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24 de out. de 2017

BRASIL: O PAÍS QUE ODEIA SUAS CRIANÇAS



Nós, brasileiros, somos campeões da bondade em teoria. Temos sempre as melhores intenções quando escrevemos nossas leis, quase sempre belas e cheias de conceitos ideais com objetivos audaciosos. Mas na prática, pouco ou nada fazemos para que estas leis funcionem e cumpram as promessas de seus autores.

Uma das coisas que os brasileiros mais fantasiam é a infância. Nossas leis são rígidas. Em teoria nossas crianças são intocáveis. Existe todo um arcabouço legal fantasioso que regula desde a publicidade de brinquedos até o que um professor pode dizer ou não para uma criança em sala de aula, e que foi feito para que, sendo lido, nos dê a impressão de que realmente cuidamos de nossas crianças, com o discurso oficial sempre muito bonito de que elas são nosso futuro como nação. 

Mas na prática, nossa sociedade odeia suas crianças, às usa como mercadorias e escudo para seus crimes recorrentes, sua falta de sensibilidade e sua divisão ideológica maniqueísta. O Brasil sempre foi um país de péssimo histórico com a infância. Trabalho infantil é uma coisa recorrente em nossa sociedade desde sua fundação, maus tratos são uma constante desde sempre, pouco importa o conteúdo das leis.

Em certa época de minha vida advoguei na área de família e saia estarrecido do fórum ao constatar o uso de crianças para atingir alguma das partes do processo. Sob a desculpa de cuidar do menor, mães impedindo a visita pelos pais, pais negando pensão alimentícia e casais que não trabalhavam achacando avós. Uma coisa pavorosa, o pior da espécie humana se aproveitando da inocência de uma criança por vingança pessoal ou interesse meramente mercantil.

Isso foi há 20 anos e de lá para cá, esse comportamento que era típico nos fóruns de família parece ter espraiado para o dia a dia de nossa sociedade doente e violenta, sexista e desonesta em sua essência, mercantilista ao ponto de sacrificar suas crianças sem a menor sensibilidade. 

É um quadro vem se agravando de modo dramático. Quando criança, eu tinha a possibilidade de sair de casa e ir brincar na pracinha que ficava há uns 3 ou 4 quadras, ou ainda procurar um campinho para jogar futebol com os primos. Hoje, nossa sociedade neurótica criou uma situação em que uma criança desacompanhada em uma praça é quase certeza de tragédia, tamanho o foco maldoso que colocamos sobre elas.

Sexualizamos a infância. Sob a desculpa da "democracia" e da "liberdade de expressão" desprezamos todos os valores mais básicos do desenvolvimento delas. Queremos que elas namorem aos 5 anos de idade, às vestimos como adultos, às levamos para festas juninas onde estão sujeitas a sertanejo universitária pregando "pegar" e beber, ou ao funk sexualizado, seguindo a lógica perversa de que é apenas música. Elas não brincam mais, ficam presas aos malditos smartphones, à internet e à TV, sujeitas a todo tipo de sensualização que nossa sociedade doente praticamente exige. E dessa sexualização da infância decorrem pais e parentes que violam as crianças de suas próprias famílias, promoção e defesa descarada da pedofilia, inclusive com a violação direta das leis idealizadas que não servem para muita coisa quando interpretadas por juízes frouxos e, em casos recentes, por artistas desonestos desesperados para usar dinheiro da Lei Rouanet. Dentre os países com algum desenvolvimento social, o Brasil é o campeão em prostituição infantil e violência contra crianças, mas para nossa sociedade não importa, a nossa "liberdade" exige que o sexo esteja em todos os aspectos da vida, pouco importando o efeito final.

Negligenciamos a educação. Impedimos nossas escolas de disciplinar e sujeitamos os educadores aos maus humores de pais tão super-protetores quanto incompetentes em educar, a ponto de preferirem culpar a escola pelos erros que seus filhos cometem porque não recebem limite nenhum em casa. De tanto que nossas leis ideais protegem, nossos agentes públicos (leia-se: Ministério Público e Conselhos Tutelares) simplesmente são incapazes, seja por preguiça, seja por incompetência, de distinguir um ato disciplinador de um ato de violência, classificando tudo como crime, atando as mãos de quem tenta ensinar, a ponto delas mesmas, cooptadas por ideologia política, invadirem as escolas onde deveriam estudar, sem que os pais ou mesmo o Estado nada fizessem por semanas, como aconteceu no PR, em SP e no RJ.

Dizemos que não, mas temos tolerado trabalho infantil, prostituição, pedofilia e mesmo o uso das crianças como escudo para a prática de crimes, inclusive políticos, já que elas não são poupadas da guerra ideológica entre supostos progressistas contra conservadores de araque, predominantemente ladrões comprovadamente lutando apenas pelo direito de assaltar os cofres públicos.

O Brasil tem odiado suas crianças. Quando vemos assassinatos cruéis de crianças de colo como os que repercutiram na última semana, quando não percebemos que nossa sociedade transforma um jovem de 13 anos num monstro a disparar tiros contra colegas de colégio, é porque odiamos no sentido de não tratá-las como crianças, são apenas mais cidadãos aos quais impomos nossa agenda brasileira de libertinagem, negligência e demagogia, tolerando a violência comezinha que acaba por desaguar no crime visceral que choca por uns poucos dias quando exposto no noticiário do horário nobre das TV(s).

O Brasil odeia suas crianças. Fala muito em amá-las, mas nada faz para respeitá-las. É um país doente que está destruindo seu próprio futuro com raiva e demagogia ilimitadas, promovidas por interesses mesquinhos e não raro, meramente eleitoreiros. Uma tristeza!

16 de nov. de 2010

PAPAI NOEL DOS CORREIOS 2010

Todos os anos, os Correios distribuem alegrias, satisfações e esperanças que vão muito além da entrega de cartões, de cartas e de encomendas, por meio da campanha Papai Noel nos Correios.

Este ano ela tem como lema "A EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE PARA TODOS" e vai selecionar pedidos das cartinhas de crianças em situação de vulnerabilidade social matriculadas no ensino fundamental público de áreas carentes, um prêmio por sua dedicação aos estudos, um incentivo à cidadania e à idéia fundamental de preparar-se para o futuro.

A campanha dos Correios não é apenas uma busca por doações, é um incentivo a redação, fazendo com que as crianças aprendam o valor de saber ler e escrever. E ao mesmo tempo, é uma oportunidade de, com uma ajuda singela, nos tornarmos cidadãos melhores, seres humanos sensíveis às necessidades das criaturas mais belas criadas por Deus, nossas crianças.

Qualquer pessoa pode ajudar. Eu estou divulgando a campanha aqui, e pedindo para que meus leitores passem a informação para a frente. Quem tem blog, que também faça um post, quem tem twitter, dê RT, quem tem facebook e orkut, avise seus amigos na rede.

Você não precisa gastar mais que algumas horas do seu tempo, dirigindo-se aos Correios e oferecendo-se para ser ajudante para ler as cartinhas e selecionar os pedidos. E quem puder doar brinquedos, roupas, calçados e mesmo outras coisas que sempre aparecem nos pedidos singelos das crianças, seja um padrinho.

Toda a ajuda é importante, por mais singela que seja.

Veja os contatos com uma das regionais dos correios, cujo telefone você encontra AQUI.
E também confira como funciona a campanha no site dos Correios, AQUI.

Vamos promover um Natal feliz para nossas crianças.

25 de out. de 2010

A MARCA IMPLACÁVEL DO TEMPO!


"Pelos caminhos da bola, a marca implacável do tempo!" dizia o locutor Durval Leal quando eu criança, acompanhava os jogos do Coxa ou na Rádio Clube ou na Rádio Independência, ambas de Curitiba.

Na época eu não percebia muito o sentido da frase, porque o tempo só era implacável quando o Coxa estava perdendo. Se não, era doce e passava bondoso na lerdeza da juventude que se divertia com o espetáculo.

Há pouco eu entrei no "you tube" e sem me dar conta, digitei Waldo de Los Rios na procura.

O maestro Waldo de Los Rios é o responsável por eu gostar de música clássica, porque um dia meu pai trouxe para casa dois long-plays comprados nas lojas Hermes Macedo. Um deles, com uma flor estilizada de papel e no centro, uma reprodução do rosto de Mozart, o "Mozartmania". E na capa do outro, uma estátua em mármore com um grande par de fones de ouvido, o "Sinfonias".

Pouco antes meu irmão me mostrara no mesmo you tube um video de outro artista da minha infância, o alemão Heino, interpretando com a orquestra do genial maestro e violinista André Rièu, remetendo direto para as bandinhas alemãs que cresci ouvindo e que sempre me lembram da gaitinha harmônica do tio Waldino, incessantemente tocada nos aniversários da oma* lá em Jaraguá do Sul, que eram a reunião anual da família, com todos os primos dormindo ou tentando dormir no sótão onde a festa ia longe a ponto de em algum momento um adulto subir as escadas para mandar que parássemos ou de rir ou de brigar.

Será o tempo implacável?

Apesar de eu ainda gostar (muito) de Waldo de Los Rios e Heino, e mais ainda do Coritiba que me fazia fã do Durval Leal que era Coxa-Branca como eu, já não me encontro mais anualmente com os primos, e a oma e mesmo o tio Waldino já se foram para o céu, ele há quase dois anos, para tocar sua gaitinha por lá e alegrar a velhinha que recebia os netos com bolachas caseiras de glacê, balas "Sasse" e gasosa de framboesa.

Não sei porquê, mas hoje me dei conta que agora, os adultos somos eu, meus irmãos e meus primos, e nossos pais já são os opas** e e as omas. Fiquei nostálgico, sentindo saudades implacáveis como o tempo, que porém, também é generoso.

De certa forma o tempo me levou à Universidade Federal do Paraná, também de tantas boas lembranças. E foi ele quem me conduziu a assistir um recital da Orquestra Filarmônica de Israel, regida pelo genial Zubin Mehta, presente que recebi de duas amigas queridas ligadas à Universidade Positivo aqui de Curitiba. Foi o tempo que me fez passar pela alegria indescritível dos sofridos títulos do Coxa, pelas minhas namoradas, meus amigos, minhas vitórias e minhas derrotas. Foi o tempo que me trouxe algumas lindas crianças, meus sobrinhos, e que encheu minha retina de imagens ainda nítidas, de alegrias que me fazem chorar e de tristezas que me fazem rir.

O tempo vai passando e deixando suas marcas nas nossas vidas. É implacável, mas quem o faz cruel somos nós mesmos. Eu prefiro encarar o tempo como um grande baú de coisas boas que aberto, exulta a alma e nos ensina a sermos nós mesmos, dando valor para nossa história, nossa vida, nossa caminhada até aqui. O tempo é um baú das imagens e dos sons de nossos entes queridos, das nossas conquistas e derrotas, do nosso aprendizado.

Sua marca é implacável, somos nós mesmos evoluindo e tentando aprender o segredo da vida, que pode ser o de se deixar levar por ele sem nunca esquecer de, de tempo em tempo, abrir o baú para voltar ao que passou.

* vovó, em alemão.
** vovô.


3 de ago. de 2010

PUBLICIDADE INFANTIL: NÃO!

MANIFESTO pelo fim da publicidade e da comunicação mercadológica dirigida ao público infantil

Em defesa dos diretos da infância, da Justiça e da construção de um futuro mais solidário e sustentável para a sociedade brasileira, pessoas, organizações e entidades abaixo assinadas reafirmam a importância da proteção da criança frente aos apelos mercadológicos e pedem o fim das mensagens publicitárias dirigidas ao público infantil.

A criança é hipervulnerável. Ainda está em processo de desenvolvimento bio-físico e psíquico. Por isso, não possui a totalidade das habilidades necessárias para o desempenho de uma adequada interpretação crítica dos inúmeros apelos mercadológicos que lhe são especialmente dirigidos.

Consideramos que a publicidade de produtos e serviços dirigidos à criança deveria ser voltada aos seus pais ou responsáveis, estes sim, com condições muito mais favoráveis de análise e discernimento. Acreditamos que a utilização da criança como meio para a venda de qualquer produto ou serviço constitui prática antiética e abusiva, principalmente quando se sabe que 27 milhões de crianças brasileiras vivem em condição de miséria e dificilmente têm atendidos os desejos despertados pelo marketing.

A publicidade voltada à criança contribui para a disseminação de valores materialistas e para o aumento de problemas sociais como a obesidade infantil, erotização precoce, estresse familiar, violência pela apropriação indevida de produtos caros e alcoolismo precoce.

Acreditamos que o fim da publicidade dirigida ao público infantil será um marco importante na história de um país que quer honrar suas crianças.

Por tudo isso, pedimos, respeitosamente, àqueles que representam os Poderes da Nação que se comprometam com a infância brasileira e efetivamente promovam o fim da publicidade e da comunicação mercadológica voltada ao público menor de 12 anos de idade.

Para assinar o manifesto, acesse este site AQUI.

PS.: Este blogueiro também defende a proibição total da publicidade de TV, rádio e internet (salvo em canais para adultos, acessados mediante senha) para bebidas alcoólicas, especialmente quando associadas à alegria, ao sucesso com o sexo oposto, à inteligência ou ao alto desempenho esportivo. A pior das drogas que atinge o jovem brasileiro é o álcool e mais especificamente, a cerveja, cujo consumo tolerado por menores de idade os encoraja a experimentar drogas mais fortes. Trata-se de outro aspecto do mesmo problema, a publicidade que busca atingir o público jovem, com intelecto ainda em formação.

19 de jan. de 2010

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA ROUBADAS



Esse texto linkado demonstra que as políticas públicas para evitar a gravidez precoce são insuficientes, especialmente nas camadas mais pobres da população.

Aqui na frente da minha casa existe uma praça. Nela, praticamente todos os dias há meninas e 12 a 16 anos se esfregando em garotos e homens de 12 a 30 anos. Estes, os mais velhos, sempre munidos de muita cerveja, carros de som que ficam atormentando as pessoas as vezes até de madrugada com funk, axé e sertanejo em volume altíssimo e, claro, drogas.

Já denunciei formalmente por ofício para a Policia Militar, o Ministério Público, a Câmara de Vereadores e o Conselho Tutelar. Mas até hoje, ninguém foi preso, e as mesmas meninas (e outros garotos menores também) continuam ali, incomodando vizinhança com berreiro, exibicionismo, som alto e cacos de garrafas que eles mesmos quebram e jogam por todos os lados. Menores de idade nas ruas de madrugada, e não há um pai que se preocupe com isso, até porque esses pais preferem os rebentos longe de casa, onde incomodam menos e não dão o trabalho de educar.

Polícia Militar faz o que pode e dela não reclamo, porque sempre que consigo contactá-la ela comparece acaba com a baderna, mas não prende ninguém porque para fazer isso precisaria de caminhões inteiros para acondicionar os marginais e menores que se concentram ali.

Câmara de Vereadores, já me convenci, é um órgão inútil, não serve para nada e tanto é assim, que dia desses tinha até vereador na farra com menininhas.

E Conselho Tutelar? Este órgão INÚTIL criado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, virou um cabide de emprego para a maioria dos "conselheiros" que nada fazem, nada decidem e não praticam uma única ação efetiva de proteção dos menores. São meros despachantes a devolver pequenos marginais para suas famílias omissas.

Sobraria o Ministério Público, mas aqui onde vivo não moram promotores. Ao final do expediente eles partem para algum bairro chique de Curitiba onde a realidade que deveriam conhecer (e buscar consertar) não lhes atinge. Vivem num mundo de fadas de altos salários, ignorando completamente o que se passa do lado de fora do fórum nos lugares mais afastados das regiões de classe média alta em que vivem.

Uma combinação perversa, de pais omissos (e criminosos), filhos mal-educados e sem freios morais, autoridades incompetentes e demagógicas e um meio que incentiva ao sexo, basta ouvir qualquer letra de funk, axé ou sertanejo universitario para constatar isso, ou será que "beber, cair e levantar" é um bom exemplo para quem quer que seja?

Estas meninas não engravidam apenas por falta de informação, nem por falta de camisinhas. Elas engravidam porque as vezes estão bêbadas ou drogadas e são estupradas. Elas engravidam porque no meio da "farra" institucionalizada não há tempo de pensar em prevenção, que dizer com homens que promovem de caso pensado uma situação em que podem se aproveitar.

O problema da gravidez precoce é de saúde pública, mas também é de segurança. E se as autoridades não agirem de modo efetivo, coisa que não fazem, não há distribuição de camisinha que vá diminuir os índices vergonhosos que o Brasil ostenta nesse quesito.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...