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8 de nov. de 2009

20 ANOS SEM MURO


Em 9 de novembro de 1989 caiu muito mais que um muro que separava duas cidades. Na verdade, a data marca o fim de uma era da humanidade, que o historiador comunista Eric Hobsbawm bem definiu como o "breve" século XX, iniciado em 1915 com a Revolução Russa e encerrado em 1991, com a derrocada da União Soviética.

Penso que a queda do muro é que simboliza o fim daquela era, é a imagem que vai ficar marcada por gerações de seres humanos que cresceram e viveram a Guerra Fria, e que conheceram um mundo bipolar, atormentado pela ameaça diária de holocausto nuclear. Nós na faixa dos 40 anos de idade para cima, podemos dizer que vivenciamos uma mudança radical da história, fato comparável às quedas do Império Romano do Ocidente e do Oriente.

A queda do muro teve muitos artífices. O maior deles, o conjunto dos governos comunistas da "Cortina de Ferro", todos incompetentes, corruptos e incapazes de evitar que seus países virassem estados totalitários e policialescos, feudos de uma elite burocrática que nada legou a seus povos senão propaganda destituída de sentido, falta de liberdades e insuficiência econômica. A URSS e a "Cortina de Ferro" caíram primeiramente por seus próprios erros, ao dirigir suas economias de modo equivocado e eliminar a possibilidade de lucro, de ascensão social e desenvolvimento tecnológico não ligado aos complexos militares.

Outros artífices, o papa João Paulo II, cuja fé inabalável na democracia levantou o povo polonês contra a opressão servindo de exemplo para outros países. O secretário geral do Partido Comunista Mickail Gorbachev que teve a coragem de sinalizar para seu povo que o sistema em que viviam havia ruído, contrariando a cúpula composta pela velha guarda política. A primeira-ministra inglesa Margareth Thatcher, que livrou a economia de seu país das amarras estatais e de um socialismo enrustido que acabou por influenciar as políticas econômicas norte-americanas, que levaram ao governo Ronald Reagan, que por sua vez recuperou os EUA da recessão vivida na década de 70 e inviabilizou a possibilidade da URSS competir na corrida armamentista. E o chanceler alemão Helmuth Kohl, que no momento certo soube oferecer diálogo ao ditador da Alemanha Oriental.

A queda do muro acelerou o processo de globalização. Empresas transnacionais passaram a investir nos países da antiga "cortina" e que enriqueceram rapidamente, melhorando sobremaneira a qualidade de vida de sua gente. Hoje, a Rússia está voltando à condição de superpotência, desta vez pela força de sua economia e não pelo clamor das armas. Mais do que isso, o fim da guerra fria facilitou as relações econômicas com a China, que também é superpotência por que abriu mão do comunismo para agregar investimentos estrangeiros (embora não tenha aberto mão do totalitarismo)virando uma força industrial. E mesmo países menos expressivos, como a Polônia e a República Tcheca podem alardear que a abertura de 1989 foi a responsável por hoje apresentarem números sócio-econômicos pujantes, que as colocaram no chamado primeiro mundo.

Vivíamos num mundo bipolarizado entre a URSS e os EUA. Hoje, vivemos num mundo multipolar, onde há pelo menos 3 super-potências militares globalmente influentes (EUA, China, Rússia)e várias outras potências econômicas a definir os rumos do mundo (Japão, Coréia do Sul, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Índia, Austrália e mais recentemente, o Brasil).

Ela nos deixou como legado um mundo um pouco mais seguro e bem menos dependente dos humores nos escritórios políticos de Washington e Moscou. Outra das suas heranças são a retirada de milhões de pessoas da miséria pelo globo afora, o aumento exponencial de democracias e do livre arbítrio em contraposição ao totalitarismo dirigista que ainda vige nas ditaduras de Cuba, Coréia do Norte e Venezuela.

Foi o canto do cisne do comunismo e também do capitalismo. A partir daquela época, o mundo entrou em um processo de junção dos dois sistemas, aproveitando o que cada um tem de melhor, como comprova a crise econômica de nossos dias, que demonstra que a ausência de Estado é tão deletéria para a humanidade quanto o Estado onipresente e empreendedor.

Vivemos em um mundo melhor. Talvez não seja fácil perceber isto, haverá sempre quem diga que o mundo deve retroceder ao capitalismo sem amarras ou ao comunismo totalitário.

Mas presenciamos de fato, um dos momentos mais belos da humanidade. Como descendente de alemães também chorei de alegria naquele 9 de novembro de 1989, e de certa maneira vislumbrei um pouco da verdadeira revolução pacífica que experimentamos nestas duas décadas.

14 de out. de 2009

OBAMA NOBEL?

O presidente dos EUA, Barack Obama, não era mais para o mundo que um ilustre desconhecido até janeiro de 2008, quando se iniciaram as eleições primárias que o escolheriam como candidato democrata à Casa Branca.

E eis que menos de um ano após sua posse, recebe a mais importante honraria da humanidade sem ter feito em 10 meses absolutamente nada que a justificasse.

Muitos americanos já haviam recebido o prêmio com absoluta justiça. O então presidente Woodrow Wilson foi laureado por seus esforços em criar a Liga das Nações. O general George Marshall foi premiado pela criação e os esforços em prol do plano que levou seu nome, e que ajudou a reconstruir a Europa devastada pela guerra com recursos do tesouro norte-americano. Henry Kissinger pelo plano de paz com o Vietnã, o ex vice-presidente Albert Gore por seus esforços pelo meio ambiente e o ex-presidente Jimmy Carter por sua atuação em prol dos direitos humanos e da solução pacífica de conflitos.

Se houvesse algum critério para o Nobel, até mesmo um presidente malquisto dentro e fora dos EUA, Richard Nixon, poderia ser premiado por aproximar a China ao ocidente. A abertura econômica que disto decorreu resultou na retirada de milhões de chineses da miséria completa na adoção de um sistema econômico misto de socialismo e capitalismo, sem contar a diminuição sensível das tensões militares na Ásia.

Apesar de ser um marco político na história americana, representando minorias raciais que compõe a heterogênea sociedade daquele país e mesmo governando a partir de conceitos mais flexíveis de segurança nacional e abrindo-se ao diálogo com focos de tensão como o Irã, Obama não praticou ainda nenhum ato de verdadeiro impacto que o qualificasse ao prêmio.

Em 2009, comemora-se 20 anos da queda do muro de Berlin, que foi um dos fatos mais importantes do século XX, talvez um divisor de eras da humanidade, por representar que regimes mantidos apenas pela coação contra os cidadãos não prosperam, e ao mesmo tempo indicar que não existe sistema econômico tão perfeito que não possa agregar novos parâmetros. Por esta razão, talvez o ex-chanceler alemão Helmuth Kohl mereceria a homenagem. Ainda havia a possibilidade de laurear o dissidente chinês Hu-Jia por esforços em prol da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão, por mais que isso irritasse o governo chinês. E ainda, Oswaldo Paya pela luta sem tréguas contra a ditadura cubana ou o Dr.Denis Mukwege, médico congolês que ampara e protege mulheres vítimas de violência sexual em seu país.

Todos eles merecem o prêmio mais que Barack Obama, uma vez que não se pode premiar ninguém por atos futuros. Talvez Obama entre para a história e um dia justifique a láurea que ele mesmo recebeu com surpresa, mas hoje, a homenagem não se justifica.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...