18 de nov. de 2010

O SILVIO SANTOS NÃO É LADRÃO



É muito provável que o rombo do Banco Panamericano tenha sido causado por crime, segundo indícios levantados pelo Banco Central nestes últimos dias. Há informações no sentido de que ativos revendidos não tenham sido baixados da contabilidade, e que investidores específicos recebiam remuneração acima da de mercado para desviar recursos da instituição.

Mas isso não significa de maneira alguma que Silvio Santos, controlador da "holding" do grupo que leva o seu nome artístico, seja ladrão, corrupto, criminoso de colarinho branco ou qualquer outra coisa nesse sentido, como alguns comentários que li na internet e um outro, em um jornal aqui da minha cidade.

Primeiro porque ele não era diretor do banco. Se errou ao indicar para a presidência um parente não exatamente qualificado para a função, mesmo assim ele não praticou atos de administração. Portanto, não está sujeito ao bloqueio de bens dentro de um prazo com termo legal inicial anterior estabelecido no ato de intervenção.

E também porque ele sabia, por ser controlador da "holding", que o banco era a empresa do grupo que mais gerava caixa e mais dava lucros. Ele mesmo afirmou que enquanto o SBT gerava 40 milhões de lucro em determinado período, o banco multiplicava esse número por 3. Ou seja, ele acreditava na boa gestão porque a regra de uma má gestão é universal e simples: ela causa prejuízo ou diminuição sensível de lucratividade. Assim, agiu como qualquer empresário agiria, especialmente com a existência de relatórios de auditoria independente que diziam estar tudo bem, porque a função dela é justamente esta, apontar defeitos de gestão que apareçam ou não nas demonstrações contábeis.

Ou seja, foi enganado pelos diretores e levado a erro por uma auditoria independente que em nada alertou os acionistas do banco de fatos estranhos (inclua nisso a Caixa Econômica Federal).

Particularmente, sou crítico dessas "auditorias independentes" há muito tempo, porque se elas funcionassem mesmo, muitas quebras, falências e intervenções teriam sido evitadas na economia brasileira. Mas isso é outro assunto e mesmo assim, temos que considerar, como SS deve ter feito, que nem todas elas são ineficazes, afinal, o banco repassava lucros pomposos para a "holding".

Mas no fim das contas, Silvio Santos veio a público como nunca antes um banqueiro havia feito no Brasil, para explicar a situação e garantir a todos os interessados que os débitos da instituição seriam pagos e mais que isso, estavam a partir dali garantidos pelo seu patrimônio empresarial, especialmente o Sistema Brasileiro de Televisão (3a. maior rede do país), a cadeia de lojas Baú da Felicidade, a empresa de cosméticos Jequiti e dezenas de outros negócios menores, cujo valor de mercado supera em muito o valor do empréstimo que foi tomado para regularizar as operações bancárias do Panamericano.

Em um país que teve quebras bilionárias de instituições cujos administradores e acionistas simplesmente desapareceram, deixando a função de indenizar os prejudicados para o Banco Central, vide COMIND, Habitasul, Sulbrasileiro, Coroa-Brastel, Banco Santos, Banco Econômico e Banco Nacional, Silvio Santos deu uma lição de integridade e honradez, quando podia aferrar-se aos seus advogados e transformar a questão em uma batalha jurídica de décadas para definir responsabilidades sem se importar com quem eventualmente estivesse prejudicado. Das quebras bancárias do Brasil, que eu saiba, apenas a do Banco Bamerindus gerou devolução de valores aos acionistas, ou seja, todas as demais deram prejuízo ao público sem que um diretor viesse à imprensa para se dizer preocupado com a situação de terceiros.

Esse episódio me faz admirar ainda mais a figura do Silvio Santos, que construiu um grupo empresarial gigante a partir do trabalho de camelô, que concorre com competência contra uma gigantesca empresa de comunicações e contra o braço televisivo de uma igreja pentecostal, e que trabalha ininterruptamente até hoje, prestes a completar 80 anos de idade. Homens como ele engrandecem um país, apesar dos percalços que a vida prega.






PS.: Apóio a campanha acima, sob o ponto de vista de evitar a violência doméstica e a palmada destituída de fundamento. Mas a palmada educativa, dentro dos limites do bom senso é válida e sua proibição seria apenas mais um episódio da tradicional hipocrisia brasileira, que acha que redigir Lei e tirar direitos de pessoas sensatas resolve problemas. A Lei não resolve e pessoas ignorantes vão continuar espancando crianças gratuitamente.

16 de nov. de 2010

PAPAI NOEL DOS CORREIOS 2010

Todos os anos, os Correios distribuem alegrias, satisfações e esperanças que vão muito além da entrega de cartões, de cartas e de encomendas, por meio da campanha Papai Noel nos Correios.

Este ano ela tem como lema "A EDUCAÇÃO BÁSICA DE QUALIDADE PARA TODOS" e vai selecionar pedidos das cartinhas de crianças em situação de vulnerabilidade social matriculadas no ensino fundamental público de áreas carentes, um prêmio por sua dedicação aos estudos, um incentivo à cidadania e à idéia fundamental de preparar-se para o futuro.

A campanha dos Correios não é apenas uma busca por doações, é um incentivo a redação, fazendo com que as crianças aprendam o valor de saber ler e escrever. E ao mesmo tempo, é uma oportunidade de, com uma ajuda singela, nos tornarmos cidadãos melhores, seres humanos sensíveis às necessidades das criaturas mais belas criadas por Deus, nossas crianças.

Qualquer pessoa pode ajudar. Eu estou divulgando a campanha aqui, e pedindo para que meus leitores passem a informação para a frente. Quem tem blog, que também faça um post, quem tem twitter, dê RT, quem tem facebook e orkut, avise seus amigos na rede.

Você não precisa gastar mais que algumas horas do seu tempo, dirigindo-se aos Correios e oferecendo-se para ser ajudante para ler as cartinhas e selecionar os pedidos. E quem puder doar brinquedos, roupas, calçados e mesmo outras coisas que sempre aparecem nos pedidos singelos das crianças, seja um padrinho.

Toda a ajuda é importante, por mais singela que seja.

Veja os contatos com uma das regionais dos correios, cujo telefone você encontra AQUI.
E também confira como funciona a campanha no site dos Correios, AQUI.

Vamos promover um Natal feliz para nossas crianças.

10 de nov. de 2010

ENFIM, O COXA VOLTOU!




Imagem do site www.coritiba.com.br e, acima, homenagem à cidade de Joinvile-SC, que tão bem acolheu nós, os Coxas.


Ser rebaixado de divisão no futebol é parte do esporte. Não é vergonha disputar uma série B, C ou D, como não é vergonha não subir de série ou manter-se onde está. É tudo um jogo, é uma disputa que, encarada com o respeito às regras pré-estabelecidas, é sadia e bonita independentemente dos resultados.

Em 6 de dezembro de 2009 não foi o rebaixamento que machucou o coração dos Coxas-Brancas. Naquele dia, a violência patrocinada por uns poucos marginais que não são torcedores, mas bandidos, feriu gravemente a instituição centenária. E nos dias seguintes muito se falou, e até com sorrisos cínicos de satisfação em alguns rostos, que o Coritiba estava morto, que cairia para a série C e que não agüentaria a queda.

Em jornais e sites de Curitiba, torcedores igualmente marginais de um outro clube afirmaram em letras garrafais que todos os Coxas são bandidos e que todos mereciam acabar junto com ele, isso com a leniência de editores, muitos dos quais torciam para que isso acontecesse mesmo.

Depois o clube foi denunciado para o STJD, um tribunal esportivo que, portanto, é influenciado por simpatias clubísticas que caracterizam as condições de suspeição e/ou impedimento definidas pelos Código de Processo Civil e Penal em vigor. Mesmo assim, foi um procurador que é confesso torcedor do seu maior rival que promoveu a denúncia.

No primeiro julgamento sobrou o falso rigor. O STJD que nunca punira nenhum dos grandes clubes do eixo Rio-São Paulo com tamanha ânsia condenatória (basta lembrar que em 1996, aconteceu caso idêntico no estádio das Laranjeiras, Rio de Janeiro, e o clube responsável não sofreu pena alguma) impôs 30 jogos ao Coritiba sem analisar nenhuma das muitas atenuantes do processo(como o fato de que o clube informou por escrito à polícia da grande possibilidade de distúrbios, sem ser atendido no pedido de reforços de guarda). A pena foi reduzida tempos depois por conta da correção de interpretação do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, mantida em 10 partidas a serem jogadas longe do estádio Couto Pereira, mas que na prática corresponderam a 16, porque o clube foi impedido de jogar parte do campeonato paranaense em seu estádio pela recusa da CBF em vistoriá-lo.

Em verdade, eu nada tenho contra a pena. Eu mesmo defendi a punição do meu clube, como o leitor do blog bem sabe e pode comprovar lendo posts anteriores.

Injusta foi a extensão da punição em um processo que a definiu sem uma análise verdadeiramente jurídica, a partir da denúncia exarada por um procurador competente, mas no mínimo suspeito no sentido jurídico da expressão, se não impedido. Uma análise verdadeiramente jurídica teria definido uma pena menor por aplicação de atenuantes, o fato é este.

Pois bem, no ano de 2010 o Coritiba Foot Ball Club jogou 6 partidas do Campeonato Paranaense (1/3 dele) fora do seu estádio e mesmo assim foi campeão por antecipação em um jogo em que bateu seu maior rival, em um torneio em que só perdeu uma partida.

No Campeonato Brasileiro da Série B, o Coritiba mandou 10 de seus 19 jogos na simpática e acolhedora cidade de Joinvile, distante 110 quilômetros de Curitiba. E mesmo assim liderou o torneio por 18 rodadas até ontem, quando garantiu o acesso à série A, mesmo contra os prognósticos entusiasmados daqueles que diziam que cairia para a série C.

A grandeza de uma instituição se mede pela dedicação dos homens que a constituem.

Ela passa pela coragem da diretoria. Tanto do presidente que aceitou a reeleição por saber da importância do desafio, quanto dos que aderiram à ele sabendo das enormes dificuldades que viriam a partir do pleito, ainda em dezembro de 2009.

Passa pelo crédito dos patrocinadores, o Banco BMG, a IRA Motor Peças, Lotto, Nossa Saúde e muitos outros, que souberam valorizar a marca e a verdadeira gente Coxa-Branca.

Por atletas comprometidos como estes que estão vestindo a camisa alvi-verde neste ano de 2010. Alguns deles garotos criados dentro do próprio clube, como Lucas Mendes e Marcos Paulo, e outros que vindos de fora, aceitaram inclusive redução de salário para ajudar o clube, sem contar os funcionários e a comissão técnica liderada pelo (ótimo) Ney Franco, que ganhou como reconhecimento de caráter e competência a oportunidade de dirigir as seleções brasileiras de base.

E por fim, a grandeza de um clube de futebol se mede pelos seus verdadeiros torcedores. Aqueles que vão ao estádio para torcer, cantar e vibrar sem violência, como os abnegados que foram à Joinvile sob chuva e frio em horários difíceis de ir e voltar e outros, sócios, que embora não tenham ido à bela arena da cidade catarinense, mantiveram em dia ou quase em dia suas mensalidades para ajudar a instituição. Todos merecem agradecimentos e parabéns, são todos artífices do impossível conquistado contra tudo e contra quase todos.
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5 de nov. de 2010

FUTEBOL: A SEGUNDONA NÃO É O FIM DO MUNDO


O meu Coxa está no limiar de voltar para a série A do campeonato brasileiro. Dependendo de uma vitória hoje (que será sofrida, acredite o leitor, porque o Ipatinga é osso duro de roer) e um empate nos 4 jogos faltantes.

Mas desde que o Brasil aderiu ao bom senso e instituiu o campeonato de pontos corridos, todos os anos quando chegamos em novembro vemos a mesma novela criada pela imprensa, sobre a "tragédia" que aflige os clubes, especialmente os grandes. A impressão que fica é que, rebaixados, eles estão mortos e enterrados, sem futuro à vista, acabados com direito a protesto de torcidas organizadas e caça a dirigentes que os presidem ano "trágico" de sua queda.

Uma pequena parte da torcida do Coritiba causou um problema colossal ao invadir o campo de jogo após o rebaixamento do clube em 2009, que já era esperado, se bem que uma vitória naquele dia teria impedido. Mas esta sim foi a verdadeira tragédia que afligiu o clube, que a partir de então foi triturado nos tribunais recebendo a maior pena já aplicada no futebol brasileiro, jogando quase 20 jogos fora de seu estádio nos campeonatos paranaense e brasileiro, perdendo sócios e patrocinadores, encerrando ações de marketing e tendo até dificuldades em contratar atletas.
Mesmo assim, o Coxa provou sua grandeza e está disputando com grandes chances a volta à série A. Como também o Bahia, que chegou à terceira divisão, também está, comprovando a força da sua massa torcedora.

Fora isso, o rebaixamento só é desastroso para clubes sem tradição ou com problemas efetivamente sérios de gestão. Veja o leitor que clubes grandes como o Corinthians, o Vasco, o Grêmio, o Palmeiras e o Botafogo caíram e voltaram até mais fortes. Nenhum deles fechou as portas, nenhum deles acabou. E clubes tradicionais como o Coritiba, o Sport e o Bahia vão para divisões inferiores e cedo ou tarde voltam para a série A, porque têm um diferencial que a maioria dos clubes de futebol não têm: grandes torcidas, massa torcedora, gente que empurra o clube para cima se necessário for.

A segundona só é o início do fim para clubes em situação financeira crítica, mas nesses caso é apenas mais um capítulo de uma crise. E também é ruim para clubes de fachada, associações itinerantes que não levam público aos jogos e sobrevivem da negociação de jogadores por serem mantidos por interesses empresariais. Claro que não vou citar nomes desses clubes, mas basta o leitor olhar as tabelas dos campeonatos brasileiros que vai identificá-los.

As séries B,C e D são campeonatos nacionais de futebol, seus títulos são de grande importância para qualquer clube e as vezes, representam o renascimento da instituição. Na era dos pontos corridos, o brasileiro está aprendendo a importância de um futebol organizado em divisões, que permite planejamento de temporada e fortalecimento gradual dos clubes.

A série B é uma prova de força. É tão emocionante e disputada quanto a série A, vencê-la e passar por ela é um atestado de grandeza de uma instituição de futebol. Tregédia não é cair, mas pensar que o mundo acabou e jogar a toalha, abandonar a instituição quando ela mais precisa provar que é forte.

3 de nov. de 2010

A IRRELEVÂNCIA POLÍTICA DO PARANÁ


Dono do 5º PIB estadual do Brasil, do segundo porto mais importante e do terceiro maior destino turístico com uma capital que é referência nacional em urbanismo e qualidade de vida. Líder na produção agrícola, bem colocado na produção de carnes, detentor de um parque industrial considerável especialmente na agroindústria e na área automobilística, corredor de importações do Paraguay, detentor de duas das mais completas universidades do Brasil (UFPR e PUC-PR) e maior produtor brasileiro de energia elétrica, o Paraná está para o Brasil como o Japão para o mundo: rico, mas irrelevante em termos políticos.

Seja quando o governo é conservador, como o de Fernando Collor, seja quando o governo é dito progressista, como o caso de Lula e como, aparentemente, será o de Dilma Roussef, o Paraná não consegue transferir seu peso econômico para a política.

O paranaense que chegou mais perto da presidência da república foi o ex-governador Ney Braga, que foi ministro da educação no governo Ernesto Geisel. Fora isso, mesmo os políticos mais relevantes da terra, como José Richa, Jaime Lerner e Roberto Requião, nunca passaram de curiosidades políticas nos palácios brasilienses, onde há um ou dois paranaenses lotados em tribunais superiores e apenas o ministro Paulo Bernardo em um cargo realmente influente da administração federal, o planejamento.

É certo que a tradição conservadora do estado diminui suas chances de emplacar nomes em governos ditos de esquerda. Mas conservadorismo não é algo ruim, porque sua interpretação depende muito do momento histórico e econômico que se vive. E mesmo conservador, o Paraná foi irrelevante por exemplo, no governo Fernando Collor.

O estado viveu nos últimos 8 anos um governo que se dizia de esquerda e alinhado ao governo Lula, mas não foram raras as vezes que seu governador flertou com o PSDB de José Serra ou Geraldo Alckmin e depois rifou o seu passe na composição da chapa de Osmar Dias, derrotada na corrida estadual justamente pela heterogeneidade e pelo que nós chamamos aqui de "autofagismo", aquela coisa de não ser nada mas invejar o alheio e atrapalhar o sucesso deste, seja impedindo composições, seja se impondo acima dos interesses alheios.

E há pouca probabilidade desse quadro mudar no curto prazo. Na composição do novo governo estadual, acorreram para as hostes tucanas todos os aliados de primeira hora do governo Requião com intuito claro de manter-se no poder e mais do que isso, de não mudar a forma de fazer política em terras paranaenses. Ou seja, o autofagismo continuará forte na terra das araucárias.

A esperança do estado em ter mais importância e consideração política nacional estaria numa renovação do PSDB, com aumento da importância de novas lideranças como Aécio Neves e Aluísio Nunes, incluindo o governador eleito Beto Richa. Mas o fato deste dirigir-se a passos largos para recepcionar de braços abertos a turminha do PMDB que bancou o péssimo governo Roberto Requião, marcado por 8 anos de estagnação política, deixa parecer que as coisas não evoluirão de novo, o estado continuará rico, pujante, mas com influência política quase nula.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...