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5 de jun. de 2008

A REFORMA TRIBUTÁRIA E OS CONTOS DA CAROCHINHA

A tal CSS, que é uma CPMF ressuscitada, foi aprovada na Câmara.

O governo, que dizia não querer o tal imposto, tratou de arranjar uns cargos para entregar à "base aliada" e liberar as tradicionais emendas parlamentares para aprovar o novo assalto ao bolso do contribuinte.

Aí desvenda-se a incoerência deste governo.

O relator da reforma tributária é nada mais, nada menos, que o ex-ministro da fazenda, Antonio Palloci (PT-SP), que, conhecendo muito bem a situação das contas públicas e dos compromissos internos e externos do país, poderia arranjar o texto dela para abrigar uma nova CPMF no contexto de uma ampla revisão tributária e mesmo sob a ótica de crescimento constante da receita, acima de qualquer índice de inflação, como o verificado desde que o presidente Lula assumiu o posto, em 2003.

Uma reforma tributária em moldes propostos pelo influentíssimo Palocci, seria aprovada sem dificuldades no Congresso. Seria possível,ainda, acelerar o processo, porque a maioria da "base aliada" é folgadíssima para tanto e no final disso, o governo Lula teria mais uma conquista contabilizada em seu portfólio, a de destravar uma reforma épica, cujos projetos tramitam no Congresso há 3 décadas sem que nenhum governo se interesse por eles, por mais que o sistema tributário caótico roube riquezas, crescimento econômico, empregos e justiça social do Brasil, sem contar que alimenta a corrupção.

Mas não. O governo preferiu apostar em um projeto de afogadilho, à parte da reforma e veiculado de modo inconstitucional para facilitar a aprovação e acelerar a cobrança, mesmo com a promessa de uma reforma tributária aprovada em 2008, para ser posta em prática em 2009 e 2010.

A nova CPMF é inconstitucional. Trocando em miúdos, a antiga CPMF só era válida porque veiculada por meio de Emenda Constitucional, excepcionando a regra da não cumulatividade dos tributos. Votada e aprovada por Lei Complementar para evitar o que aconteceu no ano passado, quando a "base aliada" chantageou o governo e mesmo assim foi incapaz de aprovar a matéria, tentou-se o "golpe do xaxixo", porque aposta na incompetência visível da oposição e na demora do STF em julgar a CSS.

A receita, em si, está assegurada e provavelmente em outubro os brasileiros voltem a jogar dinheiro no lixo, com a desculpa de ser usado para a saúde, quando em verdade estará à disposição para criar ainda mais cargos em comissão para gente inútil, apadrinhada por políticos.

O risco deste governo é apenas o de criar um "esqueleto" monumental a ser pago por algum governante depois de 2010 se o STF declarar a inconstitucionalidade em algum momento futuro, o que imporia a repetição do indébito, ou seja, a devolução do dinheiro ao contribuinte.

Fica aquela impressão de que importa apenas o interesse imediato, sem calcular que é provável que o sucessor de Lula será alguém do PT, mas que eventualmente terá que arcar com a irresponsabilidade de hoje, provavelmente propondo outro imposto, para tapar o buraco deixado pelo popular antecessor.

Para um governo cujo discurso foi o de ser diferente dos anteriores, isso representa apenas mais um indício de que optou por agir exatamente como eles, ao cuspir na reforma tributária relatada por seu próprio ex-ministro da fazenda, deixando claro que não se interessa por ela, e que o discurso de pretender fazê-la é história para boi dormir.

Reforma tributária no Brasil, só quem acredita em história da Carochinha é capaz de achar plausível.

PS: O Tunico bem me avisou que não aprovaram ainda a tal CSS, eu me enganei por conta de uma informação trocada aqui com meu irmão. De qualquer modo, duvido que não seja aprovada, até porque o governo "mexe os pauzinhos" para tanto. Obrigado ao Tunico por avisar da falha...

28 de mar. de 2008

LULA 2014

As últimas declarações do presidente Lula, e sua visível irritação com as críticas ao PAC, que é dito eleitoreiro, desencadearam com mais de 2 anos de antecedência a campanha presidencial de 2010.

Nos últimos dias, sempre em palanques de inaugurações e eventos populares ele afirmou entre outras coisas, que o PAC não é eleitoreiro, que "faremos o sucessor para continuar governando" e até atribuiu à oposição a renúncia forçada do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, mas apenas para alfinetá-la, porque é difícil que ele não acredite nos fatos graves que forçaram o citado político a renunciar.

E dos discursos presidenciais decorreram especulações, algumas até absurdas, como a da renúncia do presidente em abril de 2010 para concorrer ao Senado e ficar na cena política para candidatar-se novamente em 2014, como se ele precisasse disso, com o capital eleitoral que possui e 68% de popularidade apurada e divulgada pela imprensa que muitos insistem em chamar de "pig", mesmo ela não escondendo tais números.

Mais do que isso, uma parte dos holofotes passou a acompanhar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que num lance de entusiasmo chegou até a admitir a "maternidade" do PAC, o que logo depois foi amenizado, porque a ministra sabe que é tão mais difícil governar quanto maior a temperatura de um processo eleitoral.

O PAC não é eleitoral, porque num país em que há eleições a cada dois anos, é impossível ao Governo Federal tocar obras e programas sem que eles se iniciem ou tenham andamento durante campanhas por votos. E ao mesmo tempo é importante porque o Brasil precisa das obras que ele encerra. Aliás, sou favorável à essa concentração
de iniciativas e coordenação em apenas um ministério, é melhor que aquela fragmentação inútil do passado onde os programas corriam sozinhos dentro das pastas individuais nos ministérios. Hoje, pelo menos, uma ministra assume todas as responsabilidades se alguma coisa dá errada, ao mesmo tempo também assume os louros. Se tem efeitos eleitorais? Bem, todos os ministros são políticos, e políticos são indissociáveis de campanhas eleitorais.

Mas se o PAC não é eleitoreiro, a atitude do presidente é.

É bem dito que ele tem todo o direito de escolher um candidato e apoiá-lo. Aquela atitude de "magistrado" que foi adotada por José Sarney em 1989, mantendo-se indiferente ao processo, só ocorreu porque ninguém queria o então presidente no palanque, o que não ocorre com o atual, que é extremamente popular e bom em puxar votos.

Só que fazendo isso ele adianta a campanha e suas baixarias de modo que ele, seu governo e qualquer ou pessoa ligada aos dois, em especial a sua candidata presuntiva, passam a ser fustigados pela oposição que por sua vez não faz nada errado agindo assim, até porque o partido do presidente, o PT, fez a mesma coisa na época em que o então ministro José Serra recebeu o apoio de Fernando Henrique Cardoso.

A diferença é que, naquela época, faltavam 6 meses para a eleição e hoje, faltam mais de 2 anos, só isso. Mas foi o presidente quem desencadeou a campanha adiantada.

É tudo política, e quando uma campanha eleitoral começa, pouco se pensa no país,no governo ou mesmo na moral das pessoas. Como diria um político paranaense, "na política vale tudo, menos perder". Sendo política, o que é lamentável é a precocidade da campanha de 2010, mas já que tornou-se inevitável, os brasileiros que se acostumem, porque até lá, pouco se pensará no país e muito nas urnas.

Nesse processo, a pessoa mais tranquila é o presidente. Os resultados econômicos de seu governo dão a ele a chance de eleger o sucessor com folgas, ainda mais quando a oposição é fragmentada entre Aécio e Serra. E mais que isso, o presidente tem capital para eleger seu sucessor e até vencê-lo em 2014, mesmo sendo um aliado.

Enfim, se o presidente Lula vender bem sua imagem durante esta campanha, não precisará de cargo nenhum para manter-se candidato para 2014.

Penso que estamos em plena campanha presidencial, mas principalmente a de 2014.

PS: Uma assessora próxima à ministra Dilma produz um dossiê. A notícia é interceptada pelo PSDB antes do "vazamento" da informação e logo após fala-se em CPI da Dilma e até renúncia dela, ao mesmo tempo em que o presidente diz que estão "destilando ódio" contra o governo. É campanha eleitoral aberta e bravateira como todas as campanhas no Brasil, e assim será daqui até 2014 se em 2010 o presidente fizer seu sucessor.

12 de jan. de 2008

QUEREM A CABEÇA DA DILMA

O leitor têm acompanhado a discussão acerca da nomeação do novo ministro de Minas e Energia?

O nome, Edison Lobão, é indicação do ex-presidente José Sarney (aquele que o PT abominava tempos atrás), mas existe um "quid pro quo" acerca da entrega da pasta ao PMDB de "porteira fechada" ou não, porque o partido está incomodado com o excesso de poder da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, no governo.

A idéia é assumir o ministério em questão e trocar todas as suas secretarias e cargos decisórios por gente do PMDB.

Claro que Dilma, que ocupou a pasta, não concorda, até porque tem muitos petistas indicados por ela ocupando cargos no ministério e deferindo estrutura de poder a uma pessoa que, eu, pelo menos, reputo como a ministra mais competente deste governo, tanto do ponto de vista administrativo quanto político.

Dilma administra o PAC (e o PAC tem muita relação com o ministério objeto da demanda) e isso incomoda o PMDB, cujo sonho era lançar Nelson Jobim candidato a presidente com o apoio de Lula.

Nelson Jobim desapareceu da mídia e hoje, no governo, apenas o presidente Lula e Dilma têm visibilidade. Se Lula não tentar o terceiro mandato, é Dilma na cabeça, e isso têm preocupado a direção do PMDB que teme encolher nas eleições de 2010 e ficar sem a estrutura de poder que mantém o partido vivo.

O fato é que o PMDB está aumentando exigências para auxiliar o governo, porque o entendimento geral é que, na situação de hoje, o presidente Lula, se não reeleito, elege quem quiser para ser seu sucessor.

Prevejo que o PMDB vai causar mais incômodos e barganhar por mais cargos e ministérios daqui até 2010. E não o fará de modo sutil.

Leia mais:

Folha de S.Paulo
PMDB quer controlar Minas e Energia e enfraquecer Dilma
Estado de S.Paulo
Dilma veta 'porteira fechada' no ministério de Lobão

21 de nov. de 2007

BASE ALIADA

PMDB ameaça criar novas dificuldades para Lula.
No blog do Josias de Souza, Folha de S.Paulo


A matéria aí em cima, dá conta que o PMDB, liderado por Orestes Quércia, discutirá numa reunião em Curitiba o "descolamento" em relação ao PT, o que significa que essa é uma tese que tem a simpatia do também "aliado" Roberto Requião, que não deixaria uma pauta assim ser discutida aqui na capital do Paraná sem algum interesse nela.

O governo Lula paga pela estupidez do PT que trata a "base aliada" como um conjunto de serviçais, e que começou a discutir o golpismo do terceiro mandato por conta própria, inclusive contando com a cara-de-pau do presidente da Câmara, que deixou a proposta ser desarquivada mas declarou que não sabia dela. Ao mesmo tempo em que a proposta adulatória afagou o ego do presidente, acendeu luz vermelha em setores da base aliada, que contavam com o apoio dele para levar o PMDB à presidência em 2010, o que desencadeou o endurecimento de relações, inclusive nas negociações da CPMF.

Interpreto isso como um aviso ao governo sobre o PT e sua sanha de se manter no poder. A "base aliada", especialmente o PMDB, sonha em fazer o presidente, por mais que setores radicais do PT achem ter direito natural à cabeça de chapa.

Minha opinião é sabida. Fui contra a regra de reeleição e sou contra a regra de uma segunda reeleição. Mas principalmente, apesar de ser oposição, não aceito e nem aguento mais essa discussão sobre o mandato do atual presidente, basicamente porque ele atrapalha a governabilidade. Lula assumiu neste 2007 e já há urubus falando em 2010, como se não existissem, ainda, 3 anos de trabalho pela frente.

Quem gosta de estudar história, pode conferir o que acontecia nos tempos da República Velha quando, mal eleito um presidente, já se discutia sua sucessão. Deu no que deu, e não foi nada bom.

A persistir essa bobagem de terceiro mandato, arrisca o governo ficar sem a reeleição e sem apoio parlamentar, que já é precário.

25 de out. de 2007

SENHOR PRESIDENTE, USE UMA MEDIDA PROVISÓRIA!

Muitos jovens deixam a escola logo após o primário.

Uma das razões é que, hoje, a merenda escolar acaba na 4ª ou 8ª série, dependendo do estado ou do município da federação.

É certo que o ideal é que eles fossem à escola primeiro pelo estudo, mas o fato é que há milhões de jovens que vão pela merenda.

É triste, aliás, é trágico! Mas melhor irem à escola pela merenda e assistirem aulas, que simplesmente não irem. Aliás, melhor um estudo deficiente que estudo nenhum. O fato é que se um jovem consegue estudar um pouco que seja, seus horizontes de vida melhoram, e, mais que isso, é sabido que muitos jovens se destacam ou tem potencial de se destacar até mesmo frequentando escolas ruins, dependendo de seus esforços pessoais.

E se é assim, o governo Lula deu uma enorme "bola dentro" ao anunciar o envio ao Congresso Nacional de um projeto de lei para instituir a merenda escolar no ensino médio.

É uma medida que eu aplaudo, e pela qual deixo aqui elogios sinceros ao ministro Fernando Haddad e ao presidente.

Aliás, aplaudo tanto e acho tão relevante e urgente, que defendo sua instauração por Medida Provisória.

Enfim, haverá jovens entre 15 e 19 anos que passarão a frequentar as aulas porque poderão comer ou reforçar sua dieta na escola.

Justo, porque segundo cálculos do governo, custará míseros 350 milhões (ou, um prédio de tribunal federal, cheio de mármore, granitos e louças sanitárias caras) por ano.

Eficiente, porque vai melhorar o desempenho escolar desses jovens e atrair uma boa parcela de extraviados para o ensino médio.

E humano, pura e simplesmente, humano.

Senhor presidente, use o mecanismo da Medida Provisória! Não é possivel que o Congresso rejeite algo assim, alegando não ser relevante e/ou urgente!

Leia AQUI, matéria do portal Terra.

PS: Estudei em escolas públicas e muitas vezes, quando criança, não queria a merenda, que dava de bom grado para qualquer colega que pedisse, sem fazer disso nem brincadeiras típicas de criançada, porque, em casa, aprendi que colegas meus necessitavam daquele alimento, pois vivíamos (e vivemos) num lugar extremamente pobre aqui do Paraná. Algumas das crianças que ficaram com minha quota de merenda, na época pobres, hoje são comerciantes e funcionários qualificados da fábrica de cimento daqui. Sem a merenda, sua probabilidade de sucesso diminuiria muito. Logo, defendo merenda durante todo o ensino obrigatório. É parte do processo de dar oportunidades para as pessoas.

17 de out. de 2007

ACORDANDO

Não queria mais escrever sobre a CPMF, mas as últimas notícias levam a isso.

O governo caiu em si e viu que a incrível sucessão de erros que cometeu põe em risco a aprovação da contribuição, a ponto do vice-presidente José Alencar reclamar dela mas defendê-la, inclusive negociando alíquota, se necessário, o que é sintoma de várias coisas:

a) Admissão de que o apoio a Renan Calheiros custou (e custa) caro para o governo;

b) Reconhecimento do erro na tramitação da emenda. A CPMF devia ter tramitação iniciada imediatamente, com o início da legislatura, mas o governo deixou de apressar o assunto e agora vê os prazos regimentais apertarem, com risco de perda de receita;

c) Foi um erro ainda pior cooptar parlamentares da oposição para os quadros da "base aliada". Esses parlamentares não precisariam sair dos seus partidos para apoiar o governo que os convidou para outras legendas, porque a fidelidade partidária ainda é precaríssima, a despeito da decisão do STF. Agora, além dos maus bofes que os líderes dos partidos de oposição apresentam por conta da cooptação, ainda há as decisões do STF e do TSE, que podem fazer o governo perder parlamentares por ordem judicial.

E as alternativas à CPMF são amargas. O ministro Guido Mantega afirmou que não aprovada, haverá cortes no orçamento e aumentos de outros impostos, especialmente o IOF, o IPI e os de importação e exportação.

O problema todo é o ônus político disso.

Mexer no IOF significa alterar o preço dos financiamentos, que são a grande vedete do governo Lula. Hoje as pessoas compram eletrodomésticos e até carros em dezenas de prestações, o que alavanca a economia de modo positivo e é o grande fator de popularidade do presidente nos centros urbanos. O aumento do IOF encareceria os financiamentos e diminuiria os prazos.

O IPI, por sua vez, pode ter alíquotas alteradas livremente mas ele encarece sobremaneira os produtos e pode gerar inflação.

Imposto de exportação está em desuso há 3 décadas e dificilmente o governo poderá mexer na sua segunda vedete, a balança comercial altamente positiva.

Sobra o imposto de importação, que pode parecer protecionismo e que poria abaixo qualquer perspectiva do país emplacar suas diretrizes na Rodada Doha, que é muito importante para a política externa deste governo.

Enfim, a situação é complicada.

Eu já escrevi aqui e repito: sou contra a CPMF, mas acho que o governo faz o seu papel em tentar mantê-la, porque qualquer governo faria o mesmo. FHC o fez, Lula o faz e os próximos governantes também farão independentemente de serem de direita ou esquerda, socialistas ou liberais, e por mais que seus discursos atuais sejam de demonizá-la.

Acabar com a CPMF não é uma tarefa para os políticos, mas para a sociedade civil. É ela quem deve exigir reformas estruturais do Estado, até porque, a CPMF é um imposto extremamente mais caro e perverso para o pobre, que está na base da cascata onde ela incide.

Não tenho vocação para a política mas, se fosse governante hoje com esse quadro, acenaria para a oposição uma prorrogação da CPMF como está por apenas 2 anos, com uma discussão melhor em 2009, porque isso atenderia os interesses da oposição que pretende ir para as urnas com Serra ou Aécio, e os do governo, que teria receita assegurada além de dois anos para adequar eventual diminuição da alíquota em 2009.

Mas tenha certeza o leitor: de um modo ou de outro, a CPMF será aprovada e, qualquer que seja o presidente eleito em 2010, em 2011 haverá nova tentativa de prorrogá-la e passaremos por essa discussão novamente.

30 de jul. de 2007

O ACIDENTE E O GOVERNO

A revista VEJA desta semana informa que a causa primordial do acidente da TAM seria a falha do piloto no manejo do avião, incluindo eventual falha de treinamento de pilotagem ou projeto do A-320.

Foi o que bastou para os puxa-sacos do governo saírem a atacar (no anonimato, óbvio)jornalistas e mesmo blogueiros de tentar acusar o presidente Lula sem provas, usando da tragédia por motivos políticos.

Mas a maior prova da responsabilidade do governo, que pode não ser direta, mas é indireta porque ele absteve-se do dever de fiscalizar, está na troca do ministro da defesa e na já anunciada mudança no comando da INFRAERO, sem contar as medidas restritivas do uso de Congonhas e a pressão que já existe sobre a diretoria da ANAC.

Se a ANAC fiscalizasse direito as companhias aéreas, provavelmente não haveria 186 ocupantes num avião com capacidade sugerida de 170, nem a falha do reversor porque as manutenções seriam aferidas.

Se a INFRAERO não fosse um balaio de gatos de politicagem, o terminal de Congonhas seria obra para depois de pronta a pista, inclusive com "grooving", e já teria as restrições de uso anunciadas semana passada há bastante tempo, provavelmente logo após o acidente com o avião da Gol.

Mas em dez meses desde a tragédia do avião da Gol, o que se viu deste governo foi a inação do presidente que, mesmo sem responsabilidade direta pela tragédia, deixou de "presidentar", ao não constatar fatos e cobrar seu ministro da defesa, que por sua vez, nada fez com a INFRAERO e nada requisitou à ANAC, justamente os dois órgãos técnicos, que deveriam ser um contra-peso aos interesses meramente comerciais das companhias aéreas. Mas ao invés disso, cederam às pressões delas, mantendo Congonhas funcionando e reabrindo sua pista bem antes do momento apropriado.

Eu mesmo poupei o presidente Lula em meus comentários sobre o assunto, e continuo fazendo isso, porque se ele for responsável por todos os problemas administrativos do país, deveria dar uma passadinha aqui no balcão da Receita Federal em Curitiba, para passar um pito numa atendente mau-humorada pelo excesso de trabalho causado pelo Super Simples.

Mas exige-se que um presidente exerça o seu cargo e seja presente nas grandes questões e o apagão aéreo não é um problema comezinho, sem relevância, ainda mais em um país onde, para criar 20 mil cargos em comissão basta uma medida provisória, mas para resolver problemas que afetam a vida de milhares de pessoas, exige-se burocracia insana que muitas vezes é feita para atender aos interesses excusos de poucos.

O presidente falhou ao não observar os fatos e agir tardiamente. Se não tem responsabilidade direta, pesa-lhe o resultado da inação de 10 meses. E se tudo estivesse as mil maravilhas, nem o ministro Waldir Pires teria caído, nem a diretoria da INFRAERo estaria no bico do urubu...

24 de jul. de 2007

SILÊNCIO ENSURDECEDOR

Nelson Rodrigues, de quem eu nunca fui fã, teria dito algo como esse título, um silêncio ensurdecedor, ao constatar a reação das autoridades nacionais depois do acidente em Congonhas.

Mas é realmente ensurdecedor o silêncio do governo.

Ensurdecedor porque os áulicos, os puxa-sacos, os bolivarianos de carteirinha e os jornalistas devidamente calçados fazem enorme barulho para evitar que respingue responsabilidade no senhor presidente, mas especialmente para que não rolem cabeças de companheiros que, por falta de qualificação, não arranjariam empregos tão bem remunerados como os cargos em comissão deferidos pelo aparelho partidário no governo.

O problema é que não está adiantando muito e as manifestações singelas acontecem pelo país afora, não para responsabilizar o presidente, mas para alertá-lo da incompetência visceral de seu governo, começando pela verborragia irremediável de dois ministros (Turismo e Fazenda), o sono pungente de um terceiro ministro, o da Defesa, e passando pelos atos tresloucados de assessores extremamente próximos do presidente, como o senhor Marco Aurélio Garcia, que despacha há poucos metros do gabinete de Sua Excelência.

Mas o presidente recolhe-se.

É óbvio que o presidente também está comovido com a tragédia, mas seus atos denodam total falta de controle sobre seu governo porque, passada uma semana do acidente, não foi capaz de uma medida sequer tendente a amenizar e buscar soluções para o cáos aéreo, apenas reuniões e palavras ao vento, sem demitir pelo menos uma parte dos comissionados que deram causa ao problema (o ministro da Defesa e a diretoria da INFRAERO, por exemplo), ao nada fazerem durante o primeiro mandato, e especialmente desde o acidente com o avião da Gol.

Fica difícil para um usuário do sistema aéreo, ele deve pensar: durma-se como, com um silêncio desses?

PS: Hoje, 25/07, a presidência da república informou a troca do ministro da defesa, saindo o atual, entrando Nelson Jobim, ex-ministro do governo FHC (ora, quem diria?), ministro sposentado do STF. Também especula-se que haverá mudança na cúpula da INFRAERO... não o ideal, mas, em verdade, um começo. Sinal de que nem todos os protestos são ignorados por Brasília.

13 de jul. de 2007

O COMENTÁRIO DO "ROÇA" E AS OBRAS DE LULA

Se contar ninguém acredita: Vamos transpor um rio(?) vamos construir Usinas nucleares, submarinos, várias hidreletricas ao mesmo tempo, termeletricas, etc,,Onde estava nossa grana antes?Estamos ricos de repente?Parece que queremos fazer tudo que não foi feito até agora em 4 anos?Mas a hidrelétrica com a Bolívia é uma boa, pro índio , é claro.
Mas eu acredito mesmo é que esses chefões bolivarianos se entendem muito bem.E isso me dá nos nervos.

12/7/07 19:00 ROÇA COISA É OUTRA LIMPA


Eu não resisti e resolvi usar do pouco elegante expediente de comentar um comentário de leitor. Mas o "Roça" está com toda a razão.

De repente a mesma imprensa tão direitista e irresponsável quando trata de casos de corrupção de pinicam nos ternos dos governantes em Brasília, emite uma avalanche de notícias espetaculares: usinas hidroelétricas na Amazônia, submarino nuclear para a marinha, os melhores jogos Pan-Americanos da história no Rio de Janeiro, venda de energia para a pobre Argentina, o PAC com suas obras espetaculares e a transposição do Rio São Francisco.

Não vou criticar a imprensa. Do mesmo modo que ela ajuda no combate à corrupção, também ajuda em realizações importantes. Ademais, se o governo diz que vai fazer isso ou aquilo, cabe à imprensa divulgar, porque isso ajuda o brasileiro a fiscalizar para onde vai, ou pretende-se que vá, o dinheiro público.

Vou criticar sim é esse governo de sonhos, que constrói castelos de cartas e usa durex para que eles não desmanchem no primeiro sopro.

Eu sou favorável ao submarino nuclear e ao programa nuclear. A Marinha trabalhou duro por 3 décadas, sofrendo com a falta de verbas e a falta de vontade política de governantes como Fernando Henrique Cardoso, que se pudesse teria extinto as forças armadas e transformado elas em polícia de bairro. Mas o presidente Lula foi lá, deu uma olhadinha no trabalho, ficou entusiasmado e disparou que vai liberar verba, sem perceber que o resto da força está à míngua. Navios descomissionados à toda hora e programas de modernização paralisados, e isso por absoluta falta de vontade política e bom senso, ante, inclusive, a ameaça militar que representa o instável senhor Hugo Chaves. O submarino e o programa nuclear deveriam ser contemplados dentro de um amplo programa de reaparelhamento das forças armadas, tratar como medida pontual soa demagógico e ineficaz, porque não adianta submarino nuclear, quando não há proteção aérea e terrestre sobre as instalações sensíveis que fazem sua manutenção.

A transposição do São Francisco, por sua vez, uma coisa absurda. Um rio responsável pela integração nacional, mas que está praticamente morto e cheio de problemas. Em certos lugares, sua calha e vazão diminuíram e ao invés do governo recuperar antes a capacidade do rio com programas ambientais sérios, quer tirar uma parte da sua água para transferi-la para outro lado do país. Fazendo isso, mata de vez o que já está moribundo, mas parece que as evidências não são suficientes.

As hidroelétricas na Amazônia. Eu posso ser acusado de imperialista e coisa e tal por defender o não uso da região para atividades econômicas, tal qual querem muitos estudiosos norte-americanos. Mas acho que já basta o estrago que Tucuruí fez por lá. Imaginemos duas grandes usinas, e a quadrilha de madeireiros ilegais que vai devastar o que puder em sua volta, pouco se lixando para IBAMA, Polícia Federal, Exército, etc... Em Tucuruí foi assim e não será diferente nessas duas novas empreitadas. Pior que isso é imaginar fazer uma usina em conjunto com a Bolívia. Sei não, se duvidar muito, a usina fica pronta e Evo Morales (que pretende ser presidente daquilo lá por muitos anos, ainda) fará o mesmo que fez com as refinarias, vai dizer: É MINHA!!! E conforme for, é capaz de ficar com ela e ainda com uma parte do Acre, de Rondônia ou do Mato Grosso, conforme sua localização. Sou mais da idéia de preservar a Amazônia, e lá, no máximo cabem projetos de energia alternativa.

Do Pan nem falo muito... torrou-se dinheiro público de modo irresponsável e pouco ficará de bom para a cidade, sem contar que pretendem continuar a festa, com a história das Olimpíadas.

Enfim, o governo acha bonitinho e anuncia, mas não dá bola para as consequências ou mesmo para óbvios pré-requisitos.

Ademais, o "Roça" cantou a bola: de onde vem o dinheiro para tanto, se o orçamento vive contingenciado e as despesas do governo crescem acima dos índices de aumento de arrecadação? Das duas uma, ou os projetos não sairão do papel, ou podem parar no meio do caminho, mas anunciados eles foram, e ajudaram a criar essa imagem do super presidente popular. Na pior da hipóteses eu pergunto: como fica a imagem do sucessor que, tudo indica, será aliado dele, se não há festa que dure para sempre?

PS: Estarei viajando este fim de semana, não liguem se eventualmente demorar para moderar os comentários.

PS(2): Leiam em Malditos Patos! um complemento bem humorado deste comentário, "O Ovo de Lula e o Novo Verbo".

12 de jul. de 2007

MUNDO BOLIVARIANO

Leiam aqui, interessante artigo sobre a relação Lula-Chaves.

É, amizade com tubarão tem dessas coisas, e quem paga a conta, claro, empresas e contribuintes brasileiros.

Apagão Argentino

E piora o apagão na Argentina. Agora já há ameaça de faltar energia também para as residências de parte do país, sem contar as filas para compra de gás e demais combustíveis.

O presidente Kichner nega a existência do problema, causado pela absoluta falta de planejamento competente.

Estão vendo agora, o preço por passar a mão na cabeça de EVo Morales e acreditar que a Bolívia daria jeito por solidariedade bolivariana.

18 de jun. de 2007

PAÍS ESTRANHO

1. O presidente do Senado, Renan Calheiros, vende gado em Alagoas por um preço 30% superior ao do Paraná e Mato Grosso do Sul. Gênio das finanças? O que ele faz no Congresso com esse dom de ganhar dinheiro?

2. Corre um boato de que o governador do Paraná vai receber o título de cidadão honorário... de Santa Catarina! Certamente é uma láurea concedida pelas suas ações em prol do porto de Itajaí, visto que fechando o de Paranaguá para a soja não bolivariana, promoveu o progresso no estado vizinho, onde, aliás, ele passa os verões.

3. O presidente Lula declarou que o Brasil vive seu melhor momento desde a proclamação da república. Melhorou muito! Acabou o discurso do "nunca antes, na história deste país!" pelo menos agora ele reconhece alguma coisa de boa nos tempos do império.

4. O governo esquerdista e quase bolivariano mandou um ante-projeto de lei de greve praticamente facista para o Congresso, chega a prever a contratação de (pasmem leitores!) empregados temporários para fazer frente às paralisações! As greves agora incomodam? Ué, a cúpula do atual governo defendia tanto elas nos tempos de Sarney, Collor, Itamar e FHC, o que mudou agora?

PS:

Como diria o Leão da Montanha: saíiiiida pela esquerda! O Senador Epitácio Cafeteira que a todo custo queria votar semana passada o relatório e arquivar o processo contra Renan Calheiros sem sequer ouvir uma testemunha, teve um problema de saúde e saiu de cena. Coincidentemente, hoje o advogado de Mônica Veloso declarou que ela recebia a pensão em dinheiro e depois depositava em sua conta, de modo que nunca houve transferências do senador para ela.


E o Robin, aquele colega bichinha do Batman, diria: Santa Ingenuidade Batman!!! Acontece que o comentário desta tarde na CBN é que, para obter o lucro com a pecuária que o senador Calheiros disse que teve, seria necessário não gastar nenhum centavo em insumos, comissões e ainda contar com a sorte de nenhum animal morrer ou ficar doente... sem contar o preço excepcional por arroba, e a qualidade do pasto em Alagoas, que deve ser espetacular para gerar engorda tão rápida! A pecuária brasileira é realmente um bom negócio, não? Certamente é mais lucrativa que ser parlamentar.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...