Vez em quando o Brasil encarna o
sonho de virar superpotência influente no mundo exibindo uma suposta
prosperidade que contrasta com a pobreza econômica e de espírito de
existe por aqui, e que decorre da incompetência atávica dos seus
governantes.
Na onda do “Milagre”, fase em
que a economia crescia de 12 a 16% anuais, se falava que estava
nascendo uma nação pronta a dar uma vida rica e de igualdade social
ao seu povo, capaz de influenciar o mundo. Época em que se torrou
o dinheiro público do aumento
da arrecadação de impostos em todo tipo de asneira, inclusive uma
Copa do Mundo exclusiva para o Brasil, a Copa Sesquicentenário da
Independência. O resultado foi, na primeira crise, o desmonte do
sonho do “Brasil potência” como um castelo de cartas ao vento,
legando 20 anos de inflação alta, descontrole de contas públicas e
principalmente, de abandono social e econômico da população, que
até hoje dentro de sua ignorância patrocinada por quem nunca quis
mesmo educá-la com qualidade, ainda elogia o falecido ex-presidente
Médici que era “do povo” a ponto de ser admirado por assistir
futebol com radinho de pilha na orelha, sem que muita gente lembre
que ele foi o cabeça da pior fase da ditadura, que governou com os
DOPS sequestrando e torturando inimigos do regime.
Perdeu-se uma oportunidade de ouro para construir Estado com contas
públicas em ordem e investir maciçamente em educação, segurança
e saúde, projetando um país rico, poderoso e influente para o
terceiro milênio, como aconteceu com a Coréia do Sul que então,
era um país miserável e hoje é potência econômica,
militar e política.
Vivemos hoje em dia fase parecida. O presidente Lula teve a
oportunidade de ouro de preparar o país para virar superpotência,
ele tinha todos os requisitos necessários: contas públicas em rota
de controle, crescimento econômico, crescimento exponencial da
arrecadação tributária, cenário externo favorável. Mas ele mesmo
torrou tudo nas exatas mesmas asneiras em que o Brasill torrou chance
idêntica que teve na década de 70! Criou milhares de cargos para
agentes comissionados e em confiança, fez obras faraônicas que não
terminaram ou para pouco servem, abusou das mordomias e a cereja do
bolo, aceitou o encargo de fazer Copa do Mundo e Olimpíada em um
espaço de 2 anos.
A diferença de Lula para Médici é que aquele governou com
democracia e este, não. Aquele não torturou nem perseguiu e este,
sim. Fora isso, ambos viraram ícones populares entoando o canto do
“Brasil potência” sem grande preocupação prática em criar
condições para tanto, que são simples: contas públicas em ordem e
superavitárias, educação de qualidade, segurança (lato sensu) e
saúde, requisitos sem os quais sociedade alguma se desenvolve.
Se há uma coisa que o Brasil deveria aprender nessa fase marrenta
pela qual passa o governo Dilma Roussef, em que se desvendam as
falhas de seu antecessor que falava demais e resolvia pouco, é que
progresso se alcança em longo prazo e que não são nem 4, nem 8
anos que colocam um país das dimensões e da complexidade do Brasil
na situação de potência. Mais que isso, não é apenas um governo
ou um governante que faz isto, é um conjunto de pessoas cujo
amálgama é a democracia, não é tarefa para um partido ou um tipo
de ideologia. Fora isso, o Brasil é um país potencialmente rico,
mas materialmente pobre: não dá saúde nem educação para seus
cidadãos, não lhes dá segurança para trabalhar e viver
honestamente, não é capaz sequer de manter ativas suas forças
armadas que hoje são equipadas com sucata, armamentos usados até o
osso em países estrangeiros entregues a preço de banana para os
militaresm, enquanto os políticos passeiam com aviões novos de
fábrica.
O Brasil é um país pobre, mais que pobre, é um país vergonhoso,
onde a elite política formada basicamente pela escória da
sociedade, vive como soberana européia, e o povo, mesmo o povo mais
bem formado e intelectualmente bem preparado, sustenta os abusos de
quem se aboletou no Estado para dedicar-se ao ócio arrotando uma
grandeza inexistente.