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6 de dez. de 2011

A CBF E A GLOBO QUEREM O FUTEBOL PARA POUCOS


Ontem caí na besteira de assistir uma parte da cerimônia de entrega dos prêmios dos melhores do campeonato brasileiro pelo Sportv/Rede Globo e CBF.

Uma festa para a qual o presidente do clube vice-campeão da temporada, que também havia vencido a Copa do Brasil, não foi convidado em razão das críticas que fez contra arbitragens que, no Brasil, já há muito deixaram de ser falhas, são escandalosas, para não dizer coisa pior.

Uma festa com ares "holywoodianos" mas sem a classe, a pompa e a imponência das celebrações do Oscar, com apresentadores que não sabiam onde se colocar no palco, convidadas anunciando vencedores aos berros ou gemidos e políticos aparecendo para mostrar como o futebol brasileiro de hoje deixou de ser apenas esporte para virar faceta dos muitos interesses não esportivos da Copa 2014.

Do evento, a impressão é que o futebol brasileiro é e será de agora em diante apenas uma celebração do futebol praticado nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, que, afinal, são as duas praças de TV que importam para a poderosa proprietária dos direitos de transmissão. A impressão é que, se pudesse, a TV faria um campeonato nacional só com times do Rio-SP, ano vencendo o Corinthians, ano vencendo o Flamengo, que são as torcidas que mais geram audiência. Seria a fórmula mais lucrativa e de maior eficiência operacional, uma fórmula empresarial por excelência!

A nova realidade, a dos contratos personalizados, vai levar o futebol brasileiro a experimentar em 4 ou 5 anos o fenômeno espanhol, onde Barcelona e Real Madrid dividem os títulos nacionais e muito, mas muito esporadicamente, são surpreendidos por algum coadjuvante.

Ronaldo Fenômeno, que está intimamente ligado à CBF nos últimos tempos, andou declarando que pretende fazer de Flamengo e Corinthians os equivalentes pátrios das duas potências futebolísticas espanholas e não coincidentemente, a CBF anunciou que a partir de 2013, o calendário da Copa do Brasil também vai mudar, para recepcionar os clubes brasileiros eliminados da Libertadores. Ou seja, o poder do dinheiro e da mídia agregada à tais clubes, fará de todos os outros meros coadjuvantes a se contentarem com as migalhas, pois a competitividade real está sendo assassinada.

O Flamengo e o Corinthians vão receber da TV a partir do ano que vem o equivalente a 3 vezes o que recebem os clubes pequenos como os do Paraná, que por sua vez, receberão metade do valor de Grêmio, Internacional, Atlético Mineiro, Botafogo e Cruzeiro e menos de 40% do que será pago para Palmeiras, São Paulo, Vasco da Gama e Fluminense. Essa relação com os clubes pequenos era de 50% e 70% até 2011.

Criou-se um abismo.

Cedo ou tarde, quando os clubes do segundo e terceiro pelotão perceberem serem apenas coadjuvantes dos clubes preferenciais da TV, talvez esse quadro mude. E talvez as reclamações de Roberto Dinamite com seu "não convite" para a festança de ontem, seja indício de que há esperança das coisas se reequilibrarem.

Mas o fato é que, agora, o futebol brasileiro quer virar "debut" apenas para dois clubes, como acontece em vários lugares na Europa que sinceramente, eu não sei se são bons exemplos para o nosso futebol.

10 de nov. de 2010

ENFIM, O COXA VOLTOU!




Imagem do site www.coritiba.com.br e, acima, homenagem à cidade de Joinvile-SC, que tão bem acolheu nós, os Coxas.


Ser rebaixado de divisão no futebol é parte do esporte. Não é vergonha disputar uma série B, C ou D, como não é vergonha não subir de série ou manter-se onde está. É tudo um jogo, é uma disputa que, encarada com o respeito às regras pré-estabelecidas, é sadia e bonita independentemente dos resultados.

Em 6 de dezembro de 2009 não foi o rebaixamento que machucou o coração dos Coxas-Brancas. Naquele dia, a violência patrocinada por uns poucos marginais que não são torcedores, mas bandidos, feriu gravemente a instituição centenária. E nos dias seguintes muito se falou, e até com sorrisos cínicos de satisfação em alguns rostos, que o Coritiba estava morto, que cairia para a série C e que não agüentaria a queda.

Em jornais e sites de Curitiba, torcedores igualmente marginais de um outro clube afirmaram em letras garrafais que todos os Coxas são bandidos e que todos mereciam acabar junto com ele, isso com a leniência de editores, muitos dos quais torciam para que isso acontecesse mesmo.

Depois o clube foi denunciado para o STJD, um tribunal esportivo que, portanto, é influenciado por simpatias clubísticas que caracterizam as condições de suspeição e/ou impedimento definidas pelos Código de Processo Civil e Penal em vigor. Mesmo assim, foi um procurador que é confesso torcedor do seu maior rival que promoveu a denúncia.

No primeiro julgamento sobrou o falso rigor. O STJD que nunca punira nenhum dos grandes clubes do eixo Rio-São Paulo com tamanha ânsia condenatória (basta lembrar que em 1996, aconteceu caso idêntico no estádio das Laranjeiras, Rio de Janeiro, e o clube responsável não sofreu pena alguma) impôs 30 jogos ao Coritiba sem analisar nenhuma das muitas atenuantes do processo(como o fato de que o clube informou por escrito à polícia da grande possibilidade de distúrbios, sem ser atendido no pedido de reforços de guarda). A pena foi reduzida tempos depois por conta da correção de interpretação do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, mantida em 10 partidas a serem jogadas longe do estádio Couto Pereira, mas que na prática corresponderam a 16, porque o clube foi impedido de jogar parte do campeonato paranaense em seu estádio pela recusa da CBF em vistoriá-lo.

Em verdade, eu nada tenho contra a pena. Eu mesmo defendi a punição do meu clube, como o leitor do blog bem sabe e pode comprovar lendo posts anteriores.

Injusta foi a extensão da punição em um processo que a definiu sem uma análise verdadeiramente jurídica, a partir da denúncia exarada por um procurador competente, mas no mínimo suspeito no sentido jurídico da expressão, se não impedido. Uma análise verdadeiramente jurídica teria definido uma pena menor por aplicação de atenuantes, o fato é este.

Pois bem, no ano de 2010 o Coritiba Foot Ball Club jogou 6 partidas do Campeonato Paranaense (1/3 dele) fora do seu estádio e mesmo assim foi campeão por antecipação em um jogo em que bateu seu maior rival, em um torneio em que só perdeu uma partida.

No Campeonato Brasileiro da Série B, o Coritiba mandou 10 de seus 19 jogos na simpática e acolhedora cidade de Joinvile, distante 110 quilômetros de Curitiba. E mesmo assim liderou o torneio por 18 rodadas até ontem, quando garantiu o acesso à série A, mesmo contra os prognósticos entusiasmados daqueles que diziam que cairia para a série C.

A grandeza de uma instituição se mede pela dedicação dos homens que a constituem.

Ela passa pela coragem da diretoria. Tanto do presidente que aceitou a reeleição por saber da importância do desafio, quanto dos que aderiram à ele sabendo das enormes dificuldades que viriam a partir do pleito, ainda em dezembro de 2009.

Passa pelo crédito dos patrocinadores, o Banco BMG, a IRA Motor Peças, Lotto, Nossa Saúde e muitos outros, que souberam valorizar a marca e a verdadeira gente Coxa-Branca.

Por atletas comprometidos como estes que estão vestindo a camisa alvi-verde neste ano de 2010. Alguns deles garotos criados dentro do próprio clube, como Lucas Mendes e Marcos Paulo, e outros que vindos de fora, aceitaram inclusive redução de salário para ajudar o clube, sem contar os funcionários e a comissão técnica liderada pelo (ótimo) Ney Franco, que ganhou como reconhecimento de caráter e competência a oportunidade de dirigir as seleções brasileiras de base.

E por fim, a grandeza de um clube de futebol se mede pelos seus verdadeiros torcedores. Aqueles que vão ao estádio para torcer, cantar e vibrar sem violência, como os abnegados que foram à Joinvile sob chuva e frio em horários difíceis de ir e voltar e outros, sócios, que embora não tenham ido à bela arena da cidade catarinense, mantiveram em dia ou quase em dia suas mensalidades para ajudar a instituição. Todos merecem agradecimentos e parabéns, são todos artífices do impossível conquistado contra tudo e contra quase todos.
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15 de out. de 2009

A GLOBO QUER "MATAR-MATAR" O FUTEBOL BRASILEIRO

A Rede Globo tenta convencer os clubes a mudar a fórmula de disputa do campeonato brasileiro, impondo um "play-off" entre os 8 melhores colocados para decidir quem será o campeão.

Alegam os representantes da TV dos Marinho, que a fórmula atual não é lucrativa e a audiência está em baixa, e que a solução é ter uma fase emocionante, mesmo que o campeão seja o 8º colocado, ao invés do primeiro da fase de classificação.

Talvez seja mais um aspecto da absoluta falta do conceito meritório que existe no Brasil, onde quem se esforça (no caso, quem se organiza para ter times fortes e regulares, pagando salários em dia, contratando com critério e dando condições de trabalho aos atletas) é sempre tratado com desdém, em benefício dos "mais espertos" que, no caso, são as preferências mercadológicas da TV carioca.

À Rede Globo só interessam os jogos de Flamengo e Corinthians, dois clubes que juntos devem 700 milhões de reais, a maior parte em impostos não pagos, e que recebem até seis vezes mais verba de TV que alguns dos demais da série A. Dois clubes que apesar de suas belas histórias, suas torcidas fantásticas e seu apelo popular, não são exemplos de boa organização, já que sequer possuem estádio e centro de treinamentos parecidos com os de clubes bem menos tradicionais, como o Coritiba, o Figueirense, o Avaí, o Vitória e o clube rubro-negro de Curitiba, que dizer se comparados com gigantes como o Grêmio, o Internacional e o São Paulo.

Ora, se a Globo não está contente com os resultados financeiros do campeonato brasileiro a ponto de insistir em premiar os mais populares em detrimento dos mais competentes, deveria é largar o osso e deixar que a transmissão seja feita pela Record e/ou pelo SBT, que já tentaram, em passado recente, oferecendo até 50% mais para os clubes.

Ou seja, o campeonato por pontos corridos dá lucro, muito lucro, que só não é suficiente para os executivos da Globo. Porque se lucro não desse, a TV dos Marinho já teria caído fora do negócio há muito tempo.

Querem mais lucro mandando às favas o conceito de mérito e dando o recado de que, no futebol brasileiro, organização não importa. Ou seja: não se organize mais nada, conte com a sorte dos "play-offs".

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...