19 de nov. de 2007

A SOBERBA...DO COXA E DO BRASIL

Acho que o "já ganhou" é parte da cultura nacional. Aqui em Curitiba, meu time foi jogar para 43 mil Coxas-Brancas precisando de uma vitória para ser campeão da Série B, por ter 5 pontos de diferença pro segundo colocado. Perdeu e agora deverá perder o título pro Ipatinga, porque dificilmente vencerá o rebaixado Santa Cruz lá no Recife.

Mas o assunto desta nota não é exatamente o Coxa.

Semana retrasada a Petrobrás anunciou a existência de campos petrolíferos de águas profundas com potencial de transformar o Brasil num exportador de petróleo. O presidente Lula fez um chiste, uma piada, nada mais que um comentário jocoso acerca do país entrar para a OPEP e o tradicional clima de "oba-oba" tomou conta do país.

De repente o Brasil virou exportador de petróleo, vai entrar para a OPEP e fazer parte daqueles países que usam a commoditie para arrancar benesses dos EUA e fazer política rasteira como a da Venezuela. A parte da imprensa favorável ao governo age como se o petróleo não estivesse lá antes de 2003 e a parte desfavorável, alerta que a bonança petrolífera vai prejudicar o programa de bio-combustíveis, já tratando como certo, o que é potencial.

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. A existência de campos petrolíferos em águas profundas, com necessidade de perfurações de até 7 mil metros é um desafio tecnológico muito mais que extrativo, e demandará ainda pelo menos 5 anos de trabalho para que o Brasil sonhe em virar "player" internacional na área, se bem que são uma espécie de reserva de estabilidade para o país, porque fortalecem potencialmente as contas públicas. Ou seja, não é o paraíso, mas não deixa de ser bom para o país.

Mas o "oba-oba" contagiou até a imprensa do exterior, como o New York Times.

Esse "oba-oba", parte da cultura brasileira de se esforçar pouco e gargantear muito tem resultados mais visíveis no esporte. Seleções de futebol que dão fiascos e atletas olímpicos com ouro certo, mas derrotados nas quadras. Mas tem resultados também nas áreas da política e da economia.

Na ansia de se achar a nova potência global em meados da década de 70, o "país do futuro" não atentou para a crise do petróleo e entrou os anos 80 endividado, com um Estado gigante e falido e uma economia que não era nem dirigida pelos governos, nem administrada pela iniciativa privada. O "oba-oba" custou caro, achávamos que virar país desenvolvido era fácil, bastava querer e nem precisava atentar para a crise fiscal e adnministrativa do Estado, que perdura até hoje, se bem que em menor grau.

Em 1985, veio o "Plano Cruzado" e o Brasil entrou novamente na onda. Preços congelados e salários aumentados, a irresponsabilidade e o "já ganhou" tomaram conta do país. O PMDB com o discurso de que acabou com a inflação, venceu as eleições em 25 estados e o povão saiu às compras e se endividou até o osso, causando o ágio e uma quebradeira generalizada tempos depois, quando o próprio PMDD tratou de arrebentar o povão para salvar seus governadores ruins, o que pôs o país nas garras do FMI.

E hoje a euforia é a mesma. A bonança econômica dos anos Lula, carreada pelo micro-crédito e por programas sociais abrangentes em conjunto com a estabilidade monetária conquistada no governo FHC passam a idéia geral de que o Brasil já é uma superpotência e agora, também um exportador de petróleo, se bem que da boca do presidente Lula, repito, o que saiu foi uma brincadeira, porque ele nunca declarou que o país agora é a Arábia Saudita das américas.

Só que as contas públicas continuam desajustadas e tanto é assim, que o governo não consegue abrir mão de um imposto provisório como a CPMF.

Ora, política tributária funciona da seguinte maneira em qualquer país sério: Tempo de bonança, menos impostos. Tempo de crise, mais impostos. Mas no Brasil a receita é sempre de mais impostos, por mais que isso mate a galinha dos ovos de ouro, o povão que os paga.

Com esse desajuste das contas públicas, com essa carga tributária destrutiva e com o altíssimo nível de endividamento da população brasileira, uma crise fiscal vinda de qualquer canto do mundo que nos afete, pode ter efeitos desastrosos, e daí, o "já ganhou" cobrará sua conta novamente.

É óbvio que ninguém quer crise econômica, eu não torço por isso. Pelo contrário, tomara que essa bonança dure por anos e anos, mas a realidade da economia não é essa, ela pode mudar de momento para outro e do jeito que as coisas se apresentam no Brasil, não sei se o Estado, os políticos e a população estão prontos para enfrentá-la, justamente porque esse clima de tudo ok, onde já se discute inclusive a sucessão do atual presidente, dá a impressão de um descolamento da realidade. Vivemos num mundo ideal, vencemos, não há mais nada que nos prejudique! Será?

Seria melhor ao Brasil ter mais desconfiança sobre tudo e festejar algo só depois de consumada a alegria, senão arrisca dar vexame igual ao do Coritiba Foot Ball Club.

14 de nov. de 2007

NOTAS PARANAENSES

1. Tá em ordem ou não?

O governo do Paraná, segundo a imprensa de Curitiba, anda às voltas com uma crise financeira. Especula-se que haja um rombo de caixa de 200 milhões de reais, que o governador e seu líder na Assembléia Legislativa negam, dizendo que não há problema algum e que o Paraná tem suas contas em dia.

No entanto, mandou ontem um projeto para a AL, aumentando a alíquota do IPVA e diminuindo o desconto para seu pagamento à vista, sem contar um outro projeto anterior, que aumenta as taxas do DETRAN em até 230%.

Fica a pergunta: Se as contas estão em ordem, para que o uso da clássica receita de aumentar os impostos?

2. Inimigos:

O governador Requião é pródigo em colecionar inimigos. Desde ex-secretários e correligionários, passando pelo Ministério Público, pela Justiça e incluindo praticamente todos os órgãos de imprensa mais importantes do estado, até os que o apóiavam incondicionalmente, como os jornais O Estado e A Tribuna do Paraná.

Esses jornais são de propriedade do ex-governador e ex-presidente da COPEL, o jornalista Paulo Pimentel, um dos apoiadores mais fiéis e competentes deste governo. Pimentel saneou a empresa que recebeu praticamente quebrada do governo Jaime Lerner, que a queria privatizada.

Mas de modo estranho, tão logo Pimentel saiu do governo, passou a atacar Requião e informar seus leitores dos grandes problemas administrativos do estado, todos eles negados por Requião, que se utiliza da TV Educativa do estado de forma personalista na tentativa de se defender de fatos que ele nega, mas ao mesmo tempo não explica.

3. Estranhezas:

Não gosto dele, sou oposição e quero Requião, sua família e seus áulicos todos longe do Palácio Iguaçú.

Mas não posso negar que ele não é mau governador, porque tem razão em brigar contra os pedágios abusivos, porque saneou a COPEL que hoje é uma empresa energética valiosíssima, sem contar muitas obras relevantes, como os quase 100 km de asfalto novo e/ou recuperado só aqui na região onde moro e, principalmente,porque desde que assumiu as pequenas empresas foram tratadas como tal, o tratamento administrativo e tributário diferenciado.

Mais do que isso, contra a controvertida figura pessoal dele não existe uma única denúncia de corrupção, o que é um ponto importante, considerando-se a situação geral do país.

O que causa estranheza é esse comportamento 8 ou 80. Amigos que saem do governo atirando e este, cada vez mais defendido por políticos medíocres da raia miúda, em detrimento de gente competente que se afasta do governador que por sua vez começa a tratá-los como se fossem inimigos de décadas.

PS: O Marcus Mayer, que não é meu parente, embora pela similaridade de pensamento até poderia ser, me agraciou com um prêmio blogger, o "Escritores da Liberdade". Eu fico lisongeado, porque, como eu escrevi no blog dele, é um título bonito mas também de responsabilidade, porque LIBERDADE é o valor humano mais caro e ao mesmo tempo mais difícil de defender e, se sou reconhecido como defensor dela, me sobra apenas a obrigação de agradecer, e a responsabilidade de continuar a missão, porque elatem muitos inimigos e milhões de admiradores, mas defensores são poucos, pouquíssimos!Vou deixar aqui a minha lista de “Escritores da Liberdade”. Pouco me importa se eles não gostam de me-mes (e não gostam mesmo!), se não aceitam os tais prêmios blogger e até se vão lançar contra mim a Praga dos Camelos Tibetanos, porque, na minha visão, eles defendem a liberdade também. São eles: Ricardo Rayol, David, Magui, André Wernner e Tunico.

PS2: Luz de Luma recebeu um premio internacional, ficou em segundo lugar numa escolha entre blogs latinos. Parabéns Luma, você e a beleza do seu blog merecem!

13 de nov. de 2007

MAIS SOBRE BUROCRACIA

Coincidindo com minha matéria da semana passada, esta saiu ontem no Financial Times:

"...no Brasil 'complicadas barreiras burocráticas e algumas das regras tributárias mais punitivas do mundo tornam a vida difícil para os possíveis empreendedores'.
O jornal cita um estudo que diz que para abrir uma empresa no Brasil é necessário preencher 18 formulários diferentes e esperar em média 152 dias, enquanto nos Estados Unidos o processo leva seis dias e exige o preenchimento de seis formulários..."

Você pode conferir no Portal Terra/Invertia, aqui.

12 de nov. de 2007

CADERNOS DE VIAGEM

Sempre que viajo tento conhecer o centro das cidades que visito, olhando a arquitetura. Neste fim de semana, estive em Blumenau/SC, lugar onde não ia já há muitos anos e onde encontrei, ainda, a arquitetura estilo enxaimel, além de uma catedral de beleza espetacular e do Teatro Carlos Gomes, cujo bom gosto impressiona.

Nesta foto, o portal de entrada da cidade.

Aqui, o detalhe bem germânico de uma fachada na Rua XV de Novembro.


Outra fachada espetacular, no estilo germânico.

Vista parcial da Rua XV, portal da catedral ao fundo.


Detalhe das calçadas.

Belíssima Catedral. Em outro post, darei mais detalhes.

As três últimas fotos são detalhes da fachada do Teatro Carlos Gomes. A primeira, o repuxo, notem as bailarinas e as máscaras teatrais.

Na segunda, Carlos Gomes.

Na terceira, O Guarani.













A cidade é tão linda, e tem tantos monumentos e prédios espetaculares que eu não poderia colocar aqui apenas em um post, as dezenas de fotos que tirei, sem contar que neste fim de semana também passei por Florianópolis, outro show de lugar, que renderá outras sessões destas. Vejam as fotos... e uma boa semana aos leitores.

CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIAR

PS: A Vitória me presenteou com o selinho e eu repasso a homenagem a todos os blogs listados aí do lado, e aos demais blogueiros que me visitam e quem listarei nas próximas atualizações. Obrigado Vitória.

8 de nov. de 2007

DESPEJANDO BACHARÉIS EM COISA NENHUMA



Ontem eu tentava convencer uma amiga a incentivar a sua irmã em desistir de cursar direito, incentivando-a a abraçar uma carreira tecnológica, como física, química, geologia, engenharia mecânica e florestal, biologia, eletrônica e muitas outras.

Hoje, para minha surpresa, meu irmão, que trabalha em RH, comentou de um artigo que leu, segundo o qual no Brasil sobram milhares de bacharéis em administração, ciências contábeis e direito e faltam, de modo quase desesperador, profissionais nas áreas tecnológicas, que são importados de outros países, mesmo com o desemprego nacional mantendo-se na faixa dos 9 a 10% da força de trabalho.

Isso é fruto da estupidez nacional, da falta de marco regulatório e da ganância de empresários do ensino.

Abrem-se dezenas de novos cursos universitários por mês no Brasil, e mais de 90% deles na área de humanas, por uma razão simplíssima: cursos de administração, ciências contábeis, marketing, economia e direito são baratíssimos de ministrar, de modo que qualquer um desses centros universitários furrecas que encontramos por aí hoje em dia, oferta todos eles com a certeza que os incautos não saberão distinguir um deles de uma universidade verdadeira.

Aqui na minha região, há centros universitários usando o prefixo "uni" em seu nome.

Um pior que o outro, com sua publicidade agressiva e demagógica, contratando mestres e doutores de segunda linha (formados no mesmo esquema de proliferação de mestrados e doutorados sem a menor qualidade) e em alguns casos, nem pagando em dia e condignamente os professores que contratam.

O curso de direito então é um campeão de audiência. Curitiba e região tem mais cursos de direito que o estado da Califórnia, e o sul do Brasil, mais que os EUA inteiro.

Uma vergonha! As pessoas entram numa instituição podre destas, pagam uma fortuna para conseguir um diploma em que o próprio nome da instituição afasta a credibilidade da formação e depois, ou ficam a choramingar pela falta de competência em passar no exame de ordem, ou não arranjam colocação num mercado saturadíssimo ou, ainda, aviltam a profissão, forçando que a remuneração caia para todos. E o mesmo acontece em diversos outros cursos simples de ministrar, que não precisam de métodos de ensino e pesquisa, laboratórios, visitas e treinamento de campo.

Deixa-se milhões de jovens no desemprego porque os "empresários" do ensino não querem investir nada e tirar o dinheiro que gastam em prédios suntuosos e publicidade agressiva o mais rápido possível dos otários, cuja formação de qualidade dependerá só deles, porque a faculdade não lhes dará nada de bom a refletir.

Mas faltam geólogos para trabalhar no setor de commodities (mineração), químicos, físicos, matemáticos, engenheiros e pesquisadores de um modo geral, para desenvolver novos produtos para a indústria.

Isso é falta de marco regulatório, porque a abertura das faculdades é autorizada por critério político e não técnico. Em Curitiba existem 20 ou 25 faculdades de administração, bem analisando, 10 dariam conta da demanda, o que significa que os estudantes de 15 delas ficam apenas com um diploma na parede. Se os estudantes dessas 15 estivessem na área tecnológica, conseguiriam colocação mais rápido e ganhariam mais que os administradores. Mas o sistema incentiva o jabá e os cursos baratos de ministrar.

É preciso rever esse sistema. Se o Brasil quer mesmo distribuir renda, precisa desafogar o mercado de algumas profissões e suprir a demanda por gente que exerce outras.

E, claro, fechar e colocar na cadeia alguns desses "empresários", que vendem cursos superiores via internet ou por satélite, ou de fim de semana, iludindo gente honesta, conquanto desavisada.

PS: Não estranhem os leitores se os comentários do Haloscan demorarem a entrar na tela. Estarei viajando neste fim de semana a partir da sexta-feira e, embora vá procurar internet para atualizar o blog, posso não encontrá-la.

6 de nov. de 2007

BUROCRACIA É CORRUPÇÃO.

Pense o leitor nestes 3 fatos:

1. A Polícia Federal desmantelou uma quadrilha que "facilitava" para determinada empresa agenciadora, a aprovação de projetos que receberiam incentivos da Lei Rouanet, administrados pelo Ministério da Cultura.

2. Fiscais do IAP - Instituto Ambiental do Paraná foram presos por facilitar a liberação de licenças de corte da araucárias (pinheiro símbolo do Paraná) e traficar a madeira, que é nobre, rara e em extinção.

3.Este que vos escreve passou 3 horas e 30 minutos desta tarde numa fila da Receita Federal do Brasil para retirar uma certidão negativa de tributos que estava travada por um débito de R$ 18,00, para uma empresa que fatura R$ 3 milhões por ano.

Pode alguém dizer que não são relacionados. O Fábio Mayer é um chato que não suporta fila, a PF cumpriu o seu dever e os fiscais do IAP devem mesmo pegar cana.

Mas o elo de ligação entre os fatos é a burocracia.

A mesma burocracia absurda que impede a emissão de certidão negativa para um contribuinte que paga em dia mais de 1 milhão de reais anuais em impostos, por R$ 18,00, é o que incentiva a proliferação de quadrilhas que calçam funcionários públicos para agilizar as coisas em processos administrativos e possibilita, ante o excesso de papelório não devidamente analisado, que araucárias nativas sejam cortadas como se fossem pinus ou eucaliptos de reflorestamento.

O caso dos R$ 18,00 é o mais simples. Hoje, a fiscalização é eletrônica, você declara o imposto e se houver alguma diferença ela fica lá como um óbice fiscal. O contribuinte que ganha R$ 1000 e precisa de certidão negativa uma vez na vida é tratado exatamente do mesmo jeito que outro, que fatura R$ 3 milhões e precisa de uma certidão sempre renovada, sob risco de, não a tendo, parar de operar e demitir seus 54 funcionários.

Já nos dois outros casos, a burocracia é o motor do ato ilegal.

Os benefícios fiscais da Lei Rouanet são ridículos. A cada R$ 100,00 aplicados em projetos culturais com base nesta Lei, apenas 2 ou 3 são recuperados a título de incentivo fiscal e, mesmo assim, dependendo da forma e da aprovação prévia altamente burocrática. O que a quadrilha fazia era apenas pagar uns caraminguás para um funcionário no MinC tirar os seus processos de uma pilha altíssima e agilizar sua tramitação, quando muito, informando da falta de algum documento que deveria ser obtido ou falsificado. Em outras palavras, a prisão dos caras se deu porque eles violaram o princípio da isonomia na fila, segundo o qual, todo mundo tem que esperar o mesmo tempo para ver seus projetos aprovados, mesmo que esse tempo represente meses ou anos de atraso no que pretende fazer.

No caso das araucárias, a questão é que é tanto papel, tanta burocracia e tanta regra absurda a se cumprir para conseguir uma autorização de corte de qualquer madeira ou licenciamento ambiental de qualquer natureza, que os fiscais simplesmente recebiam uns caraminguás, trocavam a documentação ou simplesmente deixavam passar porque, uma vez cortadas as árvores, até alguém sério lá do setor de fiscalização perceber, já teria dado tempo de ter outra árvore adulta no lugar.

Enfim, a corrupção que decorre da burocracia, se protege nela mesma. Seja em processos administrativos que são perdidos em repartições ou mesmo em processos judiciais que o péssimo Judiciário nacional simplesmente deixa de lado, porque os senhores juízes, de regra, não aceitam dar mais de 5 horas diárias de expediente.

Mas o problema mesmo é que a maior parte da população não tem caraminguás para calçar ninguém para acelerar seus processos. Os honestos, no Brasil, ficam na fila e são atendidos por funcionários que as vezes nem sabem quais os documentos são necessários para cada processo ou não têm idéia de para onde encaminhar aquele contribuinte chato que está ali no balcão pedindo informações (e aviso que a Receita Federal do Brasil é a exceção).

A burocracia brasileira é um misto de excesso de ocupantes de cargos em comissão decidindo coisas importantes sem entender patavina delas, leis mal redigidas que mudam a toda hora e falta de funcionários qualificados nos serviços essenciais do Estado.

Abrir uma empresa, entre nós, demora 150 dias ou quase meio ano, fechá-la, 3 anos se nada der errado (e sempre dá alguma coisa errado!).E digo mais, no Brasil, adota-se uma coisa absurda chamada TAXA DE FISCALIZAÇÃO, cobrada, por exemplo, pelas Agências Reguladoras. Taxa é um tributo que depende de uma contraprestação do Estado, mas essa contraprestação, na teoria clássica, não pode estar ligada às funções essenciais de governo, dentre as quais se encontra, a de fiscalizar e regular. Ou seja, o governo cobra pela burocracia que ele mesmo exige para não cumprir suas funções essenciais.

Isso atrasa investimentos, retarda e/ou diminui arrecadação tributária, rouba empregos e progresso e só beneficia uma classe de pessoas, a dos políticos corruptos, aqueles que indicam seus apadrinhados para cargos em comissão e acabam controlando determinado órgão e cobrando proprina para que ele cumpra suas funções legais. E há órgãos controlando todas as atividades econômicas sem exceção, algumas delas dependentes de autorizações complicadíssimas, do mesmo jeito que financiamentos por bancos públicos dependem de pelo menos 4 certidões negativas de órgãos diferentes. É um "Deus nos acuda" burocrático, que transformou os contadores em meros leva e trás de papéis carimbados.

Enfim, não que eu reclame dos 210 minutos de fila, porque, trabalhando nisto há 23 anos posso atestar que melhorou muito desde a década de 80, pelo menos na RFB. Mas o país precisa arrumar isso, e só não o faz porque os políticos ganham muito de influência e propinas com esse estado de coisas.

Eles, sempre eles roubando o progresso na Nação!

4 de nov. de 2007

IMAGENS DO CORITIBA


No Coritiba, nada é fácil.

Um Coxa-Branca sabe que nosso time nunca festeja campeonatos com antecipação. Aqui, a classificação para alguma coisa só chega no apagar das luzes, quando os pessimistas desistem e os otimistas rezam.

O Coritiba é um teste cardíaco e vai que é por isso que o coração bate tão forte por ele.

E ontem não foi diferente.

O valente Vitória não se intimidou. 35 mil pessoas, para um clube da Bahia, é palha, porque na Fonte Nova ou no Barradão nunca tem jogo com menos de 20 mil.

E o Coxa empurrado pelo 35 mil foi lá e fez 1x0 com Fabinho. E o Vitória partiu pra cima e empatou com Joãozinho. E no segundo tempo, Túlio deu um tirambaço indefensável e o estádio tremeu. Mas o Vitória foi lá, e Joãozinho empatou de novo.

E a festa ficou para depois do apito...

Algo bem Coxa! Essas coisas que nos fazem sofrer mas só aumentam nosso amor pelo quase centenário alvi-verde. E que nos fazem lembrar do Torneio do Povo em 1973 quando o Coxa foi campeão na Bahia nos minutos finais e com apenas 8 jogadores em campo. Ou quando o dedo de Deus não deixou uma bola maliciosa do Bangu entrar pelas traves do Maracanã lotado em 31/07/1985. Ou ainda, naquele 3x2 histórico em pleno Joaquim Américo em 2004. Ou ainda, um gol de Paulo Vecchio no antigo Joaquim Américo, aos 44 do segundo tempo, na final do Paranaense de 1969.

Mas o fato é que o sofrimento aumenta a atenção. A angústia ajuda a gravar em nossos espíritos cada momento feliz, tornam indeléveis em nossas memórias cada explosão de alegria.

Dentro de alguns anos, terei o prazer de dizer para os mais jovens que em 2007 o Coxa subiu para a série A.

E que numa terça-feira gelada e chuvosa de julho 2007 em que eu tiritava de frio e o Coxa perdia até 37 do segundo tempo, ele virou com um gol aos 47, o que me fez abraçar desconhecidos e correr feito um maluco pelo estádio.

E que isso só foi possivel porque vestindo aquelas camisas haviam garotos Coxas desde a infância, saídos das categorias inferiores, os bravos Henrique, Pedro Ken, Marlos, Keirrison, Carlão, Douglas Silva e outros tantos... e graças aos guerreiros contagiados pela massa verde, Anderson Lima, Túlio, Gustavo e Edson Bastos, entre outros.

E que em 2007 a torcida "saiu do chão" para gritar pelo verdão, e que costurou um bandeirão mais alto que o estádio, e que distribuiu faixas de "Coxa, eu te amo!"







E que o Coxa subiu pela força de um povo que não o abandonou.




PS: Os leitores, já acostumados, aguardavam Imagens de Curitiba, mas permitam-se a egotrip Coxa-Branca.

PS-2: Estou no Coxan@autas hoje. Leia aqui.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...