Imagem do site www.coritiba.com.br e, acima, homenagem à cidade de Joinvile-SC, que tão bem acolheu nós, os Coxas.
Ser rebaixado de divisão no futebol é parte do esporte. Não é vergonha disputar uma série B, C ou D, como não é vergonha não subir de série ou manter-se onde está. É tudo um jogo, é uma disputa que, encarada com o respeito às regras pré-estabelecidas, é sadia e bonita independentemente dos resultados.
Em 6 de dezembro de 2009 não foi o rebaixamento que machucou o coração dos Coxas-Brancas. Naquele dia, a violência patrocinada por uns poucos marginais que não são torcedores, mas bandidos, feriu gravemente a instituição centenária. E nos dias seguintes muito se falou, e até com sorrisos cínicos de satisfação em alguns rostos, que o Coritiba estava morto, que cairia para a série C e que não agüentaria a queda.
Em jornais e sites de Curitiba, torcedores igualmente marginais de um outro clube afirmaram em letras garrafais que todos os Coxas são bandidos e que todos mereciam acabar junto com ele, isso com a leniência de editores, muitos dos quais torciam para que isso acontecesse mesmo.
Depois o clube foi denunciado para o STJD, um tribunal esportivo que, portanto, é influenciado por simpatias clubísticas que caracterizam as condições de suspeição e/ou impedimento definidas pelos Código de Processo Civil e Penal em vigor. Mesmo assim, foi um procurador que é confesso torcedor do seu maior rival que promoveu a denúncia.
No primeiro julgamento sobrou o falso rigor. O STJD que nunca punira nenhum dos grandes clubes do eixo Rio-São Paulo com tamanha ânsia condenatória (basta lembrar que em 1996, aconteceu caso idêntico no estádio das Laranjeiras, Rio de Janeiro, e o clube responsável não sofreu pena alguma) impôs 30 jogos ao Coritiba sem analisar nenhuma das muitas atenuantes do processo(como o fato de que o clube informou por escrito à polícia da grande possibilidade de distúrbios, sem ser atendido no pedido de reforços de guarda). A pena foi reduzida tempos depois por conta da correção de interpretação do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, mantida em 10 partidas a serem jogadas longe do estádio Couto Pereira, mas que na prática corresponderam a 16, porque o clube foi impedido de jogar parte do campeonato paranaense em seu estádio pela recusa da CBF em vistoriá-lo.
Em verdade, eu nada tenho contra a pena. Eu mesmo defendi a punição do meu clube, como o leitor do blog bem sabe e pode comprovar lendo posts anteriores.
Injusta foi a extensão da punição em um processo que a definiu sem uma análise verdadeiramente jurídica, a partir da denúncia exarada por um procurador competente, mas no mínimo suspeito no sentido jurídico da expressão, se não impedido. Uma análise verdadeiramente jurídica teria definido uma pena menor por aplicação de atenuantes, o fato é este.
Pois bem, no ano de 2010 o Coritiba Foot Ball Club jogou 6 partidas do Campeonato Paranaense (1/3 dele) fora do seu estádio e mesmo assim foi campeão por antecipação em um jogo em que bateu seu maior rival, em um torneio em que só perdeu uma partida.
No Campeonato Brasileiro da Série B, o Coritiba mandou 10 de seus 19 jogos na simpática e acolhedora cidade de Joinvile, distante 110 quilômetros de Curitiba. E mesmo assim liderou o torneio por 18 rodadas até ontem, quando garantiu o acesso à série A, mesmo contra os prognósticos entusiasmados daqueles que diziam que cairia para a série C.
A grandeza de uma instituição se mede pela dedicação dos homens que a constituem.
Ela passa pela coragem da diretoria. Tanto do presidente que aceitou a reeleição por saber da importância do desafio, quanto dos que aderiram à ele sabendo das enormes dificuldades que viriam a partir do pleito, ainda em dezembro de 2009.
Passa pelo crédito dos patrocinadores, o Banco BMG, a IRA Motor Peças, Lotto, Nossa Saúde e muitos outros, que souberam valorizar a marca e a verdadeira gente Coxa-Branca.
Por atletas comprometidos como estes que estão vestindo a camisa alvi-verde neste ano de 2010. Alguns deles garotos criados dentro do próprio clube, como Lucas Mendes e Marcos Paulo, e outros que vindos de fora, aceitaram inclusive redução de salário para ajudar o clube, sem contar os funcionários e a comissão técnica liderada pelo (ótimo) Ney Franco, que ganhou como reconhecimento de caráter e competência a oportunidade de dirigir as seleções brasileiras de base.
E por fim, a grandeza de um clube de futebol se mede pelos seus verdadeiros torcedores. Aqueles que vão ao estádio para torcer, cantar e vibrar sem violência, como os abnegados que foram à Joinvile sob chuva e frio em horários difíceis de ir e voltar e outros, sócios, que embora não tenham ido à bela arena da cidade catarinense, mantiveram em dia ou quase em dia suas mensalidades para ajudar a instituição. Todos merecem agradecimentos e parabéns, são todos artífices do impossível conquistado contra tudo e contra quase todos.
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Só os grandes dão a volta por cima.
ResponderExcluirParabéns e, longa vida ao Coritiba Futebol Clube!
Quando ainda se insiste em usar como base a falta de julgamentos anteriores para considerar "pesada" a punição contra o Coxa, é de certa forma dar carta branca ao vandalismo. Tinha que acontecer com alguem, infelizmente foi num "elo fraco" do futebol brasileiro. Mas essa semana tivemos um surto de doideira: o corinthians perdeu um mando de jogo junto com o palmeiras, no ultimo classico. Só não vi se conseguiram recorrer. Cansaram de tirar o Atlético da Arena também...
ResponderExcluirE é bom ver que o Coxa conseguiu no melhor estilo "contra tudo e contra todos", subir como o grande que precisa voltar a ser. Absoluto, sem ser brilhante, graças a um técnico excepcional em diversos sentidos do termo. Agora é ficar, trazer mais sócios, ter mais competitividade no cenario nacional, e colocar mais uma casa fantástica de pé [dividida ou não] na cidade de Curitiba. Os verdadeiros torcedores merecem!
Tinha feito um comentário no post "A segundona não é o fim do mundo" mas pelo mobile não quis entrar. Nele disse que a cultura nacional do segundo lugar não permite que a serie B tenha realmente a relevancia que merece, ainda mais quando é "carinhosamente" chamada de segundona. E é indiscutivelmente a melhor escola para ensinar a torcida e aos gestores do clube qual é realmente o seu tamanho, e de que maneira realmente ser e manter-se grande, sem ficar escorado numa historia gloriosa e num passado que nada tem para colocar em campo, além da tradição, que não ganha jogo.
Vale lembrar que o Coxa esse ano provou que torcida não ganha jogo, pois fez 1 turno fora de casa e foi absoluto... e espero que tenha voltado pra ficar, e não dar mais espaço para prudentes, sao caetanos e cia´s / s.a.´s da vida!
Abraço!
Tony,
ResponderExcluirNão há como fugir da segundona em um camnpeonato de 20 clubes em que caem 4 e sobem 4.
TODOS os clubes do futebol brasileiro à experimentarão em um espaço de 10 ou 20 anos, inclusive o seu clube, o São Paulo, o Cruzeiro, o Internacional e até o Flamengo, que contará com toda a ajuda estranha de todos os lados para que isso não aconteça.
Cair não é vergonha. Vencer a segundona é importante e deve ser comemorado, essa mania brasileira de encarar o segundo como o primeiro dos últimos é no mínimo injusta com o esforço de muita gente.
E você tem razão em dizer que é uma escola de gestão, para que não se acredite que apenas a camisa é suficiente para manter um clube na série A.
Não sei porquê, mas torço para o flamengo cair este ano. Parabéns ao Coxa que fez o que os times grandes devem fazer: subir no ano seguinte.
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