14 de ago. de 2008

AS OBVIEDADES NOSSAS DE CADA DIA

Atriz de 5a. categoria posa nua para a revista oficial dos idiotas, empunhando um rosário.

É óbvio que fez de caso pensado para se promover com a indignação dos cristãos, a minha, inclusive.

É um golpe que já está manjado. Não vai demorar, as revistas de fofocas sairão chamando-a de coitadinha perseguida pelos religiosos, mas a bobagem ela fez, e sabia muito bem que ia ofender pessoas.

Falou mais alto a comissão por exemplar da revista em banca, que o bom senso de não atacar a crença das pessoas.

Não sou puritano, quer posar nua e ganhar dinheiro com isso, não tem problema. Mas não brinque com valores sérios, muita gente tem na religião um alento para as vicissitudes da vida, não é justo que a ganância dela ofenda a fé alheia.

Mas o fato é que vai se dizer arrependida e dizer que era apenas uma manifestação artística, mesmo ganhando uns quebrados adicionais com a venda de mais revistas em razão da polêmica.

E a mesma coisa acontece com a Cristiane F. Se um dia ela deixou de se drogar, coisa em que eu não acredito, não voltou agora, mas simplesmente inventou ou divulgou a história para aumentar a venda do livro famoso que, segundo consta, lhe paga bons dividendos e direitos de imagem.

Numa dessas, fatura uns quebrados adicionais com um novo livro e melhora a qualidade da erva que consome.

12 de ago. de 2008

A LEI DA ANISTIA E A CONCILIAÇÃO NACIONAL

Quando o presidente João Batista de Oliveira Figueiredo declarou que faria do Brasil uma democracia, ele mesmo sabia que isso não seria uma construção de seu governo. Uma democracia demora décadas para se consolidar, o máximo que ele poderia fazer seria dar os primeiros passos.

Graças à vontade (e coragem) do então presidente, o Congresso aprovou a Lei da Anistia, que teve por função precípua pacificar o país. Foi o passo inicial prometido, contra o qual houve insurgência que culminou com o até hoje não esclarecido caso Rio Centro, em 1981.

Ela teve uma redação ampla que embarcou crimes políticos ou conexos com eles e crimes eleitorais. Graças à esta Lei, retornaram ao Brasil dezenas de lideranças políticas que, mal ou bem, levaram o país a um processo democrático que iniciou-se com a vitória avassaladora da oposição nas eleições de 1982, quando os principais estados da federação passaram a ser governados por outros partidos que não a ARENA.

E tanto a Lei teve caráter conciliatório, que foi aprovada e sancionada pouco depois da posse do então presidente, com tempo suficiente para a volta dos exilados e sua reorganização política para disputar as eleições quase gerais de 2002 (de vereadores a governadores, com renovação de 2/3 do Senado).

Na época, a interpretação dada à Lei da Anistia não vetou absolutamente ninguém de seu benefício, de tal modo que tanto os ditos guerrilheiros quanto os militares que praticaram torturas foram simplesmente retirados da pauta política, para que o país se reorganizasse em bases democráticas e não insistisse em discutir questões que acirrariam os ânimos e levariam a confrontos deletérios ao processo institucional em andamento.

Hoje, porém, existe uma argumentação que crimes políticos são apenas aqueles realizados contra o Estado, o que levaria à possibilidade de punição dos militares que praticaram torturas. Porém, essa interpretação é tão maliciosa e cheia de preconceitos, que seus defensores se calam quando alguém argumenta que uma boa parte dos guerrilheiros da então oposição armada, praticou crimes como assaltos a banco, assassinatos, estupros e até mesmo torturas contra próprios companheiros e terceiros.

O que se tem visto é uma interpretação que pretende punir apenas um lado daquele embate, esquecendo que a questão política de época não foi dicotômica. Com efeito, nem todos os militares envolvidos eram maus, e nem todos os oposicionistas eram bons, mas todos os crimes cometidos por estes agentes naquele processo tiveram por justificativa a manutenção ou a tomada do poder. Independentemente de quem tenha sido vítima, todos os crimes foram contra o Estado, o que a Lei deixa claro ao utilizar o termo "conexos".

E isso porque Estado é um conceito que engloba todos os cidadãos dentro de uma organização política. Dizer que um guerrilheiro que assassinou um comparsa ou um policial não é um criminoso contra o Estado, é o mesmo que argumentar que um torturador teve como vítima apenas o seviciado, quando em verdade, a vítima também é o próprio Estado.

Eu não defendo a tortura, mas o fato é que se o Brasil insistisse na época em julgar militares e guerrilheiros, era alta a probabilidade do processo democrático simplesmente acabar e o Brasil voltar a um regime fechado ou mesmo desandar em uma guerra civil.

Há setores da sociedade brasileira que por absoluto revanchismo, tentam desenterrar esta questão.

Eu entendo que as famílias que perderam entes queridos tenham o clamor da Justiça, mas o Estado brasileiro têm indenizado a maior parte delas, conquanto que não seja justo, a dar indenizações milionárias para as famílias de quem era da oposição da época, e no máximo pensões irrisórias para às dos militares e policiais mortos no conflito, por defenderem o Estado de época.

Quando se pensava que as indenizações (algumas até absurdas, como a deferida a um cartunista) poriam uma pedra sobre o assunto, eis que ele retorna sem que as pessoas lembrem que, sem aquela conciliação, provavelmente não haveria democracia alguma em nosso país.

10 de ago. de 2008

SER CAMPEÃO DO MUNDO NÃO É GARANTIA DE MEDALHA OLÍMPICA

Quem viu a ginasta Jade Barbosa chegar a Pequim e ser assediada pela imprensa de um tal modo que chegou às lágrimas, constatou um ufanismo que beira a patologia, especialmente no que diz respeito aos órgãos ligados às Organizações Globo,embora não exclusividade deles.

É verdade que o Brasil enviou a melhor delegação de sua história, com campeões mundiais na ginástica artística e no judô, afora uma série de outros atletas com ótimos resultados nos circuitos de vários esportes, sem contar as consagradas seleções de futebol (masculino e feminino) e voleibol (idem).

A delegação brasileira comprova que mesmo com toda a negligência das autoridades e falta de apoio da sociedade, o esporte no país evolui, dada a dedicação de pessoas que só são lembradas ou nos Jogos Pan-Americanos ou nas olimpíadas, conseguindo resultados importantíssimos e títulos mundiais que elevam o nível das competições e melhoram de modo geral os resultados de nossos atletas.

Porém, em uma boa parte dos esportes olímpicos, o título mundial é importante, mas não é o topo de uma carreira.

Ao contrário do que acontece no futebol, onde a Copa do Mundo representa o máximo que um atleta pode almejar, ou ainda no basquete, onde o topo é um título da NBA, nos demais esportes olímpicos o topo é a olímpíada.

E nela, os atletas dos países mais desenvolvidos no esporte dão tudo, pois toda sua preparação é para aquele momento, enquanto que, no Brasil e em países ainda em desenvolvimento esportivo, a preparação é para cada evento, visando evolução de técnicas e de treinamentos.

O que quero dizer com isso é que essa pressão imensa sobre nossos atletas olímpicos é despropositada.

Querem transformá-los em heróis e quem sabe em vedetes da publicidade, mas esquecem de lembrar que uma olimpíada é uma competição dos melhores entre os melhores, e daí, o que parece ser incentivo descamba para um processo de decepção coletiva que atrasa o nosso esporte.

Um atleta precisa demais de concentração, mas essa é muito difícil de obter quando a cada entrevista vem uma cobrança intrínseca da imprensa, que se por um lado representa os anseios vardadeiros do país, por outro, gera um desconforto por aumentar a responsabilidade em caso de derrota nas quadras.

Esta noite, o judoca João Derly, bi-campeão mundial perdeu as chances de medalha.

Ele é mau atleta?

Não, ele é um ÓTIMO atleta, uma daquelas pessoas que devia ser ídolo no Brasil. É dedicado, técnico e com resultados espetaculares na carreira, mas sobre ele eu ouvi ontem pelo menos 3 comentários de que traria medalha, quando as coisas não são tão simples assim.

E a mesma pressão é imposta à Jade Barbosa, ao Diego Hipólyto, às garotas do volei de praia e a outros tantos.

Uma parte da mídia quer criar heróis, e se esquece que na China e nos EUA, uma delegação olímpica é orçada em bilhões de dólares em patrocínios e ajudas oficiais, além de equipamentos de treinamento e centros de excelência. E que tudo isso converge para a olimpíada.

Seria muito bom se o Brasil tivesse vários Pelés, vários Ayrton Senna ou Nelson Piquet, muitos Ronaldinhos e Gugas, ou ainda mais atletas espetaculares como Hortência, Paula e Marta, Oscar, Gustavo Borges, Aurélio Miguel, João do Pulo, Joaquim Cruz e Ademar Ferreira da Silva.

Mas a realidade não é essa. Não podemos criar na marra centenas de super-astros do esporte, como a imprensa brasileira busca fazer a cada 4 anos. Melhor seria o incentivo menos impositivo, os resultados certamente melhorariam.

O Brasil precisa aprender a criar e valorizar atletas, e não em transformá-los em heróis.

6 de ago. de 2008

OTÁRIO!


Eu passo minha vida inteira tentando pagar minhas contas em dia, gastando menos do que ganho, fazendo poupança e me preocupando com o dia de amanhã.

Daí, um dia estou trabalhando calmamente e recebo pelo correio um pacote enorme (esse aí em cima), onde supostamente há um livro e um DVD-ROM, acompanhado de uma nota fiscal, um carnê de pagamentos e um papel de propaganda, dizendo que me foi "dada a oportunidade" de avaliar o produto por 10 dias, podendo devolvê-lo "sem gastar nada" se não aprová-lo.

Detalhes:

1) No papel não há NENHUMA informação de como devolver o produto;
2) Cita um endereço de e-mail de atendimento, e-mail este que não respondeu quando enviei uma mensagem;
3) Não há informação de telefone para contato;
4) E o mais importante, o produto foi enviado sem que eu tivesse pedido!

Meu bom humor vai para as cucúias! Fico puto da cara, esbravejo, chuto o cesto de lixo, mordo o cachorro e dou cabeçadas no batente da porta até que meu irmão identifica o site da empresa que está praticando o golpe e consegue um telefone de contato, que não é 0800!

Tento me acalmar e ligo para lá. Uma mocinha com voz de quem já levou umas trocentas broncas no dia, me informa que está alterando o meu cadastro e que receberei em 10 dias um documento com o qual poderei devolver o produto pelo correio.

Outro detalhe:

Ela certifica-se de que eu não abri a caixa!

Enfim, remessa irregular, procedimento de cobrança abusiva e tentativa de impor a venda, porque ficou cristalino que se eu tivesse aberto a caixa, não poderia devolver o produto. E perda de tempo, MINHA perda de tempo.

Fui obrigado a achar o site da empresa, encontrar o telefone, aguentar o atendimento automático, explicar para a mocinha que não tenho interesse no produto, tirar cópia de toda a papelada que veio com o pacote, afinal, só Deus sabe se meu nome não vai parar no SPC-SERASA por conta de uma palhaçada como essas.

E ainda terei que me dirigir aos correios, cujas filas são sempre enormes e vão me tomar pelo menos uma hora para fazer a devolução, isso se consegui-la, o que ainda duvido.

E ainda por cima a vergonha de constatar viver num país em que pilantras não respeitam nada...

... sem contar que as cabeçadas no batente da porta deixaram uns galos.

PS: Nessas horas, eu queria ter a capacidade que só o Ricardo Rayol tem de esculhambar com gente desse tipo!

5 de ago. de 2008

OLIMPÍADAS DA VERGONHA

Eu sempre achei os Jogos Olímpicos verdadeiras festas da humanidade. Um congraçamento entre nações celebrando os melhores valores da raça humana, tais como solidariedade, trabalho em equipe, competitividade, patriotismo e superação.

Muito mais que numa Copa do Mundo, uma olimpíada representa a união dos povos que mandam seus representantes por duas semanas para uma vila olímpica onde todos convivem pacificamente a despeito das guerras e das diferenças raciais, econômicas e religiosas. E competem dentro de uma tradição de "fair play" revelando o lado mais bonito do "bicho" homem.

Quem não lembra dos maratonistas? O etíope que entrou no estádio enfaixado em Munique, 1972 e a suiça, que quase não terminou a prova em Barcelona, 1992? A expressão de dor substituída pela sensação de dever cumprido ao cruzar a faixa final e deixar seu nome marcado não como vencedor, mas como alguém que não desistiu e por isso honrou a si mesmo e ao seu país?

Tudo isso, porém, foi jogado na lata do lixo da história quando escolheram Pequim como sede para os jogos de 2008. Interesses comerciais prevaleceram sobre os esportivos e enviaram a Olimpíada para a China, porque esta é uma super-potência econômica em expansão, mas não por que ela tenha méritos para tanto.

A China é um país que vive uma ditadura sanguinária, que dividiu o país em dois, um rico e opulento para aparecer nos programas de TV pelo mundo afora, outro miserável, onde vige a lei do "manda quem pode, obedece quem tem juízo".

É um país que não observa os mínimos direitos humanos, devasta o meio ambiente sem qualquer tipo de remorso e promove a intolerância política dentro e fora de suas fronteiras. Pratica o mais selvagem e irresponsável capitalismo que se tem notícia, explorando mão-de-obra escrava ou semi-remunerada e a partir disso praticando "dumping" com seus produtos pelo mundo afora, roubando empregos e dignidade em todo o globo com sua concorrência desleal.

Para a candidatura do Rio de Janeiro em sediar uma olimpíada, falou-se que o COI exigiria a despoluição da Baía de Guanabara, além de outros requisitos ambientais, como saneamento básico e criação de parques e praças. Daí vejo as primeiras imagens vindas de Pequim e constato nuvens de fumaça de uma poluição grotesca, muito pior que em qualquer lugar do Brasil, afora tapumes e muros a esconder as partes feias da cidade, isso porque o governo chinês ignorou pura e simplesmente uma boa parte das tarefas a que se comprometeu, sem contar outros fatos, como a violação da liberdade de imprensa e da própria internet, que na China é monitorada.

Pequim-2008 já tem sido comparada a Berlin-1936 e não sem razão. Será um instrumento de propaganda de um regime que pretende adquirir influência global sem qualquer tipo de freio ético, interessado apenas e tão somente em sua perpetuidade. Nos últimos 30 anos, o mundo assistiu a jogos olímpicos com a marca da intolerância entre os países (Moscou-1980 e Los Angeles-1984), mas em nenhum deles se constatou tamanha propaganda política e atos de desprezo por regras consideradas pré-requisitos para sediá-los.

É uma pena que a maior festa da humanidade seja celebrada em um lugar como este.

Vou torcer pelos atletas brasileiros, vou me admirar com os recordes e conquistas dos esportistas do mundo todo que vão distribuir alegria e esperança pelo planeta, mas não vou admirar a China por roubar o brilho dessa festa, como quem rouba empregos ao falsificar produtos e vendê-los a preço vil.

3 de ago. de 2008

IMAGENS DE CURITIBA - 10

Temperos exóticos, peixes e aquários, hortifruti- granjeiros, iguarias do Brasil inteiro, pastéis e bolinhos de bacalhau, botecos e lanchonetes, ótimos restaurantes, adegas e confeitarias, cafés do mundo todo, lembranças e presentes. Tudo isso e muito mais, você encontra no MERCADO MUNICIPAL de Curitiba.

Minha história com o Mercado Municipal não começou bem. Acontece que lá se instalava o dentista do meu pai, que passou a ser o meu dentista, isso quando eu tinha 7 anos. Associei o Mercado Municipal a sofrimento e daí não teve jeito, só fui redescobri-lo muitos anos depois como um lugar simpático, cheio de maravilhas da culinária.



É o melhor lugar para quem pretende encontrar lembranças e "souve- nires" de Curitiba.

Ontem, ele completou 50 anos no atual endereço, vez que já passeou pela cidade fazendo as vezes do que hoje é o CEASA. Mas em verdade, com seu comércio variado foi o primeiro "shopping center" de Curitiba. Ao redor dele, cresceu um comércio de iguarias e utilidades, como uma loja especializada em vender óleo de oliva e azeitonas, além de muitas outras, como aviários, cordas e embalagens, vidraçarias, peças de maquinaria e automotivos e agropecuárias.


Mural do grande Poty Lazarotto, homenage- ando mais um espaço de Curitiba.

Horários:

2a. Feira: 7 às 14 horas.
Terças a Sábados: 7 às 18 horas.
DOmingos: 7 às 13 horas.

USO LIVRE NA INTERNET, CITADA A FONTE.
CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIÁ-LAS.

30 de jul. de 2008

A RODADA DOHA FOI PRO VINAGRE.... E EU COM ISSO?

A Rodada Doha pretende (ou pretendia) conseguir uma diminuição global de tarifas de importação, com vias a ampliar o comércio diminuindo as barreiras alfandegárias e aumentando a possibilidade de todo o planeta ter acesso a bens de consumo e alimentos mais baratos.

Em teoria, uma medida globalizante com boas intenções, embora na prática a coisa não seja bem assim.

O acordo no âmbito da Organização Mundial do Comércio só pode ser obtido mediante consenso, ou seja, a unanimidade dos países em aceitar a regulamentação.

Mas quando expirou o prazo do "fast-track", uma autorização dada ao Poder Executivo americano para que ele celebrasse um eventual acordo na OMC observando certos parâmetros e sem necessidade de nova apreciação pelo Legislativo daquele país, houve quem disse que a Rodada Doha estava encerrada. E isso porque o Congresso norte-americano é extremamente sensível a lobby econômico, especialmente o rural, que nos EUA é organizado e com enorme poder político, até porque trata-se de um país que adota voto distrital.

Portanto, existe um enorme componente de política interno nas negociações da Rodada. Os EUA comprovam isso, ela não trata apenas de comércio global, mas também de interesses paroquiais.

E não se culpe apenas os EUA, porque a situação não é diferente na Europa com seus agricultores extremamente subsidiados (Jean Bovè, o famoso ativista amado pela esquerdofrenia brasileira, que o diga), ou ainda pelos interesses pontuais de países como a China e o Japão, que têm severas restrições ao comércio global de arroz, sem contar a preocupação de outros, como Brasil e Índia, em preservarem seus parques industriais de uma eventual enxurrada de importações que uma liberdade global de comércio poderia causar.

Na verdade, o que se viu em todas as reuniões sobre a Rodada Doha, foi o conjunto dos países industrializados tentando obter a abertura geral dos mercados sem rever os enormes subsídios agrícolas que mantém. Na prática isso significaria que eles, os industrializados, poderiam vender seus manufaturados no mundo inteiro, competindo em condição de igualdade em qualquer mercado mesmo que ele viesse a produzir iguais ou similares. Mas nos produtos agrícolas isso não aconteceria, porque os países que não dão subsídios não teriam como competir dentro dos países industrialiados que são generosos com seus ruralistas.

É um impasse que dificilmente será solucionado.

Em lugares como os EUA e a França, se alguém aventar a diminuição de subsídios agrícolas a confusão está armada. Os ruralistas vão às ruas, os preços dos alimentos disparam e os governos se obrigam a ceder.

E em países como o Brasil, liberalizar o comércio sem que isso fortaleça sua economia agrícola não é algo aconselhável. No nosso caso, com carga tributária alta, nenhum produto manufaturado aqui teria competições de competir com produtos importados que não paguem tarifas alfandegárias. E ao mesmo tempo nossa agricultura não sofreria grande evolução, porque não poderia competir com os subsídios dos países ricos, ela não compensaria uma eventual perda de mercado nos manufaturados.

Na década de 90, países como Brasil, Argentina, Índia e México sofreram uma quebradeira de manufaturas causadas numa "onda" de abertura comercial. Empresas norte-americanas e européias se instalaram na Ásia, e foram copiadas por outras, chinesas, coreanas e japonesas. Contando com as baixas cargas tributárias e mão-de-obra baratíssima, invadiram os mercados de outros países dizendo "competir" quando em verdade, nada mais faziam que aproveitar-se do desespero dos políticos desses lugares em combater surtos inflacionários ou mesmo erros de estratégia em acreditar no comércio sem barreiras, as vezes até imposto por órgãos internacionais como o FMI, como condição de rolagem de empréstimos.

Por outro lado, todos os países sabem que não basta criar regras para flexibilização, porque o mais difícil é fazer com que elas sejam cumpridas. Alguém acredita que a China deixará de fazer dumping criminoso de produtos obtidos com trabalho escravo? Alguém acha que a França deixará mesmo de subsidiar seus agricultores? Será que os EUA não apelarão às armas para manter seus enormes interesses comerciais globais?

Eu acredito que não, razão pela qual só me resta dar risada da decepção demonstrada pelo ministro Celso Amorim ao admitir o fracasso nas negociações. Todos os países mandaram representantes à Genebra sabendo que a reunião não resolveria coisa alguma, até porque é impossível compatibilizar tantos interesses locais em uma legislação supra-nacional dependente de chancela de parlamentos do mundo todo e que ninguém sabe se será observada.

Sem contar que o Brasil não é o país mais indicado para tratar de livre comércio, pois não o pratica nem internamente. Se verificarmos bem o que acontece por aqui, a reforma tributária não sai porque nenhum estado pretende perder receita no comércio interestadual e a União não vê com bons olhos a possibilidade de compensar um ou outro estado se isso acontecer. A guerra fiscal praticada dentro do Brasil, entre estados e municípios, não é diferente da que existe entre os países no âmbito da OMC.

Enfim, se a Rodada Doha já era ou foi pro vinagre, pouco efeito isso causa. Só fico me perguntando para que lamentar por algo que não tem a menor chance de dar certo.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...