22 de fev. de 2012
CADERNOS DE VIAGEM - 16 - APARECIDA/SP
8 de fev. de 2012
A RADICALIZAÇÃO NOSSA DE CADA DIA
Parece que os políticos brasileiros, especialmente os do PT e aliados, ainda não aprenderam a lição que eles mesmos martelavam na cabeça do povão quando eram oposição: ano eleitoral é ano de lutas e radicalizações, é momento de fazer barulho, de incomodar, de acusar as autoridades de fascistas, de explorar a cantilena dos movimentos sociais, de dizer que o mundo é injusto e que os governos não querem negociar. É hora de afrontar a autoridade e fazer com que ela tenha vergonha de si mesma porque o efeito é sempre favorável a quem protesta - se aplicada gera mártires entre baderneiros e imagens chorosas para a TV, se não, gera uma impopularidade idêntica partida de quem defende a ordem e não aceita a omissão em cumprir a Lei.
Em outras palavras, a intenção de quem protesta é chamar a atenção para sua causa e constranger a classe política, de modo que a atitude dos PM(s) baianos não é diferente da dos invasores do Pinheirinho em São José dos Campos. E se o momento é propício, como o atual, onde os governos do Brasil afora torram dinheiro com Copa do Mundo, tanto melhor.
Os policiais da Bahia estão exigindo a mesma prioridade que é dada à Copa do Mundo. Como os policiais e bombeiros do Rio de Janeiro já fizeram e ameaçam repetir, como é provável que aconteça pelo país afora em outros estados e como tem sido comum nos canteiros de obras do evento, que volta e meia são paralisados por greves por melhores salários e melhores condições de trabalho, e tudo isso sem que os governos (e daí, bem dito de todos os partidos) aceitem reconhecer que gastam dinheiro público com coisas quase inúteis, mas se recusam a melhorar as condições de saúde, segurança e educação.
Se o governo da Bahia pode gastar quase 700 milhões para construir um estádio, como o Rio de Janeiro gasta 1 bilhão para reformar o Maracanã, então deve ter dinheiro para remunerar dignamente os profissionais da segurança pública, cujas atividades são muito mais relevantes e indispensáveis que a construção de estádios que, com exceção do Maracanã, estarão sub-utilizados na maior parte de sua existência.
No Brasil há uma tendência em encarar a radicalização de movimentos como casos isolados, quando em verdade eles são parte do processo político.
O petistas taxaram as ações na Cracolândia em São Paulo de higienistas e a reintegração judicial de posse do Pinheirinho de fascista mas não hesitaram em chamar o Exército e a Força Nacional na Bahia para prender lideres da classe policial. Fizeram em casa o que não aceitam que se faça em estados que não governam, sendo que os motivos em todos os lugares, inclusive na Bahia, são válidos, de resguardar a Lei pela Lei, como todo político deve fazer sempre.
O processo político e a aplicação da Lei estão acima dos partidos e ideologias. Não deixará de haver radicalização, protestos, piquetes, atos violentos ou pacíficos apenas porque um partido dito de “esquerda” está no poder, até porque uma vez no poder, descobre-se que as soluções para os problemas e as reivindicações não são tão simples quanto as palavras de ordem gritadas em passeatas.
Políticos tem leis a cumprir, suas ações não são simplistas e contra eles existe o fato de que sempre há dois outros poderes constituídos que devem ser ouvidos em praticamente todas as decisões. O manifestante de rua acha que se chegar ao poder, a força de sua ideologia será suficiente para atender todas as demandas, mas só quem já passou pelo poder aprende que isso é utopia.
1 de fev. de 2012
SERÁ QUE O DIREITO À PRIVACIDADE ACABOU?
De uns tempos para cá, com o aparecimento dos blogs e depois das redes sociais, a impressão que temos é que as pessoas estão abdicando da sua privacidade, escancarando suas qualidades e defeitos (principalmente eles), contando vantagem de ter ido a este ou àquele lugar, mostrando o carro novo, o celular novo, o novo apartamento e expondo crianças aos perigos da pedofilia cada vez mais presente na sociedade, alimentada pela incapacidade de pais que não sabem exatamente o limite da exposição que devem dar a seus filhos, que são tratados como mercadorias a serem exibidas ao mundo como prova da felicidade da família, que nem sempre é real que dizer constante, como parecem mostrar as fotos sorridentes que todas as pessoas (inclusive este que vos escreve) divulgam na internet.
Artistas, quase artistas, celebridades e sub-celebridades chegam a informar em que hora se dirigem ao mictório e não raro exibem crianças com a real intenção de transformá-las em fonte de faturamento. Pessoas ditas “públicas” que buscam alimentar uma opulência geralmente falsa, uma vida de compromissos sociais intensos que não condiz com suas posses materiais. E há inclusive, quem resolve divulgar sua decadência material para ser se consegue ser objeto de pena da sociedade para obter um sucesso redivivo, mesmo fugaz.
Também há os que partem para a briga, usam a internet para distribuir farpas, alimentar polêmicas, se fazerem de vítimas de uma injustiça falsa alimentada pela própria sanha em aparecer a qualquer custo para tentar faturar alguma coisa com o fato.
Some-se a isto a mania dos “reality shows” que evidenciam o pior lado de psiqué humana, generosamente exibindo corpos sãos em mentes adoentadas vendendo o corpo para satisfazer o desejo paranóico por fama e exposição, quase sempre não acompanhadas de progresso material, mas apenas de decepções. São programas em que o espectador anseia ver o que sabe que não verá e nos quais os participantes mostram a única mercadoria que lhes sobra para ficarem famosos sem talento e/ou capacidade intelectual, seus belos corpos generosamente exibidos numa postura sexista exagerada, até porque, é histórico que sexo é a mercadoria mais fácil de vender desde tempos imemoriais.
Isso reflete na sociedade. Não há um dia sequer em que, ao abrir a internet, não deparemos com alguma imagem bisonha postada em um facebook ou um orkut, de um indivíduo exibindo notas de vinte reais do salário recebido no dia ou outra usando biquini numa caixa dágua, isso quando algum marginal não exibe o produto de seus crimes e acaba preso em razão de sua estupidez extrema em se mostrar para os “amigos” como alguém bem sucedido.
É interessante para a imprensa dos nossos dias que a privacidade desapareça e que se possa devassar a vida alheia ao sabor da necessidade de preencher espaços em portais de internet com notícias bombásticas de apelo popular. É o sonho dourado de editores que precisam desesperadamente de fatos que chamem a atenção do grande público (e não do público qualificado, este pouco interessa para a internet) cujo interesse é fofocar sobre a vida de jogadores de futebol, atores de novela, modelos e gente da alta sociedade.
Mesmo assim, o direito à privacidade não acabou justamente pelo fato já comprovado de que só abre mão dela quem tem interesses econômicos imediatistas e quem não tem arcabouço intelectual suficiente para entender que seu exibicionismo não passa de uma piada pela qual a imensa maioria das pessoas vai rir pelas suas costas, os bôbos da côrte em versão de massa, cujos atos ridículos expostos na internet, servem para o entretenimento de milhões de pessoas que zombam da atitude pouco inteligente de se dar ao ridículo achando estar a caminho do sucesso com amigos e com desconhecidos.
O direito à privacidade, arduamente conquistado depois de centenas de anos de lutas por democracia e contra o absolutismo dos governantes é recente, ele remonta a meados do século XIX, tempo em que se consolidaram muitas das interpretações sobre direitos individuais havidas desde a Guerra da Independência dos EUA e da Revolução Francesa. E há quem diga ainda, que ele só grande valor por um curtíssimo período de tempo que ocorreu entre o fim do Macarthismo (a Caça às Bruxas nos EUA) e o 11/9/2001, quando passou a ser limitado em razão da necessidade de lutar contra as ditas forças assimétricas do terrorismo. Mais especificamente no Brasil, o direito à privacidade foi duramente golpeado com a possibilidade de quebra administrativa do sigilo bancário em favor do combate à corrupção e à sonegação fiscal, uma necessidade nacional que mesmo existindo legalmente, ainda assim é usada com muito critério a ponto de não virar, salvo episódios isolados, uma violação flagrante.
Mas a grande verdade é que o direito à privacidade só parece ter acabado, ele mantém-se firme a partir da atitude das pessoas. Uma famosa atriz de novelas conseguiu na Justiça uma decisão que impõe a certo programa de TV a manutenção de um perímetro de segurança tal que não possam atentar contra sua privacidade como tentaram por dezenas de vezes. Um renomado humorista simplesmente ignorou a pressão que o mesmo programa de TV lhe fez e simplesmente não deu atenção para a suposta polêmica de ter sido “mal educado”, de tal modo que o assunto simplesmente se esvaiu, desapareceu. A atitude de quem não quer sua vida esmiuçada em bocas de lavadeiras mantém firme e forte o direito à privacidade.
Nota-se nitidamente na sociedade atual uma divisão entre as pessoas que mantém os limites de sua privacidade, geralmente as mais capacitadas que não dependem de exposição pública, e as que transformam suas vidas em shows inverossímeis do tipo “acredite se quiser”. Com exceções (é claro), artistas, políticos e figuras públicas intelectualmente qualificadas mantém a postura sóbria de promover sua privacidade acima dos interesses em devassá-la, os (com exceções) desqualificados por sua vez, buscam a exposição a qualquer preço, por mais que ela lhe cause problemas futuros de falsa imagem mitificada, assumindo o risco de serem taxados o resto da vida como isso ou aquilo, em razão de não terem preservado sua imagem ao tempo certo.
Isso também vale para a sociedade no geral. Basta verificar no seu orkut ou facebook quem exagera nas poses sensuais das fotos ou mesmo na quantidade de imagens que expõe lá, ou, pior, na quantidade de informações pessoais absolutamente inúteis que desata a relatar como que tentando demonstrar uma vida num “glamour” que todos seus conhecidos sabem que não é verdadeira. É a uma busca pela fama fundada na esperança da “descoberta” por alguém, a tentativa de ser o que não é ou de mostrar que se insere em um meio que não é o seu. Isso é humano, há pessoas que têm essa necessidade de se mostrarem sempre exuberantemente felizes e com sucesso, mesmo que não seja humana uma vida de eterna felicidade e opulência.
Mas não significa nem de longe que o direito à privacidade acabou, na exata medida em que ela pode (e deve) ser defendida a partir de arcabouços legais ainda não revogados. A privacidade não acabou, o que acontece é que, agora, ela é uma construção intelectual e, como tudo o que depende de gente que pensa de verdade, demora para ser assimilada pelas massas, daí a falsa impressão geral de que a vida é um livro aberto.
30 de jan. de 2012
O GOSTO BRASILEIRO POR MARGINALIDADE
14 de jan. de 2012
DE PRÓTESES DE SILICONE A BOMBAS DE GASOLINA
9 de jan. de 2012
NÃO, O MUNDO NÃO VAI ACABAR!
Ao final do ano passado, com a chuva no litoral estive zapeando pelas TV(s) por assinatura e me impressionei com a quantidade de programas afirmando que o mundo não passa de de 21 de dezembro próximo e que vamos todos desta para melhor. Tem um canal que eu gostava, que só fazia programas sobre história e biografias mas que hoje em dia limita-se a falar de antiguidades e do fim do mundo. Chega a afirmar que se o mundo não acabar por conta do calendário Maia, acaba porque o ser humano vai dar um jeitinho de provocar uma hecatombe global para coincidir com ele, apostando no espírito de porco global!
Uma coisa é certa, e só ela: se o mundo não acabar, o canal acaba, ficará difícil manter a programação só com revolucionários produtos Polishop se os programas sobre o fim do mundo não tiverem mais espaço na grade de programação.
Todos os programas seguem a mesma linha. Especulam sobre o por quê do calendário, sobre os números e coincidências de datas, dizem que Nostradamum também previu o fim do mundo, que ele nunca errou (embora também nunca tenha acertado, porque suas poesias hecatômbicas são interpretáveis ao gosto do leitor), que o mundo tá uma m..., que o meio-ambiente tá fraquejando, que as pessoas “tão nem aí”.
Mas nunca, absolutamente jamais dizem como efetivamente o mundo acabaria na epifânia índia prevista por uma “avançadissima”civilização que precedeu incas e a ocupação espanhola, mas que não conseguiu sobreviver aos 6 séculos que separavam ela do fim do mundo que seus próprios escritos dizem que supostamente vai acontecer.
Estranho, não? Os caras eram avançados pra caramba mas o fim do mundo para eles chegou antes?
Se os “historiadores” Maia me dissessem que o mundo vai acabar por alguma razão concreta, como um meteoro, uma invasão de extra-terrestres malvados ou um juízo final vindo do além com inquisidores espanhóis ressucitados para julgar os ímpios, eu até pensaria no assunto. Mas sinceramente, essa história de que vai acabar porque vai acabar já encheu o saco!
Tem um indivíduo nos EUA que já previu o fim do mundo umas 7 ou 8 vezes durante a vida, amealhou seguidores e até se preparou para passar desta para melhor sempre em alguma sexta-feira dramaticamente pré-anunciada. E chegava a sexta-feira e o mundo continuava tropicando como sempre, mas existindo apesar das bombas nucleares de russos, americanos e chineses, da loucurada do Ahmadinejad e do Hugo Chaves e mesmo da péssima voz do Michel Teló...
Quando milênio passado ia acabar, chamaram os intérpretes das bobagens do Nostradamus e afirmaram que a guerra do Iraque e Saddam Hussein estavam previstos e que de 31/12/2000 o mundo não passava, até porque o “bug” dos computadores ia gerar uma catástrofe global: gente sem telefone celular e TV a cabo porque os malditos pc(s) e mac(s) iam falhar, como se essas porcarias não falhassem todos os dias para atormentar pobres mortais.
Mas estamos quase todos aqui em 2012 e não foi o aquecimento global, nem Saddam Hussein e a Al Qaeda, nem o É o Tchan que acabaram com o mundo.
Quer saber?
O mundo não vai acabar. Processos naturais não funcionam assim destruindo tudo de uma vez só, uma guerra nuclear até é possível mas mesmo os militares mais empedernidos pensam muito antes de explodir um artefato tão poderoso e meteoros perigosos são monitorados pelas autoridades espaciais do mundo todo... sobraria a invasão de alienígenas malvados mas, pensemos bem... será que os caras viajariam zilhões de anos-luz para vir aqui destruir tudo como adolescentes bêbados destróem canteiros de praças?
O negócio é esperar até 21/12 para ver se voltam as biografias eletrônicas e acabam com a encheção de linguiça sobre o fim do mundo... e aguentar o Michel Teló mesmo achando melhor o mundo acabar do que ouvir aquilo!
Leia mais aqui.
22 de dez. de 2011
BOAS FESTAS!
CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.
No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...
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A foto é de autoria de "O Globo" Acusados de eleitos com recursos ilegais da Venezuela (o que é crime em qualquer país do mundo),...
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É sintomático. Quando em campo as coisas não vão bem aparecem propostas de construir um novo estádio ou de reformar o Couto Pereira, ...
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