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25 de out. de 2010

A MARCA IMPLACÁVEL DO TEMPO!


"Pelos caminhos da bola, a marca implacável do tempo!" dizia o locutor Durval Leal quando eu criança, acompanhava os jogos do Coxa ou na Rádio Clube ou na Rádio Independência, ambas de Curitiba.

Na época eu não percebia muito o sentido da frase, porque o tempo só era implacável quando o Coxa estava perdendo. Se não, era doce e passava bondoso na lerdeza da juventude que se divertia com o espetáculo.

Há pouco eu entrei no "you tube" e sem me dar conta, digitei Waldo de Los Rios na procura.

O maestro Waldo de Los Rios é o responsável por eu gostar de música clássica, porque um dia meu pai trouxe para casa dois long-plays comprados nas lojas Hermes Macedo. Um deles, com uma flor estilizada de papel e no centro, uma reprodução do rosto de Mozart, o "Mozartmania". E na capa do outro, uma estátua em mármore com um grande par de fones de ouvido, o "Sinfonias".

Pouco antes meu irmão me mostrara no mesmo you tube um video de outro artista da minha infância, o alemão Heino, interpretando com a orquestra do genial maestro e violinista André Rièu, remetendo direto para as bandinhas alemãs que cresci ouvindo e que sempre me lembram da gaitinha harmônica do tio Waldino, incessantemente tocada nos aniversários da oma* lá em Jaraguá do Sul, que eram a reunião anual da família, com todos os primos dormindo ou tentando dormir no sótão onde a festa ia longe a ponto de em algum momento um adulto subir as escadas para mandar que parássemos ou de rir ou de brigar.

Será o tempo implacável?

Apesar de eu ainda gostar (muito) de Waldo de Los Rios e Heino, e mais ainda do Coritiba que me fazia fã do Durval Leal que era Coxa-Branca como eu, já não me encontro mais anualmente com os primos, e a oma e mesmo o tio Waldino já se foram para o céu, ele há quase dois anos, para tocar sua gaitinha por lá e alegrar a velhinha que recebia os netos com bolachas caseiras de glacê, balas "Sasse" e gasosa de framboesa.

Não sei porquê, mas hoje me dei conta que agora, os adultos somos eu, meus irmãos e meus primos, e nossos pais já são os opas** e e as omas. Fiquei nostálgico, sentindo saudades implacáveis como o tempo, que porém, também é generoso.

De certa forma o tempo me levou à Universidade Federal do Paraná, também de tantas boas lembranças. E foi ele quem me conduziu a assistir um recital da Orquestra Filarmônica de Israel, regida pelo genial Zubin Mehta, presente que recebi de duas amigas queridas ligadas à Universidade Positivo aqui de Curitiba. Foi o tempo que me fez passar pela alegria indescritível dos sofridos títulos do Coxa, pelas minhas namoradas, meus amigos, minhas vitórias e minhas derrotas. Foi o tempo que me trouxe algumas lindas crianças, meus sobrinhos, e que encheu minha retina de imagens ainda nítidas, de alegrias que me fazem chorar e de tristezas que me fazem rir.

O tempo vai passando e deixando suas marcas nas nossas vidas. É implacável, mas quem o faz cruel somos nós mesmos. Eu prefiro encarar o tempo como um grande baú de coisas boas que aberto, exulta a alma e nos ensina a sermos nós mesmos, dando valor para nossa história, nossa vida, nossa caminhada até aqui. O tempo é um baú das imagens e dos sons de nossos entes queridos, das nossas conquistas e derrotas, do nosso aprendizado.

Sua marca é implacável, somos nós mesmos evoluindo e tentando aprender o segredo da vida, que pode ser o de se deixar levar por ele sem nunca esquecer de, de tempo em tempo, abrir o baú para voltar ao que passou.

* vovó, em alemão.
** vovô.


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