Mostrando postagens com marcador políticas públicas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador políticas públicas. Mostrar todas as postagens

16 de mar. de 2011

OS MÉDICOS VÃO PARALISAR ATENDIMENTOS DE PLANOS DE SAÚDE

Tempos atrás eu li na capa de uma revista quinzenal de finanças uma chamada de matéria sobre um poderoso executivo, dado como um verdadeiro mago no mercado de planos de saúde, cantado em prosa e verso pelos ambiciosos operadores do mercado financeiro por maximizar os lucros e aumentar o volume de suas operações.

E passados uns tempos, deparei com esta notícia, segundo a qual, em 7 de abril, médicos do país inteiro, em protesto contra o baixíssimo valor pago por consultas e procedimentos, vão parar de atender planos de saúde.

Esses planos de saúde brasileiros são uma verdadeira máfia que se presta a especulação econômica e explora a boa vontade de ciosos e competentes profissionais de saúde, além da crendice do povo que acha que prestam serviços satisfatórios de saúde, coisa que na maioria das vezes não é realidade, por mais que atendam melhor que o SUS.

Um conhecido meu, cardiologista, reclamou certa vez que um desses planos de saúde boicotava sua clínica corretamente credenciada para favorecer outra, que havia comprado recentemente. E o fazia sem dó nem piedade, aceitava as marcações de consultas e exames para o estabelecimento do meu conhecido, mas atrasava sistematicamente os pagamentos de uma tal forma a forçá-lo a assumir custos e endividar-se acorrendo a empréstimos bancários para fechar os furos transitórios, diminuindo sua já baixa lucratividade forçando uma quebra, que ou fecharia a clínica, ou o forçaria a vendê-la para o mesmo generoso plano de saúde.

Meu conhecido simplesmente pediu descredenciamento, parou de atender aquele plano e concentrou-se nos serviços do sistema UNIMED, que são cooperativas formadas pelos próprios médicos e, portanto, não são planos de saúde em formato empresarial, no sentido de terem obrigação com lucratividade. Nas UNIMED(s), a lucratividade de alguma forma é repassada aos médicos que às formam, de modo que os valores de consultas, exames e procedimentos são fixados de regra mediante a situação econômica de momento e, não sendo os ideais, ao menos não são aviltantes como os pagos pelos planos de saúde, cujas mensalidades para a clientela não deixam nunca de aumentar para garantir a lucratividade dos sócios, sem que isso represente serviços satisfatórios.

Perdi um conhecido (era meu amigo, mas distante) porque seu plano de saúde, na ânsia de contenção de custos, não autorizou um exame mais minucioso na cabeça e atrasou o diagnóstico de um tumor cerebral.

E agora me chega a notícia que os procedimentos e exames são pagos pela maioria dos planos de saúde a partir de tabelas feitas ainda na década de 90, antes do Plano Real, corrigidas com índices que não cobrem nem a inflação do período, que dizer o aumento normal de custos e de adoção de novos procedimentos e tecnologias.

É vergonhoso que um médico receba 25 reais por consulta enquanto os recursos pagos pelos usuários são usados para a aquisição de hospitais e clínicas próprias dos planos de saúde, usados como meios de atrair aportes de capital por meio de venda de ações, que por sua vez implicam em obrigação de contar custos para aumentar lucros e distribuição de dividendos.

É um círculo vicioso no qual se arrancam recursos na marra de médicos e segurados, pra garantir apenas os interesses do quadro social da empresa.

Bem sabe o leitor que não sou contra o lucro de ninguém, muito menos contra a prática capitalista. Mas no Brasil parece que tudo se resume a uma forma safada, que nada respeita e que não guarda nenhuma preocupação com a excelência de serviços ou ainda a satisfação de colaboradores. Um indivíduo ganha uma capa elogiosa de revista de finanças porque gerou lucro, mas seus métodos ficam em segundo plano, não importa mais se ele pisa nas pessoas, destrói outros negócios antes lucrativos e aumenta a pressão social. Pouco importa se suas práticas administrativas agressivas pioram o serviço recebido pela clientela. Só o lucro que aumenta todos os anos é que importa, só o lucro é que é elogiável e se ele cair por um trimestre que seja, o cargo do super-executivo está a perigo, o mesmo da execração pública pelos operadores do mercado financeiro.


É o que eu chamaria de capitalismo selvagem pra valer.

29 de nov. de 2010

TEMOS QUE TORCER PELO BEM DO RIO DE JANEIRO


Todos os brasileiros tem a obrigação de torcer e rezar pelo bem do Rio de Janeiro.

Temos que acreditar que, desta vez, finalmente abriu-se uma guerra contra o tráfico e o crime, e que esta guerra só vai terminar quando o Rio voltar a ser uma terra de paz, onde as pessoas possam andar tranquilas sem a paranóia da violência gratuita que tomou a cidade.

Porque finalmente, depois de décadas de demagogia, um governo assumiu o ônus de enfrentar o crime de modo direto e franco, sem sujeitar-se a interesses mesquinhos de gente que se aproveita da violência e da desgraça para uso político, pregando direitos humanos para bandidos que não observam isto no trato com as comunidades que controlam. Muito se falou que as forças armadas não deviam intervir em conflitos assim e agora se comprovou que elas são imprescindíveis na árdua tarefa de impor a Lei a todo o país. Pela primeira vez as esferas de governo chegaram a um termo em que se respeita a Constituição e ao mesmo tempo, se ataca o crime.

Queira Deus que tenha acabado a leniência histórica com a bandidagem, que sempre marcou um Rio de Janeiro acostumado a exaltar contraventores e impedir que a polícia subisse o morro.

Tenho lá minhas críticas às UPP(s) e a forma com que esse processo tem ocorrido, mas mesmo assim, prefiro acreditar que agora as coisas serão diferentes e que finalmente este país abriu os olhos a necessidade de não transigir nunca com bandidos e impor a Lei a todos, doa a quem doer.

Mas desde já aviso que uma vez iniciada a guerra no Rio, é preciso que todos os demais estados também se mobilizem, porque a migração dos traficantes será inevitável. Alguns deles sairão do Rio para se instalarem em áreas igualmente pobres no PR, SC, PE, BA, GO, etc... o que significa que, agora, temos que iniciar imediatamente um sistema de prontidão nacional.

E também não deixo de reiterar minha opinião sobre o assunto: Uma vez efetivamente pacificadas, as favelas cariocas e as de qualquer lugar do país precisam ser realmente urbanizadas, transformadas em bairro de tal modo a possibilitar uma vida digna e sadia para sua gente, uma vida em que a violência não seja uma necessidade para sobreviver.

13 de ago. de 2009

HIPOCRISIA ESPORTIVA


Dias atrás uma onda de alegria e júbilo varreu o país nas imagens das TV(s), mostrando os históricos e espetaculares resultados do nadador César Cielo, que é vencedor por esforço exclusivamente próprio e brasileiro apenas por acaso, embora orgulhoso disso.

O rapaz inteligente e dedicado, treina nos EUA com apoio de entidades norte-americanas e, consta, é brigado com os dirigentes da natação nacional, cujos resultados de modo geral são pífios e vergonhosos, considerando o tamanho da verba que administram, advinda das loterias da Caixa Econômica Federal.

O Parque Aquático Maria Lenk, que foi construído a peso de ouro para receber as provas de natação dos Jogos Panamericanos de 2007 está abandonado e caindo aos pedaços pouco mais de 2 anos depois de sua inauguração. A situação é tão grave que ele não é considerado no nababesco projeto de candidatura para as Olimpíadas de 2016.

Já o Parque Aquático Júlio Delammare, anexo ao estádio do Maracanã, que é o preferido dos atletas nacionais, bem como o mais bem equipado do país, está sob risco de iminente demolição, para que se justifiquem gastos astronômicos para organização da Copa de 2014. Querem substituí-lo por um estacionamento que poderia ser feito do outro lado da rua, certamente apenas para agregar os custos de demolição no orçamento geral, vez que a notícia é que à sua demolição corresponderia a construção de outro, em local próximo(?).

Eu já escrevi aqui e repito que o Brasil é um país que não valoriza o esforço e a dedicação de ninguém.

Gustavo Kuerten venceu Roland Garros 3 vezes, mas no primeiro torneio depois do primeiro título, quando chegou à final e foi vice-campeão, foi chamado de preguiçoso para baixo, porque brasileiro só valoriza a vitória.

E fenômeno parecido com Rubens Barrichelo, porque muito além das piadas sobre ele, há um desprezo por que chegou à F-1, ganhou corridas, ficou milionário, mas... não foi campeão e não bateu Michael Schummacher. Ambos vítimas do viuvismo nacional pró Ayrton Senna, que por sua trágica morte prematura não experimentou o declínio que todo atleta sofre na carreira, e que certamente faria estragos em sua imagem de herói nacional invencível.

E o que acontece com os parques aquáticos citados, tem ampla relação com essa "cultura" esportiva de só valorizar a vitória, porque esta representa uma imagem e o esforço do atleta, um trabalho.

Queremos construir estádios padrão FIFA para a Copa 2014 mas os clubes de futebol do país estão quebrados. Queremos promover olimpíadas melhores que as da China, mas não reconhecemos o esforço de atletas e, pior, deixamos que o apoio oficial a eles seja administrado por entidades no mínimo incompetentes, para não dizer corruptas!

Não se faz esporte apenas com vencedores. Não se consegue resultados esportivos taxando de otário a quem treina. Não há desenvolvimento em área alguma com o apadrinhamento que existe a partir de dirigentes, como o que facilita a vida dos clubes paulistas e cariocas, sempre beneficiados pelas arbitragens nacionais.

Estádios e prédios lindos, atletas esfomeados!

Aos amigos a estrutura. Os inimigos que treinem no exterior!

Ao vencedor tudo, ao esforçado, nem as batatas!

9 de jun. de 2009

O PREÇO DA GASOLINA E DO DIESEL NÃO VAI CAIR

Que o leitor não se anime, os preços da gasolina e do óleo diesel não vão cair.

Acontece que ano passado, quando o barril do petróleo batia o recorde de quotação (US$ 140) a Petrobrás aumentou o preço na refinaria e o governo compensou isso diminuindo a CIDE - Contribuição Social por Intervenção no Domínio Econômico, o que deixou o preço estável na bomba.

Ontem, a Petrobrás anunciou que uma baixa de mais ou menos 9% no preço da refinaria, o que corresponde a dizer que ela já compensou as supostas perdas ocorridas quando o barril estava supervalorizado. Mas quando anunciou isto, imediatamente o governo tratou de compensar, aumentando a alíquota da CIDE, que é variável.

Há aspectos bons e ruins nisso tudo.

O aspecto bom é o país experimentar algo que era impensável em esferas governamentais no passado, a política tributária. Política tributária, em termos práticos, significa administrar alíquotas variáveis com vias a resultados que não apenas o da arrecadação. Assim, a CIDE foi usada para evitar o aumento do preço dos combustíveis na bomba, como a queda do IPI foi utilizada para alavancar as vendas de veículos e eletrodomésticos nestes 6 primeiros meses de 2009, evitando uma retração econômica maior por conta da crise econômica mundial.

Outro aspecto interessante é o da estabilidade de preços dos combustíveis. É claro que o consumidor quer gasolina e óleo diesel baratos, até porque o preço destes, determina o preço final do álcool na bomba também. Mas a estabilidade de preços é boa para toda a economia, no sentido de que impede variação excessiva de custos, a partir de um insumo universal, o combustível.

O aspecto ruim é a constatação de que os combustíveis brasileiros encontram-se entre os mais caros do mundo porque são pesadamente tributados. Algo em torno de 60% do preço pago na bomba, para álcool, gasolina, óleo diesel e GNV, são impostos. Há estados em que o preço da gasolina na bomba é em torno de R$ 2,55, mas o ICMS é cobrado sobre R$ 2,82. Em outros, como o Paraná, a substituição tributária é feita com alíquota de até 129%, o que significa que, sobre o preço da refinaria, soma-se 129%, aplica-se a alíquota e cobra-se com antecipação. E a situação é exatamente îgual para os demais combustíveis e lubrificantes.

Outro aspecto ruim é o do monopólio de fato que a Petrobrás detém sobre o refino e a importação de combustíveis, que na prática torna impossível que uma distribuidora se aventure a concorrer com ela, mesmo em mercados localizados. Se a Petrobrás não tivesse esse monopólio, a possibilidade de preços menores para combustíveis seria bem maior, porque abriria a possibilidade do preço básico eventualmente ser menor, chegando à bomba com alguma diferença em favor do consumidor.

8 de jan. de 2009

MUNICÍPIOS NO CAOS

Aqui no Paraná, o novo prefeito de Nova Tebas encontrou o município sem dinheiro em caixa para as despesas imediatas, com a frota de veículos e maquinário sucateada e imprestável e ainda constatou que os computadores do gabinete do prefeito foram roubados. Em Araucária, quarto município em arrecadação tributária, o ex-prefeito não reeleito cancelou licitações importantes para material escolar, pondo em risco o reinício do ano letivo na cidade. Em Ribeirão do Pinhal o novo prefeito declarou moratória de todos os pagamentos por 90 dias pois encontrou a prefeitura sem caixa, com uma dívida de 2 milhões e os pagamentos do funcionalismo em atraso desde novembro. Em Campo Magro os funcionários municipais não vêem a cor do dinheiro desde novembro, a dívida municipal é de 800 mil reais e não há dinheiro para pagar despesas imediatas.

Aqui no município onde vivo, graças a uma manobra baixa de deputados ligados a uma rede de TV, o ex-prefeito renunciou 2 meses antes do fim do mandato e assumiu o seu vice, que é vice também na chapa eleita em outubro passado. Todo mundo pensava que ele assumiria e colocaria a casa em ordem para seu sucessor, mas aconteceu o contrário, os salários estão atrasados, o décimo-terceiro do funcionalismo não foi pago e todos os serviços públicos foram negligenciados, com o fechamento de postos de saúde e cessação total da manutenção de ruas e parques. Faz três meses que só se ouve um discurso, o de que o prefeito renunciante deixou a cidade no caos, mas ninguém fala que os repasses dos fundos de participação são mensais e que entraram em caixa na prefeitura, desde a renúncia, mais de 8 milhões de reais, sem contar algumas estranhas dispensas de licitação e aluguéis por valores irreais, de salas comerciais.

E eu aposto que você, leitor de SP, RJ, MG, SC, ES, PE, etc... já leu nestes primeiros dias do ano, fatos parecidos ocorridos em municípios de seu estado.

Enfim, esse estado de coisas nacional demonstra dois fatos graves:

1. A incapacidade dos políticos municipais. Pessoas incapacitadas para cargos de administração acabam eleitas e trocam os pés pelas mãos, contando sempre com a ineficácia dos sistemas de controle (os tribunais de contas de regra não punem e, quando punem, algum deputado coloca panos quentes na questão) e a própria irresponsabilidade dos eleitores municipais que, nos grotões, são acostumados a fazer do voto uma moeda de troca. Isso tudo desagua no caos administrativo, quando não no assalto puro e simples do dinheiro dos contribuintes.

2. A inviabilidade econômico-financeira da enorme maioria dos municípios brasileiros. No Brasil, cria-se um município e imediatamente, cria-se a despesa de pagar um prefeito, um vice, vários secretários, 9 vereadores e um monte de cupinchas. Não há dinheiro público e carga tributária que dê conta. Depois de instalado, o município vive de repasses estaduais e federais e, portanto, sempre no bico da chuteira de algum deputado corrupto ou de um governador aloprado. Muitos municípios existem apenas para pagar salários para os políticos, são os mesmos que se insurgem contra o piso salarial nacional dos professores, e que não fazem nada para alavancar o progresso de suas respectivas regiões, preferindo o pires na mão, mendigando favores entre os mais baixos parlamentares das Assembléias Legislativas.

O grave disso é que, pela Constituição Federal, os municípios são responsáveis por atendimento de saúde básica e preventiva e educação fundamental. E por conta disso, o dinheiro que deveria chegar às salas de aula e postos de saúde, fica no caminho, pagando alugueis milionários para ônibus velhos que transportam crianças ou imóveis inadequados para as atividades de saúde.

Os municípios são um ralo colossal de dinheiro público, são o supra-sumo da corrupção porque tocados pela raia miúda da política, aquela gente rasteira que não se iomporta com o nome no SPC ou com algumas dúzias de processos na Justiça, desde que sempre agraciados com algum carguinho em comissão, onde se fazem muitos esquemas, se ganha bem e não se trabalha.

6 de jan. de 2009

ORDEM URBANA

A melhor notícia deste início de 2009, foi a operação carioca de combate à desordem urbana, determinada pelo novo prefeito, Eduardo Paes.

Ordem urbana implica observância de regras de zoneamento que impeçam que áreas residenciais sejam tomadas por estabelecimentos comerciais ou, ainda, que edificações fora dos padrões aconselhados para a área sejam levantadas, cujo nome técnico é polícia edilícia (e que engloba também questões construtivas para impedir a impermeabilização do solo).

É de se presumir que se um município determina que um determinado bairro seja estritamente residencial e não possa receber edificações com mais de "x" pavimentos e/ou com lojas voltadas para a calçada, está tentando preservar a população do local ao mesmo tempo em que direciona o desenvolvimento comercial para áreas apropriadas para tanto, capazes de suportar o fluxo de pessoas e veículos que isso gera.

A prática ainda tem reflexos no controle da mobilidade urbana, regulamentando estacionamentos, impedindo a parada de veículos em áreas que atrapalhem a fluidez do trânsito (como camelôs), preservando os passeios das calçadas para os pedestres e não para cadeiras e mesas de bares e restaurantes, coibindo estacionamentos irregulares e impedindo o comércio de bens não autorizado previamente mediante alvará.

Não sou carioca, e não tive, ainda, o prazer de conhecer o Rio de Janeiro, de modo que falo da Cidade Maravilhosa como exemplo para todas as demais do país, pois nenhuma se desenvolve e obtém paz, se não observa esses mínimos princípios.

Essa sensação de pode tudo que acomete muitos municípios brasileiros, que não fiscalizam o comércio, o trânsito, as edificações e silêncio é uma das maiores causadoras de violência. Quando o Estado não está presente na vida das pessoas, elas tendem a agir apenas no interesse próprio. Um dos melhores exemplos, são as aparelhagens potentes de som que boizinhos estúpidos exibem em qualquer lugar ou hora do dia. Se o Estado coibisse e apreendesse a aparelhagem a cada vez que um idiota desses se exibe, a prática diminuiria. Mas a ausência do Estado, e principalmente de regras que impliquem multas e punições, causa coisas ainda piores, tais como o comércio irregular, o caos do trânsito e mesmo a facilitação para o crime. O caos urbano ajuda o criminoso a se esconder, porque a municipalidade deixa de ter controle sobre áreas que são suas.

A operação foi apenas um começo do que o Rio deve se acostumar a fazer. Aliás, é preciso que o Estado, ou seja, a prefeitura e os governos estadual e federal, retomem o controle sobre o Rio de Janeiro, ocupando favelas, prestando serviços sociais e regulamentando o meio ambiente urbano. Fazendo isso, estará ferindo de morte lenta e gradual o narcotráfico e outros crimes menores, como o comércio irregular de imóveis, as invasões e as pequenas violações da Lei a que se acostumaram as pessoas.

7 de jul. de 2008

O TRÂNSITO VAI PARAR?


A bonança econômica experimentada pelo Brasil nos ultimos 6 anos fez com que a venda de automóveis disparasse, o que teve efeito imediato em nossas cidades.

Cresceu o tamanho dos engarrafamentos, o número de acidentes e a perda de tempo no trânsito, o que é agravado pela absoluta falta de educação do motorista daqui, acostumado a, entre outros atos, travar o trânsito para encaixar o carro numa vaga de avenida movimentada, ou fazer fila tripla para pegar os filhos na escola ou, ainda, negligenciar a manutenção do veículo, que pára no meio da rua com consequências para todos os demais motoristas.

Não se pode reclamar do adicional de veículos porque ele é reflexo do modelo econômico e social que escolhemos. Todas as pessoas que têm carro ou moto, sejam ricas ou pobres, de direita ou de esquerda, são responsáveis pela situação, porque o carro é uma espécie de locomotiva do desenvolvimento. É sabido que a indústria automobilística é uma das que puxa para cima os índices de crescimento do PIB, por muitas razões que não vêm ao caso comentar aqui.

Enfim, ao deparar com um engarrafamento, não adianta reclamar que hoje em dia todo mundo têm carro, porque isso é o ônus de uma sociedade consumista, que dizer de uma em que não se planeja absolutamente nada por inépcia dos agentes políticos.

Mas o fato objetivo é que engarrafamentos aumentam o custo dos produtos transportados, potencializam a poluição, impõem investimentos públicos relevantes e causam stress, além de vários outros problemas de saúde, tudo absolutamente insolúvel no curto prazo e provavelmente sem solução até no longo prazo.

São Paulo, onde o problema é gravíssimo e antigo, já apelou para a construção de vias expressas, viadutos, pontes, áreas de trânsito exclusivo de ônibus, rodízio de veículos e finalmente, a restrição ao tráfego de caminhões em certas áreas e horários. Ao custo de bilhões de reais, a capital paulista acabou com bairros inteiros que foram desapropriados, degradou áreas nobres da cidade, agravou a impermeabilização do solo e nem assim conseguiu evitar que o trânsito entrasse em colapso.

Com efeito, as novas vias compostas de avenidas, pontes e viadutos em pouco tempo ficaram lotadas e as restrições de rodagem geraram um mercado paralelo, pessoas que têm dois carros na garagem para fugir do rodízio, mesma coisa que acontecerá com o tráfego de caminhões, que serão substituídos por veículos menores e em maior número, para dar conta das mesmas entregas que ocorrem hoje.

Já Curitiba, é uma cidade que discute há pelo menos duas décadas a implantação de um metrô, que teria aqui um preço absolutamente razoável em virtude da cidade já possuir eixos norte-sul, leste-oeste e alguns longitudinais, que a cortam com grandes avenidas, onde já transitam os chamados "ligeirões", e que evitariam boa parte da febre de desapropriações em que implica uma obra subterrânea.

No entanto, uma das boas coisas dela é concentrar todos os estudos e decisões urbanísticas em um único órgão, o IPPUC, criado pelo então prefeito Jaime Lerner na década de 70 e até hoje formado por técnicos com uma visão muito próxima à dele, Lerner, nos assuntos que envolvem a mobilidade urbana.

E uma das coisas a que historicamente o IPPUC faz graves restrições que eu chamaria de ideológicas, é justamente à implantação do metrô, porque é sabido que é um meio de transporte que privilegia o automóvel, ao ceder-lhe mais espaço na superfície, colocando o pedestre sob a terra.

Com efeito, em Curitiba nota-se uma preferência em atrapalhar o fluxo de veículos individuais em favor dos coletivos. De certa forma, isso tem mudado lentamente nos últimos anos, mas a opção da cidade ainda é em desenvolver o sistema de ônibus, ao invés de embarcar numa arriscada e caríssima aventura pelo metrô, que levaria pelo menos uma década para se tornar operacional.

Ainda assim, é, hoje, uma cidade onde o trânsito está caminhando para o esgotamento idêntico ao de São Paulo, porque, nos dois casos, nenhuma das metrópoles suporta a quantidade de veículos que é diariamente adicionada à sua frota, o que é algo visível em todas as grandes cidades do país.

Penso que a tendência não só no Brasil, mas no mundo todo, é que a aquisição de um automóvel será cada dia mais barata, mas sua manutenção cada vez mais cara.

Em Curitiba, a cada ano, diminuem as vagas públicas de estacionamento para dar lugar à pistas de rolamento e não raro, exclusivas para o transporte coletivo.

O motorista do futuro poderá adquirir um veículo a preço convidativo, mas terá que calcular o quanto gastará de estacionamento, manutenção mecânica, impostos (que certamente vão aumentar), seguro total obrigatório e outras coisas, como um laudo anual para conferir suas emissões de poluentes. E também não vai demorar que os rodízios de veículos se espalhem por todas as grandes cidades, até o ponto em que forem instituídos pedágios urbanos, o que é apenas questão de tempo.

E as multas por infrações de trânsito terão seus valores aumentados junto com a rigidez das normas. Acredite o leitor, não é apenas por questão de saúde pública que o Brasil proibiu a direção após o consumo de álcool, isso é apenas o início de uma batalha em que os derrotados serão os motoristas que se acham proprietários das ruas. As normas vão ficar mais rígidas em todos os sentidos, multas por filas triplas serão absurdamente altas, atrapalhar o trânsito poderá implicar perda da habilitação, etc...

Talvez a solução para o problema seja justamente a de transformar o carro num objeto que todos possuam, mas que poucos tenham coragem de tirar da garagem todos os dias.

O fato é que a sociedade que privilegia o transporte individual, parece, está com os dias contados. Quando o trânsito parar nas grandes metrópoles, e isso já estamos presenciando, o carro será reconhecido como um vilão a mando se outro, o seu proprietário.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...