26 de set. de 2008

DE OLHO NA BUTIQUE DELA

O Brasil tem milhares de defeitos. Sua democracia têm problemas estruturais, sua classe política é nojenta e nem sempre o povo respeita suas leis. Há muita corrupção, pobreza e outras idiossincrasias que já levaram alguns a chamar o país de Belíndia, mistura de Bélgica com Índia, dados os enormes contrastes tão comuns nessa terra, onde carroças rodam ao lado de Ferraris reluzentes.

Mesmo assim, o Brasil é um país pujante. E isso não é apenas pela graça de suas enormes riquezas naturais, mas também pelo hercúleo esforço de seu povo em pagar uma carga tributária absurda ao mesmo tempo em que não se curva ante as adversidades, por mais que tudo à sua volta o instigue a isso, como por exemplo, a falta do mérito que alça medíocres a cargos importantes e rechaça os esforçados.

Mal ou bem, o Brasil ergueu uma economia diversificada, um mercado consumidor de potencial ainda inexplorado e empresas gigantescas, como Itaipú Binacional, Petrobrás, Vale, Embraer, Votorantin, Odebrecht e outras tantas.

Escrevo tudo isso, a propósito do que temos visto nos últimos tempos, vindo de nossos vizinhos (que alguns chamam erroneamente de "hermanos"), como a Argentina, O Paraguai, a Venezuela, a Bolívia e o Equador.

Os argentinos vivem resmungando sobre o Mercosul. Acusam o Brasil de tomar seus mercados internos, de comprar seus produtos barato demais, de destruir sua índústria. E invariavelmente, as reclamações acontecem quando algum tipo de crise econômica os aflige, o que não é incomum, convenhamos.

O Paraguai resolveu discutir o tratado de Itaipu, usina que foi construída com recursos brasileiros e que gera tanta energia, que a parte dos "hermanos" pode ser vendida para outros países. Um negócio da China, no qual o Paraguai não investiu quase nada e ganhou independência elétrica. Mesmo assim não está bom, o preço está baixo, o "imperialismo" brasileiro parece culpado pelo descalabro daquele país que de ditador em ditador, acabou descobrindo um resquício de democracia e elegendo um padre para presidente.

A Venezuela até não incomoda. Por ser um país rico os problemas que temos com ela são os resmungos de seu presidente e as ameaças indiretas que ele faz por meios militares, apesar, ainda, de sua tentativa velada de impor-nos um gasoduto faraônico (que seria pago pelo Brasil) para tratar de escravizar nossa indústria ao modelo boliviano.

A Bolívia expropriou bens brasileiros, exigiu aumento do preço do seu gás, e agora não é capaz de entregá-lo. Pela desculpa de sua democracia e justiça social, pôs a mão no bolso brasileiro sem cerimônias, arrancou uns quebrados é dá claros sinais de que não vai devolvê-los.

E por fim, o Equador. Construiu uma usina hidroelétrica que foi entregue com 9 meses de antecedência por uma empresa brasileira, que usou um projeto fornecido pelo próprio país. Acusa a empresa de incompetência e corrupção e imediatamente discute uma dívida de 200 milhões de dólares - do BNDES -, agência estatal brasileira de fomento. Dá a nítida impressão de que inventou problemas para não pagar, contando com a notória bondade brasileira.

O Brasil vive levando chapéus da Argentina, levou ferro na Bolívia, engoliu sapos do presidente Venezuelano, tá ensaiando pedir arrego pro Paraguai e agora, não duvide o leitor, é capaz de levar calote do Equador.

Todos os "hermanos" de olho na butique brasileira, aquela que foi fundada e financiada com uma das cargas tributárias mais injustas da humanidade e com as taxas de juros mais altas do planeta, cujo resultado sempre foi o de serviços públicos deficientes, miséria e problemas incomuns de uma gente que reclama pouco, mas apesar disso tem muito valor.

E o pior é que a butique tem dado descontos generosos para eles.

24 de set. de 2008

BÊBADOS, BEBERRÕES E BEBUNS - de Ivan Lessa

Eu não posso reproduzir aqui, porque citar apenas uma parte não faria sentido e reproduzir na inteireza poderia causar problemas com direitos autorais.

Mas recomendo, a engraçada crônica do Ivan Lessa, hoje, no site da BBC-Brasil:

Bêbados, beberrões e bebuns.

22 de set. de 2008

MUSIQUINHAS DE CAMPANHA

Você leitor, votaria em alguém que tivesse visto minutos antes em um supermercado, escondendo produtos dentro de um casacão para não pagá-los?

Pois é, a cada 5 minutos passa na frente da minha casa um carro de som de algum candidato diferente, tocando uma música com motivos eleitorais, tais como "candidato honesto, trabalhador, amigo do povo, competente, capaz, etc...", todas elas usando dos acordes de algum sucesso sertanejo, pagode, axé e até mesmo do Calypso, cujo ritmo paraense em não lembro e não sei indicar.

Não bastante o barulho infernal, não pagam um centavo de direitos autorais!

Basicamente, roubam o artista como se roubassem um chocolate no supermercado. E roubando o artista, roubam as gravadoras e seus funcionários. E os músicos e técnicos que acompanham o artista. E o pessoal que trabalha na distribuição legal das músicas pela internet ou mesmo por meio de CD. E as famílias e todas as pessoas envolvidas no mercado fonográfico.

E o pior de tudo: roubando toda essa gente na cara dura, querem ser representantes do povo!!!

Posso não gostar de duplas sertanejas, de conjuntos de axé ou de funk, de grupos de pagode ou mesmo da Joelma e do Chimbinha do Calypso. Mas o trabalho e a composição são deles e dos músicos e letristas envolvidos. É patrimônio deles, protegido pela Lei, que só caem em domínio público décadas depois da sua morte.

Mas no Brasil, onde políticos fraudam licitações, contratam parentes e pagam bordéis com o dinheiro público, roubar músicas também é parte do processo político, e o TSE assiste impávido milhares de candidatos roubando pessoas honestas e ainda alegando ser a "festa" da democracia. Assiste impávido uma violação acintosa de direitos de terceiros.

Podem dizer: burocracia demais para registrar as musiquinhas nos TRE(s) e verificar a autoria e pagar os direitos. Mas antes burocracia para proteger a Lei e o patrimônio de pessoas, que a falta dela para acostumar os políticos s roubar.

20 de set. de 2008

CADERNOS DE VIAGEM - 10 - GUARATUBA

O litoral do Paraná é pequeno e carente de belezas em seus balneários. Em verdade, a maior parte da costa paranaense é área portuária de Paranaguá, ou de preservação ambiental como em Guaraqueçaba. Por tais razões, sequer o trecho da BR-101 existe no estado. Assim, pouco se fala de praias paranaenses, até porque elas são ruins do ponto de vista da estrutura turística, embora ótimas se o quesito for de praias, pois têm grandes faixas de areia e águas relativamente calmas.

Mas Guaratuba é exceção. É uma cidade bonita e agradável, com atrações para os turistas e uma estrutura hoteleira que, se nem próxima da que existe em Santa Catarina, ainda assim é a melhor do Paraná.

Claro que há defeitos sérios, tais como as ligações de esgoto que, justiça seja feita, têm sido alvo de fiscalização apurada do Instituto Ambiental do Paraná, mas que ainda causam vexatórios relatórios de balneabilidade, se bem que não diferentes de nenhuma outra costa no Brasil.

E é aqui pertinho, menos de uma hora de Curitiba, ou pela BR 277 passando pelo "ferry-boat" ou pela BR 376/101, à qual se chega por via rodoviária, passando por Garuva/SC.

Bem no centro histórico da cidade, a Igreja do Divino Espírito Santo.

Na mesma praça em que se encontra a igreja, há uma espécie de beco, entrada para o Porto Píer/Porto Deck, que é um conjunto de barzinhos voltados para a baía de Guaratuba, cuja vista é bonita ao entardecer.


Do mesmo lugar, parte esta escuna, que faz um passeio pela baía, que é área de preserva- ção ambiental. Consta que numa ilhota no meio dela, existe um ótimo restaurante só acessável com esta embarcação.

Vista da baía ao pôr do sol.

Vista da orla, a partir do Morro do Cristo, que é uma área um pouco degradada pelo excesso de farofeiros que se instalam por ali. Mesmo assim, vista bonita.

Esta é a marina do Iate Clube, para onde há um bar voltado, anexo a um bom restaurante que também dá vista para a baía.

Por fim, a vista do morro do Cristo.

PS: Clique nas fotos para aumentá-las.

Uso livre na internet, citada a fonte.

18 de set. de 2008

PERGUNTA... ANTES DE OUTRA TRAGÉDIA

O fato de um problema desaparecer da mídia, não significa que ele acabou.

A extraordinária sucessão de escândalos que se produz no Brasil, faz com que muitos assuntos sérios sejam deixados de lado, porque a mídia se concentra no que dá audiência imediata e porque quase todos os problemas envolvem a classe política que por sua vez, quer mais é ter sua relação com eles esquecida.

Do início de 2008 até agora, a mídia concentrou-se em fatos dos mais diversos, abusando em todos eles do excesso de informação inútil: O caso Nardoni, os cartões corporativos, o Daniel Dantas, o fracasso nas Olimpíadas, a operação Satiagraha, os grampos telefônicos, os fichas-sujas, etc...

O que há de comum em todos eles?

Nenhum, absolutamente nenhum problema ou polêmica que eles encerram teve solução.

Nem o crime do caso Nardoni. Muito menos o fato de que os fichas-sujas podem se candidatar, mas nenhuma autoridade faz absolutamente nada de relevante para que isso chegue de modo claro ao eleitor. Daniel Dantas continua livre. Os grampos telefônicos viraram piada. A operação Satiagraha continua envolta em nuvens que certamente serão a salvação dos envolvidos. Os cartões corporativos ficaram por isso mesmo. E até hoje ninguém sabe o que foi feito do caminhão de dinheiro que o Comitê Olímpico Brasileiro recebeu para mandar amarelões passearem pelo mundo afora se dizendo atletas.

Todos esses casos foram substituídos pelo escândalo posterior da lista e esquecidos, renegados a notas de rodapé e piadinhas que circulam por e-mail. Todos têm implicações sociais graves.

Eu escrevi tudo isso aí em cima, para perguntar:

O que foi feito para solucionar o problema do tráfego aéreo?

Os dois acidentes trágicos que mataram centenas de pessoas foram esquecidos, e do mesmo modo, parece que o caos aéreo também.

O Fantástico de domingo relatou choques de aeronaves na região amazônica. O aeroporto de Congonhas continua sobrecarregado. O governador do Rio de Janeiro declarou em alto e bom som que o aeroporto Tom Jobim é péssimo e precisa ser privatizado. Também se falou que o número de ocorrências relatadas de situações de risco aéreo diminuiu drasticamente porque a atividade dos pilotos foi criminalizada, eles não relatam os casos com medo de serem responsabilizados por sua quase ocorrência.

Mas tudo noticiado de modo tímido e contido, basicamente porque não houve vítimas.

Se constatarmos que boa parte do caos aéreo guarda relação com o abandono das forças armadas (boa parte dos controladores é de militares e operações na Amazônia dependem sempre da FAB e do Exército) e constatando que o governo empurra com a barriga o reequipamento e reorganização delas, ao mesmo tempo em que não vemos obras em aeroporto nenhum e muito menos algum tipo de plano acelerado para construção de outros, temos mais é que rezar antes de pegar algum avião.

O acidente em Congonhas aconteceu num vôo em que eu poderia estar presente em determinada época da minha vida, o que me deixou muito abalado. Foi o suficiente para um "petralha" toupeira dizer que eu fazia campanha anti-Lula me alimentando dos restos mortais das vítimas.

Só que naquela ocasião, o país vivia a exata mesma letargia de hoje, posterior ao primeiro acidente grave, com o avião da Gol, sobre a selva amazônica. A exuberância da economia ofuscava problemas comezinhos, e um dia, os problemas comezinhos viraram uma tragédia.

Estamos esperando outro acidente para novamente discutir a questão de modo efetivo?

O senhor Nelson Jobim chegou ao Ministério da Defesa botando banca e distribuindo cala-bocas. Virou estrela midiática naqueles dias em que o país estava hipnotizado pela tragédia de Congonhas, mas seu fogo foi de apagando e passados pouco mais de doze meses, pouco foi feito para resolver o caos nos aeroportos e nada, absolutamente nada foi feito para atacar a seríssima questão material das forças armadas.

Enfim, o problema desapareceu da mídia, mas não acabou e não adianta dizer que em Congonhas a culpa não foi da pista, porque em matéria de aviação, todo o cuidado, público ou privado, é pouco.

O presidente Lula não teve culpa em nenhum desses acidentes... mas esses acidentes impõem ao governo dele medidas drásticas e efetivas, e sinceramente, não as tenho notado.

Leia no Blog do Vinna.

15 de set. de 2008

CRISE

Essa crise financeira dos EUA é o resultado do excesso de otimismo nos mercados financeiros, porque o negócio de financiamento imobiliário de lá era altamente lucrativo e todas as instituições entraram pesado nele, acreditando na garantia real (o imóvel) que reduziria o risco de perdas.

Uma blogueira me explicou que o cerne da crise é justamente esse. Um indivíduo comprava um imóvel por 500 mil dólares e o dava em garantia. Após certo tempo, paga uma parte da hipoteca, ele refinanciava o saldo e pegava mais dinheiro, o que ele havia pago até então, fechando 500 mil dólares.

A dívida sempre refinanciada se mantinha e o indivíduo, aproveitando a garantia real, comprava carro, viajava e de modo geral consumia. Uma farra de dinheiro fácil com taxas de juros boas, porque, afinal, os bancos achavam ter o imóvel como garantia, e ele dificilmente perderia valor.

Essa história é nebulosa e difícil de explicar até para economistas, de modo que eu escrevo apenas a título de palpite.

Quando o preço do petróleo começou a subir, os americanos sofreram impacto imediato no bolso. E de repente, milhares de pessoas resolveram entregar seus imóveis e diminuir seu endividamento, de modo que as instituições ficaram com milhares de bens com valor nominal alto mas que, pelo excesso de oferta que seguiu, não conseguem ser vendidos sem uma perda considerável.

Pura oferta e procura, mas ninguém previu tantos imóveis postos à venda ao mesmo tempo.

A crise já vinha se arrastando há tempos, mas hoje ela consolidou-se. O 4º maior banco de investimentos dos EUA, o Lehman Brothers, anunciou perdas gigantescas e declarou pedido de concordata que, para um banco, equivale a pedir falência.

Bem, bancos quebrados significam algo como:

a) Diminuição global de crédito;
b) Aumento da taxa de juros pelo mundo afora, porque os governos terão de intervir no sistema financeiro e, portanto, captar dinheiro para financiar a salvação do sistema;
c) Queda generalizada da atividade econômica. Até porque, a economia americana reflete no mundo todo.

Vai chegar ao Brasil?

Claro que vai.

O país efetivamente está mais preparado para enfrentá-la, e há fatores que indicam que, desta vez, a crise não será tão danosa por aqui, tais como:

a) Ela é nos EUA, país cujos títulos da dívida pública sempre foram a táboa de salvação dos investidores internacionais fugídios de economias terceiro-mundistas em crise, como a Rússia ou os da Ásia;

b) Boas reservas em moeda forte;

c) Consumo interno acelerado e cuja tendência é manter-se, porque a demanda estava reprimida há décadas. Isso pode compensar em parte, a perda de investimentos estrangeiros;

d) A economia interna do Brasil, ainda paga as taxas de juros mais pornográficas do mundo. Uma TV de Plasma comprada no hipermercado em 48 prestações cobra uma taxa mensal de no mínimo 5%. Se os juros subirem nos mercados internacionais, o consumidor brasileiro não sentirá tanta diferença, porque ele sempre pagou taxas absurdamente mais altas que o resto da humanidade.

Mas é impossível que uma sociedade exportadora de commodities como a nossa, não sinta o reflexo da desaceleração mundial, ainda mais porque o Estado brasileiro ainda é extremamente deficitário (a gigantesca horda de funcionários em cargos em comissão, milhares inúteis, pode cobrar o seu preço agora) e qualquer mínima perda de receita tributária pode ter consequências que vão além do discurso oficial otimista.

Na primeira crise do petróleo, em 1974, o Brasil optou por manter-se em crescimento acelerado e encarar a crise apostando que ele compensaria os problemas. Não deu certo e isso levou o país a 20 anos de descontrole.

Guardadas as proporções, e considerando os fatores positivos, penso que o Brasil adotará desta vez uma solução menos radical: as taxas de juros continuarão subindo, haverá arroxo de crédito e consumo, mas nada tão radical que cause recessão grave, de tal modo que medidas mais duras só ocorrerão em situações extremas que afetem o país.

É um palpite meu. Mas se em contrário o Brasil resolver acelerar e encarar a crise novamente como fez na década de 70, arrisca ver a vaca ir pro brejo por mais 20 anos.

E escrevo tudo isso desconsiderando um fator que entre nós é sempre preponderante nas decisões econômicas: o custo político.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...