas deixaram de lado a prática de oferecer um "mix" de produtos e perderam mercados, coisa que qualquer estudante de administração sabe que não é uma estratégia aconselhável.

Por outro lado, e isso não se restringe às montadoras americanas, é sabido que os executivos naquele país abusaram em bônus por produtividade alguma, viagens com jatinhos particulares e hospedagens em hotéis ultra-luxuosos por absolutamente nada.

Viagem de trabalho, até pela sua natureza, deveria ser espartana, mas este conceito básico de administração também foi esquecido como muitos outros, pois empresas americanas e pelo mundo afora viraram fornecedoras de mordomias para poucos diretores, algo como se o Congresso Nacional brasileiro exportasse seus "métodos" administrativos para o resto do mundo, se é que o leitor me entende.

Bem, mas, e se a gigante falir, o que acontecerá?

É sabido que se uma das três grandes companhias automobilísticas americanas simplesmente fechar as portas, as duas que sobram enveredam pelo mesmo caminho, tamanha a quantidade de fornecedores comuns e interdependência de mercado. Logo, se uma das gigantes falir, o mais provável é que seja desmembrada em várias pequenas companhias, talvez uma para cada marca de seu portfólio.

E mais do que isso, as subsidiárias internacionais seriam desmembradas também ou até mesmo vendidas. Imaginemos uma subsidiária brasileira de marca tradicionalmente americana, controlada por um grupo chinês ou coreano. Isto não é implausível.

Mas o fato é que a falência de uma companhia assim só afetará seus acionistas (que perderão tudo o que tinham investido nela) e eventualmente, seus administradores, porque as leis americanas são rígidas sobre responsabilidades de comando numa falência.

Mas duvido que a estrutura produtiva simplesmente feche as portas. Seria um risco demasiado para a sociedade norte-americana.

13 de abr. de 2009

O LIXÃO DE CURITIBA


Imagem: http://www.lixo.com.br

Já faz pelo menos uns 15 anos que a dita "capital ecológica" se debate com o problema do esgotamento de seu aterro sanitário, conhecido como Lixão da Caximba, localizado na cidade de Mandirituba, ao sul da região metropolitana.

Problema se agrava dia a dia, porque é sabido que em julho esgota-se a capacidade daquele local em acumular resíduos, sem possibilidade nenhuma de ampliação.

A Coordenação da Região Metropolitana, COMEC, criou um consórcio do lixo, que englobava, no início, todas as cidades associadas. No entanto, esse consórcio tratou da questão de modo burocrático e pouco inteligente e determinou sem muito tato, que o aterro sanitário seria destinado ao município X e ponto final.

O município receberia o aterro sanitário e depois disso, seriam analisadas eventuais compensações. Foi algo tão atrapalhado que em certa ocasião, o prefeito deste município perguntou ao então governador Jaime Lerner o por que daquela cidade não receber fábricas, que aquele governo atraía. Lerner respondeu que aquele município estava destinado a receber melhorias para o turismo rural, o que contradizia a ação da COMEC e o próprio então prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, que chegou um dia a reconhecer a necessidade de pelo menos duplicar a rodovia que liga a capital, tratando de asfaltar todo o caminho do lixo.

Óbvio que deu galho e o município X, até por pressão popular (que foi grande), saiu do consórcio, muito mais por interesses políticos locais do que por praticidade, porque ele não tem capacidade técnica de gerir os próprios resíduos, mantendo um lixão criminoso, destituído de qualquer tipo de tratamento que impeça os danos ao meio ambiente e às populações que, óbvio, vivem à sua volta em loteamentos irregulares, feitos para aproveitar o nicho de mercado de enganar aquelas pessoas paupérrimas que vivem daquela sub-atividade econômica.

E até hoje não foi dada solução para o problema, até porque, como já expliquei aqui para os leitores, Curitiba é uma espécie de Miami no centro de várias cidades com IDH pior que o de muitos grotões brasileiros, o que leva a muitas discussões estéreis em torno da ecologia e do progresso que dela não emanam para as vizinhas.

Claro que nenhum município quer o encargo, porque isso representa um custo político inimaginável mesmo para pequenos oligarcas municipais. Mas o fato é que alguém terá que ceder, sob pena de instalar-se o cáos.

São incongruências causadas pela absoluta falta de previsão legal para tratar da questão. O Congresso Nacional volta e meia anuncia que aprovou um maravilhoso estatuto disso ou daquilo, cheio de normas pensadas no campo do ideal e longe do real, mas não foi capaz de, no Estatuto das Cidades, criar regras que determinassem como administrar o lixo de regiões metropolitanas.

Penso que a determinação de uma área para esta finalidade deve ser técnica. Os órgãos ambientais diriam que tem que ser na área tal do município tal e ninguém poderia discutir isto. Mas, ao mesmo tempo, a lei preveria compensações imediatas e anteriores à instalação do aterro sanitário, tal como o asfaltamento das vias necessárias, a instalação de um hospital regional e de uma burocracia para fiscalização constante do gerenciamento dos resíduos, além de usinas de compostagem com arrecadação totalmente destinada ao município em questão, a título de royalties que seriam complementados por contribuições anuais de todos os municípios abrangidos no sistema.

Mas hoje deixa-se a decisão para prefeitos e vereadores, pessoas sensíveis demais à ilações eleitorais, que acabam por não decidir nada e causar o impasse que já é dramático na "cidade sorriso" e em suas vizinhas desdentadas.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...