Um médico de mão cheia, referência na sua especialidade, que além disso, é dono de clínicas e hospitais, professor e ex-reitor da maior e melhor universidade do sul do país.
Um indivíduo assim, candidato a prefeito, poderia fazer ótimas propostas na área de saúde municipal, com a competência de quem entende do assunto e a capacidade comprovada em colocar em prática tudo o que prometer. Além disso, professor e ex-reitor, poderia fazer propostas na área da educação, pois sua experiência o autoriza a pô-las em prática.
Mas não! O candidato a que me refiro foi para a campanha de rádio e TV tal qual uma madame estressada porque o trânsito atrasou pegar seu cachorrinho no pet shop, e reclama que o tempo parado nos engarrafamentos (é, Curitiba também os têm!) é perda de tempo de trabalho e lazer.
E por isso, tem a solução mágica na cartola: VAI ENCHER A CIDADE DE VIADUTOS E TRINCHEIRAS!
Em primeiro lugar, disse o óbvio sobre a perda de tempo.
Em segundo lugar, o mais grave, demonstra não entender absolutamente nada de urbanismo e muito menos do mundo em que vive, o que seria essencial para alguém que pretende ser prefeito de uma grande cidade.
Fazer viadutos e trincheiras significa criar um paliativo que só beneficia o transporte individual em detrimento ao transporte público de massas.
Uma coisa é a pessoa ser motorista e reclamar de modo meio confuso que hoje em dia todo mundo tem carro, que não há mais rua que chegue, que o trânsito só piora, que antigamente fazia o mesmo trajeto em 15 minutos e hoje leva 1 hora, etc... Outra completamente diferente, é pensar assim sentado na cadeira de prefeito, buscando "soluções" sob o ponto de vista de quem segura um volante. O excesso de carros é culpa do modelo econômico que adotamos, de tal modo que cabe aos políticos tratar de limitar o uso deles para benefício de toda a sociedade... e escrevo isso na qualidade de motorista contumaz.
À volta de uma trincheira ou viaduto os imóveis perdem valor. São abandonados e não raro invadidos por marginais. Viram mocós que degradam bairros inteiros com aumento generalizado de violência e feiúra urbana, como pichações e fachadas destruídas pelo tempo. Em conceito urbanístico moderno, é solução para casos extremos e não pode ser considerado como proposta de governo.
Analisando o que aconteceu com as grandes cidades que adotaram a prática de erguer viadutos para aliviar o tráfego, o que se conclui é que isso só piorou o problema no longo prazo, porque incentivou as pessoas a saírem de carro, ao mesmo tempo em que prejudicou soluções que poderiam ser tomadas para melhorar o transporte coletivo, sem contar os valores faraônicos gastos na construção de vias de rodagem que poucos meses após inauguradas, já se encontravam saturadas.
E o aspecto mais grave: as áreas mortas destas cidades, lugares abandonados pela sombra ou pelo barulho dos viadutos, sem possibilidades de revitalização. Já têm áreas assim em Curitiba, em Porto Alegre, em Florianópolis, em São Paulo, Rio, BH, etc... e nada consegue consertá-las.
É por essas razões que admiro muito o ex-prefeito Jaime Lerner. Suas soluções sempre tenderam a valorizar o transporte coletivo e limitar o individual. Há 20 anos atrás, ele já cuidava para que Curitiba não caísse no mesmo erro de outras cidades pelo mundo afora... e fez isso com um mínimo de viadutos e trincheiras! Se esse mínimo já criou problemas, imaginemos com a cidade cheia de elevados e subterrâneos?
3 de set. de 2008
AVE, REQUIÃO!
Na Gazeta do Povo de hoje:
Mulher de desembargador que garantiu posse de irmão de Requião é nomeada para o TC.
Para quem não sabe, o governador do Paraná, Roberto Requião, convocou sua base aliada, formada por deputados de baixo clero que o apóiam, do mesmo exato jeito que apoiavam o governador Jaime Lerner, e o governador Álvaro Dias e o governador José Richa, etc... para aprovar a indicação de seu irmão Maurício para o cargo vitalício e muitíssimo bem remunerado de Conselheiro do Tribunal de Contas.
A questão foi parar na Justiça, e o desembargador citado na matéria da Gazeta do Povo, tratou de cassar todas as liminares e possibilitar a posse de Maurício no cargo, mesmo estando ele impedido, por Lei, de atuar em processos do governo estadual e dos municípios onde seu irmão obteve 3% ou mais dos votos nas últimas eleições.
Também há a discussão sobre a legalidade da sessão que o escolheu, porque ela não foi secreta, justamente para que os senhores deputados da "base aliada", não inventassem de fazer um discurso e votar de modo diferente.
Mas eu não entendo nada de política e essa nomeação aí foi apenas coincidência, só pode ser isso...
Mulher de desembargador que garantiu posse de irmão de Requião é nomeada para o TC.
Para quem não sabe, o governador do Paraná, Roberto Requião, convocou sua base aliada, formada por deputados de baixo clero que o apóiam, do mesmo exato jeito que apoiavam o governador Jaime Lerner, e o governador Álvaro Dias e o governador José Richa, etc... para aprovar a indicação de seu irmão Maurício para o cargo vitalício e muitíssimo bem remunerado de Conselheiro do Tribunal de Contas.
A questão foi parar na Justiça, e o desembargador citado na matéria da Gazeta do Povo, tratou de cassar todas as liminares e possibilitar a posse de Maurício no cargo, mesmo estando ele impedido, por Lei, de atuar em processos do governo estadual e dos municípios onde seu irmão obteve 3% ou mais dos votos nas últimas eleições.
Também há a discussão sobre a legalidade da sessão que o escolheu, porque ela não foi secreta, justamente para que os senhores deputados da "base aliada", não inventassem de fazer um discurso e votar de modo diferente.
Mas eu não entendo nada de política e essa nomeação aí foi apenas coincidência, só pode ser isso...
1 de set. de 2008
AGORA, O GRAMPO!
Toda a verborragia de Carlos Lacerda não foi suficiente para arranhar a imagem nem de Getúlio Vargas, muito menos de Juscelino Kubitschek.
Lacerda batia forte. Praticamente todos os dias dava socos no fígado do presidente de então, sempre seu desafeto, porque achava que desconstruindo o o mito que GG e JK representaram, chegaria ao poder para sentar na cadeira deles.
Getúlio não se entregou a seus ataques e, morto, transformou o político carioca em vilão.
Lacerda conseguiu se recuperar de seu processo demonizatório e então voltou as luvas de boxe contra JK.
Novamente virou vilão, o que inviabilizou sua candidatura em 1960, quando ele teve que engolir Jânio Quadros sentando na cadeira que tanto cobiçou durante vida públlica.
Insatisfeito, virou golpista a atacar um presidente incompetente e sem carisma algum (João Goulart), mas no final de sua carreira política acabou pedindo penico para Juscelino, tentando formar a "frente ampla" para fazer o país retornar à democracia que seu discurso incendiário e irresponsável ajudou a destruir.
Porque resolvi lembrar Carlos Lacerda?
Por que já tem gente da oposição falando em "impeachment" do Presidente Lula, dado o caso do grampo envolvendo o Ministro do STF, Gilmar Mendes.
É incrível como a história se repete. Lacerda tentou desconstruir dois mitos, GG e JK, e a atual oposição tenta desconstruir o mito Lula, como que não percebendo que não adianta atacar de modo confuso um presidente com índices altíssimos de aprovação e que detém a simpatia do povão.
GG morreu como herói e até hoje é idolatrado. JK, se não fosse mito e com enorme aprovação popular, não teria terminado seu governo que acabaria em golpe de Estado promovido por pessoas como Carlos Lacerda e efetivado pelas forças armadas de então.
Já o caso de Lula, éuma síntese desses dois ex-presidentes e não adianta absolutamente nada tentar associá-lo aos (muitos) casos de corrupção de seu governo, basicamente porque sua força popular está na economia em alta e na distribuição efetiva de riqueza que promoveu nos últimos 6 anos.
A oposição prefere atacar o presidente de novo e dar com os burros n'água de novo, o que é um atestado de burrice extrema e mesmo de falta de consciência dos instrumentos que possui.
Se ao invés de a toda hora buscar acertar o fígado do ocupante do Planalto, que é blindado, a oposição utilizasse os meios de que dispõe para exigir o julgamento acelerado dos próceres do PT envolvidos em casos de corrupção deste governo, seria mais eficaz.
Não batendo em Lula, mas deixando claro as mazelas do PT, a oposição obteria um crédito eleitoral ao enfraquecer o partido do presidente, que não se confunde com ele. Agora, batendo em Lula, a oposição alimenta sua mitificação, o torna herói e ao mesmo tempo fortalece o PT.
Lula não será candidato em 2010, de tal modo que a oposição deveria voltar suas baterias aos muitos próceres petistas e às pessoas próximas ao governo, com condições de alçar vôo presidencial. Enfraquecendo o PT, a oposição teria chances de fragmentar a instável "base aliada" que entraria em 2010 com vários projetos presidenciais entabulados, muitos deles com intenção de passar por cima até mesmo do partido do presidente, que ficaria em maus lençóis se dois ou três de seus aliados mais próximos (incluídos do PT) resolvessem usar sua imagem de mito popular na campanha para o Planalto.
Mas não! Preferem atacar o presidente e reforçar o mito. Se algum tipo de manifestação brancaleone em prol de cassação acontecer contra Lula, o povão identificará isso como golpismo, o mesmo que vitimou Getúlio e JK e, pelo menos eu penso assim, criará alguém acima do bem e do mal, capaz de decidir uma eleição apenas subindo em um palanque.
Desse jeito, Lula está a um passo da eternidade... e a oposição correndo em direção ao abismo.
Mas vai ver que sou eu que não entendo nada de política e percebo as coisas de modo errado...
Lacerda batia forte. Praticamente todos os dias dava socos no fígado do presidente de então, sempre seu desafeto, porque achava que desconstruindo o o mito que GG e JK representaram, chegaria ao poder para sentar na cadeira deles.
Getúlio não se entregou a seus ataques e, morto, transformou o político carioca em vilão.
Lacerda conseguiu se recuperar de seu processo demonizatório e então voltou as luvas de boxe contra JK.
Novamente virou vilão, o que inviabilizou sua candidatura em 1960, quando ele teve que engolir Jânio Quadros sentando na cadeira que tanto cobiçou durante vida públlica.
Insatisfeito, virou golpista a atacar um presidente incompetente e sem carisma algum (João Goulart), mas no final de sua carreira política acabou pedindo penico para Juscelino, tentando formar a "frente ampla" para fazer o país retornar à democracia que seu discurso incendiário e irresponsável ajudou a destruir.
Porque resolvi lembrar Carlos Lacerda?
Por que já tem gente da oposição falando em "impeachment" do Presidente Lula, dado o caso do grampo envolvendo o Ministro do STF, Gilmar Mendes.
É incrível como a história se repete. Lacerda tentou desconstruir dois mitos, GG e JK, e a atual oposição tenta desconstruir o mito Lula, como que não percebendo que não adianta atacar de modo confuso um presidente com índices altíssimos de aprovação e que detém a simpatia do povão.
GG morreu como herói e até hoje é idolatrado. JK, se não fosse mito e com enorme aprovação popular, não teria terminado seu governo que acabaria em golpe de Estado promovido por pessoas como Carlos Lacerda e efetivado pelas forças armadas de então.
Já o caso de Lula, éuma síntese desses dois ex-presidentes e não adianta absolutamente nada tentar associá-lo aos (muitos) casos de corrupção de seu governo, basicamente porque sua força popular está na economia em alta e na distribuição efetiva de riqueza que promoveu nos últimos 6 anos.
A oposição prefere atacar o presidente de novo e dar com os burros n'água de novo, o que é um atestado de burrice extrema e mesmo de falta de consciência dos instrumentos que possui.
Se ao invés de a toda hora buscar acertar o fígado do ocupante do Planalto, que é blindado, a oposição utilizasse os meios de que dispõe para exigir o julgamento acelerado dos próceres do PT envolvidos em casos de corrupção deste governo, seria mais eficaz.
Não batendo em Lula, mas deixando claro as mazelas do PT, a oposição obteria um crédito eleitoral ao enfraquecer o partido do presidente, que não se confunde com ele. Agora, batendo em Lula, a oposição alimenta sua mitificação, o torna herói e ao mesmo tempo fortalece o PT.
Lula não será candidato em 2010, de tal modo que a oposição deveria voltar suas baterias aos muitos próceres petistas e às pessoas próximas ao governo, com condições de alçar vôo presidencial. Enfraquecendo o PT, a oposição teria chances de fragmentar a instável "base aliada" que entraria em 2010 com vários projetos presidenciais entabulados, muitos deles com intenção de passar por cima até mesmo do partido do presidente, que ficaria em maus lençóis se dois ou três de seus aliados mais próximos (incluídos do PT) resolvessem usar sua imagem de mito popular na campanha para o Planalto.
Mas não! Preferem atacar o presidente e reforçar o mito. Se algum tipo de manifestação brancaleone em prol de cassação acontecer contra Lula, o povão identificará isso como golpismo, o mesmo que vitimou Getúlio e JK e, pelo menos eu penso assim, criará alguém acima do bem e do mal, capaz de decidir uma eleição apenas subindo em um palanque.
Desse jeito, Lula está a um passo da eternidade... e a oposição correndo em direção ao abismo.
Mas vai ver que sou eu que não entendo nada de política e percebo as coisas de modo errado...
27 de ago. de 2008
O IMPERADOR DO PARANÁ
Roberto Requião remanejou o primeiro escalão da administração do Paraná. Nomeou como secretários especiais a sua esposa e seu irmão, como forma de adequar a sua administração ao que provavelmente determinará a súmula do STF, sobre o nepotismo.
Quanto aos muitos demais parentes dele empregados na administração estadual, só após a edição da súmula haverá decisão.
Enfim, tudo como dantes, no quartel de Abrantes.
Quanto aos muitos demais parentes dele empregados na administração estadual, só após a edição da súmula haverá decisão.
Enfim, tudo como dantes, no quartel de Abrantes.
26 de ago. de 2008
FUNDO SOBERANO
Um Fundo Soberano nada mais é que uma reserva de dinheiro de um país, usado para investimentos produtivos privados dentro ou fora de seu território, algo como uma carteira de ações com dupla função:
a) facilitar negócios interessantes ao país;
b) gerar lucros com destinação específica.
Na prática, economizar recursos públicos em um determinado momento, para depois passar a adquirir participações em empresas e negócios que gerem dividendos, tal qual faz uma instituição financeira, quando capta dinheiro de seus clientes para administrar carteiras de ações.
A diferença é que, quando um país faz isso, atua em escala global e utiliza a lucratividade gerada para funções públicas.
Imaginemos um governo adquirindo milhões em ações de determinada empresa, desde que ela se comprometa a montar uma unidade de produção ou de negócios no seu território.
Ou, ainda, ditos "off-set", que são comuns em operações de venda de produtos bélicos - um país vende uma quantidade "x" de aviões para outro, que por sua vez, comprando-os, recebe investimentos do fundo em igual valor, dentro do seu território.
A Noruega, a China, o Kwait e alguns outros países o têm, usando-o para alavancar sua economia e fazer reservas e como contra-partida, obtendo investimentos estrangeiros.
E a destinação do dinheiro que advém do lucro serve para diversas finalidades, tais como melhorar a infra-estrutura, programas sociais e algo que me chama especial atenção, financiar sua Previdência Social.
A Previdência é um problema global, causado pela diminuição do número de contribuintes. Ela tanto será mais problemática, quanto mais idosa a população do planeta, colocando nessa equação outro problema ainda mais sério: o planeta agüenta o aumento exponencial da população por quanto tempo? Os sistemas previdenciários criados na metade do século XIX, e em funcionamento até hoje, são calcados na contribuição dos ativos, que paga a aposentadoria dos inativos. No Brasil, houve época em que 20 ativos contribuíam para manter um inativo. Hoje, essa proporção é de 4 x 1 e caindo. Portanto, todos os sistemas calcados na contribuição estão fadados a falir, porque a população não crescerá aos níveis do passado e tende a estabilizar e envelhecer, e é nesse momento em que entram os fundos financeiros, porque eles são capazes (em teoria) de gerar recursos advindos de lucratividade para financiar aposentadorias.
Penso que os fundos soberanos acabarão financiando a previdência de muitos países, desde, claro, que bem administrados. Eles seriam a versão estatal dos fundos privados de previdência, compensando, em parte, a perda de receita decorrente da estabilidade dos índices demográficos.
É por essa, e outras razões, que não acho ruim a idéia de criação de um fundo brasileiro. Ele poderia ser utilizado para diminuir o déficit previdenciário, fazendo parte do financiamento do sistema, além, claro, das outras vantagens citadas, como a de ser utilizado para atrair investimentos estrangeiros ou vender produtos brasileiros.
No entanto, é óbvio que é preciso discutir a questão com a sociedade.
Se por um lado é interessante que o governo contingencie parte do orçamento para alavancar um fundo, por outro, me assusta, e muito, que a administração disso ficará nas mãos dos políticos nacionais, sempre instáveis e pouco afeitos a não ceder à tentação de usar os recursos para fazer demagogia eleitoreira.
Um Fundo Soberano é um instrumento absolutamente capitalista, que depende do capitalismo e do seu principal elemento, o lucro, para ter sucesso. Se um governante resolver utilizar seus recursos para fazer política social (e eleitoral) a fundo perdido, se aplicar o dinheiro em investimentos duvidosos (ou superfaturados) de infra-estrutura ou se intervir em sua administração para torná-la mais próxima de seus interesses políticos (nomeando parentes, por exemplo), o sistema pode desabar feito castelo de cartas e o dinheiro pode ir para um ralo ainda mais voraz que o da administração pública comum, porque o mercado de ações, por exemplo, tem surtos de histeria que acabam com fortunas inteiras em dias, sendo que todos os passos dentro dele devem ser muito bem pensados.
Outro aspecto importante é de onde sairão os recursos para formá-lo. O dinheiro de impostos não pode ser utilizado, mesmo com contigenciamento orçamentário, porque são verbas carimbadas, com destinação específica determinada na Constituição e nas Leis do país, operadas via orçamento. Uma das idéias é utilizar-se dos recursos ainda não certos da exploração de petróleo da camada pré-sal, e ainda, partes dos lucros de empresas estatais e retenção de royalties.
Enfim, a idéia é boa, mas a administração é complexa. Acho que não devemos descartar a hipótese, mas ao mesmo tempo, devemos debater o tema com profundidade e principalmente, criar mecanismos de fiscalização.
a) facilitar negócios interessantes ao país;
b) gerar lucros com destinação específica.
Na prática, economizar recursos públicos em um determinado momento, para depois passar a adquirir participações em empresas e negócios que gerem dividendos, tal qual faz uma instituição financeira, quando capta dinheiro de seus clientes para administrar carteiras de ações.
A diferença é que, quando um país faz isso, atua em escala global e utiliza a lucratividade gerada para funções públicas.
Imaginemos um governo adquirindo milhões em ações de determinada empresa, desde que ela se comprometa a montar uma unidade de produção ou de negócios no seu território.
Ou, ainda, ditos "off-set", que são comuns em operações de venda de produtos bélicos - um país vende uma quantidade "x" de aviões para outro, que por sua vez, comprando-os, recebe investimentos do fundo em igual valor, dentro do seu território.
A Noruega, a China, o Kwait e alguns outros países o têm, usando-o para alavancar sua economia e fazer reservas e como contra-partida, obtendo investimentos estrangeiros.
E a destinação do dinheiro que advém do lucro serve para diversas finalidades, tais como melhorar a infra-estrutura, programas sociais e algo que me chama especial atenção, financiar sua Previdência Social.
A Previdência é um problema global, causado pela diminuição do número de contribuintes. Ela tanto será mais problemática, quanto mais idosa a população do planeta, colocando nessa equação outro problema ainda mais sério: o planeta agüenta o aumento exponencial da população por quanto tempo? Os sistemas previdenciários criados na metade do século XIX, e em funcionamento até hoje, são calcados na contribuição dos ativos, que paga a aposentadoria dos inativos. No Brasil, houve época em que 20 ativos contribuíam para manter um inativo. Hoje, essa proporção é de 4 x 1 e caindo. Portanto, todos os sistemas calcados na contribuição estão fadados a falir, porque a população não crescerá aos níveis do passado e tende a estabilizar e envelhecer, e é nesse momento em que entram os fundos financeiros, porque eles são capazes (em teoria) de gerar recursos advindos de lucratividade para financiar aposentadorias.
Penso que os fundos soberanos acabarão financiando a previdência de muitos países, desde, claro, que bem administrados. Eles seriam a versão estatal dos fundos privados de previdência, compensando, em parte, a perda de receita decorrente da estabilidade dos índices demográficos.
É por essa, e outras razões, que não acho ruim a idéia de criação de um fundo brasileiro. Ele poderia ser utilizado para diminuir o déficit previdenciário, fazendo parte do financiamento do sistema, além, claro, das outras vantagens citadas, como a de ser utilizado para atrair investimentos estrangeiros ou vender produtos brasileiros.
No entanto, é óbvio que é preciso discutir a questão com a sociedade.
Se por um lado é interessante que o governo contingencie parte do orçamento para alavancar um fundo, por outro, me assusta, e muito, que a administração disso ficará nas mãos dos políticos nacionais, sempre instáveis e pouco afeitos a não ceder à tentação de usar os recursos para fazer demagogia eleitoreira.
Um Fundo Soberano é um instrumento absolutamente capitalista, que depende do capitalismo e do seu principal elemento, o lucro, para ter sucesso. Se um governante resolver utilizar seus recursos para fazer política social (e eleitoral) a fundo perdido, se aplicar o dinheiro em investimentos duvidosos (ou superfaturados) de infra-estrutura ou se intervir em sua administração para torná-la mais próxima de seus interesses políticos (nomeando parentes, por exemplo), o sistema pode desabar feito castelo de cartas e o dinheiro pode ir para um ralo ainda mais voraz que o da administração pública comum, porque o mercado de ações, por exemplo, tem surtos de histeria que acabam com fortunas inteiras em dias, sendo que todos os passos dentro dele devem ser muito bem pensados.
Outro aspecto importante é de onde sairão os recursos para formá-lo. O dinheiro de impostos não pode ser utilizado, mesmo com contigenciamento orçamentário, porque são verbas carimbadas, com destinação específica determinada na Constituição e nas Leis do país, operadas via orçamento. Uma das idéias é utilizar-se dos recursos ainda não certos da exploração de petróleo da camada pré-sal, e ainda, partes dos lucros de empresas estatais e retenção de royalties.
Enfim, a idéia é boa, mas a administração é complexa. Acho que não devemos descartar a hipótese, mas ao mesmo tempo, devemos debater o tema com profundidade e principalmente, criar mecanismos de fiscalização.
22 de ago. de 2008
A HORA DE ELOGIAR
A cada quatro anos, a cada olimpíada, nós torcedores do esporte brasileiro experimentamos muitas decepções. Minha opinião sobre a atuação deletéria da imprensa e pela falta de base esportiva decorrente da irresponsabilidade de nossos cartolas e políticos é apenas o complemento do que deve ser dito sobre muitos de nossos atletas, que precisam, e muito, de um acompanhamento psicológico melhor para focar suas atuações em resultados.
Eu continuo achando que o esporte brasileiro está involuindo. Bons resultados em modalidades em que não temos tradição, têm sido fruto de uma política de pinçar fenômenos, atletas excepcionais e prepará-los em separado dos demais. Dá certo as vezes, mas o melhor era o Brasil ter carreiras esportivas, circuitos de competições e categorias de base em todos os esportes em que tenciona disputar jogos olímpicos. Seria bom do ponto de vista de ganhar medalhas, mas seria muito melhor do ponto de vista de difundir os bons conceitos e valores que o esporte encerra, ajudando a criar cidadãos melhores.
Mas não vou deixar de elogiar quem merece (na ordem de importância que atribuo), por seu destaque nestes jogos de Pequim:
1. Maurren Higa Maggi. Ganhou uma medalha ainda mais importante que a da natação de Cesar Cielo. Isso porque ela não teve o treinamento específico no exterior, sempre atuou com base aqui no Brasil. Além disso, deu prova de superação e caráter, porque foi injustamente punida por doping e soube dar a volta por cima. Haverá quem diga que suas principais adversárias sairam da disputa e não chegaram à final. Mas isso é do esporte, e o que ficará na história é que ela não tremeu quando o ouro lhe acenava, ao contrário do que aconteceu com muitos brasileiros, cujos nomes não citarei aqui.
2. Ketleyn Quadros. Uma moça pobre, humilde e que teve enormes dificuldades em ir a Pequim. Chegando lá, foi a primeira brasileira a ganhar uma medalha individual na história dos jogos. Não se pode deixar de reverenciar tanto esforço. Bronze que valeu ouro.
3. Robert Scheidt. Ele e seu parceiro estavam em 13º lugar quando faltavam 3 regatas para acabar a competição. Partiu pro tudo ou nada e chegou na regata final sonhando com um bronze. Conseguiu prata num esporte onde o vento a favor ou contra nem sempre é justo com o trabalho dos atletas.
4. Cesar Cielo. Sem maiores comentários, entrou nos jogos focado para vencer, chegou em Pequim como um invisível, saiu de lá como o maior nadador brasileiro de todos os tempos.
5. Seleção Feminina de Futebol. Apesar da atuação desastrosa na final, a seleção feminina tem méritos, porque aqui no Brasil não existe nenhuma estrutura para que elas pratiquem seu esporte. São ignoradas pela CBF e jogam torneios de várzea aqui no Brasil e mesmo assim, são medalhistas de prata contra verdadeiras profissionais, como as americanas, as norueguesas, as suecas e as alemãs. Pela absoluta falta de apoio, são vitoriosas.
6. Não sei se o Brasil será medalha de ouro no volei de quadra masculino e feminino. Penso que são as seleções mais bem montadas que o Brasil mandou a Pequim, basicamente porque o volei é um esporte que tem bases, onde se disputam campeonatos e mal ou bem há patrocínios e divulgação pela TV. O que ficou claro, é que há um trabalho muito sério nesse esporte, tocado por gente como Bernardinho e José Roberto Guimarães, onde se nota que não vivemos mais de uma geração de ouro ou prata. Hoje, há renovação constante e o Brasil virou potência no esporte. Mesmo que eventualmente percam as medalhas de ouro, ainda assim o resultado será ótimo por demonstrar que o Brasil trabalha as duas categorias sem preconceitos e discriminações.
Eu continuo achando que o esporte brasileiro está involuindo. Bons resultados em modalidades em que não temos tradição, têm sido fruto de uma política de pinçar fenômenos, atletas excepcionais e prepará-los em separado dos demais. Dá certo as vezes, mas o melhor era o Brasil ter carreiras esportivas, circuitos de competições e categorias de base em todos os esportes em que tenciona disputar jogos olímpicos. Seria bom do ponto de vista de ganhar medalhas, mas seria muito melhor do ponto de vista de difundir os bons conceitos e valores que o esporte encerra, ajudando a criar cidadãos melhores.
Mas não vou deixar de elogiar quem merece (na ordem de importância que atribuo), por seu destaque nestes jogos de Pequim:
1. Maurren Higa Maggi. Ganhou uma medalha ainda mais importante que a da natação de Cesar Cielo. Isso porque ela não teve o treinamento específico no exterior, sempre atuou com base aqui no Brasil. Além disso, deu prova de superação e caráter, porque foi injustamente punida por doping e soube dar a volta por cima. Haverá quem diga que suas principais adversárias sairam da disputa e não chegaram à final. Mas isso é do esporte, e o que ficará na história é que ela não tremeu quando o ouro lhe acenava, ao contrário do que aconteceu com muitos brasileiros, cujos nomes não citarei aqui.
2. Ketleyn Quadros. Uma moça pobre, humilde e que teve enormes dificuldades em ir a Pequim. Chegando lá, foi a primeira brasileira a ganhar uma medalha individual na história dos jogos. Não se pode deixar de reverenciar tanto esforço. Bronze que valeu ouro.
3. Robert Scheidt. Ele e seu parceiro estavam em 13º lugar quando faltavam 3 regatas para acabar a competição. Partiu pro tudo ou nada e chegou na regata final sonhando com um bronze. Conseguiu prata num esporte onde o vento a favor ou contra nem sempre é justo com o trabalho dos atletas.
4. Cesar Cielo. Sem maiores comentários, entrou nos jogos focado para vencer, chegou em Pequim como um invisível, saiu de lá como o maior nadador brasileiro de todos os tempos.
5. Seleção Feminina de Futebol. Apesar da atuação desastrosa na final, a seleção feminina tem méritos, porque aqui no Brasil não existe nenhuma estrutura para que elas pratiquem seu esporte. São ignoradas pela CBF e jogam torneios de várzea aqui no Brasil e mesmo assim, são medalhistas de prata contra verdadeiras profissionais, como as americanas, as norueguesas, as suecas e as alemãs. Pela absoluta falta de apoio, são vitoriosas.
6. Não sei se o Brasil será medalha de ouro no volei de quadra masculino e feminino. Penso que são as seleções mais bem montadas que o Brasil mandou a Pequim, basicamente porque o volei é um esporte que tem bases, onde se disputam campeonatos e mal ou bem há patrocínios e divulgação pela TV. O que ficou claro, é que há um trabalho muito sério nesse esporte, tocado por gente como Bernardinho e José Roberto Guimarães, onde se nota que não vivemos mais de uma geração de ouro ou prata. Hoje, há renovação constante e o Brasil virou potência no esporte. Mesmo que eventualmente percam as medalhas de ouro, ainda assim o resultado será ótimo por demonstrar que o Brasil trabalha as duas categorias sem preconceitos e discriminações.
21 de ago. de 2008
TEXTO PERFEITO!
Sabe quando você lê algo que queria escrever mas não teve capacidade?
Pois é, o jornalista Bob Fernandes, no seu blog no Portal Terra escreveu algo assim hoje.
Recomendo... e fico aqui, na invejinha de não ter escrito:
BRASIL: O MEDO DE VENCER E AS DERROTAS.
E também a Ruth de Aquino, na versão digital da Revista Época:
ESSA GENTE BRONZEADA E O CHORORÔ OLÍMPICO.
Pois é, o jornalista Bob Fernandes, no seu blog no Portal Terra escreveu algo assim hoje.
Recomendo... e fico aqui, na invejinha de não ter escrito:
BRASIL: O MEDO DE VENCER E AS DERROTAS.
E também a Ruth de Aquino, na versão digital da Revista Época:
ESSA GENTE BRONZEADA E O CHORORÔ OLÍMPICO.
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CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.
No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...
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É sintomático. Quando em campo as coisas não vão bem aparecem propostas de construir um novo estádio ou de reformar o Couto Pereira, ...
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