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3 de mai. de 2016

A MORTE DO TEXTO

Eu estou lendo dois "e-books" de donwload gratuito, "A Pátria de Chuteiras" de Nelson Rodrigues, crônicas e reportagens para o "Jornal dos Sports" (Editora Nova Fronteira) e "O Maracanã" uma coletânea de matérias de "O Globo" que contam a história do estádio mais famoso do Brasil.

O que é impressionante em resgatar textos de 50 ou mais anos passados é a comparação entre eles e o jornalismo que se faz hoje em dia, especialmente o esportivo.

O texto era cadenciado, leve e fluido, praticamente poético. Não se tratava apenas informar sobre o rendimento dos atletas e o número de faltas da partida, buscava-se entreter o leitor naqueles poucos minutos em que ele se dispunha a saber como foi o evento, cuja atmosfera era retratada na descrição dos rostos dos atletas ou dos suspiros da torcida.

Não que este que vos escreve se ache um grande escritor. Aliás, a cada vez que leio as (para ele) prosaicas linhas de um Nelson Rodrigues, autor que eu nunca prestigiei, tratando do rude esporte bretão, me convenço que preciso aprender um pouco mais sobre o idioma. 

Mas o fato é que a arte de escrever está morrendo na objetividade dos dados, na velocidade da troca de informações sempre curtas por aplicativos de internet e na preguiça que muita gente tem em ler alguns parágrafos. O texto vai morrendo a cada abreviatura, a cada subversão das regras gramaticais em prol da velocidade da informação. Ninguém mais escreve,  ninguém mais se dá à paciência de ler um texto de uma lauda, todos buscam a informação da nota curta e dos dados tabulados, as estatísticas e porcentagens, a posse de bola, o número de gols... nada mais de poesia, o lúdico foi assassinado, no seu lugar entra em campo a agressividade do mundo atual e o esporte é retratado como uma guerra: quantas foram as baixas, quanto de terreno se avançou? 


14 de ago. de 2010

VAMPIROS!

Na foto: Bela Lugosi, astro dos filme B... ou C... ou Z? Vampiro oficial do cinema.


Sou de um tempo em que literatura e cinema associados à figura de vampiros era coisa de fundo de prateleira ou filme B.

Vampiro, tempos atrás, era a coisa mais brega do mundo, piada para adolescentes que rolavam de rir do ridículo dos filmes onde pessoas com dentes caninos avantajados faziam de tudo para cravá-los no pescoço de algum panaca, sendo que no fim da fita o mocinho tratava de curar os bons do vampirismo e mandar os maus para a sepultura distribuindo estacas de madeira com uma precisão digna de atirador suiço de flechas.

A Rede Globo chegou a fazer uma novela esculhambando com o gênero. O vampiro chefe era o Ney Latorraca, que estava impagável e hilariante no papel de um conde europeu diabólico que não fazia absolutamente nada certo.

Foi uma época em que houve um repique do vampírismo, mais ou menos quando ocorreu aquela refilmagem de "Drácula de Bram Stocker", que até hoje é o único filme decente sobre o assunto, até porque foi fiel à obra original (que eu li) e deixou de lado os exageros.

Hoje em dia, os vampiros estão de volta. Tem mais livro sobre vampiro que edições de Paulo Coelho e livros de auto-ajuda nas estantes de livrarias.

É uma praga pior que a peste na Transilvânia!
As editoras estão pegando aqueles "pockets books" que se vendiam em rodoviária, dando uma garibada no idioma, pondo uma capa moderninha e vendendo como se fosse obra de vencedor do Nobel. Na Bienal do Livro em São Paulo, eles enchem prateleiras e se duvidar muito, estarão por lá alguns condes romenos se oferecendo para morder "de graça" o pescoço de adolescentes.

E dias atrás eu estava numa livraria e me surpreendi com uma edição de Emilie Brontë com um box na capa: O livro de cabeceira do personagem tal de Crepúsculo!.

Enfim, o modismo dos vampiros está nas livrarias e no cinema. Hoje em dia eles são "sexys" e "fashion" e não viram mais morcegos para se locomover de lado a outro, vão de Porsche ou Ferrari com insulfilm para evitar os raios solares. Aguenta mais um tempinho e dentro de alguns anos, ao rever os filmes da série Crepúsculo, terá bastante gente se perguntando como é que gostou daquilo quando tinha 15 anos.

E você (e eu) que pensava que Paulo Coelho era ruim, heim? Foi mal...

6 de mai. de 2008

O ME-ME DOS LIVROS

A Letícia Coelho me passou a doce tarefa de escrever sobre literatura, com o me-me "5 LIVROS QUE EU GOSTO E UM QUE FICARIA APODRECENDO NA PRATELEIRA".

É dífícil para mim listar apenas 5 livros dos quais gosto, então vou eleger os 5 que considero melhores, numa escolha extremamente difícil. Depois deixo uma lista de recomendações adicionais e no final, cito o livro que ficaria apodrecendo na prateleira.

1º - A FESTA DO BODE -Mário Vargas Llosa.

É a narrativa romanceada dos últimos dias de vida do ditador da República Dominicana, Trujillo, e ao mesmo tempo um alerta sobre os males do poder total, da ditadura personalista e sem freios morais.

Em toda e qualquer lista de bons romances que eu fizer, esta obra estará presente e provavelmente, na primeira posição. O melhor livro que já li, o que fiz em um fim de semana em que praticamente não o larguei.

Garcia Marques, ao comentar sobre essa obra afirmou em alto e bom som que "não se faz isso com um velho como eu", querendo afirmar que é melhor que o seu consagradíssimo "Cem Anos de Solidão".






2º - CEM ANOS DE SOLIDÃO - Gabriel Garcia Marques.

A saga dos Buendia e da cidade que fundaram, Macondo. Envoltas em revoluções a família e a cidade evoluem entre fatos bizarros e fantásticos,
ditaduras, generais e romances diversos. Os Buendia adotam a prática de nomear seus descendentes com os mesmos nomes dos ícones familiares do passado, o que leva a uma narrativa que demonstra a passagem do tempo que, no entanto, não altera a essência das pessoas.

Antes do livro de Llosa, era meu preferido.




3º - O ÚLTIMO SUSPIRO DO MOURO - Salman Rushdie.

Um indivíduo cujo corpo cresce à razão de 2 anos para 1, que acompanha a evolução da Índia, de colônia do Império Britânico, a uma república influenciada por inúmeras tradições milenares, religiões, raças e superstições.

Este livro sucedeu o também muito bom, embora polêmico, "Os Versículos Satânicos", e faz uma crítica não só à Índia, mas ao mundo caótico em que vivemos.



4º - A CAPITAL - Eça de Queirós.

Foi difícil escolher entre este livro, "O Primo Basílio" e o "O Crime do Padre Amaro", todos absolutamente sensacionais, polêmicos e com a marca da crítica severa de Eça sobre a aristocracia portuguesa que já na época atrasava o desenvolvimento daquele país.


O que acontece quando um jovem ajudante de farmácia entediado com a vida no interior herda uma bela quantia em dinheiro e, cansado da vida simples, resolve viver na então sofisticada Lisboa?

Uma crítica ácida contra os costumes da aristocracia da época, mas de uma atualidade marcante, ao voltar-se contra a futilidade das aparências que ficam acima do caráter.




5º - O EGÍPCIO - Mika Waltari.

Há quem diga que Mika Waltari é um autor menor e piegas. Mas "O Egípcio" é um livro excepcional, que prende o leitor pela simplicidade da história da vida agitada de Sinuhe, o trepanador real, médico que acompanhou os faraós Akhenaton e Nefertiti no que foi uma verdadeira revolução religiosa do antigo Egito, substituindo a principal divindade do país na época, Aton, pelo culto a Amon-Rá.

O livro conta a história dos faraós segundo uma versão que foi em parte confirmada por arqueólogos e historiadores muitos anos após seu lançamento, tendo como elemento dramático a vida agitada do médico da corte, que acompanhava o faraó, tratando-o de surtos de epilepsia.

Eu ficaria dias aqui só tratando de livros, não só por gostar de lê-los, mas também por colecionar tantos quantos meu dinheiro pode comprar. Vou deixar também uma lista de obras diversas que recomendo, desejando boa leitura para meus leitores:

História/Biografias:
- A Era dos Extremos. Eric Hobsbawn;
- Chatô - O Rei do Brasil. Fernando Morais;
- Churchill - Visionário, Estadista, Historiador. John Lukacs;
- Mauá, o Empresário do Império. Jorge Caldeira;
- A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis. Lilia Moritz Schwarcz;
- Vale Tudo, Tim Maia. Nelson Mota;
- Churchill. Lorde Roy Jenkins;
- Estrela Solitária, Garrincha. Ruy Castro;
- Memórias da Segunda Guerra Mundial. Lorde Winston Spencer Churchill.

Romances/Contos:
- "A Ilustre Casa de Ramires", "O Crime do Padre Amaro" e "O Primo Basílio", todos do Eça de Queirós;
- "Dom Casmurro" e "O Alienista", de Machado de Assis;
- O Amor nos Tempos do Cólera. Gabriel Garcia Marques;
- A Era Dourada. GOre Vidal;
- O Retrato de Dorian Gray. Oscar Wilde;
- O Nome da Rosa. Umberto Eco.

Outros:
- Pálido Ponto Azul. Carl Seagan;
- O Mundo é Plano. Thomas L. Friedman.

APODRECENDO NA PRATELEIRA:

Eu não sei onde estava com a cabeça no dia em que comprei A PROFECIA CELESTINA, que é uma verdadeira bomba.

Estória irritante, piegas, cheia de clichês esotéricos e diálogos idiotas, o que me fez largá-lo no terceiro capítulo, escondê-lo na prateleira e nunca abri-lo nem para consultar o nome da editora.

Já li livros ruins, um deles, O Código Da Vinci. A diferença é que o livro de Dan Brown, se lido como ficção prende o leitor por ser uma trama cinematográfica competentemente posta em papel. O problema é que tem gente que acredita que ele trata de fatos reais, o que é assunto para outros comentários.

Mas a Profecia Celestina tenta incutir desde o primeiro parágrafo que é algo real e que seus personagens efetivamente constataram as profecias e seus supostos efeitos.

É péssimo, basta dizer que na esteira de seu sucesso comercial, apareceram obras como "A Décima Profecia" ou "Para entender a Profecia Celestina", o que demonstra que foi apenas uma bem engendrada ação de marketing.

Como literatura, não serve para nada, depois de tentar ler isso, passei a nutrir admiração pelo Paulo Coelho.

Vou repassar a tarefa, mas que fiquem como convidados, sem obrigação de cumpri-la:

- Shirlei;
- Cejunior;
- Elisabete Cunha;
- Marta Belini; e
- Letícia, do Flanela Paulistana.

3 de out. de 2007

A 5ª FRASE DA PÁGINA 161

A tarefa anda correndo por aí e finalmente chegou ao meu blog por indicação do Mário. Consiste em reproduzir no blog a 5ª frase da página 161 do livro que está lendo atualmente ou do que se encontra mais próximo no momento em que encontra a nomeação para a tarefa.

Estou lendo GANDHI - Biografia, de Christine Jordis, edição da L&PM Pocket, 2007. Do ponto de vista da narrativa (não da vida do biografado) não é exatamente a melhor biografia que já li, mas é precisa em demonstrar o profundo respeito de Ghandi pelo ser humano, na sua luta inglória e pacífica contra o apartheid sul-africano, pelo menos até onde já li.

Na página 161, a quinta frase é a seguinte: "Com a tanga branca amarrada à cintura, descalço ou calçando sandálias, um sorriso radioso na face, ele avançava a passos largos em direção ao estrado, nas reuniões, e formulava seu pedido". A frase sintetiza um pouco da figura espartana de Ghandi, que fez da não-violência uma filosofia em prol dos direitos humanos fundamentais.

Será que alguém pretende continuar com a tarefa? Vou indicar a Shirlei, a Luisete, o Mutumutum, o Paulo e Blogiana.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...