28 de fev. de 2010

UMA VIDA ENTRE LIVROS

Faleceu aos 95 anos, o "imortal", empresário, jornalista, advogado e bibliófilo José Mindlin.
Este senhor é uma daquelas pessoas cuja história eu mesmo gostaria de repetir.
E não só pelos seus livros, paixão que também cultuo, mas principalmente pela sua cultura, seu caráter e a admirabilíssima capacidade de antever guinadas da história, como quando deixou a advocacia para dedicar-se à vida empresarial, e quando deixou desta, reconhecendo que seu tempo como fabricante de auto-peças acabara.
Meus sentimentos, se foi um grande brasileiro, um daqueles que honraram a nação.

24 de fev. de 2010

ORLANDO ZAPATA, A REALIDADE DE CUBA QUE O PT (E LULA) NÃO QUEREM ADMITIR

A morte de fome do ativista Orlando Zapata, em condições sub-humanas numa prisão cubana, justamente no dia de uma visita oficial do presidente Lula à Cuba deslinda uma situação que muitos petistas simplesmente não querem admitir.

Cuba é uma ditadura. É um regime opressivo e policialesco à disposição e bel prazer da família(de ladrões, assassinos) Castro, que não pensa duas vezes em prender, torturar e matar quem lhe faça oposição.

Mais do que isso, Cuba é uma economia falida, que vive das esmolas da Venezuela. Seu ditos "avanços sociais" da era castrista são apenas uma justificativa torpe para o regime, porque de modo objetivo, não passam de uma obrigação do Estado, obrigação esta muito mais bem cumprida em países democráticos.

22 de fev. de 2010

A TV GLOBO E OS SEUS MITOS


A imagem é de uso comercial exclusivo no Brasil da Rede Record de TV e dos concessionários do Comitê Olimpico Internacional. Este blog não tem fins lucrativos.


A TV Globo sempre comprava os direitos de transmissão em TV aberta das Olimpíadas de Inverno, mas simplesmente não cobria o evento e não o transmitia.

Depois que criou-se a TV por assinatura, esta lindíssima festa do esporte e congraçamento dos povos era exclusividade da TV fechada, inacessível às pessoas mais pobres, porque no Brasil ela é praticamente um monopólio das organizações Globo e, como todo monopólio, absurdamente cara!

Neste ano, a TV Record adquiriu os direitos e colocou os jogos no ar. E o efeito foi imediato: brasileiros de todas as classes sociais deslumbrados com a beleza e plasticidade dos esportes de neve e inverno, que assistem, comentam e ficam ansiosos em acompanhar uma cobertura espetacular, de bom gosto, cujo resultado foi triplicar a audiência da casa em alguns horários.

A mesma Rede Globo que tanto mal faz ao futebol brasileiro, ao privilegiar as transmissões de Flamengo e Corinthians, boicotando sistematicamente clubes de fora do eixo Rio-SP, que muitas vezes não aparecem nem nos boletins esportivos da programação.

A Globo que tenta impor ídolos na marra, que vende um Ronaldo ou um Roberto Carlos como atletas de primeira linha, e não medalhões em fins de carreira, porque no futebol brasileiro só existe um super craque atuando em time daqui no auge, que é Adriano, do Flamengo.

Enfim, me revolta certas vezes, ver os canais abertos de Curitiba transmitindo jogos do campeonato paulista, porque a Globo só negocia com outras emissoras este evento, em todos os demais estados, ela força o pay-per-view dos campeonatos estaduais.

Ao contrário do que muita gente pensa, a Globo paga pouco pelo campeonato brasileiro. Menos da metade do que o futebol alemão da primeira divisão, e 1/4 do futebol inglês, sem contar a injustiça da distribuição das verbas que, claro, é muito maior para os clubes do eixo Rio-SP, mesmo que vários deles tenham sido rebaixados nos últimos anos.

E o ufanismo histriônico durante as olimpíadas. A Globo irrita os atletas brasileiros, impõe-lhes enorme pressão por medalhas e inventa baboseiras como as "musas" dos jogos, tirando o foco de moças e rapazes de tenra idade, que precisam de altíssima concentração para competir em alto nível.

Não estou dizendo que a Globo é culpada pelos pífios resultados esportivos brasileiros. De certa forma, muitas vezes ela presta um inestimável serviço de divulgação.

Mas seus critérios nem sempre são os corretos. E muitos dirigentes esportivos são covardes em não discuti-los!

GENTE QUE PRECISA DE BEBIDA PARA SE DIVERTIR



Não sei.

Pode ser que por ser ativista contra o álcool, eu me revolte com coisas assim e não veja graça nenhuma. Pode ser que por odiar cerveja e identificar nela a pior droga que assola a juventude brasileira, eu não consiga ser simpático à pessoas que confundem bebida com diversão.

Quem bebe para se divertir é um idiota sem caráter e personalidade, e o pior de tudo é que é regra entre a juventude de hoje em dia é justamente esta: quase todos querem ser uma Paris Hilton da vida.

Afinal, Paris Hilton ganha uma nota preta para fazer propaganda de uma cerveja cuja marca não seria aceita num país decente preocupado com sua infância.

E Paris Hilton se diverte, afinal de contas. Ela está em todas as festas mais badaladas, passeia de iate, anda de Rolls Royce e troca de namorado como troca de roupas, sendo que suas roupas são sempre de marcas famosas e os namorados têm uma característica em comum: são todos tão toupeiras quanto ela!

Sinceramente, há algo de errado quando uma grande empresa de um país lança um produto de apelo sexual, chama uma ídolo adolescente para fazer sua publicidade e não se preocupa em passar a idéia errada de que não existe diversão sem embriaguês.

19 de fev. de 2010

63 MIL REAIS



A Constituição Federal determina que nenhum agente público pode ganhar mais que um ministro do Supremo Tribunal Federal. À esta regra, agregou-se uma interpretação do próprio STF, segundo a qual para sua aplicação, ao salário básico do ministro da casa, deve ser agregado o valor do subsídio que ele recebe ao compor o Tribunal Superior Eleitoral e sua presidência, vez que neste tribunal, o cargo é temporário e assumido por rodízio.

Chegou-se a um valor atual de pouco mais de 26 mil reais, teto do salário do funcionalismo público em todas as esferas administrativas, de todos os poderes.

Sou da opinião que em face de preceito constitucional não existe direito adquirido. A Carta de 1988 decorreu de um poder Constituinte Originário, uma Assembléia Geral que definiu estritamente, inclusive no Ato das Disposições Transitórias, quais os assuntos eram protegidos pelo direito adquirido anterirmente à promulgação.

Um dos assuntos ao qual a Constituição não fez menção de garantir direitos adquiridos, foi o do teto do funcionalismo. Ou seja, uma vez promulgada, nenhum agente público poderia receber mais que o teto.

No entanto, na semana que passou descobriu-se que há, no Tribunal de Justiça do Paraná, vários funcionários que recebem acima deste teto, sendo que existe um, em especial, um escrivão, que recebe de salário base a quantia de R$ 63 mil reais! E mais do que isso, à este salário básico somam-se algumas vantagens que elevam sua remuneração para mais de R$ 100 mil reais!

E ao invés de dar-se aplicabilidade imediata à Constituição, o TJPR e o Conselho Nacional de Justiça declararam que vão "analisar de modo técnico" a questão antes de tomar providências.

Já é um acinte saber que no Brasil existem funcionários públicos muitíssimo bem remunerados, tais como juízes, promotores, procuradores e delegados de polícia, e agentes públicos como senadores, deputados e vereadores, que trabalham pouquíssimo, que não batem ponto, que não são encontrados em suas repartições e que as vezes delegam suas funções a subalternos para gozar do ócio.

Mas muito pior do que isto, porque, afinal, existem bons juízes, promotores, procuradores, delegados, senadores, deputados e vereadores, é constatar que o Estado brasileiro paga salários de de artistas de TV ou jogadores de futebol de alto desempenho para pessoas cuja função primordial, por pública, é dar cumprimento integral à Constituição, coisa que não fazem na cara dura.

Isso tem que acabar! Hoje em dia as pessoas vislumbram cargos públicos como uma oportunidade de trabalhar pouco, ganhar muito bem e eventualmente até enriquecer. É o Estado divorciado da sua função de distribuir o bem comum, para distribuir benesses individuais.

16 de fev. de 2010

46664 (*)

.Nascido livre, vale a pena viver.
Mas só vale a pena viver,
porque você nasceu livre.
(da música Born Free de Andy Willians e John Barry, para o filme "A História de Elza")


Sempre digo que o século XX foi pródigo em grandes homens.

Winston Churchill, Carol Woytila (o papa João Paulo II), Franklin Delano Roosevelt, Wladimir Ilitch Lênin, Golda Meir, Margareth Thatcher, Gamal Abdel Nasser, Mohandas Ghandi, Jawaharlal Nehru, Madre Teresa de Calcutá, Lech Walesa, e muitos outros fizeram do século XX uma era de igualdade e direitos jamais imaginada no passado.

Grandes homens são o farol da civilização. O sacrifício e a coragem são, historicamente, o motor das mudanças sociais, a inspiração para grandes movimentos de progresso e realização. Quando grassa a injustiça, o ser humano prostrado precisa de um líder.

Entre 1910, ano da independência do país, e os anos finais do século XX, na África do Sul os negros foram gradualmente isolados em guetos onde não tinham autorização sequer para empreenderem atividades econômicas que lhes vislumbrassem a melhoria de suas condições sociais. A eles eram negados os direitos políticos e os econômicos, suas vidas resumiam-se a experimentar a miséria eterna sob o jugo cruel de um regime racial baseado exclusivamente na opressão violenta que lhes negava a terra onde trabalhar e mesmo a discussão sobre as injustiças que lhes acometiam (Steve Biko, ativista, foi assassinado e seus algozes jamais foram julgados por alegada falta de provas). Mesmo aos negros que eram autorizados ao convívio com os brancos, não era permitida mais que uma relação de servilismo escravo.

Faltavam pouco mais de 10 anos para o fim do século, quando a tensão social explodia e a população negra, que era a maioria absoluta naquele país chegava ao seu limite. Foi mais ou menos a época em que ouvi falar pela primeira vez de um líder incomum, condenado à prisão perpétua por traição e terrorismo e cumprindo sua pena após pegar em armas mesmo pregando a paz, revoltado com o massacre de 69 indefesos e desarmados que pediam melhores condições de vida em 1960.

Alguém que durante a vida fez declarações díspares como “...entre a bigorna que é ação da massa unida e o martelo que é a luta armada, devemos esmagar o apartheid...” e “...unam-se, mobilizem-se, lutem!...” e também pregou comiseração ao dizer que “...uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação...” ou ainda pregar que “...não há caminho fácil para a Liberdade...”.

E da prisão sua imagem serena inspirava a luta de um povo cansado de lutar pela Liberdade, que não queria a guerra mas precisava de um líder, uma luz na escuridão da injustiça.

Então, o destino elegeu presidente dos brancos um pequeno herói de nome Frederik de Klerk, cujo grupo político compreendera que aquele regime não se sustentaria, que o mundo mudara e mesmo que entre os negros havia um líder, cuja ascendência tornaria impossível a manutenção do apartheid.

Nelson Mandela foi libertado em 12 de fevereiro de 1990. Naquela ocasião, levantou o braço direito em um ângulo de 45 graus com o punho cerrado, marca da resistência heróica do seu povo. Mas pregou a conciliação ao invés da vingança, abdicando da guerra para trabalhar pela paz como nenhum outro ser humano nos últimos 20 anos. Nem a injustiça de sua prisão e as acusações de trair o país que sempre amou e de um terrorismo que jamais praticou, foram suficientes para desviá-lo de seu sonho pelo “...dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos...”.

Mandela é advogado de formação, fundador do Congresso Nacional Africano em 1942, signatário da Carta da Liberdade de 1955, Nobel da Paz de 1993 (em conjunto com Frederick de Klerck) “pelo trabalho de pacificação com o fim do regime do Apartheid e pela fundação da nova democracia da África do Sul”(**). Em 1994 foi eleito presidente de seu país e ao contrário do que se poderia imaginar de alguém que chegara ao poder como ele, não manobrou por sua reeleição, entregando o cargo em 1999 e deixando oficialmente a vida pública em 2004, quando virou símbolo de um país saído das trevas, a pregar a Justiça e a Igualdade, a luta incesssante e sem tréguas pelos direitos humanos e pelo combate à AIDS.

É o grande herói nacional da África do Sul porque foi capaz de unir o país no complicado processo de integração racial ainda em curso, sem atentar contra a democracia nem pregar o ódio ao passado.

Mandela é um daqueles seres humanos especiais, que merecem cada uma das muitas homenagens, como o Nobel da Paz de 1993, a honraria maior da multirracial Índia, o Bharat Ratna em 1990, o título de Cidadão Honorário do Canadá em 2001 e o de Embaixador da Consciência em 2006 pela Anistia Internacional. Mas a homenagem mais singela e bonita que reconheci à sua pessoa, foi feita pelo grupo musical típico chileno, Illapu, cuja letra diz o seguinte:


La noche que anda de negro
cargada de soledad
que se levante Mandela
Mandela, mande ya

La noche que anda escondida
y sigue siempre esperando
debe ser el mediodia
o la manana cantando

Mande Mandela, Mandela ya!
que la noche se levante,
y no se vuelva acostar!


Neste ano de 2010, quando o mundo será recepcionado na terra de Mandela para uma festa esportiva, vamos prestar a merecida homenagem para este homem que honrou àqueles que acreditam na paz e entrou para a história da luta dos direitos de todos nós seres humanos.


(*) Número de inscrição de Nelson Mandela na prisão na qual ficou por 28 anos.
(**) Palavras da comissão que defere o Prêmio Nobel.

É ALTO O CUSTO DE SALVAR A ECONOMIA, INTERVINDO NELA OU NÃO



Após a II Guerra, o Estado indutor de crescimento econômico se fez presente, até porque as economias européias estavam destruídas com enorme perda de massa crítica (empresários, cientistas, técnicos em áreas sensíveis, etc...) no conflito, o que forçou os Estados nacionais a tomar a frente da recuperação.

Essa intervenção estatal perdurou até meados da década de 70, quando as crises do petróleo e do endividamento dos Estados atingiu até a Meca do capitalismo, os EUA. O keynesianismo tinha se esgotado. o Estado empregava gente demais e era ineficiente, muitas vezes o que produzia não era suficiente para compensar os custos de uma operação.

O que se convencionou chamar "neo-liberalismo" iniciou-se em 1979 com a ascenção ao poder da primeira-ministra Margareth Thatcher na Inglaterra, e com o início do governo Ronald Reagan em 1980, com a diferença de que este não privatizou porque os EUA não tinham grandes estatais, sendo que ele adotou os outros pilares do novo sistema: a desregulamentação e a diminuição de impostos.

E, quer queiram os defensores do Estado empresário, quer não, o crescimento econômico do primeiro mundo foi consistente pelas três décadas seguintes, mesmo que em 1997 tenha caído o governo tory de John Major, assumindo os trabalhistas, sem, no entanto, mudar radicalmente as políticas econômicas até então em voga.

E mesmo as crises pontuais da dívida da Rússia e das economias asiáticas não mudaram muito o quadro. As economias americana e européias enriqueceram a olhos vistos, até que em 2007 acabaram os tempos de bonança e o Estado teve que intervir para salvar o sistema financeiro que havia inchado na esteira da pouca regulamentação, coisa que só não aconteceu no Brasil, porque sofremos uma crise como a do "sub-prime" bem antes (na década de 90), combatida com o PROER e com o aperto da fiscalização do BACEN promovidas no governo esquerdista de Fernando Henrique Cardoso.

O que aconteceu?

Na minha modesta opinião (figurativa) de leigo, o mesmo equívoco que levou à grave crise do petróleo e das dívidas públicas de meados dos anos 70: a fé extrema de que não se deve mexer em time que está ganhando.

Tal qual os Estados nacionais que já estavam falidos na década de 60 mas não faziam nada mudar esse quadro, no início dos anos 2000 já se notava que a falta de regulamentação do sistema financeiro criava distorções, mas nada se fez para combater o que se sabia perigoso.

Um dos equívocos de nossos dias é achar que agora, o Estado deve voltar a ser empresário porque salvou as economias injetando dinheiro no sistema financeiro. A atuação dos Estados nacionais foi atrasada, eles deveriam ter revisto bem antes a política de não intervir em bancos mantendo a pouca regulamentação, mas isso não significa que devam voltar ao papel de indutor da economia.

Felizmente para o mundo e infelizmente para os povos de alguns países (Espanha, Portugal, Grécia e Bélgica, especialmente) a intervenção do Estado para evitar o aprofundamento da crise do sub-primelevou a um efeito colateral, a completa desestruturação das contas públicas.

E isso foi rápido. Menos de um ano após a corrida das economias nacionais em injetar bilhões no sistema financeiro, agora aparece a conta, que as vezes é suportada por economias nacionais extremamente fortes como a dos EUA, mas que afeta a todos, de modo que não vai demorar, todos os países serão no mínimo forçados a empreender ações para (novamente) conter seus déficits públicos, impedir a emissão de moeda (inflação) e garantir o pagamento em dia de suas contas.

Os países que insistirem em impor uma política de intervenção estatal na economia, arriscam repetirem a década de 70, os países que insistirem em manter o sistema financeiro desregulamentado, arriscam rever os problemas de 2007.

No fim das contas o que vale é o meio termo, o estatismo excessivo é tão deletério quanto o liberalismo excessivo. O Estado empreendedor é tão perigoso quanto o Estado que se abstém de intervir quando necessário.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...