2 de fev. de 2011

A "OPOSIÇÃO" NO PLANALTO, A POSIÇÃO NO PARANÁ

Nos 8 anos do governo Lula, o Brasil praticamente não experimentou oposição. Nos últimos 4 anos, então, a situação foi patética, salvando-se apenas a questão da volta da CPMF, que foi derrubada se bem que com apoio de parte da dita "base aliada".

Em 2010, apesar do sucesso nas eleições estaduais, a oposição mingou no Congresso Nacional se entendida como o conjunto dos partidos DEM, PSDB, PPS, PSOL e legendas menores como o PSTU. Mesmo assim, esta oposição ainda têm um número relevante de parlamentares que, se não é capaz de barrar propostas governamentais, pelo menos poderia fazer barulho e marcar posição contrária.

Mas não, o senador José Sarney foi reeleito com 71 dos 84 votos da casa, sendo que apenas o PSOL teve a vergonha na cara de lançar um candidato derrotado de antemão, mas marcando posição. E na Câmara, a mesma coisa, pois a eleição girou em torno da proporcionalidade de participação na mesa, ou seja, a oposição preferiu ganhar um pequeno naco de poder, a assumir uma postura de contrariedade.

Estamos sujeitos a mais 4 anos de ausência de oposição e debate político pobre. Parece que a única oposição relevante que terá o governo Dilma Roussef virá de dentro de suas próprias hostes.

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E no Paraná, a Polícia Militar invadiu a Assembléia Legislativa e tomou o lugar da segurança interna da casa, em virtude de ameaças feitas ao novo presidente, Valdir Rossoni (PSDB).

Rossoni avisou que vai virar a casa do avesso e colocar "pingos nos is", em relação às graves denúncias levantadas no ano passado, de nepotismo, atos secretos, funcionários que não comparecem ao trabalho e favorecimentos, denúncias estas que o ex-presidente Nelson Justus disse que atacou, mas sem mostrar resultados práticos.

É triste ver em que virou o estado do Paraná nos últimos anos, especificamente desde que o senhor Roberto Requião do Mello e Silva assumiu o governo, contando sempre com a cordeirice de uma Assembléia Legislativa que obedecia sem discutir todas as ordens vindas do Palácio Iguaçú, que absteve-se de fiscalizar, que aceitou a nomeação de um irmão do governador para o Tribunal de Contas, que simplesmente não existiu enquanto instituição.

Agora convivemos com o escândalo do Porto de Paranaguá, que envolve denúncias graves contra o irmão do ex-governador (e consequentemente, contra ele) e com o caos na Assembléia Legislativa. O Paraná não deve mais nada a nenhum dos estados ditos "!oligárquicos" tão mal falados pelo Brasil afora.

E o mais revoltante é saber que, assim que ocupar a tribuna do Senado, o agora senador Requião voltará suas baterias para fazer acusações graves contra o ministro das comunicações, Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffman que ele, Requião, abraçava efusivamente nos palanques da campanha do ano passado.

O Paraná virou uma terra de trairagem.

29 de jan. de 2011

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Nascido livre, vale a pena viver.
Mas só vale a pena viver,
porque você nasceu livre.
(da música Born Free de Andy Willians e John Barry, para o filme "A História de Elza")



Sempre digo que o século XX foi pródigo em grandes homens.

Winston Churchill, Carol Woytila (o papa João Paulo II), Franklin Delano Roosevelt, Wladimir Ilitch Lênin, Golda Meir, Margareth Thatcher, Gamal Abdel Nasser, Mohandas Ghandi, Jawaharlal Nehru, Madre Teresa de Calcutá, Lech Walesa, e muitos outros fizeram do século XX uma era de igualdade e direitos jamais imaginada no passado.

Grandes homens são o farol da civilização. O sacrifício e a coragem são, historicamente, o motor das mudanças sociais, a inspiração para grandes movimentos de progresso e realização. Quando grassa a injustiça, o ser humano prostrado precisa de um líder.


Entre 1910, ano da independência do país, e os anos finais do século XX, na África do Sul os negros foram gradualmente isolados em guetos onde não tinham autorização sequer para empreenderem atividades econômicas que lhes vislumbrassem a melhoria de suas condições sociais. A eles eram negados os direitos políticos e os econômicos, suas vidas resumiam-se a experimentar a miséria eterna sob o jugo cruel de um regime racial baseado exclusivamente na opressão violenta que lhes negava a terra onde trabalhar e mesmo a discussão sobre as injustiças que lhes acometiam (Steve Biko, ativista, foi assassinado e seus algozes jamais foram julgados por alegada falta de provas). Mesmo aos negros que eram autorizados ao convívio com os brancos, não era permitida mais que uma relação de servilismo escravo.

Faltavam pouco mais de 10 anos para o fim do século, quando a tensão social explodia e a população negra, que era a maioria absoluta naquele país chegava ao seu limite. Foi mais ou menos a época em que ouvi falar pela primeira vez de um líder incomum, condenado à prisão perpétua por traição e terrorismo e cumprindo sua pena após pegar em armas mesmo pregando a paz, revoltado com o massacre de 69 indefesos e desarmados que pediam melhores condições de vida em 1960.

Alguém que durante a vida fez declarações díspares como “...entre a bigorna que é ação da massa unida e o martelo que é a luta armada, devemos esmagar o apartheid...” e “...unam-se, mobilizem-se, lutem!...” e também pregou comiseração ao dizer que “...uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação...” ou ainda pregar que “...não há caminho fácil para a Liberdade...”.


E da prisão sua imagem serena inspirava a luta de um povo cansado de lutar pela Liberdade, que não queria a guerra mas precisava de um líder, uma luz na escuridão da injustiça.


Então, o destino elegeu presidente dos brancos um pequeno herói de nome Frederik de Klerk, cujo grupo político compreendera que aquele regime não se sustentaria, que o mundo mudara e mesmo que entre os negros havia um líder, cuja ascendência tornaria impossível a manutenção do apartheid.


Nelson Mandela foi libertado em 12 de fevereiro de 1990. Naquela ocasião, levantou o braço direito em um ângulo de 45 graus com o punho cerrado, marca da resistência heróica do seu povo. Mas pregou a conciliação ao invés da vingança, abdicando da guerra para trabalhar pela paz como nenhum outro ser humano nos últimos 20 anos. Nem a injustiça de sua prisão e as acusações de trair o país que sempre amou e de um terrorismo que jamais praticou, foram suficientes para desviá-lo de seu sonho pelo “...dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos...”.


Mandela é advogado de formação, fundador do Congresso Nacional Africano em 1942, signatário da Carta da Liberdade de 1955, Nobel da Paz de 1993 (em conjunto com Frederick de Klerck) “pelo trabalho de pacificação com o fim do regime do Apartheid e pela fundação da nova democracia da África do Sul”(**). Em 1994 foi eleito presidente de seu país e ao contrário do que se poderia imaginar de alguém que chegara ao poder como ele, não manobrou por sua reeleição, entregando o cargo em 1999 e deixando oficialmente a vida pública em 2004, quando virou símbolo de um país saído das trevas, a pregar a Justiça e a Igualdade, a luta incesssante e sem tréguas pelos direitos humanos e pelo combate à AIDS.


É o grande herói nacional da África do Sul porque foi capaz de unir o país no complicado processo de integração racial ainda em curso, sem atentar contra a democracia nem pregar o ódio ao passado.


Mandela é um daqueles seres humanos especiais, que merecem cada uma das muitas homenagens, como o Nobel da Paz de 1993, a honraria maior da multirracial Índia, o Bharat Ratna em 1990, o título de Cidadão Honorário do Canadá em 2001 e o de Embaixador da Consciência em 2006 pela Anistia Internacional. Mas a homenagem mais singela e bonita que reconheci à sua pessoa, foi feita pelo grupo musical típico chileno, Illapu, cuja letra diz o seguinte:


La noche que anda de negro
cargada de soledad
que se levante Mandela
Mandela, mande ya

La noche que anda escondida
y sigue siempre esperando
debe ser el mediodia
o la manana cantando

Mande Mandela, Mandela ya!
que la noche se levante,
y no se vuelva acostar!


Neste ano de 2010, quando o mundo será recepcionado na terra de Mandela para uma festa esportiva, vamos prestar a merecida homenagem para este homem que honrou àqueles que acreditam na paz e entrou para a história da luta dos direitos de todos nós seres humanos.


(*) Número de inscrição de Nelson Mandela na prisão na qual ficou por 28 anos.
(**) Palavras da comissão que defere o Prêmio Nobel.

25 de jan. de 2011

UM LIXÃO, MUITA IRRESPONSABILIDADE

Veja antes:

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Rio Branco do Sul é apenas um modelo de descaso com o meio-ambiente que se repete pelo Brasil afora, onde prefeitos incapazes e vereadores omissos simplesmente ignoram leis, autos de infração e decisões judiciais, tentando transferir a sua responsabilidade para terceiros.

O município de Rio Branco do Sul-Pr foi multado pelo Instituto Ambiental do Paraná várias vezes, sem ter pago absolutamente nenhuma das infrações e sem ter feito esforço algum para regularizar a vexatória situação desse lixão citado nas reportagens da RPC-TV. O máximo que aconteceu, partiu de um abnegado secretário de meio-ambiente que tentou iniciar um tratamento químico no local, logo abortado porque a Câmara de Vereadores resolveu cassar o prefeito sem justificativa plausível.

Consta que esse lixão é em uma área alugada pelo município, onde se jogam todos os resíduos da cidade, inclusive os hospitalares, sem nenhum tipo de manta impermeabilizadora para evitar a contaminação do lençol freático, muito menos captação de chorume e controle do metano, que é responsável pela autocombustão dos resíduos que gera fumaça tóxica.

É uma vergonha completa, agravada pelo fato de que, na cidade, não existe programa público de coleta seletiva ou separação de lixo, de tal modo que o lixão recebe absolutamente todo tipo de resíduo sem qualquer mínimo controle. Ou seja, existe ali contaminação com metais pesados (de baterias de celulares, por exemplo) e produtos químicos diversos (como os que compõe tubos de TV e de lâmpadas fluorescentes), além do descarte de remédios, óleos, fluidos, sucatas e do lixo comum de toda residência normal.

Anos atrás, a COMEC queria instalar no município o aterro sanitário metropolitano, para substituir o da Caximba em Curitiba, coisa que a população da cidade não aceitou porque geraria um tráfego intenso de caminhões na Rodovia dos Minérios, que está super-congestionada há pelo menos 10 anos e cuja duplicação é simplesmente empurrada com a barriga, quando não ignorada, por mais que alguns políticos paroquiais retardados insistam em dizer que estão em campanha para solucionar o problema.

A população local não aceitava receber o lixo do resto da região metropolitana de Curitiba sem compensações, mas não se importaria de ver instalado um aterro sanitário municipal, muito embora o discurso dos senhores políticos, agora que a coisa "fedeu" em termos publicitários, é dizer que o povo é que não queria o aterro, mais como forma de livrar-se de responsabilidades, do que por obrigação com a verdade.

Isso foi passando de prefeito para prefeito, o que vai continuar acontecendo se a Justiça não aplicar multas aos administradores públicos, e não ao município. Penso que administrador público que aluga terreno por tempo indeterminado e joga lixo lá sem qualquer critério, responde por improbidade administrativa porque isso afeta as contas públicas, sujeitas a multas e ações indenizatórias de toda natureza.
Mas não se pode pedir muita coisa de uma cidade onde não moram o promotor, o delegado e o juiz, e onde absolutamente tudo sofre a intervenção paternalista de deputados de baixo clero, sempre prontos a ajudar os políticos paroquiais em seus apertos, nem que isso represente uma banana para os interesses da sociedade.

No fim das contas, Rio Branco do Sul é a prova de que o Brasil precisa mesmo é extinguir a maior parte dos seus municípios, que só servem para pagar um prefeito incapaz e vereadores inúteis, o que drena recursos públicos que seriam melhor administrados por órgãos técnicos, como os que cuidam do meio-ambiente.

20 de jan. de 2011

DILMA ADIOU O PROJETO FX-2

O projeto FX-2, de renovação dos aviões de combate da FAB é decorrência do projeto FX, iniciado ainda no governo FHC. Desde a primeira canetada, após a Força Aérea praticamente implorar pelo estudo (comprar é outro assunto) de aquisição destas novas aeronaves, já se vão 12 anos, 3 ministros da Defesa (José Viegas, Waldir Pires e Nelson Jobim) e dois presidentes incapazes de decidir, Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva.

Agora, Dilma Roussef entra no processo e com a mesma desculpa de Lula em 2003, de fazer ajuste fiscal, e o adia novamente.

O que é surpreendente é que até 31/12/2010 o Brasil navegava em calmas águas econômico-fiscais, com céu de brigadeiro e vento favorável, o que supostamente justificava a enorme popularidade do semi-deus que deixou o Palácio do Planalto no dia 1º de janeiro... mas isso é outro assunto.

O Brasil dos discursos do ex-presidente Lula é um país internacionalmente influente, que desagrada a Rússia, a Europa e os EUA apoiando o Irã, que dá uma peitada na Itália deixando de extraditar um assassino, que manda tropas para o Haiti e está sempre disposto a dar sua opinião e mediação em qualquer problema, por mais espinhoso que seja. É um país que dá abrigo a Césare Battisti, mas comete a atrocidade de devolver dois boxeadores para o ditador Fidel Castro torturar. É um país que sabendo das leis iranianas, pede clemência para uma condenada e sujeita-se à ira de fundamentalistas radicais religiosos.

Mas a realidade é outra. O Brasil é um país cujas forças armadas tem seu limite de projeção externa no caos do Haiti. Mais que isso, não há pessoal, aviões, navios ou equipamentos terrestres com que possa trabalhar, porque todos os programas de reequipamento das forças armadas ou andam a passo de tartaruga ou são empurrados sem cerimônia com a barriga presidencial, caso da aquisição dos caças, onde a presidente Dilma repete as colossais irresponsabilidade e incompetência e de seus dois antecessores, e deixa visível para o mundo que a audaciosa política externa de Lula é incapaz de sustentar-se militarmente, isso num campo onde não é preciso usar armas, mas apenas tê-las para demonstrar poder e opinião.

O país quer ser internacionalmente influente, mas leva mais de 10 anos para decidir que 3 aviões vão para a fase final do processo. Depois que isso acontece, numa bravata o presidente Lula afirma em alto e bom som que o escolhido é o francês Rafale. No dia seguinte, o ministro da defesa desmente o mandatário máximo do país. Dias depois, especulações sobre a volta de duas empresas desclassificadas à disputa, informando que ela seria cancelada. Daí por um ano inteiro o ministro da defesa sai dizendo que no mês seguinte haverá decisão sobre a questão, sendo que ela é sempre adiada. Chega o fim do governo sem ser proferida e no início da nova gestão, as especulações se confirmam com novo adiamento!

Incompetência dos presidentes, isso já foi falado. Incapacidade visceral dos ministro da defesa, em especial do atual, cujas atitudes demonstram claramente ter preferência por uma das aeronaves, sem que se transmita isso à sociedade. Incapacidade dos militares em explicar para a classe política e a sociedade da necessidade de tais meios, e mesmo de convencer o presidente e o ministro de que, para a FAB, a melhor escolha é A ou B, tentando impedir a especulação e o lobby.

O Brasil está brincando com coisa séria. Se é pequena (embora existente) a possibilidade de um conflito paroquial na América Latina, especialmente com o ditador venezuelano, não se pode entrar de sola na arena política internacional ou se oferecer para mediar conflitos sem ao menos ter dentes com que se defenda de eventuais agressões. O Brasil, já disse um diplomata estrangeiro, é um rottweiler sem dentes, e o que é pior, seus políticos estão impedindo-o de visitar um dentista!

19 de jan. de 2011

JÁ OUVIU FALAR DE HIPOCRISIA?


Em 1990, o então ex-prefeito de Curitiba, Roberto Requião, criticava de modo áspero o então senador José Richa, que recebia aposentadoria na condição de ex-ocupante do principal gabinete do Palácio Iguaçú. Requião foi à TV com um fac-simile do requerimento e fez alarde, dizendo que era preciso acabar com as "velhas raposas" da política. Nisso tirou Richa do segundo turno em que, munido de uma história fantasiosa e até hoje não bem explicada, o Caso Ferreirinha, acabou eleito.

Passados 20 anos e 3 governos seus (pouco mais de 10 anos presidindo o estado), Requião esqueceu do episódio e requisitou uma aposentadoria de R$ 24,5 mil reais na condição de ex-governador.

Teria ele virado "velha raposa"?

Será que o salário de Senador, recentemente aumentado em mais de 61% não é suficiente para a sua vida supostamente espartana?

Durante o seu governo, Requião dizia que o Porto de Paranaguá era o melhor e mais bem administrado do mundo, e que era apenas coincidência o fato de que o superintendente era seu irmão Eduardo. Como era coincidência feliz a escolha de seu outro irmão, Maurício, para compor o Tribunal de Contas do Estado. Segundo ele, foram escolhas por competência muito antes de por parentesco.

Hoje, duas operações policiais batizadas de "Dallas" e "Águas Turvas" começaram a desvendar os absurdos do porto de Paranaguá, com desvios de cargas, emissão de notas fiscais frias e um negócio nebuloso envolvendo uma draga, que foi justificada no assoreamento do Canal da Galheta, que simplesmente não foi feito por alguns anos, impedindo o ingresso de navios de maiores calados. A polícia apurou suspeitas de que a tal draga seria comprada mediante no mínimo uma comissão gorda inserida no preço final.

Será que o "melhor administrador de portos do mundo", Eduardo, irmão de Requião nunca sequer desconfiou de problemas na administração de sua jóia econômico-litorânea?

E sobre Maurício, bem, o Judiciário acabou impedindo sua posse, mesmo com a aprovação de seu nome pela Assembléia Legislativa, que durante todos os governos Requião foi altamente odediente e subserviente, inclusive no caso, quando escolheu o competente irmão do governador, então secretário estadual de educação, para o cargo vitalício e muito bem remunerado.

Será que Requião, que indicou o irmão, e a AL não notaram a possibilidade de se caracterizar nepotismo na indicação de tão competente pessoa sem experiência nenhuma em análise de contas públicas, mas parente de primeiro grau do ocupante do Palácio das Araucárias?

Apenas a hipocrisia explica essas situações da vida de um indivíduo que desde que iniciou-se na vida pública jamais ficou sem cargo ou mandato, sempre professando o discurso de defensor dos pobres contra os poderosos, dos modestos contra os arrogantes, do honesto contra os nepotistas, do suposto esquerdista radical bolivariano, mas que chegou a aventar a possibilidade de apoiar Serra ao invés de Dilma e que manteve-se afastado do governo Lula do qual usou para se reeleger governador e ano passado senador. Só a hipocrisia explica isso, somente...nada mais!

17 de jan. de 2011

A TRAGÉDIA É MAIS AMPLA QUE OS DESABAMENTOS DO RIO

Eu já havia escrito aqui que o Brasil não é exatamente aquele país contagiantemente alegre e imensamente belo, pintado em filmetes promocionais para convencer os delegados da FIFA e do COI em deferir-nos a promoção da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016.

Nos últimos dias, o que ficou absolutamente claro é que o Brasil encontra-se no caos urbano completo, é um país absolutamente incapaz de organizar suas cidades dentro de um mínimo conceito de civilidade, e isso não se limita à ocupação irregular de várzeas e encostas, muito menos ao manejo caótico do lixo.

Aqui, qualquer idiota abre o porta-malas do carro de som às 3h da manhã em qualquer lugar, saca várias latinhas de cerveja consecutivas e faz arruaça até as 6 da manhã tocando axé e música sertaneja. Se a polícia é chamada, não atende. Se atende, não prende o indivíduo nem se ele estiver traficando drogas, que geralmente é o que está fazendo. A PM, se atende (porque a regra é sequer atender o inútil telefone 190), limita-se a dispersar a manifestação e deixar que ela se abolete em outro ponto da cidade, ignorando o fato de que, ao ser encontrado com as chaves de um veículo e uma lata de cerveja na mão, deveria fazer exame de dosagem alcoólica, ser multado ou até preso conforme a quantidade de álcool que ingeriu. No Brasil bebe-se na rua, dá-se mal exemplo contumaz para a juventude, que supostamente estaria amparada pela mais retardada de suas leis, o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ontem eu estava providenciando um presente de casamento em um magazine aqui de Curitiba. Em certo momento me aproximei do caixa e me assustei com uma pilha que havia ao lado, de louças quebradas, caixas vazias e talheres entortados, causados pelo público na tentativa de roubá-los ou na incapacidade absoluta de conter os ânimos animalescos de seus filhotes, crianças cuja má educação é visível nos olhos. E pouco antes disso, eu havia presenciado um grupo de garotos de uns 15 a 16 anos no máximo, olhando para um vaso e dizendo que usariam ele para encher de rabo de galo... ou seja, jovens que estão conscientemente partindo para alcoolismo e achando isso lindo e divertido!

E alguém já perguntou para algum vendedor de uma Lojas Americanas o problema que é dentro delas o roubo puro e simples de chocolates, CD(s), DVD(s) e brinquedos?

A irresponsabilidade e o cupidismo comem soltos no Brasil. As pessoas aprontam, pintam e bordam e depois fazem que não é com elas, e isso não é exclusividade de pobres ou ricos, é geral e irrestrito... ou alguém aqui nunca presenciou alguma madame estacionando em fila tripla sua SUV importada para pegar o filho no colégio?

Nossa classe política reflete bem o que virou o Brasil depois de tantos anos de "deixa disso", desprezo à lei e confusão entre autoridade e autoritarismo.

É óbvio que a morte de mais de 600 pessoas no RJ é culpa dos políticos porque, afinal, eles é que têm a obrigação de regulamentar ocupação urbana... mas não deixemos de pensar que os políticos no Brasil são eleitos por voto direto, e temos, sim, responsabilidade pelas omissões deles.

O Brasil precisa se reorganizar como sociedade e escolher valores, hoje viramos um país de vale tudo cujo efeito mais visível são essas mortes estúpidas, essas tragédias. Mas há efeitos menos perceptíveis, como os índices de violência que não páram de crescer, o alcoolismo e as drogas que viraram epidemia entre jovens, os preços que pagamos sempre mais caros por conta das pessoas que roubam e depredam produtos nos supermercados.

Enfim, o brasileiro precisa começar a mudar a partir de si mesmo.

BABY DOC VOLTOU AO HAITI


François Duvalier e Jean-Claude Duvalier, respectivamente "Papa Doc" e "Baby doc", foram dois dos mais sanguinários ditadores da história da humanidade.

Seu regime de terror policialesco e roubalheira sem limites legou ao Haiti o título de país mais pobre do mundo, em meio da miséria absoluta acompanhada de torturas, roubos, estupros e pura e simples imposição da força em substituição a qualquer tipo de processo político.

Com os "tonton macoutes" agindo como suas "longa manus", pai e filho ditadores massacraram opositores e prostraram qualquer tipo de movimento político. Não havia situação e muito menos oposição, havia apenas o interesse dos ditadores, imposto pelo terror, a partir do que o Haiti jamais teve sequer a possibilidade de montar governos com mínima estabilidade.

Pior que isso, ao notarem que seu regime não gerava nenhuma riqueza e progresso econômico, roubaram a única riqueza natural visível, as florestas do país, vendendo a madeira pelo melhor preço. O Haiti atual é um país sem recursos naturais, tudo foi roubado, transformado em dinheiro e transferido para contas em paraísos fiscais.

E agora este indivíduo volta provocando sentimentos estranhos. Há quem diga que será morto, há quem diga que exista gente no país capaz de vislumbrar nele a possibilidade de um governo. Se o Haiti fosse pouco mais que um amontoado de almas penadas, deveria prendê-lo, julgá-lo de preferência condená-lo à morte. Seria o mínimo exigível de alguém que renegou milhões de pessoas à miséria absoluta.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...