30 de ago. de 2007

E AGORA?


É notório que o STF acolheu parcialmente a denúncia da Procuradoria-Geral da República e iniciou o processo penal contra os 40 acusados de envolvimento no caso do Mensalão. Eu gostaria de fazer alguns comentários sobre isso, dado que o debate no Brasil é sempre pobre de argumentos.

Em suma, os petistas dizem que não passa de armação da imprensa e a oposição diz que o governo conheceu uma grande derrota na decisão do STF, a ponto disso causar visível irritação ao presidente da república.

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, acho que nenhum dos dois lados está correto

Diz-se que que denúncia criminal só pode ser acolhida em existindo dois requisitos: mínimo de prova material do delito e indícios de autoria, o que se extrai do Código de Processo Penal, especialmente em seus artigos 43 e incisos, e 516. Sendo redundante, há que se informar que o indiciado apresenta uma defesa prévia anterior à recepção ou não da denúncia, justamente para que suas alegações sejam consideradas na decisão que o tornará ou não um réu.

Diz o processualista penal Júlio Fabbrini Mirabete que "É indispensável, porém, que haja um princípio de correspondência entre o fato imputado e o comportamento do agente retratados nos autos do inquérito ou das peças de informação para que a denúncia seja recebida. Permanece, porém, uma corrente jurisprudencial no sentido contrário, de que há justa causa para o processo se na denúncia ou queixa se descreve um crime em tese"..

Portanto, existe sim, a possibilidade do crime em tese.

E o crime em tese pode muito bem ser utilizado como argumento de defesa pelos petistas, mantendo sua argumentação de que se tratou de uma armação da imprensa.

É um direito deles, embora eu não concorde com isso. O acolhimento por crime em tese, geralmente é informado no corpo da decisão, e o teor completo desta ainda não foi publicado. Porém, o crime em tese tanto pode ser uma dúvida sobre o enquadramento da ação delitiva no tipo (que é descrição exata de cada delito constante do Código Penal), ou seja, não é um crime, mas outro de gravidade menor, quanto, efetivamente, um ato que não constitui crime mas encontra-se no limite da ilegalidade.

O STF, por sua vez, é o tribunal mais eminentemente técnico e ao mesmo tempo, o tribunal político. Ou seja, ele analisa as questões em alto nível teórico, mas pode votar com viés político. Um bom exemplo de julgamento político do STF foi o que envolveu duas contribuições tributárias absolutamente idênticas, o FINSOCIAL e a COFINS. O primeiro foi considerado inconstitucional, a segunda, dada a terrível crise fiscal que o país vivia em época, foi dita constitucional para evitar o mal maior de um Estado inadimplente.

Mas voltando ao assunto, notou-se que o STF adotou uma linha mista neste julgamento recente. Ele, por exemplo, não acolheu certas denúncias e acolheu outras, portanto, dado o viés político, "aliviou" a barra para alguns dos indiciados, especialmente o ex-ministro José Dirceu, mas ao mesmo tempo não o inocentou de plano, dando a chance para que sua defesa produza mais provas no sentido de absolvê-lo.

No entanto, eu não tenho dúvidas ante a decisão do STF, que o Mensalão efetivamente existiu, basicamente porque é impossível que entre 40 indiciados todos eles tenham sido acusados por crime em tese. É impossível que todas as provas colhidas nas CPI(s) e devidamente relatadas na imprensa sejam falsas ou ilegais, basicamente porque esse conjunto probatório foi analisado pela mais alta e especializada corte de Justiça do país, com vias a fundamentar sua decisão, acolhendo a denúncia que, repita-se, depende de prova material do delito e indícios de autoria, sendo que só excepcionalmente (e muito excepcionalmente!) admite-se delito em tese.

Por outro lado, o julgamento não foi exclusivamente político pois se o fosse, a tendência seria de absolvição geral e irrestrita, considerando que 6 dos 11 ministros foram nomeados pelo atual governo, e pelo menos 4 deles, enquanto o denunciado José Dirceu ainda era homem forte no Palácio do Planalto. Não se pode, ante a tais fatos, alegar que o STF, que alguns já acusam de elitista e golpista, persegue implacavelmente os aliados do governo lá processados.

O STF, porém, não julgou o governo e nem sentenciou contra ele. Sinceramente, é forçada demais a interpretação de alguns comentaristas políticos que dizem que o governo saiu derrotado. Nessa questão, concordo com o presidente da república: julgue-se e puna-se. Só seria derrota do governo se houvesse admissão de denúncia contra o presidente, o que não aconteceu, até porque o presidente nunca foi indiciado.

Mas o Mensalão existiu e ao mesmo tempo, isso causa uma "saia justa" para o senhor presidente que declarou várias vezes que não acreditava nisso. Mas é só isso, nem chega a ser derrota.

E AGORA?

Agora cabe ao STF processar e julgar a questão justamente na qualidade de "pretório excelso". Ou seja, ele deve fazê-lo observando que é a mais alta corte de Justiça do país, contra a qual não há instância recursal. Se houver pedido de prova protelatória, deve negar. Se houver reclamação contra a mesma negativa, deve deixar claro que a constitucinalidade de uma questão controversa é analisada pelo mesmo tribunal, o que significa que suas decisões se aplicam imediatamente e sem discussão.

Se fizer isso, levará o processo a ser julgado, condenando e absolvendo em prazos razoáveis, dando uma resposta para a sociedade. Se, pelo contrário, não adotar essa regra e se deixar levar por manobras protelatórias e recursos destituídos de sentido, levando à prescrição e por consequência, ao não julgamento, pode institucionalizar de vez o vale tudo político, com graves efeitos no andar de baixo, a sociedade civil de modo geral.

28 de ago. de 2007

POR QUE O BRASIL PRECISA DE DEFESA?

Faço um comentário adicional a uma matéria da revista ISTOÉ desta semana, reproduzida no site Defesanet:

Há quem diga que o Brasil não tem inimigos e, portanto, não precisa investir nas forças armadas. Há quem nem goste de pensar em investir em equipamento das forças armadas, com medo que elas ponham a tropa na rua como já aconteceu algumas vezes na conturbada história republicana do país.

Esse receio político contra as forças armadas não faz mais sentido, porque o mundo em que vivemos hoje não é o mesmo da década de 60. A dita "regra democrática" impede que se instaure na maioria dos países relevantes do mundo um regime militar. E quando digo relevantes, cito países cujos títulos públicos são negociados nos mercados financeiros, países sujeitos a sanções econômicas não de entidades pouco eficientes como ONU e OEA, mas sanções dos mercados, que geram prejuízo imediato e grande desgaste político a governantes que não consideram essa equação.

Podem perguntar, e a Venezuela?

A Venezuela não é um país relevante. Seu único produto de exportação é o petróleo que ela vende para os EUA sem pestanejar. Seu mercado consumidor praticamente não existe mais e a única empresa de lá com relações internacionais é a estatal PDVSA. Enquanto a Venezuela continuar vendendo petróleo barato para os EUA, não terá relevância nenhuma para os mercados financeiros a quem pouco importa quem seja o ditador de plantão.

O Brasil, por sua vez, é um país de economia diversificada com empresas multinacionais, um dos maiores mercados consumidores do mundo, grande importador e exportador. Não há paralelo econômica entre o Brasil e a Venezuela.

O fato é que equipar bem as forças armadas e ter um programa estratégico de renovação constante dos seus meios agrega tecnologia e conhecimentos ao país, que geram riquezas em outras áreas. O programa AMX, por exemplo, possibilitou a EMBRAER a criação da família de E-Jets, EMB 145 a 195, exportados para o mundo todo em negócios que chegam a bilhões de dólares e é sabido que é muito melhor exportar aviões que minério de ferro, dado o valor agregado.

Investir em armamentos é uma estratégia econômica de todas as nações efetivamente ricas. A pequena Suécia, por exemplo, detentora de indústrias eletro-eletrônicas poderosas todas elas trabalhando em conjunto com o setor militar. Basta dizer que a Suécia mantém há décadas uma indústria aeréa própria, voando em aviões "Vigen" ou "Gripen", ao invés dos americanos F16 ou franceses Mirage. Tá certo que há componentes estrangeiros nas aeronaves, mas o fato é que há uma indústria própria.

Dizer que o Brasil é pacífico e não tem inimigos também não é desculpa. Riquezas nacionais têm sido roubadas das Amazônias (a verde e a azul, nossos mares territoriais), e há uma necessidade premente de proteção destas riquezas, além das reservas petrolíferas e das fronteiras. O Brasil pode não ter inimigos, mas não pode virar território aberto para marginais, como o que está acontecendo com grupos traficantes.

Um programa de reequipamento das forças armadas, que preveja troca de tecnologia com os fornecedores e produção própria aqui, só traria benefícios para a economia do país, gerando empregos, receitas tributárias e progresso econômico. As forças armadas não são inimigas da democracia, são uma parte importante de um conjunto econômico que se quer consistente.

25 de ago. de 2007

SENSO E SENSIBILIDADE

Copiando o Lino Resende, hoje vou escrever sobre outros blogs, especialmente os femininos.

É certo que todos os que estão listados aí do lado e muitos outros que visito esporadicamente são ótimos, mas hoje eu resolvi fazer chamada (algumas, novamente) para alguns blogs cuja visão feminina é singela e ao mesmo tempo poderosa, porque alertam o leitor masculino para outra ótica sobre os fatos.

Rosane e Fábia são minhas amigas de bate papo pelo MSN. A primeira recém inaugurou seu blog, que é intimista, no sentido de comentar fatos praticamente conversando com o leitor. Fábia é jornalista e gosta (gosta mesmo!) de literatura, o que é possível perceber pelo próprio título da página, Seis Passeios pelos Bosques da Ficção, que ainda está começando, mas que promete ótimas matérias sobre literatura e, tenho um pequeno palpite, com certo destaque para Oscar Wilde.

A Letícia escreve o Flanela Paulistana. O legal deste blog é que ele mistura história e imagens de São Paulo, com opiniões da autora. Ela leva sua câmera para todos os lados e extrai o pitoresco da cidade, sem deixar de lado uma visão crítica não só sobre a cidade, mas por tudo que São Paulo representa em termos de história e desenvolvimento do país.

E ainda há muitos outros, alguns pessoais, como a Ciça Donner, da minha irmã, Leitora de Blog ou da jovem mamãe Blogiana, e os engajados politicamente como a Shirlei, a Marta Belini, a Luma, a Cilene e a Letícia Coelho.

Em todos eles, e nos outros, eu aprendo um pouco sobre o jeito feminino de encarar a realidade que nos cerca. Todos recomendados e a quem estou fazendo publicidade, pois com conteúdo interessante e importante para todos.
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Post novo e enquete em Prédica e História. O Mundo é dos Ignorantes?

23 de ago. de 2007

É JUSTO?

Eu não tenho parentes médicos. Tenho amigos médicos e a maioria deles, médicos do sistema privado que, perto do público é uma maravilha, embora também cheio de problemas. Mas o que eu quero dizer é que médicos têm uma responsabilidade enorme nas costas. Um juiz pode errar na sentença que o tribunal ou o processo de um modo ou de outro o corrige. Um engenheiro, no maior número de casos, até pode errar, porque a obra dará inúmeros sinais de alerta antes de causar algum problema. Um advogado pode errar, porque o sistema de correção é o mesmo que afeta um juiz. Um contador pode errar, porque o máximo que acontece com seu erro, é um efeito financeiro. Todo e qualquer profissional erra, mas se o médico errar porque está estressado, porque ganha uma miséria e trabalha em condições precárias, porque faz plantões demais ou qualquer outro fator, pode não ter uma chance de corrigir e isso por si só já aumenta sua responsabilidade e, num círculo vicioso, também a pressão sobre seu trabalho.

Sou óbvio ao escrever essas coisas aí em cima, mas o assunto em verdade é a greve dos médicos do sistema público de saúde em alguns estados do nordeste por melhores salários e condições de trabalho, movimento que também apelou para um fato inédito no serviço público brasileiro, a demissão voluntária em massa de tais profissionais, pondo o sistema em cheque, a ponto de casos emergenciais serem transferidos para estados vizinhos.

Sabe qual é a reivindicação deles? 50% de aumento.

Pode algum leitor dizer que 50% de aumento em um país onde a inflação está controlada é abusivo. Mas faço outra pergunta: sabe quanto ganha um médico desses?

Aí é que está o problema. Esses médicos ganham R$ 1200 reais por mês. Querem ganhar R$ 1800 e os "governos" de lá, queriam dar R$ 1260. Depois que a generosíssima proposta de R$ 60 não colou, regatearam e chegaram a prometer 32% com parcelamento até julho de 2008, o que não foi aceito, pelo menos até agora pouco.

Me faço muitas perguntas quando vejo quadros assim aqui no Brasil:

É justo que um juiz recém-empossado (e com todo o respeito que eles merecem e mesmo com a necessidade de serem bem remunerados), mal saído do decoreba de cursinhos específicos para concursos públicos ganhe entre 8 e 10 mil reais e um médico, que estuda muito mais que um bacharel em direito e tem muito mais responsabilidades ganhe R$ 1.200?

Será que pelo menos a isonomia entre eles, profissionais de curso superior, não seria mais justa e melhor para a eficiência do serviço público?

É justo que os barbeiros, porteiros, ascensoristas, sapateiros e chaveiros das Assembléias Legislativas e do Congresso Nacional deste país ganhem em torno de R$ 4 mil e um médico ganhe R$ 1.200? Com todo o respeito aos barbeiros, porteiros, ascensoristas, sapateiros e chaveiros, o médico merece muito mais, porque sua responsabilidade é infinitamente maior.

É justo que um gabinete de deputado receba uma fábula mensal para pagar salários para comissionados inúteis e os médicos sejam obrigados a aceitar um "aumento" de R$ 60 ou de 32% parcelado?

Essas coisas me deixam revoltado.

Criam-se cargos em comissão aos milhares para contratar pessoas desqualificadas. Nepotismo, corrupção e desperdício puro e simples de dinheiro público é constatado todos os dias em todas as esferas de poder deste país. Aumentam-se impostos todos os anos, a carga tributária não pára de crescer e hoje mesmo houve o envio de uma nova "reforma" tributária, que certamente tratará de, como o Super Simples, complicar ainda mais as coisas e aumentar os impostos de modo geral. Por fim, sempre há dinheiro para viagens de parlamentares e autoridades, inaugurações, shows e cerimoniais, mas nunca há dinheiro para pagar um salário digno para um profissional tão importante.

Me pergunto: é justo?


PS:

Justiça seja feita, mesmo por quem, como eu, é oposição e crítico a este governo. O Ministro da Saúde, senhor Gomes Temporão, está buscando soluções orçamentárias para o impasse nos estados do Nordeste. Ouvi há pouco que é possivel que o Governo Federal faça repasses aos estados, para que eles paguem o aumento de 50% pedido pelos médicos. O mesmo ministro que tem sido firme na controvertida questão do aborto e que colocou no ar a primeira campanha pública com um mínimo de eficácia contra a droga mais consumida e destrutiva dos lares brasileiros, o álcool, especialmente a cerveja, da publicidade cheia músicas de axé, praias e corpos bonitos. É preciso reconhecer que certas pessoas deste governo não pensam só em poder e politicagem, este ministro é uma delas.

21 de ago. de 2007

ENGANO SOBRE CONGONHAS

FUI ENGANADA SOBRE CONGONHAS, DIZ JUÍZA
Na Folha de S. Paulo de hoje.


Sem comentários adicionais, a matéria é bem clara e demonstra muitas coisas que certas pessoas insistem em não aceitar.

Cecília Marcondes, do TRF, disse que recebeu de Denise Abreu, diretora da Anac, documento com falsas medidas de segurança

Documento foi usado para convencer a Justiça a liberar as operações no aeroporto, que estavam restritas para alguns tipos de aviões

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A juíza do TRF (Tribunal Regional Federal) Cecília Marcondes disse ontem que recebeu das mãos da própria diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu o documento com as falsas medidas de segurança para pousos de aviões em pista molhada no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
O documento foi utilizado para convencer a Justiça a liberar, no início do ano, as operações no aeroporto, que estavam restritas para alguns tipos de aviões. O problema é que a tal norma em questão, a IS-RBHA 121-189, não estava em vigor.
A "norma" que constava do recurso ao TRF (3ª Região) vedava às empresas o uso de aviões com um reverso inoperante em pistas molhadas.
Se estivesse sendo aplicada, o acidente com o vôo 3054 da TAM (199 mortes) teria sido evitado -naquele dia, a aeronave estava com o reversor direito inoperante, e a pista, molhada.
Na última quinta-feira, em depoimento na CPI do Apagão Aéreo do Senado, Denise disse que o documento não tem valor legal por se tratar de um "estudo interno", publicado no site de internet da agência por "falha da área de informática".
"Ela [Denise] estava presente, tinha ciência absoluta da existência daquele documento que estava sendo apresentado para mim. Até porque todos falavam a respeito dele", disse ontem a juíza. "Ou mentiram na CPI ou agiram com improbidade pelo fato de não terem aplicado as regras estabelecidas por aquele documento."
Segundo a juíza, o documento foi entregue por Denise no dia 22 de fevereiro.
A juíza disse que a diretora da Anac foi auxiliada por dois técnicos que explicaram detalhadamente que as normas publicadas pela agência, contidas no documento, garantiriam a segurança dos vôos. Convencida pela comitiva, composta por mais duas pessoas, a juíza suspendeu a restrição.
A diretora da Anac, ainda segundo Cecília, demonstrava muita pressa na liberação do aeroporto para todos os tipos de avião. A decisão da Justiça foi assinada horas depois.
A juíza afirmou que recebeu a declarações de Denise com "espanto muito grande" e "revolta". "Não é só a pessoa da juíza que está sendo enganada. Está sendo enganada uma instituição, está sendo enganado um Poder do Estado e por um órgão que está também inserido dentro do Poder do Estado. Isso é o mais grave de tudo."
E continuou: "Se nós não podemos confiar nas agências que fiscalizam, não temos em quem confiar. É uma situação muito desagradável. É uma coisa extremamente séria, estamos mexendo com vidas. Parece uma brincadeira isso aqui".
A juíza disse que, mesmo com a alegação da Anac, da não-validade do documento, a direção da agência não está isenta de responsabilidade porque, para a Justiça, a norma está em vigor. "Por isso que deixei claro que caberia responsabilidade criminal e administrativa para aqueles que não cumprissem aquilo que estava escrito lá. Deixei ressaltado para evitar esquecimentos."

Investigação
O Ministério Público Federal de São Paulo irá pedir que a Anac seja investigada por improbidade administrativa e falsidade ideológica.
Para a Procuradoria-Geral da Anac, subordinada à AGU (Advocacia-Geral da União), a sindicância aberta ontem deve investigar o grupo de técnicos que subsidiou a estratégia de defesa e "quem mandou".
"É preciso investigar se não houve crime de falsidade ideológica e de improbidade administrativa", disse a procuradora federal Fernanda Taubemblatt, que moveu a ação inicial pedindo o fechamento da pista.
Dentro da Anac, o procurador-geral João Ilídio de Lima Filho considera que os procuradores de São Paulo são responsáveis pela parte jurídica do processo, não pelos anexos técnicos. "A peça jurídica está primorosa. No mérito, está perfeita. Agora, se alguém anexa um documento para subsidiar a tese da defesa, então tem que ser apurado o motivo, por que os técnicos utilizaram o estudo e por ordem de quem", disse.
As CPIs do Apagão Aéreo também irão examinar o caso.

20 de ago. de 2007

NÃO CHEGOU, NEM VAI CHEGAR ATÉ PORQUE NUNCA FOI EMBORA...

Me perguntam sobre essa crise nas bolsas internacionais. Na verdade, não entendo quase nada de economia mas, me desculpem os especialistas, sou da opinião que essa crise não chega à economia real do Brasil, como, aliás, as crises externas anteriores tiveram pouco efeito prático também.

Explico. Quando ocorreu aquele estouro de bolha das pontocom (ou foi a da Rússia?), o governo FHC estava em campanha pela reeleição e a crise da dívida só aconteceu porque se manteve a paridade real-dólar de modo artificial e isso torrou as reservas financeiras do país, que foi alvo do maior ataque especulativo da história com o aval do Banco Central da época. O fato é que FHC não queria se arriscar a perder eleitores descontentes em não poder comprar bugigangas chinesas nas lojas de 1,99 e ver um índice de inflação alto entre julho e novembro daquele ano. Daí,torrou as reservas para garantir sua estadia no Planalto e depois foi de pires na mão pedir "peloamordeDeus" pro FMI.

Se o governo da época fosse responsável e tivesse liberado o câmbio, o Brasil teria passado por uma crise inflacionária temporária e limitada e as coisas se ajeitariam, como se ajeitaram logo depois, quando, reeleito, o governo fez o que tinha que fazer. Em 2002 houve um repique da crise e o dólar chegou a R$ 4 porque os investidores não queriam Lula, mas tão logo este assumiu, a situação voltou a ser exatamente a que existia antes, porque o país tem honrado seus compromissos e acumulado reservas desde o início da década de 90. Em outras palavras, a aventura reeleitoral custou ao país uns dois anos de normalidade.

Fora isso, noto que o mercado creditício no Brasil está aquecido por conta da venda de carros e eletrodomésticos. O crédito imobiliário brasileiro é uma verdadeira piada que sujeita suas vítimas a taxas de correção superiores à inflação, tabelas price e o diabo a quatro. Por isso, quem tem dinheiro para comprar imóvel, geralmente o faz a vista e, quem não tem, assume o ônus da precariedade documental e de construir aos pouquinhos (o leitor vá a qualquer bairro pobre de qualquer cidade e conte a quantidade de lojas de materiais de construção, para constatar isso).

O problema americano está no mercado de hipotecas, coisa que não existe aqui. E mais que isso, crédito de automóvel e eletrodomésticos é altamente seguro, porque o carro garante a conta e porque eletrodoméstico se paga em prazo curto, mesmo com inadimplência, sem contar que, neste caso, os valores não são altos. Portanto, pelo menos eu penso assim, o risco para o mercado de crédito no Brasil é baixíssimo, até porque os bancos daqui são altamente lucrativos mesmo praticando as taxas de juros mais altas do planeta. Por outro lado, dizer que a crise externa ameaça as exportações é bobagem, porque elas representam pouquíssimo da economia do país, como aliás, pouquíssimo representam as bolsas de valores num país acostumado a não poupar absolutamente nada e onde a maioria das empresas com ações valorizadas é do governo ou trabalham para ele. Se afetar em algo, o efeito não será assim tão desastroso.

Agora, crise o Brasil vive uma só desde que me conheço por gente. Se assim não fosse, o orçamento da União não estaria eternamente contingenciado para fazer superávit primário de 4,75% do PIB. Se assim não fosse, o índice de desemprego teria caído drasticamente nos últimos anos de "bonança", mas isso não aconteceu, ele se manteve nos mesmos patamares, com pouquíssima variação para baixo. Se assim não fosse, o governo não moveria céus e terras para aprovar a renovação da CPMF e aumentar impostos por meio do Super Simples e outras medidas. Se assim não fosse, o índice de crescimento do PIB estaria nos patamares dos demais países emergentes e, óbvio, não está.

Pode haver muita safadeza política no Brasil, mas tem coisas que só acontecem porque a crise econômica aqui é perene, por mais que governos afirmem estar tudo 100%. O Brasil está sempre em crise porque sua classe política não reforma o Estado que é gigantesco e ineficiente. Se acontecer um cataclisma externo, o máximo que aconteceria ao Brasil é voltar ao crescimento econômico de 3% do PIB, ou seja, exatamente a média dos últimos 40 anos. Isso, pelo menos para mim, não seria crise, mas a normalidade que FHC nos roubou em 1998 e que o excepcional cenário externo tratou de atenuar desde 2003.

Daí, acho que esta crise que tanto se comenta não chegou, nem chegará... porque a verdadeira crise nunca foi embora.

18 de ago. de 2007

AUTORIDADE

Ainda sobre a blogagem coletiva de ontem, é pertinente esse texto que segue, de autoria de meu pai, Rupert Mayer, e que a partir de segunda feira estará no site do Jornal Raio X, e que está na coluna do mesmo jornal, edição de agosto de 2007:

"Não há abuso de autoridade, toda autoridade é um abuso".

Esta frase estava afixada na parede do Clube Riobranquense por ocasião da realização de conferência da Secretaria de Ação Social do município. Afirmo que o autor de tal aberração não deveria estar numa democracia pois a afirmação é anárquica e própria de quem não sabe viver em sociedade. Não existe um "país" sem autoridade e lamento que num evento tão propício à prática da democracia, através do estudo de idéias destinadas a minorar o sofrimento dos mais necessitados, alguém tenha se aproveitado para divulgar tão esdrúxula afirmação.

Nota do Blog:

Vai de encontro ao que foi escrito aqui e em vários blogs ontem. O brasileiro confunde autoridade com autoritarismo. Não vê atos de autoridade como manutenção da ordem, mas apenas como intervenção do Estado em interesses meramente privados, o que é errado. Não existe democracia sem Estado fiscalizador e atuante, a conter as diferenças de interesses e expectativas de cada indivíduo. Se não há autoridade, há caos e, portanto, não há ordem. E se não há ordem, a tendência é que prevaleça o pensamento meramente individualista, sem progresso da sociedade.

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PS: Uma homenagem a Elvis Presley em Prédica e História.
Post novo (e porreta!) da maninha em Leitora de Blog.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...