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31 de jan. de 2019

BRUMADINHO É O WATERLOO BRASILEIRO



Do lado de lá não havia o Duque de Wellington, do lado de cá não era Napoleão. 

200 anos atrás, os atos de heroísmo ocorreram durante a batalha, aqui, aos milhares depois do desastre.

Lá como cá, o derrotado foi prostrado, mas aqui não houve vencedores.

Brumadinho é uma espécie de Waterloo brasileiro. É aquele momento em que se descobre que aquilo tudo em acreditamos por muito tempo realmente nada vale. 

O Brasil acreditou em quase toda sua história que seus problemas se resolveriam com leis idealizadas e o Estado inchado de funcionários muito bem remunerados que às aplicariam para a glória da nação. 

Na prática, as leis não valem para nada e o Estado só serve à si mesmo. 

Ele não fiscaliza, seus agentes se escondem atrás de regras de competência, regulamentos obscuros, papelada, carimbos e a crença messiânica de que basta cobrar taxas e mandar que a iniciativa privada resolva todo o resto, enquanto o Estado posa de provedor do bem estar social que ele só garante para seus agentes mais bem remunerados. 

O Estado chancela, no Brasil é moleza: todos acreditam que uma licença ambiental emitida é garantia de que problema nenhum vai ocorrer. 

O papel é mais importante que as ações, o cidadão que falsifica o papel é mais vilão que o Estado que o emitiu sem nenhuma ação prática, salvo a de carimbar e assinar um processo com certificação eletrônica, sem se dar ao trabalho nem de ir dar uma olhadinha perfunctória para ver se está tudo ok.

Tal qual Napoleão que exigia carga dos exércitos dos quais não mais dispunha, em Mariana o Brasil quis fazer o que sempre fez para ter efeito diferente: uma enxurrada de novas obrigações burocráticas, de taxas, de declarações, de acúmulo de papéis que na prática dariam a impressão de que o problema estava sendo atacado. 

Napoleão acreditava vencer com o poder que já não detinha, o Brasil pensou que poderia mudar a realidade cometendo os mesmos erros de sempre, aqueles da Boate Kiss, no Morro do Bumba, na Serra Fluminense e no episódio do Césio 137.

A grande verdade é que em Brumadinho, fomos derrotados como nação. Os poderoso exército imaginário de um Napoleão enfraquecido, aqui foi um Estado apodrecido, que coage e inviabiliza pequenos empresários, mas troca favores com as mega corporações em conselhos obscuros que relativizam a lei poética para maximizar o lucro que garante a valorização dos papéis de propriedade de fundos estatais de pensão.

Tal qual a França de Napoleão que conheceu o sabor amargo da derrota definitiva, o Brasil sentiu a boca seca da lama tóxica que nos alerta que, do jeito que fazemos, não podemos vencer.

O nosso Wellington foi a força poderosa do descaso e da irresponsabilidade, a vítima, foi como em Waterloo um país inteiro, que perdeu 400 dos seus filhos, milhares de animais domésticos e silvestres, plantas, árvores e rios inteiros, porque a maldita burocracia não consegue reunir agentes federais, estaduais e municipais para montar um cronograma de fiscalização de barragens de empresas lucrativas que não cumprem aqui, as obrigações rigorosas que cumprem no exterior.

Waterloo ensinou aos franceses o valor de aprender que o mundo muda e quem não aprende com isso conhece a derrota. Será que Brumadinho vai ensinar os brasileiros a não serem mais derrotados por sua incapacidade em mudar e fazer as coisas direito?










1 de jun. de 2017

NO BRASIL SE MORRE MUITAS VEZES



Essa notícia do desaparecimento do corpo do Garrincha é sintomática do como o Brasil  é cruel com a história das pessoas, com as viúvas e os órfãos, com os pais e mães que perdem seus filhos.

Garrincha é um brasileiro que morreu várias vezes, esta foi apenas mais uma. Porque tendo sido um dos maiores atletas da história do mundo, foi rapidamente esquecido. Hoje, se alguém perguntar para um brasileiro de 14 anos quem ele foi, não saberá. Aliás, este garoto terá alguma notícia de quem foi Pelé, mas afirmará em alto e bom som que o maior jogador de futebol de todos os tempos ou é Messi, ou é Cristiano Ronaldo, porque o Brasil promove o futebol dos outros, mas usa o seu próprio futebol para enriquecer uns poucos, negligenciando a história do esporte que nos trouxe 5 títulos mundiais.

Mas é bem pior do que isso. Se fosse apenas no futebol, seria até reconfortante. 

Pergunto pro leitor: quantas vezes morreram aqueles dois jovens assassinados no trânsito por um deputado paranaense embriagado? Quantas vezes morreram os jovens da boate Kiss? Quantas vezes morreram as vítimas do Morro do Bumba? Quantas vezes morreram as vítimas da ciclovia mal construída no Rio de Janeiro? 

Morreram várias vezes. A cada recurso protelatório aceito pela Justiça, a cada habeas corpus libertando réu, a cada júri adiado, a cada declaração arrogante de defensor culpando as vítimas. 

Morre-se de muitas maneiras, seja pela pena do juiz que recebe os recursos que sabe serem protelatórios, seja pela lábia de algum advogado que deixa de ser representante do réu para virar seu cúmplice. Os familiares morrem um pouco a cada dia clamando por uma Justiça que  demora ou nunca é feita. 

Morre-se um pouco mais ao constatar algo como a primeira sentença do caso da boate Kiss, que foi de condenação de um pai de vítima em dano moral  porque dentro de sua morte diária  e desesperadora ousou cobrar providências de um promotor de justiça.

Há 14 anos aconteceu em Curitiba um show em que se venderam muitos mais ingressos que o comportado pelo local. Na confusão que se formou, 3 jovens morreram pisoteados e suas famílias aguardaram esse tempo todo para o júri condenar os responsáveis a uma pena de 14 anos, que lhes garantirá pouco mais de 2 em regime fechado. Um acinte que denota quanto a vida vale pouco no Brasil, a ponto de uma mesma vítima morrer várias vezes no sofrimento de seus entes queridos.

Quantas vezes morre uma mulher estuprada e violentada que constata que vive em um país machista em que é comum o entendimento de que suas roupas é que causaram o delito? E se ela morrer, quantas vezes morrerão seus entes queridos ao deparar com um argumento como este?

Mas é ainda pior, há os casos que sequer são investigados. Conheci uma família cuja neta/sobrinha/filha/irmã, portadora de síndrome de Down veio a falecer ainda jovem, pouco mais de 20 anos. Sepultada, no dia seguinte morreu mais uma vez e ao mesmo tempo morreram um pouco seus entes queridos: seu túmulo foi violado, seu corpo arrastado e abandonado e nem falo os demais detalhes que o leitor pode imaginar. E nada, nenhuma investigação sequer se deu ao trabalho de indicar algum suspeito, o caso simplesmente se encerrou ali, a pobre menina morreu mais uma vez, seus entes queridos continuam morrendo todos os dias de revolta porque o Brasil não aponta culpados, não prende e, quando prende é leniente com o bandido,  quer dar à ele todos os direitos humanos que ele mesmo negou às suas vítimas, se necessário criminalizando a vítima, dizendo que ela contribuiu para o crime, encontrando atenuantes, fazendo com que ele simplesmente passe um pouco de tempo aprisionado para dar a impressão que se faz Justiça.

Mas Justiça não existe quando não é célere. 8 anos e o deputado paranaense ainda não foi á júri. 4 anos e ninguém foi julgado pelos crimes na Boate Kiss. Justiça não existe quando alguém que mata 3 pessoas recebe uma pena de 14 anos e tem direito a progressão dela em pouco mais de 2. Justiça não há quando invertem-se os valores culpando as vítimas insinuando que elas contribuíram para o crime. Não há Justiça em dezenas de recursos sucessivos, nem na inexistência de investigações, muito menos na caneta dos juízes e tribunais que dão admissibilidade para toda e qualquer chicana processual. Não há Justiça quando o réu poderoso se defende com imensas equipes de advogados que encontram as minúcias da Lei para ganhar tempo.

Quando não há Justiça, a morte é certa. Não a da vítima, mas a dos seus familiares que pleiteiam pela Justiça. Não a morte que acaba com a vida, mas a morte que à torna insuportável em meio à revolta. 

No Brasil se morre várias vezes. Várias vezes durante uma vida. As vezes, várias vezes depois da morte. As vezes, várias vezes até no mesmo dia, como num video-game violento em que o mocinho enfrenta sempre um mesmo monstro... o Brasil tem o jeitão desse monstro!

17 de jan. de 2017

HIPOCRISIA PENITENCIÁRIA

na foto: Os ministros Carmen Lúcia e Alexandre de Morais, falando muito sobre o assunto.


Alegando "direitos humanos", o governo brasileiro então liderado por Dilma Roussef chamou o embaixador da Indonésia a prestar explicações e retirou daquele país o representante brasileiro. Suplicou, esperneou, implorou e ameaçou acionar cortes jurídicas internacionais para salvar a vida de um traficante de drogas com execução iminente de pena de morte, que toda pessoa que viaja para aquele país é informada de que se aplica ao tipo criminal. Afrontou abertamente a lei e as autoridades eleitas democraticamente de um importante parceiro comercial brasileiro, que já havia adquirido 16 aviões Embraer Super Tucano e acenava com a possibilidade de adquirir os novos aviões-cargueiros KC-390 e diversos outros materiais militares.

No Brasil as autoridades fingem preocupar-se com direitos humanos. O próprio governo Dilma Roussef diminuiu os recursos do fundo penitenciário, o que não atrai apenas para si a responsabilidade que é de todos os governos que a antecederam e sucederam, ou ainda dos governos estaduais, porque a grande verdade é que, neste país, o sistema penitenciário é apenas mais uma estrutura pública ineficiente e abandonada, só lembrada quando acontecem rebeliões e mortes que atraem os olhares da imprensa.

Na hora de salvar um traficante brasileiro da pena justamente aplicada por violar as leis de um país independente o governo brasileiro "falou grosso", ameaçou e, claro, gastou por conta, se oferecendo até a mandar avião próprio para resgatar o cidadão nacional com data e hora marcada para morrer. Mas para cuidar dos presídios daqui, não, daí a fala é "mansa", a desculpa clássica do "não há dinheiro" e as "soluções" que nossas autoridades sugerem são as mesmas, sempre aplicadas quando um caso grave de violência ganha as manchetes - aumentar impostos, a criação de um ministério e a proposição de uma lei poética, idealizada, cheia de normas de interpretação ampla e objetivos ideais - um "estatuto", que no fim das contas, será apenas mais uma lei não cumprida, seja por exigir efetivos de recursos e pessoal que o país não tem ou não quer gastar, seja pela interpretação que será dada pelo mesmo Judiciário que mantém 40% do sistema prisional com indivíduos retidos temporária ou provisoriamente sem julgamento final, porque este demora uma infinidade de tempo, tamanha a leniência de nosso poder julgador com recursos protelatórios e repetidos sobre fatos já tratados.

Afora a incompetência. O governo brasileiro de modo geral não tem a capacidade de resolver o problema clássico das delegacias que deixam de investigar porque viraram mini-presídios, ou ainda, de instalar e fazer funcionar bloqueadores de celular nas prisões pátrias. Quando instala, acaba desligando porque em volta dos presídios, invasões de imóveis que não foram combatidas a tempo criaram "comunidades" que não aceitam ficar sem o precioso cânone da vida moderna, onipresente nas mãos de todos. 

Mas vai mais longe: descobriu-se que governos e Judiciário não conseguem sequer controlar o tempo de apenamento dos detentos, que não podem ser soltos na data que uma ficha indica ser seu último dia de cárcere, porque é necessário um alvará assinado pelo juiz, que muitas vezes nem sequer dá expediente na Vara de Execuções Penais. E ainda se constatou que nem mesmo dentro dos presídios se sabe em que pavilhão está cada preso, não se sabe ao certo quem de lá dentro trabalha e quem não, não se consegue distinguir preso de alta do de baixa periculosidade.

É um caos completo causado por incompetência visceral, leis mal redigidas, agentes públicos preguiçosos e, óbvio, péssima aplicação dos recursos disponíveis na medida em que já se disse que são necessários 10 bilhões de reais para adequar o sistema, uma mixaria perto do que já se sabe que se roubou da Petrobras, ou ante mesmo o déficit público estimado para 2017 ou efetivo em 2016, de mais de 100 bi em um orçamento de quase 3 trilhões de reais.  Usa-se o número de 10 bi, mas se esquece de informar que ele representa 0,3% do orçamento da União, que desconsidera os orçamentos estaduais, o que tornaria esse percentual já ínfimo muito menor.

O problema do sistema penitenciário não está apenas no preso, nem no excesso de lotação, muito menos no dinheiro que recebe e aplica mal, trata-se de uma questão de inexistência generalizada de ética: uma sociedade que não se importa com preso, uma classe política alienada que pensa que redações legais poéticas  resolvem problemas materiais, um poder Judiciário descompromissado que adotou como regra de interpretação  a aceitação de todo tipo de recurso, mesmo protelatório, em favor de réus, impondo como se noticiou hoje, um mutirão de defensores públicos para aliviar a lotação de prisões pelo país afora, quando isso deveria ser obrigação diária deles, no sentido de não deixar alguém preso sequer um dia além da data final do apenamento.

Direitos humanos não representam apenas ter compaixão por vidas humanas. Exigem competência, trabalho sério, aplicação correta de regras, responsabilidade com recursos públicos e observância estrita das leis. A única coisa que direitos humanos não comportam é a que sobra no Brasil, a hipocrisia de sensibilizar-se em atrasado, de algo grave que já se sabe que está acontecendo há muito tempo, mas que ninguém efetivamente se preocupa em solucionar.




25 de jul. de 2016

A VIOLÊNCIA BRASILEIRA DESCONTROLADA



Mais de 50 mil assassinatos por ano, tiroteios, mortes e ferimentos causados por balas perdidas, explosões de caixas automáticos, assaltos cinematográficos a bancos e transportadoras de valores, guerras entre traficantes, pichações  por todos os lados, manifestações políticas que vandalizam patrimônio publico e privado e que ofendem os valores mais básicos de pura e simples educação ao estar em publico, brigas entre gangues de rua, desrespeito às mais básicas regras de convívio social, violência contra mulheres, explosão de casos de pedofilia, homofobia, racismo, xenofobia, maus tratos a animais, separatismo político, abandono de idosos, trânsito caótico e mortífero, corrupção generalizada em todas as esferas da administração pública, tráfico de drogas, de armas, de escravos, de crianças e de animais silvestres.

Uma guerra civil não declarada. Absolutamente nada no Brasil está livre da violência descontrolada causada pelo excesso de leis paternalistas que consideram o bandido como uma vítima da sociedade, não como um destruidor dela, com direito aos mais variados recursos, à prescrição e à todo tipo de perdão, e inclusive, com o direito de culpar a vítima, com a possibilidade de algum parlamentar lhe tomar as dores.

No Brasil o indivíduo abre o porta-malas de um carro de som em frente de um hospital as 3 da madrugada e promove uma "rave" com muito álcool e drogas. Se instado a acabar com a baderna, ele agride a pessoa que pediu clemência pelos adoentados, e, na remotíssima possibilidade da intervenção da polícia, nem preso ele vai. e, quando é chamado à Justiça, paga pelo crime com uma cesta básica doada a algum miserável escolhido pelo juizado especial.

E nossos maiores astros do "show biz" promovem o álcool, o consumismo, o sexo irresponsável e a pura e simples destruição da infância, querendo tornar adultos o mais rápido possível as crianças que serão futuras consumidoras de lixo supostamente cultural como o funk e o sertanejo universitário.

O Brasil está nessa situação porque simplesmente não cultua mais nenhum valor, não adaptou seus conceitos morais à sociedade moderna e urbana. 

É o resultado de um sistema legal tão generoso que um indivíduo que planeja matar a esposa e o faz com requintes de crueldade, é condenado a 30 anos mas não passa mais que 6 em regime fechado e ainda é capaz de pedir a guarda dos filhos com enormes chances de sucesso. 

E décadas martelando na cabeça das pessoas que o policial é tão mau quanto o bandido.

E uma verdadeira obsessão em acabar com a família e com bons costumes, sob a alegação de que impedem que mulheres e homossexuais tenham seus direitos consolidados, 

E leis cada vez mais restritivas de direitos do honestos, como se criminoso tenha apreço por regras de qualquer natureza.

A violência no Brasil está descontrolada porque somos uma sociedade doente, que em certo momento escolheu defender o crime, achando que ele existe porque o país é socialmente injusto. É o resultado de décadas de pensamento ideológico socialista e marxista que não se adapta à uma sociedade eminentemente capitalista, com o resultado claro: o criminoso se prevalece das leis toscas e frouxas e do aparato político desconectado com a realidade por ranço ideológico.


27 de mai. de 2016

O ESTUPRO COLETIVO, O SENTIMENTO DE MANADA E AS LEIS IDEAIS QUE NÃO PUNEM NINGUÉM

Em todas as ocasiões em que acontece um crime bárbaro como o estupro coletivo que horrorizou o Brasil neste feriado, aparecem dois movimentos distintos:

O de culpar a vítima pelo acontecido.

O de exigir a alteração ou criação de leis ideais, que nunca ninguém vai cumprir, como já não se cumpre o Estatuto do Idoso ou o Estatuto da Criança e do Adolescente, ou, ainda, a Lei Maria da Penha.

Na verdade, são duas faces de um mesmo problema - a completa ignorância do brasileiro médio e sua incapacidade de adquirir valores que não sejam os de manada,  ou seja, aqueles impostos pela maioria que segue seu rumo porque as coisas sempre foram assim, e, portanto, nunca devem mudar.

No passado, o Brasil queria as mulheres em casa, cuidando dos filhos, hoje, com a evolução da sociedade, experimentamos um machismo ainda pior e mais deletério que aquele. O Brasil não admite que, além de ser um país machista, é um lugar onde mulher tem sido tratada tratada como coisa, objeto sexual eventualmente com alguns direitos. É assim que as coisas funcionam no Brasil, é assim que a "manada" pensa, se não, vejamos: 

Quantas letras de sertanejo universitário e funk falam de bebedeira, balada e de imposição da vontade masculina sobre a mulher, que nada mais é nas bocas desses "artistas" que uma qualquer se oferecendo em meio à multidão, a safada, a piradinha, a que gosta da pressão? 

Quantas vezes nos deparamos com uma pressão social intensa para que uma artista, uma atleta ou uma mulher que se destaca na mídia de alguma forma pose nua para alguma revista de cujos textos nada se aproveita de tão fúteis?  Quantas vezes, em um evento como uma olimpíada, você, caro leitor, teve de aguentar uma matéria de TV sobre as "musas" dos jogos, sem qualquer relação com os resultados esportivos delas? 

Mas vamos mais longe. Quantas manifestações você leu ou ouviu desde ontem, culpando a menina, porque ela tem 16 anos com um filho de 3 que deixa com a avó, que se vestia com roupas sensuais e passava a noite com o namorado? Você prestou atenção na história da vingança do namorado traído? Você não ficou incomodado em saber que em meio a 30 indivíduos não teve um único com com o mínimo de moral para tentar proteger a garota? Lendo as redes sociais e o noticiário esta manhã, constatei que há milhares de homens comuns no Brasil que jamais estuprariam, mas que não são capazes de reconhecer que a garota foi vítima, afirmando que ela fez por merecer. E o pior de tudo, constatei que há mulheres que pensam do mesmo jeito.

Eu não tenho dúvidas que isso é decorrência do sentimento de manada. Afinal, o brasileiro não lê. Quando lê, os sucessos editoriais são porcarias como 50 tons de cinza ou aventuras vampirescas. O brasileiro só assiste programa de auditório se tiver gente seminua, só gosta de novela com pano de fundo sexual, só assiste filme nacional porque sabe que verá peitos e bundas, só ouve música de péssima qualidade que incentiva comportamentos irresponsáveis. E não há ninguém que se levante contra esse estado de coisas que não seja admoestado por algum defensor da "liberdade de expressão" que está pouco se lixando para condição das pessoas.

Quando acontece um caso escabroso como este, as vozes se levantam para denunciar a opressão contra o sexo feminino, mas esta opressão não aconteceu apenas neste caso isolado, ela é latente, diária e muitas vezes imperceptível em um país onde música de baixo calão é tratada como piada e protegida como "manifestação cultural", como se a cultura de um país se medisse pela quantidade de mulheres que um homem conquista ou abusa durante sua vida. Até em nossas escolas isso virou regra, basta ver vídeos de sucesso nas redes sociais, que mostram meninas se engalfinhando na disputa por um namorado ou grupos de meninas dançando funk como trabalho escolar requisitado por algum professor pedófilo. Tudo às claras, direto, opressor para quem pensa, mas imperceptível para a manada.

E o pior é que a cada caso escabroso, seguem leis cada vez mais estúpidas, decorrentes da incapacidade nacional de manada em perceber que o que coíbe o crime é a certeza da pena, não a lei ideal que protege o menor infrator ou cuida dos direitos humanos do criminoso enquanto a vítima não consegue curar suas feridas porque fica estigmatizada e aterrorizada em saber que seu algoz ou não é preso, ou não fica na prisão ou serve de exemplo para gente que pretende delinquir igual à ele, já que leis brandas, os juízes desconectados com a realidade e os advogados espertos tratam de interpretar as regras sempre em favor da liberdade rápida e da boa vida do réu que precisa ter seus direitos humanos protegidos mais que os da vítima.


22 de set. de 2015

ARRASTÃO NO RIO, A VIOLÊNCIA IDEOLÓGICA

A política brasileira sempre foi centrada em explorar a miséria para manter os privilégios e mordomias da classe política que basicamente é composta de gente rica, gerando mitos que impactam em nossa vida diária.

Segundo estes mitos, o pobre é sempre bom e o rico, sempre mau. Aquele é sempre esperto e dado ao "jeitinho" de violar a Lei, este é sempre o cara que aciona o sobrenome para evitá-la. Outro mito é o do menor de idade, que sempre é uma vítima da sociedade porque não pensa e não toma decisões. O menor é sempre um inepto, ele não sabe o que faz e não tem intenções, ele simplesmente aguarda fazer 18 anos para ativar o cérebro e então decidir se será um bom ou mau cidadão. Um terceiro mito, é o da "comunidade". Favela no Brasil não é gueto, nem uma vergonha para a nação que cobra impostos suecos e não consegue tirar as pessoas de condições desumanas de moradia. Virou cenário de novela e atração turística, o morro é parte na nossa cultura, dizem aqueles que absolutamente nada fazem para salvar aquelas pessoas da opressão de ruelas e becos cheios de ratos, baratas e criminosos em um lugar praticamente inexpugnável pela Lei, com seu próprio código de conduta e sua moral definida pelo dono do lugar, geralmente o traficante, que de pobre e favelado não tem nada. 

Em muitos lugares do país, o cidadão se protege aliando-se ao criminoso, alegando que a polícia o oprime. O brasileiro é cheio de direitos, ele não aceita ser abordado por policial e acha uma humilhação fazer teste do bafômetro. Direitos demais e obrigações de menos, e não se aceita ser "alcaguete", porque isso fere um código social segundo o qual todos tem direito a uma outra infraçãozinha básica da lei, seja roubando sinal de TV por assinatura, seja "quebrando" a multa do trânsito, seja trocando o voto por um benefício pontual dado em época de eleição.

E tudo isso foi criado porque no Brasil todos os políticos são de esquerda. Todos eles prometem que o Estado vai resolver os problemas dos cidadãos, que o Estado dará emprego, moradia, saúde, segurança educação e renda para todos, que o Estado vai garantir o bem estar social. E a maioria acredita porque não sabe a quantidade de impostos que paga, não tem consciência das mordomias que a elite dos agentes públicos têm. A maioria das pessoas não sente falta dos serviços públicos porque nunca os teve, apesar das promessas atávicas de um lugar maravilhoso para se viver, cheio de direitos para todos e obrigações para manter o Estado sempre forte, onipresente, mas sempre doador de benesses para os poucos governantes ricaços, que se elegem se dizendo "do povo".

Razões históricas e geográficas fizeram do Rio de Janeiro um lugar onde todos os mitos brasileiros se encontram e mostram sua face real. A cidade empurrou os escravos libertos e os pobres para os morros que eram áreas de terras sem valor, na tentativa de virar uma Paris dos trópicos no início do século XX. Um lugar que foi o centro político do Brasil até relativamente pouco tempo, e que é o centro turístico e cultural do país, convive com riqueza incomum ladeada por miséria grosseira. A disparidade social do Brasil por si só é avassaladora, no Rio, é pornográfica. E quando a miséria encontra a riqueza opulenta, num contexto em que ninguém sabe ao certo se as leis valem para todos, acontece a explosão que estamos vendo.

As autoridades cariocas não sabem o que fazer porque não podem combater o crime, cuja face é o pobre, mas o comando é de ricos (muito ricos). Não se pode punir o pobre que é sempre bom e não se pune o rico que é sempre privilegiado no trato das Leis que são sempre subjetivas no aguardo de um bom e caro advogado que às use em favor do cliente. Não se pode colocar menor de idade na cadeia, nem subir o morro sem que não intervenha algum político alegando ser uma violência. E cumprir a lei e o bom senso virou coisa de otário mesmo nas situações mais simples: estaciona-se em qualquer lugar, se toca som alto a qualquer hora do dia ou da noite, se transforma posto de gasolina em rave as 4 da madrugada. Ricos e pobres abusando da paciência uns dos outros e gerando aquela sensação de anomia que está desaguando em arrastões e contra-arrastões, violência sem limite e redes sociais convocando para uma guerra. E no meio de tudo isso, autoridades prometendo melhorar a educação e a saúde, mas usando o dinheiro disso para dar auxílio-moradia para juízes e carros novos para deputados.

O Rio pode ter escala maior e mais dramática, mas não é diferente do que acontece no resto do Brasil, onde as leis são relativas, o pobre é sempre bom, o rico sempre mau e a lei não atinge ninguém, de modo que todo mundo se dá ao direito de ignorá-la.

21 de jun. de 2013

NINGUÉM TEM SANGUE DE BARATA

 As manifestações que estamos vendo pelo Brasil afora tem um clima de “gota d'agua”, o brasileiro cansou de muitas coisas e passou a externar isso abertamente, mesmo que o faça sem organização e mesmo sem justificativa direta.

Desde o “fora Collor”, quando se pensou que o país embarcara numa onda de moralidade, o que se viu no Brasil foi uma política dos fins justificando os meios. Para combater a inflação e a desorganização do Estado os impostos foram subindo e arroxando as pessoas, para justificar a continuidade do combate, criou-se a regra da reeleição, para manter a inflação baixa, se alegou ter necessidade de apoio parlamentar mesmo que ideologicamente não compatível. Criou-se uma salada mista, onde “aliado” é todo mundo que quiser ser governo e não quem tiver afinidade ou ideias, a ponto de, em 2002, criar-se o conceito de “ministério com porteira fechada” para indicar o apoio político comprado junto a antigos inimigos políticos mediante a entrega de um conjunto completo de cargos e estruturas federais para um só partido aderente.

E na mesma toada, os políticos que apoiavam os governos passaram a achar que lhes era de direito abusar das mordomias, dos aumentos frequentes de salários, de estipêndios, de compensações por despesas que nem precisariam ter. E as coisas foram piorando, quando o país descobriu que o arroxo de década e meia no combate à inflação legara uma situação fiscal que possibilitava algum crescimento econômico, passou-se a achar que o Estado brasileiro é rico, e então criou-se a ilusão do “país potência”, que sob as rédeas de um deus barbudo ninguém mais seguraria, e que isso autorizava a criação de muitos ministérios, muitos cargos sem concurso para todo tipo de desocupado, muita arrogância e muita opulência.

Arrogância porque se criou a sensação geral de que a classe política é intocável. Deputado cassado por corrupção virou prefeito tempos depois, deputado condenado por corrupção continua elegível, deputado que matou dois jovens a sangue frio dirigindo um veículo a 190 km/h simplesmente não é julgado e não paga pelos seus crimes aguardando a prescrição da pena, deputados e políticos envolvidos em um caso descarado de desvio de recursos publicos, uma vez condenados nada menos que pelo STF, simplesmente não se recolhem à prisão e alguns deles voltam em triunfo à Câmara dos Deputados!

E dentro desse contexto do “tudo possível”, eis que o Erário passou a ser considerado infinito, o dinheiro público foi liberado para tudo, então os políticos aceitaram a inversão completa de qualquer prioridade nacional ao eleger a organização da Copa do Mundo e da Olimpíada como algo acima de qualquer pleito popular, não importando quanto seria gasto, nem se seria bem gasto, muito menos se teria retorno. Nada mais importava senão ter estádios perfeitos e mostrar ao mundo um Brasil grande, opulento e exibido, mesmo que a maioria de sua população continue vivendo em favelas, sem saneamento básico, sem educação fundamental, sem um sistema de saúde minimamente eficiente, suportando a burocracia mais insana do planeta, sem previdência, pagando os impostos mais caros do mundo sem necessidade, já que eles foram alçados a este patamar para combater a inflação e uma vez ela controlada deveriam ter voltado aos índices históricos.

Sintomático então, que no momento exato em que a classe política começou a exibir para o mundo e para a FIFA os troféus da sua irresponsabilidade o povo tenha cansado, a represa da insatisfação popular se rompeu e as águas jorraram ora plácidas, ora violentas. O estopim foram R$ 0,20, mas a banana de dinamite que foi estourada engloba os impostos altos que não são revertidos em uma vida minimamente decente, o descaso com direitos fundamentais mas principalmente, a revolta contra os políticos que durante duas décadas afrontaram as pessoas vivendo como nababos, empregando parentes, amantes e correligionários, dando risada da Justiça e se fartando em acordos espúrios com a sensação de que, se desse algo errado seria necessário apenas colocar o filho e/ou a esposa na chapa das eleições que tudo continuaria igual.

Eu sou um dos que estava decepcionado com a mansidão do povo brasileiro, que vinha aceitando tudo de cabeça baixa, em troca das esmolas do bolsa-família que nada mais é que uma contra-prestação precária dos impostos altíssimos que todos pagam, mas nem todos sabem que pagam. Pensava que tínhamos chegado a uma situação sem retorno, em que o sangue de barata havia aderido ao DNA nacional.

Ainda bem que eu estava errado, o brasileiro está demonstrando não ter sangue de barata e quebrou o dique! E agora que quebrou o dique ninguém sabe até quando as águas vão rolar...



21 de ago. de 2011

A MORTE DA JUÍZA NÃO FOI OCASIONAL

A impressão que tenho, é que estão pintando o caso da juíza assassinada de modo bárbaro no Rio de Janeiro como mais uma "última gota d'água" na questão da violência e da impunidade no Brasil.

É mais uma manifestação da atávica e gigantesca hipocrisia nacional. No Brasil, a morte violenta de alguém de uma classe privilegiada vira capa de jornal e mote de movimento contra a violência. Já a morte de cidadãos comuns é tratada como cotidiano, como um problema a ser atacado quando o Estado puder, sendo que o Estado acaba nunca podendo.

A morte da juíza repercute porque ela era de uma classe de pessoas que o brasileiro têm como intocáveis. No Brasil, políticos, juízes, promotores, altos funcionários públicos, empresários ricos e celebridades da TV são mais importantes que o resto das pessoas. A morte violenta de um deles gera indignação, medo e até vontade de meia dúzia de pessoas irem às ruas pedir paz e justiça, porque é bonitinho parecer engajado por algo, pode ser que renda entrevista para o Jornal Nacional ou mesmo uma foto estampada em alguma página secundária da revista Caras.

O caso da juíza é sintomático, é verdade. As primeiras informações são de que ela pediu proteção que lhe foi negada por duas razões - a primeira, por não ser uma juíza "bacana", com sobrenome de desembargador ou de familia tradicional - a segunda, porque o Estado brasileiro (leia-se, o conjunto de Judiciário, Executivo e Legislativo) não queria gastar uns caraminguás a mais para garantir a segurança de uma cidadã exemplar no exercício de sua função, e que combatia o crime, como aliás, reluta sempre em fazer com juízes e promotores com a mesma atitude que ela.

Mas o fato marcante e cuja repercussão verdadeira muita gente está escondendo, é que a cúpula do Judiciário carioca sabia do perigo que aquela (ótima) magistrada corria em enfrentar o crime organizado das milícias e do narcotráfico, mas omitiu-se, tratou o caso dela como trata o caso de um servente de pedreiro morto com 21 facadas na periferia, colocou-o apenas nas estatísticas!

Ser juiz e promotor não é para mauricinhos e patricinhas formados com louvor em faculdades classe A, capazes de ficarem estudando 3 anos em casa sem fazer mais nada para adentrar ao serviço público e depois gozar dos altos salários entrando as 14:00 no fórum e saindo às 17:00 para ir buscar os filhos no colégio, como há muitos pelo Brasil afora, que este advogado que vos escreve pode atestar que existem.

Ser juiz e promotor é função para gente corajosa que entenda a grandeza e a gravidade das funções bem como o risco à elas inerente. Parece que no Brasil há uma falsa escala de valores - estas funções são tratadas como um prêmio para bons alunos de classe média-alta, não são mais uma função de representação da força que o Estado deve ter sobre os cidadãos que ferem as leis.

Enfim, para as autoridades brasileiras, incluindo uma boa parte dos próprios juízes e promotores, o crime é problema para os pobres e para as pessoas que não têm ligações políticas fortes. Todos os dias o brasileiro comum sofre com a violência. Todos os dias ele perde o sono porque alguém resolveu fazer um baile ao ar livre na porta da sua casa e ninguém aténde o telefone 190. Todos os dias há assaltos à mão armada, insegurança no ir e vir, violência doméstica, tráfico de drogas e casos de corrupção. Todos os dias há assassinatos bárbaros praticados com dezenas de tiros, de facadas e todos os demais tipos de violência.

E a absoluta omissão de muita gente é visível, muitas "autoridades" têm dois pesos e duas medidas: rapidez e eficiência nos pleitos feitos pelos ricos e poderosos, lerdeza e má vontade para os pobres e remediados.

O caso da juíza não é isolado, não é ocasional. Todos os dias há casos idênticos, como o mesmo grau de violência e o mesmo dano à estrutura social. Não foi a "última gota d'água", porque todos os dias há enxurradas de violência que são simplesmente ignorados neste país.

27 de jun. de 2011

QUAL É O BARATO?

O termo, "barato" é mais antigo que andar para a frente, provavelmente os garotos de 20 anos nem sabem o significado. Mas sinceramente, eu gostaria de saber "qual é o barato" dos jovens de hoje em dia, que bebem demais, consomem demais e parece que só se divertem atentando contra a legalidade ou incomodando a terceiros.

Esses dias eu estava num famoso barzinho de samba de Curitiba. Ambiente legal e basicamente caro, que não autoriza excessos mesmo para pessoas ricas, que dizer de jovens cujos divertimentos dependem de mesadas dos pais. No entanto, quando deu meia-noite, que é o horário normal dos jovens chegarem, a casa encheu e não consegui ver, mesmo observando muito, nenhum jovem, absolutamente ninguém com menos de 30 anos que não estivesse com um copo de álcool na mão. São todos adeptos da ditadura do álcool, sem o qual, pelo jeito, jovem nenhum é feliz e é impossível se divertir mesmo com gente bonita e música de boa qualidade.

Volta e meia na frente da minha casa, um indivíduo de não mais de 25 anos estaciona o carro, abre o porta-malas cheio de alto-falantes e desanda a tocar música sertaneja no último volume enquanto bebe latas e mais latas de cerveja que joga no chão sem cuidado algum. O detalhe é que geralmente ele chega ali as 2 e meia ou 3 da madrugada e tem prazer mórbido em atrapalhar o sono da vizinhança e olhar para as janelas se exibindo e dizendo que faz o que bem entende, ameaçando inclusive de morte quem tentar atrapalhar seu divertimento que consiste em ficar ali olhando para a cara dos que lhe acompanham e gozando de quem perdeu o sono à sua volta. Lá pelas 5 da manhã ele vai para casa cantando pneus e de preferência quebrando algum equipamento público para mostrar poder. Esse, além da ditadura do álcool, aderiu à ditadura do exibicionismo.

Sou de um tempo em que jovem era contestador e queria mudar o mundo para melhor. Mas hoje, a impressão é que os jovens querem o mundo apenas para eles sem qualquer preocupação com o próximo. E dá-lhe rachas com os carros dos pais, bebedeiras, arruaças no meio das ruas, brigas em portas de boates, "bullyng", atos de vandalismo e agressões sexuais das mais variadas... e nos casos extremamente mais graves, tudo isso mais drogas.


Sem contar os excessos nas compras de roupas de grife e objetos da moda, que deixam pessoas jovens penduradas nos juros dos cartões de crédito, e os casos extremos, de jovens que aderem à marginalidade para sustentar os luxos e os vícios.

Não consigo entender o elemento causador disso tudo isto. Aliás, não consigo entender como garotos de 15 anos compram álcool livremente em supermercados e perambulam numa boa pelas ruas de madrugada, como acontece aqui em Rio Branco do Sul sem que nenhuma autoridade tome alguma atitude.


Se é fato que o Brasil é um país de irresponsáveis, nada justifica a leniência da Lei e das autoridades em relação a pais omissos, incapazes de manter filhos menores de idade em casa, e não perambulando pelas ruas de madrugada. E nada justifica ainda, a facilidade impressionante com que se adquire álcool que é consumido no meio da rua sem qualquer tipo de controle, a partir da premissa que um policial certa vez me explicou, de que a Polícia Militar não atende mais casos de desordem social, especialmente de madrugada. O conjunto do álcool sem controle e a falta de autoridade lega essa situação de guerra civil não declarada experimentada pelo país.


É certo que essa epidemia de ignorância juvenil é mundial, a diferença é que num país europeu ou nos EUA, a polícia atende aos chamados para conter abusos, coisa que não acontece no Brasil, onde ser jovem é salvo-conduto para agir como imbecil.


Só fico me perguntando, qual é o barato de beber até ficar de 4, roubar o sono de terceiros, quebrar, pixar, promover rachas, brincar com automóveis, roubar e principalmente, matar, porque não são mais raros os assassinatos praticados por jovens e adolescentes apenas por diversão ou decorrentes de discussões pueris.


Qual será o barato de tudo isso?


30 de nov. de 2010

PELA PROIBIÇÃO DO CONSUMO DE ÁLCOOL EM AMBIENTE ABERTO



Tramita na Câmara Municipal de Curitiba, um projeto de Lei inspirado na experiência da Austrália e de alguns lugares dos EUA, onde se proibiu o consumo de álcool à céu aberto, em ruas, praças, parques, bosques e equipamentos urbanos como terminais de ônibus.

O indivíduo que bebe em casa geralmente não causa maiores estragos porque não há estímulo para os excessos decorrentes do consumo além da conta. Ele não vai se exibir para o cônjuge e filhos, porque ou será ignorado ou vai acabar em discussão.

O indivíduo que bebe dentro de um bar, pode até ter estímulo para praticar asneiras e eventualmente até arranja briga com outro pau d'água, mas no mínimo recebe a censura do dono do estabelecimento e das pessoas que ali bebem sem exagerar. Ou seja, ele pensa suas vezes antes de fazer besteira.

Mas o indivíduo que bebe álcool na rua sente-se livre para agir no contexto de euforia boa ou má que certa dose bebida pode causar.

Daí, para tentar aparecer ou até para destilar seus recalques ou seus ímpetos violentos, sai provocando transeuntes, pixando e vandalizando prédios públicos e privados, aumentando o volume do som do carro, dirigindo feito louco e até procurando discussões com pessoas à sua volta, pouco importa se conhecidas ou não.

O indivíduo que bebe na rua não encontra freios para seu delírio alcoólico, todas as pessoas à sua volta podem ser vítimas de seu estado alterado, seja mediante agressões verbais, seja roubando-lhes o sono às 3 e meia da madrugada ou pixando seus muros, seja enfiando um carro nos seus portões ou roubando, praticando violências físicas, matando ou estuprando.

Penso que se o consumo de cigarro é proibido em ambientes fechados, a lógica seria impor a proibição de consumo de álcool a céu aberto, numa situação tal em que exista algum controle sobre quem bebe em excesso.

Pode ser pouco, mas certamente vai melhorar em muito os índices de segurança, basta lembrar que boa parte da violência no Brasil é causada pelo consumo excessivo de álcool, e isso inclui acidentes de trânsito e ocorrências domésticas. Boa parte dos índivíduos que causou aquele tumulto no estádio Couto Pereira em 06/12/2009, era de integrantes de uma torcida organizada que se concentram à frente do estádio por volta de 5 horas antes dos jogos e bebem sem parar na rua, às vistas das autoridades. Se essa proibição existisse na época, provavelmente poucos deles teriam adentrado ao estádio porque ficariam em algum bar e outra parte deles poderia estar detida por consumir em lugar irregular.

Enfim, apóio a idéia civilizadora que tramita no legislativo curitibano.

29 de nov. de 2010

TEMOS QUE TORCER PELO BEM DO RIO DE JANEIRO


Todos os brasileiros tem a obrigação de torcer e rezar pelo bem do Rio de Janeiro.

Temos que acreditar que, desta vez, finalmente abriu-se uma guerra contra o tráfico e o crime, e que esta guerra só vai terminar quando o Rio voltar a ser uma terra de paz, onde as pessoas possam andar tranquilas sem a paranóia da violência gratuita que tomou a cidade.

Porque finalmente, depois de décadas de demagogia, um governo assumiu o ônus de enfrentar o crime de modo direto e franco, sem sujeitar-se a interesses mesquinhos de gente que se aproveita da violência e da desgraça para uso político, pregando direitos humanos para bandidos que não observam isto no trato com as comunidades que controlam. Muito se falou que as forças armadas não deviam intervir em conflitos assim e agora se comprovou que elas são imprescindíveis na árdua tarefa de impor a Lei a todo o país. Pela primeira vez as esferas de governo chegaram a um termo em que se respeita a Constituição e ao mesmo tempo, se ataca o crime.

Queira Deus que tenha acabado a leniência histórica com a bandidagem, que sempre marcou um Rio de Janeiro acostumado a exaltar contraventores e impedir que a polícia subisse o morro.

Tenho lá minhas críticas às UPP(s) e a forma com que esse processo tem ocorrido, mas mesmo assim, prefiro acreditar que agora as coisas serão diferentes e que finalmente este país abriu os olhos a necessidade de não transigir nunca com bandidos e impor a Lei a todos, doa a quem doer.

Mas desde já aviso que uma vez iniciada a guerra no Rio, é preciso que todos os demais estados também se mobilizem, porque a migração dos traficantes será inevitável. Alguns deles sairão do Rio para se instalarem em áreas igualmente pobres no PR, SC, PE, BA, GO, etc... o que significa que, agora, temos que iniciar imediatamente um sistema de prontidão nacional.

E também não deixo de reiterar minha opinião sobre o assunto: Uma vez efetivamente pacificadas, as favelas cariocas e as de qualquer lugar do país precisam ser realmente urbanizadas, transformadas em bairro de tal modo a possibilitar uma vida digna e sadia para sua gente, uma vida em que a violência não seja uma necessidade para sobreviver.

26 de mai. de 2010

ALCOOL ENTRE ADOLESCENTES

No portal UOL, hoje:

Jovens entre 14 e 17 anos consomem 6% de todo o álcool no país.

Eu sempre escrevo aqui e repito: A sociedade brasileira é leniente demais com o consumo de álcool entre jovens, e isso está criando gerações sucessivas de alcoólatras, aumentando cada vez mais a violência (brigas, acidentes de trânsito, problemas familiares) e alimentando outro vício ainda pior, o das drogas.

6% pode parecer um número pequeno considerando que a faixa etária de 14 a 17 anos é relevante no quadro demográfico brasileiro. O problema é que, pela Lei, menores não podem consumir álcool, ou seja, 6% da bebida alcoólica vendida no país é consumida de modo ilegal e criminoso!

Estou cansado de ver na praça em frente de casa, em altas madrugadas, jovens de 12 a 17 anos consumindo álcool e drogas, sendo que não são coibidos pela Polícia Militar (que no Paraná sequer atende o 190), nem pelo Conselho Tutelar, muito menos pelos pais idiotas que dão graças aos céus por não terem os filhos chatos em casa!

E o mais irritante disso, é ver o eterno "rame-rame" das autoridades, falando em "diáologo" com os jovens, mas vendo os índices de segurança pública deteriorarem por absoluta inépcia em combater esse estado de coisas.

Seria algo simples: indivíduo está com som alto e o porta-malas do carro cheio de cerveja enchendo o saco da vizinhança. Se ele entregou uma latinha para um menor de idade qualquer, apreende o carro, manda o dono para a delegacia e o menor para o juizado competente, para que os pais sejam punidos. Comerciante que vende álcool para menor perde o alvará, tem o estabelecimento lacrado e responde pelo crime correspondente. Pai que entrega álcool para filho menor perde o pátrio-poder e responde por crime.

Será que é tão difícil assim cumprir a Lei?

16 de mar. de 2010

EXISTE EXPLICAÇÃO PARA OS TROTES VIOLENTOS EM FACULDADES?

No Brasil, a faculdade deixou de ser um lugar de encontro da elite intelectual, virou um baile funk (ou batidão sertanejo, ou festa de torcida organizada, ou rave, como queiram) sem DJ ou cantores puxando a diversão, e onde se reúnem pessoas de regra desqualificadas, escolhidas para estarem ali apenas pelo critério econômico de pagarem as mensalidades.

Uma das razões para os trotes de hoje em dia serem violentos é o baixíssimo nível intelectual de quem cursa essas faculdades que abrem aos borbotões e tem pouca seletividade ao escolher seus quadros discentes.

É a tal coisa, ensino superior nos países desenvolvidos é para uma elite intelectual (que não se confunde com elite econômica). No Brasil, aplica-se o conceito errado de universalizar o acesso ao diploma superior por meio de instituições nem sempre muito preocupadas com a qualidade do ensino, mas apenas tendentes a cobrar por um tempo de aulas e entregar um certificado ao fim do curso, sem exigir demais do aluno.

Um dos resultados desse conceito perverso, além da baixa qualidade do ensino e da produção científica, é justamente ter "veteranos" sem cultura nenhuma, indivíduos praticantes de uma sub-cultura de álcool, drogas e exibicionismo, que enchem a cara até não se agüentarem em pé e que confundem o trote universitário com suas brigas de rua.

Não faz muito tempo, para entrar numa faculdade, mesmo nas menos conceituadas, de regra era preciso estudar muito. E quem estuda bastante é porque cultua valores e nem sempre tem tempo para diversão e, quando a experimenta, a quer sadia.

Mas hoje em dia, mesmo os alunos mais incompetentes e indolentes de escolas de segundo grau conseguem vaga em alguma faculdade.

Lembra daquele manezão do colégio, que colava em todas as provas, dava um jeito de falsificar os controles de frequência, não calava a boca durante as aulas e arranjava encrenca com todo mundo durante os intervalos? Tempos atrás ele simplesmente sairia do colégio e ia tocar a vida sem chances de cursar uma faculdade sem ao menos se esforçar um pouco em estudar. Hoje, ele entra numa facudade do mesmo jeito que saiu do colégio, ou seja, sem esforço nenhum!

Gente que nunca cultuou bons valores, muito menos com a responsabilidade de estudar, de repente faz um curso superior e confunde o trote com uma oportunidade de agir com o animal indômito que sempre foi desde criança.

E esse quadro não se manifesta apenas nos trotes, vide o caso da agressão daquela moça em uma universidade paulista no ano passado e o aumento exponencial da prática de "bulling".


O Brasil cultua conceitos errados. Nossas milhares de faculdades de contábeis, direito e administração podem dar diploma para muita gente, mas pouco contribuem para o progresso do país e muito menos para o fortalecimento de uma verdadeira elite intelectual.

2 de mar. de 2010

A HIPOCRISIA QUE MATA


O prefeito aqui de Rio Branco do Sul foi assassinado ontem, praticamente à luz do dia, na principal rua da cidade.

Aqui, o telefone de emergência da PM, o 190, simplesmente não funciona. Quando existe algum problema é preciso ligar para o batalhão da polícia em São José dos Pinhais, que informa um terceiro número, da corporação em Almirante Tamandaré, para que deste, seja a ligação conectada ao 190.

E de duas semanas para cá, não é mais possivel fazer isso, porque simplesmente ninguém atende em Almirante Tamandaré, e não adianta fazer reclamações para a ouvidoria, porque não se tomam providências.

Se no desespero de alguma emergência alguém ligar para a Delegacia de Polícia Civil, ouvirá em alto e bom som da pessoa que atender que o policiamento ostensivo é função da PM e que não é possivel à Civil fazer contato com ela. Foi assim que me atenderam em um caso de desordem aqui em frente de casa, um dia desses.

Nos últimos 7 anos, 3 prefeitos foram assassinados no estado do Paraná, todos em condições muito parecidas com a morte do mandatário de Rio Branco do Sul.

E os índices de homicídios, latrocínios, roubos, furtos e demais crimes cresceram exponencialmente, sendo que o efetivo da Polícia Militar diminuiu. Hoje, a PM do Paraná conta com o mesmo número de policiais ativos que tinha na década de 80.

No entanto, as autoridades municipais daqui discursaram hoje, dizendo que o povo de Rio Branco do Sul não aguenta mais a insegurança e a violência.

Mas esquecem estas autoridades que elas mesmas apóiam incondicionalmente, sem a mínima coragem em criticar o governo do Sr. Roberto Requião de Mello e Silva, que é o responsável direto pela falta de policiamento ostensivo e pelo caos instalado na segurança pública do estado. Mais do que isso, apóiam deputados ruins, que estão sempre na situação qualquer que seja o governo, e que jamais ousam contrariar o governador do estado, seja ele quem for, mas especialmente o irascível Requião.

Nunca vi nenhum destes indivíduos (prefeito falecido, prefeito empossado hoje, vereadores, secretários, etc...) reclamar com Requião da absoluta falta de policiamento em Rio Branco do Sul. Pelo contrário, quando o governador aparece na cidade, é recebido com tapete vermelho e mesuras, e à ele fazem acreditar que graças ao governo estadual, a cidade é um paraíso.

É a hipocrisia que rouba o sono das pessoas honestas, porque os arruaceiros gostam de tocar música alta na rua a qualquer hora do dia ou da noite. A mesma hipocrisia que possibilita assaltos à bancos e estabelecimentos comerciais, que possibilita o vandalismo contra bens públicos e privados, pixados e quebrados na calada da noite.

Agora essa hipocrisia matou um prefeito. E ainda assim, o discurso continua igual.

10 de fev. de 2010

COISAS QUE O BRASIL DEVERIA LEMBRAR DURANTE O CARNAVAL

Apesar da Rede Globo e suas congêneres pregarem a total alienação, vendendo a idéia de que o mundo todo está olhando o carnaval brasileiro e se lixando para o resto, a coisa na prática não é bem assim.
Seria aconselhável que entre um dia de folia e outro, ou entre um porre e outro por aqueles indivíduos que acham que se divertir é encher a cara, que as pessoas se lembrassem de algumas coisas importantes, tais como:
1. Seria bom verificar o que os senhores políticos aprontam durante o carnaval. Por exemplo, tramita em regime de urgência na pocilga congressual brasileira, um projeto de lei que pretende oficializar mais de 7 mil cartorários que ganharam suas escrivanias por hereditariedade, ou seja, sem concurso público! Um acinte, uma grosseira violação à Constituição Federal.
2. Estima-se que os gastos excessivos dos governos brasileiros cedo ou tarde impliquem em nova crise de dívida pública, que vai gerar contingenciamento orçamentário e provável disparada de juros com recessão e aumento de impostos.
3. E falando em despesas, estamos na metade de fevereiro de 2010, e ainda não foi aplicado um prego em obras para a Copa de 2014, que a cada dia tem aumentada a expectativa de ser patrocinada exclusivamente pelo governo brasileiro e provavelmente, superfaturada!
4. Se chover demais durante as festividades de Momo, arrisca o folião não ter casa para onde voltar, vez que, no Brasil, as autoridades não fazem polícia edilicia e não impedem o adensamento urbano em áreas de risco ou fora dos padrões construtivos oficiais.
5. Saiba também, caro folião, que se você se acidentar durante as festas e precisar de um plano de saúde que venha a negar algum serviço ao arrepio da Lei, nenhum juiz (nem os de plantão) se dignará a analisar o seu caso, por mais urgente que ele seja, antes da próxima quinta-feira dia 18, isso se você tiver sorte.
6. Apesar do sucesso da Lei Seca, que diminuiu as autuações por embriaguês ao volante em mais de 50%, o Brasil ainda é campeão mundial disparado e acidentes e mortes no trânsito, mais de 70% delas ainda causadas por motoristas embriagados, sendo maior parcela das vítimas concentradas nos dias de carnaval.
7. A crise econômica mundial não acabou. Pelo contrário, na semana que se passou, indícios fortes de repique de seus efeitos foram encontrados ao redor do globo.
Portanto, divirta-se, mas não esqueça que existem coisas mais importantes que os interesses comerciais das TV(s) com suas "modelos e atrizes".

18 de nov. de 2009

DO PROBLEMA AO EXAGERO

Tramita na Câmara Municipal de Curitiba um projeto de Lei absurdo que impõe aos bares e boates com capacidade para mais de 100 lugares o cadastramento de seus clientes, com vias a identificar baderneiros.

Geralmente eu bato palmas quando leis visam impedir o fumo e a bebida, especialmente entre crianças e adolescentes nessa associação indevida de tais coisas com a diversão. Por isso defendo as leis anti-fumo e a Lei Seca do álcool no volante, bem como a responsabilização criminal severa para quem vende álcool e fumo para menores de idade.

Mas uma coisa é proibir a pessoa de ter comportamentos inadequados que prejudicam terceiros, outra é impedir seu direito de ir e vir.

As casas noturnas podem muito bem serem obrigadas a instalar câmeras de segurança para monitorar seu ambiente. Mas fichar clientes é de uma inconstitucionalidade flagrante que, óbvio, nenhum dos vereadores de Curitiba percebeu, até porque o nível médio dos edis da cidade é baixo e eles não teriam um "insight" assim.

É possível limitar o direito de ir e vir filmando lugares para posterior reconhecimento, pela polícia, de quem causa problemas.

Mas fichar uma pessoa porque ela costuma frequentar um determinado lugar é atividade exclusiva do Estado, decorre do seu poder de polícia, da mesma forma que a ele é deferida a exclusividade de emitir documentos de identificação. Mais do que isso, se a lei deferir ao comerciante o direito de dizer que ficha "x" e ficha "y" são baderneiros, resulta em ofender o monopólio da punição penal que existe ao Estado.

O Estado brasileiro é pródigo em descartar suas obrigações.

É obrigação da polícia identificar baderneiros, prendê-os e levá-los a responder processos judiciais, mas agora, os simplistas de plantão querem se desincumbir disto passando o custo e até mesmo o ônus da acusação para a iniciativa privada, que sujeitar-se-á a uma avalanche de ações por dano moral, de gente que não vai aceitar a pecha de "baderneiro" e irá ao Judiciário.

Aprovado um excremento legal como este, é provável que Curitiba vire uma cidade sem vida noturna, porque ou os clientes deixarão de frequentar tais lugares ou os comerciantes vão falir de tanto pagar por danos morais... mas o Estado vai continuar cobrando impostos, taxas, contribuições e contratando políticos inúteis e burros com suas trupes de parentes e correligionários corruptos, de tal forma a não sobrar dinheiro para investir em segurança pública, a mesma que o Estado quer transferir agora para donos de botecos!

3 de nov. de 2009

MATOU UM, FERIU QUATRO

Quando escrevo aqui sobre violência, não esqueça o leitor que sou ativista contra o álcool, que é o motor da maior parte dos crimes cometidos por motivos fúteis e banais.

Neste fim de semana quente em Curitiba, um indivíduo de 26 anos matou um garçom e feriu 4 clientes de um bar no bairro do Batel, que é o mais sofisticado da capital, onde concentram-se os prédios de apartamentos de altíssimo luxo e as casas noturnas mais badaladas e caras tanto quanto inacessíveis ao povão, prova de que vivemos uma violência disseminada entre todas as camadas da população, fruto da impunidade e da falta de freios morais num país onde o "se dar bem" e o "sabe com quem está falando?" são instituições nacionais.

Segundo a imprensa, o indivíduo queria sair do bar com uma garrafa de cerveja e foi proibido pelo segurança, porque em Curitiba, se a prefeitura encontrar garrafas quebradas jogadas em volta do estabelecimento, ele pode pagar multa.

Ofereceram um copo e o "macho" o "super-homem", o "pagador da conta" sentiu-se ofendido. Jogou a garrafa no chão, saiu com cara amarrada e voltou armado atirando para todos os lados, certamente encorajado pelo alto grau de embriaguez. Provavelmente pegou o carrão, saiu cantando pneus e agora vai alegar na delegacia que não lembra de nada.

E assim vamos. Conheço pais que aceitam passivamente que seus pimpolhos de 15, 16 anos fiquem até alta madrugada na rua e cheguem em casa fedendo a álcool. As autoridades, por sua vez, se omitem, vejam que juízes irresponsáveis têm desprezado o teste do bafômetro como prova de embriaguez que implica crime e perda da habilitação para dirigir. Devolvem a carteira de motorista para indivíduos "espertos" com dinheiro para pagar bons advogados, os mesmos indivíduos acostumados a frequentar as baladas para beber, e geralmente só beber.

A bebida, mais especificamente a cerveja, é a verdadeira porta de entrada do mundo das drogas, pois disseminada entre adolescentes. Mais do que isso, entre os adolescentes de classes sociais mais altas o problema é maior, ao contrário do que se possa imaginar, porque para eles, beber a cerveja da marca "x" ou "y", no bar "x" ou "y" é questão de status na medida da sofisticação do produto e do local, contando ainda que estes adolescentes geralmente têm dinheiro para experimentar o "algo mais" da balada, onde traficantes circulam livremente para vender ectasy e quetais. Se o jovem pobre entra nesse mundo as vezes pela vontade de experimentar algo diferente na vida, o jovem rico entra apenas pela emoção de transgredir, isso com a velada omissão paterna, que ainda paga advogado e abafa a imprensa para salvar a pele do filhote.

Esse tipo de violência se combate julgando e punindo com rigor os envolvidos e também seus pais irresponsáveis, se comprovado que se omitiram para evitar comportamento inapropriado de seus filhos menores. E, claro, é preciso combater o vício do álcool entre crianças e adolescentes de todas as classes sociais, o que demanda uma atuação firme das autoridades, como os conselhos tutelares (que são inexistentes na maior parte do país, pelo menos operacionalmente) e as polícias agindo de modo integrado, e juízes determinando o apenamento cabível no Estatuto da Criança e do Adolescente, independentemente da classe social do infrator.

Em "O Globo":

IDENTIFICADO E PRESO CLIENTE QUE MATOU FUNCIONÁRIO DE BAR EM CURITIBA

27 de out. de 2009

VIOLÊNCIA SEM SENTIDO

Bonito, bem disputado por duas equipes tradicionais em campo e vencido pelo Coritiba, o clássico maior do futebol paranaense teve um saldo trágico fora das quatro linhas do gramado e do Estádio.

28 ônibus destruídos ou danificados em terminais de bairros afastados mais de 10 quilômetros do local do jogo.

E muito pior que "só" esse atentado contra o patrimônio público, que aumenta a tarifa de quem usa o transporte coletivo, também ocorreu a morte estúpida e revoltante de um jovem rapaz, com ferimento de mais 3 atropelados por um néscio embriagado que resolveu jogar o carro sobre eles, alegando que tinha medo de parar e ser linchado por serem torcedores do adversário.

A experiência mostra que não adianta enquadrar as torcidas organizadas, porque elas não têm culpa da ignorância de parte dos seus membros. As torcidas organizadas Império Alvi-Verde, Fanáticos, Mancha Verde, Ultras e MUC foram chamadas antes do clássico e tomaram todas as providências cabíveis para evitar confrontos, que não ocorreram dentro ou nas imediações do estádio Couto Pereira.

Querer puni-las paliativamente, é esquecer do caldo de cultura que gera a violência sem sentido que experimenta-se no Brasil.

Ora, se no dia de um clássico do futebol (seja Atle-Tiba, seja Gre-Nal, seja Corinthians e Palmeiras ou Fla-Flu, pouco importa, a história é sempre a mesma) há gente que começa a beber as 9 da manhã e resolve assumir o volante de um carro, ou ainda há os que não se limitam a torcer pelo seu time tendo que provocar torcedores adversários até com bombas caseiras como acontece em qualquer lugar do Brasil, a culpa só pode ser atribuída à dramática falta de cultura e discernimento de gente que cresce sem aprender o mínimo de regras de convivência social, ouvindo o porno axé, funk e música sertaneja que exaltam o "se dar bem" a violência, a bebedeira e o sexo irresponsável que gera crianças indesejadas, matéria-prima da criminalidade dentro do contexto de se exaltar tudo o que é errado, apostando sempre no descumprimento da Lei, que no Brasil não é cumprida sequer pelos políticos.

O Brasil experimenta a violência pela violência, algo sem razão, decorrente apenas do pouco apreço que nossa gente tem pela Lei, num país onde se dirige embriagado e juízes passam a mão na cabeça do infrator invalidando o teste do bafômetro ou onde entidades que recebem verbas públicas invadem e destróem patrimônio privado sem sequer serem admoestadas pelos políticos que lhes dão guarida.

Experimentamos a época do infringir por infringir, havendo gente que se diverte ao matar ou mutilar pessoas que não compartilham da mesma preferência futebolística.

O Brasil só saí dessa fazendo cumprir as Leis para todos, fazendo dos grandes infratores grandes exemplos e dos pequenos infratores a prova da Justiça. Só que isso não será possível enquanto se exaltar para juventude apenas o que há de mal (e me desculpem os fãs de axé, funk ou sertanejo, mas gente que exalta as coisas que as letras dessas "músicas" exaltam, não pode querer viver em sociedade) e enquanto a Lei não for aplicada por preguiça judiciária em mudar jurisprudências arcaicas.

19 de out. de 2009

RIO 2016: O COMBATE AO CRIME

Note bem o leitor, na guerra do Afeganistão contra a URSS, os talibã e mujahedins só conseguiram abater helicópteros após a "ajuda" dos EUA com suas baterias de mísseis portáteis Stinger.

No Rio nem foi preciso ajuda externa para começar uma guerra anti-aérea, tamanho é o poder da sua criminalidade. O tráfico do Rio de Janeiro controla cidades inteiras dentro da cidade maravilhosa, as enormes favelas que a classe política irresponsável deixou que se criassem e que hoje sustentam uma guerra assimétrica, o terrorismo tupiniquim, a guerrilha do tráfico que agora reage contra o enfrentamento pela polícia, sem o qual não sairão os Jogos Olímpicos em 2016.

Sem contar que o Rio ainda terá um inimigo tão poderoso quanto o tráfico para encarar a tarefa, os políticos de raia miúda, que se beneficiam do trágico favelamento da cidade, os que negociam áreas de mangue da Baía de Guanabara e mesmo os associados à criminalidade patológica do lugar. Esse tipo de político pode sentar em cima de projetos de lei, atrapalhar licitações e causar tumultos tais que inviabilizem o evento.

Bem disse o Cobra, um leitor do Luiz Antonio Ryff, que se o Rio de Janeiro não combater a própria existência de favelas, não conseguirá conter a violência.

Eu já havia escrito aqui sobre a importância de desfavelizar não só o Rio, como toda e qualquer cidade do Brasil, se este quer efetivamente virar um país desenvolvido.

A questão é que o binômio favela e guerra assimétrica, aquela um gueto onde se formam os soldados do crime, e esta uma situação prática contra a qual não existe possibilidade de vitória militar (vide o que acontece com as FARC, o que aconteceu no Vietnã e o que acontece no Afeganistão) só consegue ser combatida gerando oportunidades e crescimento econômico dentro das comunidades, o que não vai acontecer jamais enquanto perdurar o modelo brizolista de urbanização, que é o de fazer escadarias, pintar muros e construir uma creche e umas quadras esportivas.

Favela só se resolve se transformada em cidade, com avenidas, praças, bosques, áreas comerciais e residenciais, zoneamento, urbanismo e legalidade. Sem isso, continua gueto, e gueto é berçário de violência.

Esses episódios de violência extrema vão se repetir daqui até 2016 com maior intensidade. Queira Deus que as autoridades entendam que se isso acontecer, é para abrir caminhos dentro das favelas para efetivamente urbanizá-las. Mas se insistirem em apenas matar traficantes, não se chegará a lugar nenhum.


Na BBC/Folha de S.Paulo:
Para jornais, "novos níveis de violência" expõem desafio de Rio 2016

18 de set. de 2009

FRASE

Esta frase está no blog da Ro Costa. Lapidar e atual, não resisti em divulgá-la aqui:

"Todo mundo pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...