16 de mai. de 2008

TERRA NOSSA


No Brasil, riqueza e sucesso são associados à propriedade imobiliária. Bem menos que no passado, mas essa associação ainda é muito forte.

Possuir terras sempre foi uma demonstração não apenas de riqueza, mas também de poder político, o que explica os muitos casos comprovados de guerras entre "coronéis", com capítulos envolvendo falsificação de documentos, corrupção de agentes agrários de repartições públicas e escrivães de cartório, a emitir escrituras e matrículas imobiliárias do nada para agradar "padrinhos", isso não só para fazer valer títulos de posse/propriedade, mas também para discuti-los, em razão da enorme quantidade de terras devolutas e concessões feitas pelo governo brasileiro durante toda nossa história.

Isso resultou no sistema de registro imobiliário caótico que o país tem até hoje.

São comuns em cidades do interior, ações de usucapião que demoram décadas, porque os confrontantes alegam haver sobreposição com base em documentos antigos de posse e mesmo de propriedade, porque "coronéis", já dito, também manipulavam os registros públicos, aliás, há quem o faça até hoje em muitos lugares do Brasil, e não estou me referindo só ao norte/nordeste.

A Lei brasileira de registro imobiliário foi feita com base nos interesses do Estado em receber impostos, além, claro, de custas e emolumentos judiciais para os "cartórios", no sentido de pessoas agraciadas por indicação política, como eram os cartórios até uns 20 anos atrás. Isso significa que, para se obter um registro imobiliário, paga-se muitas custas e muitos impostos, o que encarece o ato de registro, desestimulando-o.

Ademais, a Lei é feita com base em uma interpretação mal ajambrada de uma teoria alemã que distingue posse de propriedade e exige, portanto, um documento que as unifique, o registro, que nada mais é que uma declaração do Estado de que a pessoa que nele consta, detém tanto a posse quanto a propriedade sobre o bem, e que isso é público.

O problema é que a posse, vista como um requisito da propriedade, e não como uma característica sua, é algo tormentoso, porque não explica, por exemplo, a locação e o arrendamento. Daí, os registros imobiliários podem receber as ditas transcrições, anotações sobre a alteração da posse, além de outras figuras jurídicas como a hipoteca, a penhora, e demais atos que alterem a situação da propriedade, principalmente para a consulta pública por terceiros, como os interessados numa eventual compra e venda.

Mas o resultado desse sistema ruim é a instabilidade jurídica, causada por contratos de "gaveta" e instrumentos particulares em geral, porque, por conta de todas essas peculiaridades, o sistema é extremamente burocrático e caro demais.

Para o leitor ter uma idéia, conseguir um registro por meio de uma ação de usucapião de imóvel rural, impõe que os autos passem pelo crivo da própria Justiça, do INCRA, do IBAMA, dos Tesouros da União, dos Estados e dos Municípios e finalmente, após a sentença, do cartório da circunscrição, que ainda assim, pode rejeitar o registro e requisitar que o juiz eventualmente pratique uma correção na sua decisão.

Enfim, algo penoso, demorado, caro, insano e instável, porque nada impede o advento de uma ação rescisória e rediscussão de fatos.

Com o novo do "boom" do agronegócio, essa situação vai se agravar ainda mais.

Aqui na cidade onde vivo, terrenos que não valiam uns quebrados tiveram seus valores multiplicados por 40, por serem adequados ao plantio de pinus e eucaliptos. Centenas de ações de usucapião são protocoladas, algumas passando por cima de pequenas propriedades adquiridas por contratos simplórios de compra e venda, gerando, claro, violência e bandidagem.

Quando a gente olha, por exemplo, a situação do Pará, que ao contrário do que parece, não é muito diferente da situação do resto do país, vemos que os conflitos agrários se multiplicam não só pelo coronelismo de oligarquias que impõem trabalho escravo e fazem da terra a manifestação material de seu poder político. Vemos também o resultado da instabilidade jurídica causada pela inexistência de documentos confiáveis, o que não é exclusividade do campo, bastando olhar para a quantidade impressionante de loteamentos irregulares nas cidades do país inteiro.

Vendem-se ilusões de propriedade com contratos comprados em papelaria, e o resultado é que o país inteiro perde. Mas o Estado não abre mão de encarecer e burocratizar a legalização.

A foto é do http://www.e-fruta.com.br/ e o link, é da Folha de S.Paulo.

13 de mai. de 2008

ESQUELETO A VISTA!

No blog do Josias de Souza, da Folha de S.Paulo

STF pode impor ao governo uma derrota bilionária

A COFINS é mais um capítulo da tremenda irresponsabilidade tributária de nossos governantes, especialmente José Sarney, Collor e FHC, cujos governos fizeram aumentos inconstitucionais de impostos, além de promover calotes e arbitrariedades dignos de regimes ditatoriais.

O COFINS pode transformar-se em mais um esqueleto, ou seja, uma conta monstruosa que o governo do país terá que assumir em virtude de governantes incompetentes ou simplesmente mal intencionados.

A primeira estimativa é de 76 bilhões, mas é provável que esse valor seja muito maior por conta dos prazos prescricionais que podem ser arguidos por qualquer contribuinte, sem contar a redução imediata de arrecadação de 12 bilhões anuais.

E um dos aspectos mais grotescos dessa história, é que o FINSOCIAL, predecessor da COFINS, foi julgado insconstitucional, pelo que instituiu-se então a nova constribuição, imposto absolutamente idêntico ao que o STF havia sepultado, num claro desrespeito à decisão do Judiciário, que passou recibo e tempos depois o julgou constitucional sob o mesmo aspecto que havia ferido de morte o FINSOCIAL.

Ou seja, o Judiciário deu a decisão do FINSOCIAL, depois calou-se contra a arbitrariedade e deu uma decisão pondo panos quentes sobre o COFINS, numa decisão política e não judídica. Mas uma decisão covarde.

Após isso, sobreveio uma nova ADIN, versando sobre outro aspecto inconstitucional do COFINS, o fato dele incidir inclusive sobre outros impostos, como o IPI e o ICMS, causando bi-tributação e fazendo o contribuinte paga-lo inclusive sobre receitas dos governos.

Uma ação que tramita desde 1985, postergada por manobras jurídicas de governos que, ao invés de buscar uma solução, trataram de empurrar com a barriga, torcendo para o STF não julgar a causa durante seus mandatos.

Não discuto o mérito, ou seja, a inconstitucionalidade. O que quero mostrar é a irresponsabilidade da classe política que, sabendo que a decisão poderia causar estrago, deixou de:

a) corrigir a eventual inconstitucionalidade e não acumular valores a devolver;
b) fazer a devolução de valores que recebeu indevidamente mediante mecanismos de compensação que não onerassem excessivamente o tesouro;
c) fazer uma reforma tributária verdadeira, e não os remendos feitos para extorquir o contribuinte, vistos desde 1985, sem ao menos vislumbrar a questão jurídica grave em tramitação.

FHC inventou uma Lei para arrancar dinheiro da sociedade e pagar os esqueleto do expurgo do FGTS. Toda soiedade pagou e quem recebeu o FGTS expurgado, recebeu bem menos do que tinha direito. Até hoje, quando os débitos de tais expurgos já estão quitados, persiste uma muta adicional de 10% nas rescisões de contrato, um imposto que "ficou" porque na lei, os espertos assessores de FHC "esqueceram" de prever sua extinção quando a conta estivesse paga.

Provavelmente, declarada inconstitucional a COFINS, a solução será a mesma: vão devolver com uma mão e tirar com a outra. E quem receber alguma devolução do governo, o fará arrancando dinheiro de toda a sociedade,porque a classe política não vai "apertar o cinto" nem abrir mãos de privilégios.

Mais um assalto.

8 de mai. de 2008

TATIBITATI PARLAMENTAR

O debate político no Brasil é de regra ruim.

Fala-se asneira e há "achologismo" demais. Promovem-se ilações e logo depois busca-se dizer que não é bem assim e alteram-se interpretações de fatos apenas para uso no calor de um momento, o que transforma CPI(s) e comissões parlamentares em espaços onde se trocam perguntas imbecis por respostas idiotas repetidas à exaustão.

Eu chamaria de "tatibitati parlamentar".

Mas ontem, houve um episódio que ficará marcado como um dos mais estúpidos da tortuosa e ineficiente história dos debates parlamentares do país.

O senador Agripino Maia, que chegou a ser cogitado candidato oposicionista à presidência da casa, disse não fazer ilações, mas foi tão infeliz, que é difícil acreditar que não tivesse essa intenção ao perguntar à ministra sobre algum tipo de relação das mentiras que ela obviamente foi obrigada a contar sob tortura, quando encarcerada pelo regime militar por atos de guerrilha, com o imbroglio do dossiê sobre os gastos da Presidência da República.

Não entro no mérito do por quê da prisão da então militante, o que ela fez ou deixou de fazer para ser presa. Também não há razão para duvidar que a hoje ministra na época mentiu, o que fez de modo corajoso para proteger companheiros de luta ideológica. O fato é que, se o fez, foi efetivamente por coragem, por mais que eu ou o leitor não concordemos com atos de guerrilha e com a ideologia da ministra.

Mas apenas o fato de levantar aquelas mentiras, para comparar sobre supostas mentiras de hoje, como fez o senador, é deplorável.

O povão diz que "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa", no sentido de separar bem os momentos em que atos parecidos foram cometidos. Os atos podem ser parecidos, ou idênticos, mas as motivações diferentes, e o senador, que só percebeu isso depois que falou a asneira, tentou consertar, mas o estrago já estava feito e irreversível.

A ministra pode não ser um ícone de palanque, mas é política e identificou a deixa.

A partir disso, acabou com qualquer tentativa da oposição em julgá-la antecipadamente pelo caso do dossiê, porque virou vítima. Uma pessoa perseguida hoje, pelos atos que foi obrigada a praticar na juventude, quando lutava por uma causa, ao contrário de muitas pessoas que se calavam ou não assumiam o encargo de tanto, qualquer que fosse o lado.

E isso abriu espaço para ela falar do PAC, porque o ato pouco inteligente do senador Maia obrigou a oposição a se calar, sob pena de ser acusada de julgar uma pessoa por atos passados e mesmo de aceitar a tortura como meio de testemunho.

Ela deitou e rolou e, quando alguém pensava em apertá-la sobre o dossiê, ficava a dúvida se ela não apelaria para o discurso emocional de um dia ter mentido para proteger colegas de causa.

A oposição se calou. O senador Maia a amordaçou e isso praticamente enterrou o caso do dossiê.

Com a qualidade dessa oposição, muito me admira que o governo não imponha o que bem entende. O fato é que ficou patente é que falta cultura, discernimento, democracia e capacidade para a imensa maioria dos parlamentares brasileiros, o que leva o debate político a rastejar em troca de favores, cargos, boquinhas e apoios fisiológicos.

Vindo este erro de um parlamentar tido como competente, a impressão que fica é de algo muito grave, um Congresso omisso em relação ao país, mas presente apenas por razões pessoais, o que explica as dificuldades que o governo tem em arregimentar membros de sua "base aliada", mesmo tendo em tese, um rolo compressor parlamentar.

Pior que isso, um Congresso que, quando tem oportunidade de esclarecer à população sobre casos nebulosos de administração pública, prefere a bravata eleitoreira à investigação séria.

Enfim, "tatibitati". Ninguém sabe como funciona, não há regras, não há limites, há apenas palavras jogadas ao vento.

6 de mai. de 2008

O ME-ME DOS LIVROS

A Letícia Coelho me passou a doce tarefa de escrever sobre literatura, com o me-me "5 LIVROS QUE EU GOSTO E UM QUE FICARIA APODRECENDO NA PRATELEIRA".

É dífícil para mim listar apenas 5 livros dos quais gosto, então vou eleger os 5 que considero melhores, numa escolha extremamente difícil. Depois deixo uma lista de recomendações adicionais e no final, cito o livro que ficaria apodrecendo na prateleira.

1º - A FESTA DO BODE -Mário Vargas Llosa.

É a narrativa romanceada dos últimos dias de vida do ditador da República Dominicana, Trujillo, e ao mesmo tempo um alerta sobre os males do poder total, da ditadura personalista e sem freios morais.

Em toda e qualquer lista de bons romances que eu fizer, esta obra estará presente e provavelmente, na primeira posição. O melhor livro que já li, o que fiz em um fim de semana em que praticamente não o larguei.

Garcia Marques, ao comentar sobre essa obra afirmou em alto e bom som que "não se faz isso com um velho como eu", querendo afirmar que é melhor que o seu consagradíssimo "Cem Anos de Solidão".






2º - CEM ANOS DE SOLIDÃO - Gabriel Garcia Marques.

A saga dos Buendia e da cidade que fundaram, Macondo. Envoltas em revoluções a família e a cidade evoluem entre fatos bizarros e fantásticos,
ditaduras, generais e romances diversos. Os Buendia adotam a prática de nomear seus descendentes com os mesmos nomes dos ícones familiares do passado, o que leva a uma narrativa que demonstra a passagem do tempo que, no entanto, não altera a essência das pessoas.

Antes do livro de Llosa, era meu preferido.




3º - O ÚLTIMO SUSPIRO DO MOURO - Salman Rushdie.

Um indivíduo cujo corpo cresce à razão de 2 anos para 1, que acompanha a evolução da Índia, de colônia do Império Britânico, a uma república influenciada por inúmeras tradições milenares, religiões, raças e superstições.

Este livro sucedeu o também muito bom, embora polêmico, "Os Versículos Satânicos", e faz uma crítica não só à Índia, mas ao mundo caótico em que vivemos.



4º - A CAPITAL - Eça de Queirós.

Foi difícil escolher entre este livro, "O Primo Basílio" e o "O Crime do Padre Amaro", todos absolutamente sensacionais, polêmicos e com a marca da crítica severa de Eça sobre a aristocracia portuguesa que já na época atrasava o desenvolvimento daquele país.


O que acontece quando um jovem ajudante de farmácia entediado com a vida no interior herda uma bela quantia em dinheiro e, cansado da vida simples, resolve viver na então sofisticada Lisboa?

Uma crítica ácida contra os costumes da aristocracia da época, mas de uma atualidade marcante, ao voltar-se contra a futilidade das aparências que ficam acima do caráter.




5º - O EGÍPCIO - Mika Waltari.

Há quem diga que Mika Waltari é um autor menor e piegas. Mas "O Egípcio" é um livro excepcional, que prende o leitor pela simplicidade da história da vida agitada de Sinuhe, o trepanador real, médico que acompanhou os faraós Akhenaton e Nefertiti no que foi uma verdadeira revolução religiosa do antigo Egito, substituindo a principal divindade do país na época, Aton, pelo culto a Amon-Rá.

O livro conta a história dos faraós segundo uma versão que foi em parte confirmada por arqueólogos e historiadores muitos anos após seu lançamento, tendo como elemento dramático a vida agitada do médico da corte, que acompanhava o faraó, tratando-o de surtos de epilepsia.

Eu ficaria dias aqui só tratando de livros, não só por gostar de lê-los, mas também por colecionar tantos quantos meu dinheiro pode comprar. Vou deixar também uma lista de obras diversas que recomendo, desejando boa leitura para meus leitores:

História/Biografias:
- A Era dos Extremos. Eric Hobsbawn;
- Chatô - O Rei do Brasil. Fernando Morais;
- Churchill - Visionário, Estadista, Historiador. John Lukacs;
- Mauá, o Empresário do Império. Jorge Caldeira;
- A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis. Lilia Moritz Schwarcz;
- Vale Tudo, Tim Maia. Nelson Mota;
- Churchill. Lorde Roy Jenkins;
- Estrela Solitária, Garrincha. Ruy Castro;
- Memórias da Segunda Guerra Mundial. Lorde Winston Spencer Churchill.

Romances/Contos:
- "A Ilustre Casa de Ramires", "O Crime do Padre Amaro" e "O Primo Basílio", todos do Eça de Queirós;
- "Dom Casmurro" e "O Alienista", de Machado de Assis;
- O Amor nos Tempos do Cólera. Gabriel Garcia Marques;
- A Era Dourada. GOre Vidal;
- O Retrato de Dorian Gray. Oscar Wilde;
- O Nome da Rosa. Umberto Eco.

Outros:
- Pálido Ponto Azul. Carl Seagan;
- O Mundo é Plano. Thomas L. Friedman.

APODRECENDO NA PRATELEIRA:

Eu não sei onde estava com a cabeça no dia em que comprei A PROFECIA CELESTINA, que é uma verdadeira bomba.

Estória irritante, piegas, cheia de clichês esotéricos e diálogos idiotas, o que me fez largá-lo no terceiro capítulo, escondê-lo na prateleira e nunca abri-lo nem para consultar o nome da editora.

Já li livros ruins, um deles, O Código Da Vinci. A diferença é que o livro de Dan Brown, se lido como ficção prende o leitor por ser uma trama cinematográfica competentemente posta em papel. O problema é que tem gente que acredita que ele trata de fatos reais, o que é assunto para outros comentários.

Mas a Profecia Celestina tenta incutir desde o primeiro parágrafo que é algo real e que seus personagens efetivamente constataram as profecias e seus supostos efeitos.

É péssimo, basta dizer que na esteira de seu sucesso comercial, apareceram obras como "A Décima Profecia" ou "Para entender a Profecia Celestina", o que demonstra que foi apenas uma bem engendrada ação de marketing.

Como literatura, não serve para nada, depois de tentar ler isso, passei a nutrir admiração pelo Paulo Coelho.

Vou repassar a tarefa, mas que fiquem como convidados, sem obrigação de cumpri-la:

- Shirlei;
- Cejunior;
- Elisabete Cunha;
- Marta Belini; e
- Letícia, do Flanela Paulistana.

5 de mai. de 2008

COOOOOOOOOXXXAAAAAA!!!!!!



Durante a semana que passou, dirigentes rubro-negros fizeram de tudo para criar um clima de guerra para a partida final do campeonato paranaense.

Proibiram a Rádio Transamérica de transmitir o jogo, porque o locutor dela seria o mesmo que narrou a partida final da Série B do ano passado, quando o Coxa foi campeão.

Impediram os diretores da Federação Paranaense de Futebol de entrar no estádio com a taça, dizendo que ela não seria entregue lá.

Em cartas de torcedores de jornais, mais de um rubro-negro incitou a violência e ofendeu abertamente a instituição e os torcedores do Coritiba. Por serem sempre os mesmos, presume-se que fazem parte da folha de pagamento da Rua Buenos Aires.

Mas não adiantou. Até conseguiram reverter a vantagem do Coritiba, mas na hora de decidir, o Coxa foi mais forte e depois do gol do título, o time rubro-negro se acabou, perdeu o encanto, desapareceu de campo.

Enfim, o 33º título alvi-verde no Paraná foi coroado com a marca de todas as conquistas Coxa-Brancas, o sofrimento, a decisão na bacia das almas do desespero à alegria contagiante.

As 22 horas de ontem, no Alto da Glória, tinha mais gente esperando o Coxa levantar a taça do que havia no local do jogo, sem contar a IMENSA carreata entre o bairro da Água Verde e o Alto da Glória, que fez com que um trajeto de pouco menos de 5 km levasse 3 horas.

30 de abr. de 2008

O DRAGÃO PÔS O FOCINHO FORA DA TOCA

Já há sinais de uma crise mundial. O aumento exponencial do preço do petróleo, causado pela política externa equivocada do governo de George W.Bush, pela ganância de populistas como Hugo Chaves, pelo "boom" econômico da China e pelo enfraquecimento global do dólar americano, levou ao aumento de preço dos alimentos (não se culpe o etanol brasileiro por isso, é mentira!) e arroxou as economias mais pobres.

O primeiro país a sentir essa crise foi justamente os EUA, basicamente porque os americanos são as pessoas mais endividadas do planeta, e as que mais consomem alimentos e combustíveis.

E no rastro da crise, os brasileiros podem se reencontrar com uma velha conhecida, a inflação.

Para combater a inflação, taxas básicas de juros do Brasil estiveram (e ainda estão) sempre entre as maiores do mundo nos últimos 30 anos.

E a carga tributária pulou de 22% do PIB em 1985, para os 36,8% atuais, considerando que dependendo da forma de cálculo, ultrapassa 40%.

Pior que isso, aposentadorias da iniciativa privada sofreram achatamentos nem sempre por meio de leis constitucionais, sem contar que os serviços do Estado foram negligenciados, porque a classe política negou-se a mexer nos privilégios de certas áreas do funcionalismo público que se aposentam ganhando mais que na ativa, num contexto em que o déficit previdenciário cresce todos os anos por culpa apenas e tão somente do setor público.

O resultado foi, de um lado, uma retração econômica causada pela perda de poder aquisitivo do setor privado, e de outro, o caos administrativo, pois em certas áreas do serviço público não houve reposição de funcionários que se aposentavam, o que prejudicou muitas atividades vitais ao Estado e à cidadania.

Mas após uma série de governos arbitrários e doses cavalares de remédios tortuosos, ineficientes e cruéis que incluíram inclusive refazer a Constituição de 1988 retirando-lhe todas as bondades para com a população, a inflação foi domada, e isso causou um enorme impacto positivo nas contas públicas e mesmo na vida dos cidadãos comuns, porque uma moeda estável é garantia de menos pobreza, ainda mais quando essa pobreza aumentou pelo arroxo no combate ao próprio vilão.

A questão primordial, porém, é que esse processo deixou claro que o verdadeiros vilões da inflação brasileira são um Estado ineficiente que gasta demais e uma classe política que, por ter excessivas relações (e na maior parte das vezes, corruptas) com esse mesmo Estado, resiste em reformá-lo, porque isso representa a perda de privilégios.

Escrevo tudo isso porque é visível a preocupação do governo brasileiro e das autoridades monetárias em relação à inflação.

Sabe-se que nossas contas públicas não estão exatamente sob controle, de tal modo que é sombria a perspectiva, mesmo que remota, de um processo de inflação conjugado com estagnação econômica. Seria algo catastrófico não apenas em termos econômicos, mas também em termos políticos para um governo que navega em águas calmas, mas que não tem certeza se terá um candidato forte para suceder seu carismático presidente.

A partir disso o IOF subiu no início do ano não apenas para repor a CPMF, mas também para conter o crédito e consequentemente o consumo. Na semana retrasada o COPOM aumentou a taxa básica de juro e nesta semana, a Petrobrás analisa a efetiva possibilidade de aumentar o preço dos combustíveis, isso com o aval do Presidente da República, que declarou que não pratica correção desses valores desde 2005 ao mesmo tempo em que divulga em eventos pelo país, sua preocupação com a volta da inflação.

A gênese dessa volta estaria no impacto global do preço do petróleo, que influencia todos os preços no planeta. Mas a perspectiva de aumentar sequencialmente a taxa de juros e forçar o Tesouro Nacional a arcar com bilhões de reais para honrá-la, isso com um Estado ainda inchado, problemático e ineficiente, é o que basta para o governo deixar de lado o discurso de que o Brasil está alheio à crise internacional.

É o que eu já escrevi antes aqui. O "sub-prime" brasileiro pode ter 4 rodas, porque pode acontecer de nossos bancos ficarem com milhões de veículos sub-valorizados em financiamentos não pagos. E se isso acontecer, a pressão sobre as contas públicas, causada pela queda da receita tributária e mesmo pelo aumento da despesa pública na demanda por programas como o bolsa família, além do pagamento de juros adicionais, pode ser desastrosa do ponto de vista da estabilidade da moeda e dos índices inflacionários.

Na dúvida, é melhor cutucar o dragão desde já, para que não saia da toca.


PS: A imagem é do www.aguiareal.com.br

24 de abr. de 2008

FUTEBOLÍSTICAS

1. Uma vergonha o que fizeram ontem com o Paraná Clube em Porto Alegre. Dois jogadores expulsos ainda no primeiro tempo, cartões amarelos em profusão e penalti não marcado, tudo para classificar um "grande" com futebol de "pequeno". O Paraná Clube é sistematicamente prejudicado por arbitragens ruins e ontem, ao marcar o primeiro gol do jogo, atraiu a fúria do árbitro contra si. Ao contrário do Coritiba que caiu para a segundona por insuficiência técnica, o Paraná foi rebaixado em 2007 por influência direta da arbitragem. É (mais) uma vítima da zona que é o futebol brasileiro.

2. Bem sabem meus leitores da admiração que tenho pelo ex-presidente do Coxa, Evangelino da Costa Neves, que ficou 12 anos à frente do clube. Mas por mais que o admire, eu acho que ele ficou tempo demais à frente do clube, criou um vício que acabou por prejudicar a instituição após sua saída. Eu escrevo isso para fazer uma crítica ao São Paulo Futebol Clube, que resolveu reeleger o senhor Juvenal Juvêncio para presidente, embarcando no mesmo continuísmo nocivo que caracteriza o futebol brasileiro. Justamente o São Paulo, cuja alternância sadia no poder afastou os personalismos e garantiu contas em ordem e, principalmente, títulos. Está na hora dos clubes brasileiros acabarem com essa mania de dirigentes quase perpétuos.


3. O Palestra Itália deveria ser interditado e ponto final. O futebol brasileiro não cansa de incentivar as veleidades com essa mania de colocar panos quentes em cima de feridas graves. Se estivéssemos na Europa, o estádio estaria fechado preventivamente até a apuração dos fatos. Mas o Palmeiras quer fazer a final lá, e clube grande no Brasil manda e desmanda. Eu só me pergunto o que aconteceria se fato parecido ocorresse no Couto Pereira em Curitiba ou na Ilha do Retiro no Recife... certamente teria cartola paulistano mandando demolir os estádios.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...