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9 de ago. de 2016

COMPLEXO DE VIRA-LATA



"Complexo de vira-lata" é uma expressão do genial Nelson Rodrigues que foi muito bem aproveitada pelos políticos e governantes brasileiros para esconder sua incapacidade em fazer as coisas direito, sem roubar o contribuinte, e transferir a culpa de seus atos falhos para o suposto eterno mau-humor nacional consigo mesmo.

É a tal coisa, prometeram um legado que não foi entregue na Copa do Mundo? Complexo de vira-lata, povo chato! Os estádios da copa viraram elefantes brancos? Complexo de vira-lata, ô povo que só vê o lado ruim das coisas! A baía de Guanabara não foi despoluída como prometido para a olimpíada? Vira-lata, onde já se viu esse povo reclamar de poluição? Não tem saúde, nem educação, nem segurança pública, o brasileiro tem medo da vergonha que pode passar com os estrangeiros que vêm ao país? Bando de complexados, tudo se resolve com malemolência, jeitinho e um sorriso no rosto, quem não pensa assim tem complexo de vira-lata!

Quando as coisas não dão certo e as críticas estão pesadas, entram em campo as desculpas clássicas: Fizemos do nosso jeito, dizem alguns. Outros dizem que fizemos o que pudemos. Outros, ainda, dizem que no exterior também houve problemas em situação parecida. 

Admitir que as expectativas que criaram foram muito superiores ao entregue, nem pensar, é coisa de vira-lata achar ruim que o país prometa muito e não cumpra nada, que atrase, que cobre mais caro, que não se organize, que deixe tudo para a última hora. Só passa vergonha o vira-lata, esse cara chato que tem essa mania irritante da excelência, de querer ver as coisas funcionando e de saber o que se faz com o dinheiro que paga de impostos.

E assim vamos, o povo é complexado, é vira-lata. Os políticos e governantes, não. Estes podem superfaturar, prometer, descumprir, prevaricar, roubar, negar, errar, falhar, serem irresponsáveis, não observarem prazos nem orçamentos, não seguir regras de segurança... nada, coisa nenhuma é responsabilidade deles. Se o viaduto caiu é culpa da construtora, se a ciclovia matou é porque a ressaca estava forte, eles não fazem nada errado e sempre tem algum otário para dizer que o brasileiro sofre do complexo de vira-lata na linha de um tenho orgulho do meu país e nojo do vira-lata que vê defeito em tudo

Reclamar e pedir bom uso do dinheiro dos impostos no Brasil virou complexo de vira-lata. É simples, é eficiente e conveniente. Afinal, não tem coisa que deixe um brasileiro mais chateado que não parecer legal e chique, ele não gosta de ser rotulado, brasileiro é cosmopolita por natureza, dá nó em pingo d'água, se adapta em qualquer lugar...  se reclama é vira-lata, é chato, tem mania de achar que tudo aqui é ruim.

Coitados dos simpáticos vira-latas, cães muitas vezes largados no mundo, sofrido mas espertos, fiéis aos donos e que pouco pedem, sempre abanando a cauda ao menor sinal daquela mais básica atenção que merecem e nem sempre ganham. Viraram símbolo de brasileiro chato, mas escudo de político ladrão e incompetente!


13 de jun. de 2016

PERU 1 X 0 BRASIL: CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA

E nunca torço contra a seleção brasileira. Posso não torcer em favor e me abster, como foi na Copa 2014, em que o sentimento de revolta pelo mau uso de bilhões de reais de dinheiro público foi preponderante. Mas contra, nunca.

Acontece que a CBF tornou a seleção brasileira uma coisa comum. Um jogo da seleção era algo extraordinário, um acontecimento. Agora virou um caça-níqueis, porque a CBF marca amistosos com qualquer time que pague a quota em qualquer lugar que tenha um estádio. Mais que isso, até as eliminatórias da Copa do Mundo que eram feitas em dois grupos e com menos jogos, foram banalizadas e viraram um campeonatão de 18 rodadas que força a convocação do escrete à toda hora. Essa Copa América Centenário é outra coisa absurda, porque ano passado também aconteceu o mesmo evento, e então sobrecarregou-se o calendário de ano olímpico, porque a Conmebol precisava avançar sobre os dólares norte-americanos no mesmo estilo de gestão que caracteriza a CBF: o dinheiro em primeiro lugar, o futebol como detalhe.

Hoje a seleção é apenas uma obrigação para a maioria dos convocados, que jogam em clubes europeus organizadíssimos, recebem salários de 6 dígitos em euros e encaram um calendário de 56 ou 57 partidas, no máximo. Não há mais o elemento da consagração, não é mais motivo de orgulho e ansiedade ostentar a camiseta amarela, em contrário, pode ser um fardo ter de abrir mão de suas férias para competirem. Não que eles não joguem com vontade, a diferença é que não é mais consagrador, é apenas mais um jogo, mais um torneio, alguns dias a menos de férias para profissionais valorizados, cheios de mordomias e não raro, temperamentais por conta disto.

Fora isso, o futebol brasileiro não se renova mais. Os poucos craques que aparecem não jogam mais aqui, vão cedo para a Europa ou, pior, para a China. Os pequenos clubes não almejam mais nada, o futebol é tratado como uma festa de 12 agremiações, dos quais a detentora dos direitos de TV quer que apenas 2 sejam campeãs. Todos os demais são coadjuvantes e pagam o preço disso: são eles que suportam as arbitragens ruins e venais, o STJD que tem peso e medida diferente para cada clube, as tabelas absurdas feitas pela CBF a mando da poderosa cadeia de TV e principalmente a incapacidade em revelar e manter bons jogadores, pela premência de fazer dinheiro em negociá-los com a Europa, com a China e até com o mundo árabe, porque a Lei Pelé, contra a qual a CBF nunca se insurgiu, foi feita para beneficiar empresários que pouco apreço têm pelos clubes, todos eles cada vez mais afundados em dívidas.

A soma de tudo isso é sintetizada na seleção. O Peru que era freguês de caderno, virou adversário renhido. O gol de um ex-reserva do Coritiba tirou o Brasil de uma competição em que, no primeiro jogo, só não perdeu por um erro crasso do árbitro, igual ao do gol irregular da seleção andina ontem. O Brasil, com um time de estrelas do Real Madrid, do Barcelona, do Chelsea, do PSG e de tantos outros clubes bilionários, foi batido por um time modesto e ao fim do jogo, não se viu nenhuma cara de vergonha, nenhum brasileiro contrariado, viu-se apenas o mesmo festival de desculpas de sempre, inclusive a mais clássica segundo a qual "não existe mais inocente no futebol".

E as derrotas cada vez piores e mais frequentes. Na Copa do Mundo se mascarou a seleção mal montada pelo clima de festança que tomou o país inebriado por gastar bilhões de reais pensando ser rico. Depois a derrota na Copa América no Chile, a campanha ruim nas eliminatórias e agora a eliminação vergonhosa num torneio em que o Brasil tinha de ser protagonista.

É a morte anunciada por uma piora constante que se pode ver num campeonato brasileiro bagunçado e cheio de times fracos, árbitros ruins e públicos medíocres. Morte de um futebol que está sendo abandonado, vai morrer porque seus protagonistas preferem jogar na na China, na Ucrânia, na Arábia Saudita e na Turquia, todos atrás dos dólares pingados que a CBF elegeu como modelo e prioridade já faz muito tempo.

1 de jul. de 2013

A SELEÇÃO VOLTOU A SER NOSSA, MAS A LUTA CONTINUA!

 Minha ideia era não comentar sobre a Copa das Confederações e aliás, nem assisti-la, em protesto pelo gasto absurdo de recursos públicos no evento e na Copa do Mundo de 2014.

Mas no fim de semana, nada restou senão assistir ao recital de futebol protagonizado pela Seleção Brasileira que, afinal, descobriu-se que é mesmo do povo, acima das espertezas da CBF, das jogadas de marketing da poderosa rede de TV e do escândalo que envolve a FIFA e a organização da Copa 2014. É a tal coisa, em um lugar onde todo mundo pára para assistir o jogo, de que adianta querer ser diferente?

O que muita gente não percebeu nesses dias cheios de emoções durante os quais jogou-se a Copa das Confederações, é que o Rei Pelé estava certo no seu discurso confuso sobre apoiar a Seleção Brasileira, “esquecendo” tudo o que rolava no país. Em verdade, o Rei queria dizer para o povo apoiar a seleção apesar da revolta justificada contra um estado de coisas que afeta a todos e ao qual se chegou porque a classe política cansou de abusar do povo e achava que ia fazê-lo indefinidamente. No final das contas, protestos e seleção se uniram e o povo brasileiro distinguiu bem a verdadeira paixão nacional que as camisas amarelas representam, dos problemas que não foram causados pelos rapazes que às vestem!

Foi bonito ver os estádio enchendo o peito para cantar “Pátria Amada, Brasil!” a despeito do protocolo da FIFA, que não tocava o hino nacional completo, isso em território brasileiro.

Foi mais bonito ainda, ver que essa acolhida popular inspirou técnico e jogadores que, vindos de uma fase negra, talvez a pior da gloriosa história da Seleção Brasileira que tantas vezes arrebatou o país quase sempre em crise, mostraram uma superação incrível que eu, particularmente, penso que foi em homenagem a este povo que resolveu tomar de novo o que é seu e foi para as ruas lutar por isso. Tanto foi que reconquistou algo que realmente é seu, que é a Seleção Brasileira de Futebol, talvez o maior símbolo de brasilidade que exista, apesar de em muitas ocasiões ser também o símbolo de uma alienação nacional que, sonham todos os brasileiros de bem, esteja acabando em definitivo.

A final contra a Espanha pode mascarar as dificuldades que certamente haverão até a Copa 2014. A Seleção ainda tem um longo caminho a percorrer se quiser ser hexa-campeã em casa. Mas foi uma vitória bela, incontestável, uma vitória categórica contra a melhor seleção do planeta na atualidade. E se redescobriu durante esta Copa das Confederações que craque não falta aqui ao sul do Equador na terra onde em se plantando, tudo dá. Neymar e Fred foram sublimes, simplesmente fantásticos, sobrenaturais. Ter os dois no mesmo time jogando com a gana batalhadora que vimos nestes dias é certeza de momentos inesquecíveis, dos quais destaco o gol deitado de Fred e a jogada de gênio (algo que o Rei Pelé faria) de Neymar que, impedido, deu 3 passos para trás e voltou a correr em direção ao gol para fugir do impedimento.

A Seleção Brasileira voltou a ser grande. Não que a da Espanha tenha se apequenado, não que não se deva prestar muita atenção nas verdadeiras escolas de futebol, que são a da Itália, da Argentina e da Alemanha e que, com o Brasil fecham a quadra das seleções que não vivem de uma geração brilhante, como o que acontece com a Espanha e aconteceu com França, Inglaterra, Hungria, Holanda e Tcheco-Eslováquia. Penso que esta geração do futebol espanhol ainda tem muita força acumulada e vai para 2014 com franco-favorita, o time a ser batido pela eficiência do seu futebol. Mas é uma geração de um país que se muito, tem 3 clubes fortes: Real, Barcelona e Atletico Madrid e cuja renovação não se compara à de países como o Brasil, a Argentina e mesmo Alemanha e Itália.


Vendo tudo isso, cheguei à conclusão que não é incompatível protestar contra o gasto exorbitante na Copa e ao mesmo tempo torcer e se emocionar com a camisa canarinho. Eu mesmo, por debaixo de uma máscara ou ingênua ou arrogante, pensei que seria simples não torcer pelas camisas amarelas até a final no Maracanã em julho de 2014. Não é tão simples assim lutar contra o DNA, e tanto não é simples, que o sentimento que ficou é que o país acordou, a luta por tornar esta terra em lugar mais justo continua e será renhida porque há muito o que consertar... mas o país gigante cujo povo acordou de décadas de sonolência, nunca deixará de prestar atenção nas telinhas da TV e abraçar seu filho pródigo que veste 11 camisas e carrega uma história de emoções belas e superlativas tão importantes mesmo para quem esteja nas ruas protestando contra as injustiças!

7 de jun. de 2011

APARÊNCIAS QUE ENGANAM

O conjunto dos governos brasileiros é pródigo em dar sinais antagônicos sobre a economia e as finanças do país.

Em certo momento aceita-se o encargo bilionário de promover uma Copa do Mundo, uma Olimpíada, uma Copa das Confederações e uma Copa América. Em outro, corta-se o orçamento em 50 bilhões alegando necessidade premente de ajustar as contas públicas, cujo ritmo de crescimento das despesas é muito superior ao do crescimento das receitas, mesmo estas crescendo todos os anos, juntamente com o crescimento da carga tributária.

Nunca há dinheiro rápido e suficiente para atender a contento as necessidades de reconstrução de comunidades envoltas em tragédias causadas pelas próprias omissões públicas, como o Morro do Bumba e a Serra Fluminense, mas não faltam recursos para a construção de prédios suntuosos para a administração ou a aquisição de automóveis de luxo ou aviões para servir aos políticos.

A FAB é a melhor companhia aérea VIP do mundo servindo aos poderes constituídos. Mas como força de combate é uma piada, resultado da política de não medir custos para comprar aviões de uso VIP, mas negar ou negociar até os milésimos de centavos na aquisição de aviões de combate e transporte tático e logístico.

O BNDES libera dinheiro público para construir 12 arenas não necessariamente úteis ao país entre as quais a mais cara, a do Maracanã, que vai custar mais de 1 bilhão dos cofres fluminenses. Mas o governador daquele estado nega aos bombeiros a discussão sobre um salário digno de suas funções, visto que o praticado lá, é o menor do país, apesar do Rio ser a terceira unidade mais rica da federação e não medir recursos para assumir encargos adicionais da Copa do Mundo, como o centro de imprensa, que certamente também não sairá barato, como barato não está saindo a reforma do apodrecido estádio que não ficou pronto para a Copa de 1950 e é bem capaz que não fique para a de 2014.

Esses sinais contraditórios dos senhores políticos, ora dizendo que é tempo de gastar para alavancar o progresso, ora alertando que se deve apertar o cinto para adequar o orçamento, levam às mais variadas demandas na sociedade, especialmente as salariais, porque o povo sempre acreditará nma primeira hipótese e nunca na segunda.

Se é aceitável gastar 1 bilhão em um estádio como o Maracanã, ou comprar aviões VIP, ou encomendar carros de luxo, também não deve faltar dinheiro para melhorar o salário de um profissional importantíssimo como o bombeiro, que no Rio de Janeiro, tem como salário inicial a hilariante piada (menos para os bombeiros) de R$ 1.031,00, que com descontos, passa a ser de R$ 950,00.

Enfim, a aparência de país rico engana, mas quem mais engana são os políticos cujas promessas e atos nunca levam em consideração as verdadeiras necessidades nacionais.


O que precisa acabar neste país é a governabilidade de aparência partida de políticos ávidos em assumir encargos que gerem publicidade e holofotes, mas preguiçosos e com absoluta má-vontade em tratar de coisas práticas e comezinhas, como a administração financeira de seus governos, de tal modo a enfrentar as verdadeiras demandas sociais, entre as quais, a da segurança pública, que certamente passa por um Corpo de Bombeiros bem remunerado e com alto moral na tropa, moral este que certamente melhora os já inestimáveis serviços que presta para a sociedade.

11 de fev. de 2011

MAIS DO MESMO SOBRE A COPA DO MUNDO 2014

Na Folha de S.Paulo:

TCU aponta erros e diz que Copa pode repetir fracassos do Pan.

No Estado de S.Paulo:

TCU aponta problemas em obras do Maracanã para Copa do Mundo de 2014.

O TCU afirma que o orçamento para as obras do Maracanã não passa de ficção. O estádio que foi reformado para o Mundial FIFA de Clubes em 2001, depois para os Jogos Panamericanos de 2007, já projeta custos de mais de R$ 1 bilhão, sendo que estes não páram de crescer, o que está acontecendo em todas as demais sedes onde já há obras de estádios públicos. Nos dois casos de estádios privados, mesmo com dinheiro público as obras não começam.

Estamos caminhando a passos largos para um episódio de assalto aos cofres públicos na esteira de obras emergenciais e revisões de contrato.

11 de jan. de 2011

O MARACANÃ VAI ATRASAR E CUSTAR MAIS CARO


O estádio do Maracanã sofreu reformas logo após a tragédia da final do Campeonato Brasileiro de 1997, quando vários torcedores sairam feridos e um morreu, numa queda decorrente da uma murada que cedeu, porque o lugar estava absolutamente abandonado e pessimamente administrado, e mesmo assim recebeu um público superior a 100 mil pessoas naquele dia.

Depois, sofreu nova reforma em 2001, para sediar o 1º Mundial de Clubes da FIFA, vencido pelo Corinthians.

E para os Jogos Panamericanos de 2007, foi novamente reformado, com reforço estrutural e encadeiramento completo, além do rebaixamento do gramado. Se diz que isso custou R$ 250 milhões, mas há as más linguas que afirmam que custou o equivalente a dois Engenhões, o que estaria em torno de R$ 700 milhões (é, o Engenhão custou R$ 350 milhões, mas não foi indicado para sediar a Copa 2014).

Ficarei com versão de que a reforma para o Pan custou R$ 250 milhões e vamos acrescer uns R$ 50 milhões para as outras duas reformas citadas.

Então, o custo disso foi de 300 milhões de reais e mesmo assim, o estádio inaugurado em 1950, que sediou a Copa do Mundo daquele ano inacabado justamente pelos mesmos motivos que hoje preocupam a FIFA - super-faturamento e incompetência visceral na execução das obras - continua precisando de adequações para a Copa 2014.

Pensava-se em por abaixo o complexo, que também abriga o Parque Aquático Julio Delammare, um conjunto de pistas de atletismo e o Maracanazinho, mas veio a grita, dizendo que o patrimônio histórico estaria comprometido.

Um estádio novo custaria algo em torno de 600 milhões de reais, e daria ao Rio de Janeiro uma praça de futebol com o que há de mais moderno em infra-estrutura e conforto para ser usada por mais 50 anos, se bem que o Rio não precisaria dela tendo o Engenhão. Mas venceu a tese do "patrimônio histórico" e resolveram reformar o elefante branco ao custo de 712 milhões de reais.

Ou seja, 1,012 bilhões de reais por um estádio que, agora, os engenheiros estão "descobrindo" que tem as estruturas comprometidas, de um tal modo que sua recuperação vai custar mais 300 milhões e 6 meses adicionais de obras, atrasando o cronograma para 2014. Isso, você confere em O Globo de hoje, ou no Portal G-1

Enfim, contando tudo, a reforma do Maracanã vai custar quase 1,4 bilhão de reais, ao passo que um complexo novo sairia por algo em torno de 900 milhões, o que também é caro, considerando que seria uma praça para receber jogos de clubes de futebol falidos, com preços subsidiados de ingressos, o que acaba levando para dentro do estádio todo tipo de vândalo, como os que têm destruído o novíssimo e desprezado estádio do Engenhão.

É a farra da imoralidade no trato com o dinheiro público, da incompetência visceral na administração dos projetos e das obras (ora, ninguém imaginou que depois de 60 anos não haveria problemas estruturais?)e da demagogia em torno de um patrimônio histórico que simplesmente não existe, afinal, o Maracanã não foi palco de nenhum momento cívico importante, porque jogos de futebol não são importantes para história de lugar nenhum, como comprovam as demolições de estádios como o Da Luz e o José Alvalade(Lisboa), do Dragão (Porto) e Wembley (Londres), ou ainda o Sarriá (Barcelona) ou o Vicente Calderón (em Madrid), que será brevemente posto abaixo.

Dinheiro público jogado no lixo, numa cidade conhecida por sua leniência em deixar que pessoas construam em encostas e morram a cada chuva mais forte, ao invés de investir em moradia popular digna...

29 de nov. de 2010

TEMOS QUE TORCER PELO BEM DO RIO DE JANEIRO


Todos os brasileiros tem a obrigação de torcer e rezar pelo bem do Rio de Janeiro.

Temos que acreditar que, desta vez, finalmente abriu-se uma guerra contra o tráfico e o crime, e que esta guerra só vai terminar quando o Rio voltar a ser uma terra de paz, onde as pessoas possam andar tranquilas sem a paranóia da violência gratuita que tomou a cidade.

Porque finalmente, depois de décadas de demagogia, um governo assumiu o ônus de enfrentar o crime de modo direto e franco, sem sujeitar-se a interesses mesquinhos de gente que se aproveita da violência e da desgraça para uso político, pregando direitos humanos para bandidos que não observam isto no trato com as comunidades que controlam. Muito se falou que as forças armadas não deviam intervir em conflitos assim e agora se comprovou que elas são imprescindíveis na árdua tarefa de impor a Lei a todo o país. Pela primeira vez as esferas de governo chegaram a um termo em que se respeita a Constituição e ao mesmo tempo, se ataca o crime.

Queira Deus que tenha acabado a leniência histórica com a bandidagem, que sempre marcou um Rio de Janeiro acostumado a exaltar contraventores e impedir que a polícia subisse o morro.

Tenho lá minhas críticas às UPP(s) e a forma com que esse processo tem ocorrido, mas mesmo assim, prefiro acreditar que agora as coisas serão diferentes e que finalmente este país abriu os olhos a necessidade de não transigir nunca com bandidos e impor a Lei a todos, doa a quem doer.

Mas desde já aviso que uma vez iniciada a guerra no Rio, é preciso que todos os demais estados também se mobilizem, porque a migração dos traficantes será inevitável. Alguns deles sairão do Rio para se instalarem em áreas igualmente pobres no PR, SC, PE, BA, GO, etc... o que significa que, agora, temos que iniciar imediatamente um sistema de prontidão nacional.

E também não deixo de reiterar minha opinião sobre o assunto: Uma vez efetivamente pacificadas, as favelas cariocas e as de qualquer lugar do país precisam ser realmente urbanizadas, transformadas em bairro de tal modo a possibilitar uma vida digna e sadia para sua gente, uma vida em que a violência não seja uma necessidade para sobreviver.

24 de nov. de 2010

NO MUNDO DOS SONHOS DA COPA E DA OLIMPÍADA

A imagem aterrorizante é de "O Globo". E faz parte do mundo real que os políticos brasileiros teimam em negar.


As Unidades de Polícia Pacificadora conseguem conter a violência nas favelas que os governos cariocas se recusam a urbanizar verdadeiramente. Mas são incapazes de extinguir organizações criminosas, na medida em que fazem apenas policiamento ostensivo e retiram efetivos policiais de outras áreas para onde o crime migra.

Agora viraram alvo para uma ação conjunta de grupos de traficantes (mesmo rivais), que trataram de colocar a cidade do Rio no caos completo, sabendo de antemão que as autoridades não conseguiriam dar conta de organizar o enfrentamento massivo e muito menos de explicar os fatos à opinião pública, o que está visível nestes últimos dias.

Quando escrevo aqui sobre urbanizar favelas, trato da necessidade imperiosa de transformar o gueto que elas sempre foram em um bairro comum, onde seja possível o controle policial normal sem necessidade de UPP(s) ou coisas parecidas.

A arquitetura de uma favela favorece o crime organizado na medida em que não há arruamento e as "casas" são todas coladas parede a parede. Logo, uma vez invadida pela PM, uma favela precisa virar um canteiro de obras com a derrubada de parte dos barracos para dar lugar a arruamentos, praças, iluminação pública e equipamentos urbanos. Porque é simples, a favela estará pacificada na presença da polícia, se esta sair, volta a ser gueto para o controle pela bandidagem, que ainda assim não deixa de estar lá, escondida, embora inoperante mas planejando sua volta triunfal, como a verificada nos últimos dias.

No mundo dos sonhos dos governos brasileiros faremos uma Copa do Mundo e uma Olimpíada improvisando soluções de segurança pública e intervenções urbanísticas, achando que o turista virá para nossas cidades em segurança. Esses epísódios do Rio de Janeiro comprovam claramente que em um evento como este os bandidos podem fazer uma manifestação de força aterrorizante a partir da ingenuidade e cupidez dos governantes brasileiros, que acham que favela não precisa ser consertada como forma de combate ao crime.

O Brasil vai investir algo em torno de 3,5 bilhões de dólares só em estádios para a Copa do Mundo, isso contando por baixo. Mas não consegue alocar metade disso para aumentar os efetivos policiais, melhorar sua remuneração, aperfeiçoar o treinamento e dar ao cidadão a sensação de segurança que não existe mais nem em cidades pequenas, onde, repito novamente, nem um prosaico telefone 190 funciona.

Mais que isso, estima-se que o custo da Copa do Mundo seja de 14 bilhões de reais, dinheiro que para isto aparece, mas que não existe para um programa habitacional amplo para transformar favelas do país inteiro em bairros onde as pessoas consigam ver-se livres do crime enraizado.

No mundo dos sonhos dos políticos, o Brasil terá um trem-bala depois da Copa 2014, e os problemas aéreos serão resolvidos com terminais provisórios, sem que se construam aeroportos. No mundo dos sonhos das autoridades o combate ao crime é feito colocando efetivos policiais em prontidão local por algum tempo, achando que, quando sairem, os criminosos não voltarão.

Quem sabe agora os sonhadores políticos brasileiros percebam que estão lidando com criminosos efetivamente violentos e organizados, capazes de desestabilizar até os projetos de mostrar ao mundo um país de sonhos, cuja realidade é bem pior que um pesadelo.

20 de ago. de 2010

ESGÔTO E COPA

O IBGE informa com dados de 2008 que apenas 26,5% dos municípios brasileiros tem uma rede coletora de esgôto. E mais da metade deles sofre com enchentes e falta de controle das águas das chuvas, o que significa que volta e meia a população está sujeita ao contato direto com o esgôto não tratado que sobe junto com a enchente.

Uma situação vergonhosa. O Brasil pretende gastar 16 bilhões de reais para sediar uma Copa do Mundo com estádios suntuosos, mas não consegue captar esgôto nem em 1/3 do país!
As prioridades brasileiras são invertidas.
Em verdade, não existem redes coletoras de esgôto porque o próprio povo não dá muita bola para isso, vez que não sabe sequer manejar adequadamente seu lixo sólido, que joga em qualquer lugar, especialmente os rios. O povo está entusiasmado com a Copa do Mundo no Brasil, porque vai ter a oportunidade de ver (de fora) estádios belíssimos e grandes craques nas janelas de ônibus ou nos locais de desembarques de aeroportos.
Cobrar dos políticos o que eles efetivamente devem fazer, nem pensar!
Ontem ouvi o Datena fazendo um comentário interessante: ele perguntava sobre as propostas dos políticos em 2006, 2002, 1998, no caso, na área de segurança. E depois perguntava: melhorou?
É a mesma coisa a cada 2 anos: os políticos falam em segurança, em saúde, em saneamento, mas na prática não fazem nada, tratam de seus interesses paroquiais enquanto no exercício do poder. Sabem que o povão troca voto por cesta básica, que esquece das promessas, que não se interessa por política.
Os projetos brasileiros de saneamento que andam, são aqueles que envolvem empréstimos a fundo perdido, o que explica a lerdeza na solução do problema, até porque, não é prioridade de ninguém...

21 de jul. de 2010

QUAL O CUSTO DE UMA COPA DO MUNDO?

Nos países desenvolvidos é moleza sediar um evento como Copa ou Olimpíada. Lá, tudo ou quase tudo está pronto: os aeroportos estão adequados à demanda, há linhas de metrô, corredores de trânsito, ciclovias, hotéis, terminais portuários de passageiros, etc...

O fato de Alemanha, Japão e Coréia terem construído vários estádios para as copas que sediaram só reflete sua pujança econômica, mas não as exigências do caderno de encargos da FIFA ou do COI, que eles excederam com louvor por já terem condições pré-estabelecidas que facilitavam a tarefa.

Em 1998 a França só construiu um estádio para a Copa, reformando outros datados das décadas de 20 e 30 e o evento foi um sucesso. Fato parecido aconteceu na Itália em 1990 e em 1994, a Copa nos EUA não recebeu nenhum centavo de dinheiro público, foi tocada exclusivamente por investidores privados, que escolheram cidades-sede já adequadas ao evento.

Nas Olimpíadas de 2012, o Estádio Olímpico será erguido com estruturas móveis que serão desmontadas logo após, o mesmo acontecendo com várias outras arenas para as demais modalidades, por contenção de custos.

Não estou dizendo que os países ricos não cometem exageros. Em Atlanta, o estádio olímpico foi demolido logo após o evento (se bem que lá, foi erguido sem dinheiro público) e Japão e Coréia acabaram com estádios abandonados após sua Copa.

Esou dizendo que para eles, é muito mais fácil ostentar estádios moderníssimos e reluzentes, que aparecem nas TV(s) do mundo afora, porque sua necessidade de gastarem na infra-estrutura (portos, hotéis, metrôs, trânsito) é muito menor.

O Brasil está incorrendo em um erro grave. Quer entregar para a Copa 2014 estádios tão ou mais suntuosos que os da África do Sul em 2010, da Alemanha em 2006 e de Japão-Coréia em 2002. Isso a um custo colossal que não leva em consideração outro custo igualmente extraordinário que é o de adequar minimamente as cidades-sede para o fluxo de turistas do evento.

Se em Recife e Salvador eles se justificam, estádios novos em Cuiabá, Natal, Manaus e Brasília são um atestado de desperdício, porque ficarão inúteis após o evento. E também não é aceitável que o estádio mais moderno do país, o Engenhão, fique de fora do evento, o Rio de Janeiro, como Johanesburgo, poderia ter dois estádios, sendo que em São Paulo, a reforma do Morumbi ou do Pacaembú seriam suficientes.

E ao mesmo tempo, o Brasil está negligenciando as obras de mobilidade urbana. O trem-bala que foi prometido não sairá para a Copa, como dificilmente sairá a linha do metrô de Curitiba e como estão parados todos os projetos sobre isso em todas as cidades-sede, enleados em burocracia licitatória e interesses paroquiais.

Que o Brasil vai sediar a Copa e que o evento será um sucesso eu não duvido. Mas a que custo, nessa toada?

19 de jul. de 2010

COPA:O PLANO C EM SÃO PAULO, OS PLANOS MIRABOLANTES DE CURITIBA

Bem, o assunto não evolui mesmo.

Estamos a menos de 4 anos da Copa do Mundo 2014 e nenhuma obra efetivamente foi iniciada, sendo que o governo inventou uma Medida Provisória tipo "trem da alegria", para facilitar o andamento das obras que não estarão prontas para o evento(*), tocadas pela União, por Estados e Municípios.

Tudo dentro do previsto, afinal!

Em São Paulo, o Morumbi não serve e o Piritubão custaria muito mais que o bilhão orçado para erguer o estádio, vez que seriam necessárias dezenas, senão centenas de intervenções de mobilidade urbana, para que a praça de esportes não ficasse esquecida da periferia. Hoje já se fala numa reforma do Pacaembu, para que ele tenha capacidade de 44 mil pessoas e receba jogos do evento, mas não a abertura. Teria um custo de R$ 500 milhões só no estádio, mas o custo e o tempo de execução de obras de mobilidade urbana seriam infinitamente menores, por estar em bairo nobre e central.

Menos mal que em São Paulo tem gente pensando!

Em Curitiba estamos no seguinte impasse: a população do estado não aceita que a COPEL enterre dinheiro no estádio escolhido para a Copa e não apareceu nenhum investidor privado, nem com a possibilidade de ganhar uns quebrados com a negociação do potencial construtivo(**) que a prefeitura inventou para viabilizar a obra. Por outro lado, os dirigentes do clube proprietário do estádio negaram o uso do patrimônio da instituição como garantia para um empréstimo do BNDES ou outro, do BRDE (***), Também negaram o uso de seu patrimônio pessoal como garantia e ofereceram o potencial construtivo, que nada mais é que vento, só valorizado se o comprador for muito burro. Empréstimo sem apresentação de garantias é dinheiro a fundo perdido, ou seja, é dinheiro que o devedor só paga se quiser, ou estou errado?


E nesse vai não vai, Curitiba está para perder o evento, o que não seria nada mal para os combalidos cofres do estado do Paraná, e os do Município de Curitiba. Aliás, sejamos francos: os investimentos anunciados para a Copa em Curitiba, são os menores de todo o país e passíveis de serem feitos até sem o o evento. Dizer que Curitiba os perderia em não sediando a Copa é apenas desculpa esfarrapada, afinal, será que os brasileiros de Curitiba não têm direito a um linha de metrô que só ficará operacional muito depois de 2014, se a FIFA disser que sim?
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(*) Ninguém apresentou garantias de que o trem-bala entre SP e RJ fique pronto antes de 2014, só a título de exemplo. (**) Trata-se de um crédito previsto em Lei, para que alguém que tenha direito a construir "x" andares em seu terreno, venda esse direito para que o comprador levante mais andares em um local onde a autorização é menor. (***) Banco de fomento de propriedade dos tesouros dos estados da região sul, leia-se: DINHEIRO PÚBLICO!!!

12 de jul. de 2010

ESPANHA CAMPEÃ NUMA COPA RUIM

Ontem a correria excessivamente faltosa do time da Holanda a fez perder a Copa. O time laranja correu tanto e bateu tanto no afã de impedir que o time da Espanha jogasse, que chegou à prorrogação extenuado, levando bolas nas costas da zaga até que o gol saiu.

A Espanha venceu a Copa, não se deve desmerecer o trabalho de Vicente Del Bosque com esta geração de atletas, que para o país está como a geração de Zidàne para a França, mas que está longe, como a França, de virar uma escola como são as do Brasil, Alemanha, Argentina e Itália.

Critico o futebol desta copa.

A praga européia do futebol de resultados cobrou uma conta cara.

Foi a pior que já assisti, incluindo a também medonha Itália 90'.
Jogos sonolentos por excessivamente defensivos. Poucas decisões dramáticas. Poucos craques. Excesso de faltas mal punidas pelos juízes (o Brasil que o diga nos jogos contra Costa do Marfim e Holanda). Erros grosseiros de juízes e bandeiras. E tudo ao som irritante das vuvuzelas, acionadas pelos entediados das arquibancadas.

A simpatia dos africanos não compensa o futebol horroroso desta copa, e, principalmente, a falta dos craques como (eca!) Maradona, Romário e Zidâne que levaram nas costas os seus times ao título fazendo jogadas memoráveis.

Futebol é craque no campo e bola na rede e sinceramente, cansei desse futebol de poucos gols que assistimos em 2006 e 2010. Queira Deus que em 2014, as redes balancem e os craques brilhem!

9 de jul. de 2010

COPA 2014: A CONTA COMEÇOU A APARECER!

A COPEL, companhia pública de energia elétrica do Paraná foi convocada pela raia miúda da política local para assinar com o clube proprietário do estádio indicado para a Copa 2014, um contrato de "naming rights", disponibilizando os quase R$ 100 milhões que faltam para que apresentem-se as garantias à FIFA e se façam as obras necessárias.

Para amenizar o impacto na opinião pública, a companhia também pretende patrocinar os 3 clubes da capital, provavelmente nas mangas das camisas e em placas nos estádios. Uma esmola para agradar os torcedores dos dois outros clubes de Curitiba e quem sabe, calar-lhes a boca contra o despautério de uma empresa monopolista entrar em um negócio sem necessidade, pois não têm concorrência interna, sua publicidade sempre foi institucional e educativa.

Não é nada certo ainda, porque ainda existe pressão popular para que não se coloque dinheiro público no estádio privado que sediará a Copa e porque não se sabe como o negócio seria feito de modo a ser aprovado no Tribunal de Contas do estado.

Mesmo assim, os políticos paranaenses envolvidos com a Copa queimam as pestanas para arranjar uma solução que, mesmo ilegal, só venha a apresentar problemas depois de 2014, quando "Inês" estará morta!

Pois bem, hoje a COPEL anunciou um aumento de (pasme!) 15,1% nas tarifas de energia elétrica pagas por todos os paranaenses, para supostamente capitalizar a empresa.

Ou seja, começou a aparecer a conta da Copa 2014!

4 de jul. de 2010

DRAMA E FUTEBOL


É certo que todo brasileiro que se preze encara a Copa do Mundo como uma chance de comemorar mais um título.

Mas, em verdade, descobri que o que mais me chama a atenção mesmo é a dramaticidade de certos jogos, coisa que se repete nas copas nacionais e nos torneios continentais de clubes, mas que numa Copa do Mundo toma contornos de tragédia.

Já há bastante tempo, a FIFA faz uma edição competente de imagens, mesclando o jogo em si, as jogadas polêmicas e os sentimentos dos torcedores nas arquibancadas. O leitor já notou que nos "mata-matas" as câmeras procuram torcedores angustiados nas arquibancadas entre um lance e outro da partida?

E também há capricho no clima pré jogo. Oa jogadores são mostrados na zona mista, alguns incapazes de esconder o nervosismo, outros se abraçando e desejando sorte aos adversários. Eles entram em campo em um ritual sob aura de pompa e circunstância e cantam os hinos nacionais acompanhados pelos conterrâneos nas arquibancadas.

É um processo de preparação nacional e emocional (não necessariamente para acalmar ninguém) para o drama que vai seguir.

E realmente, o jogo acaba sendo, de regra, dramático. Peguemos o para nós trágico Brasil X Holanda da virada espetacular dos europeus. Passemos pelo tragicômico de Uruguay X Gana, onde o jogador que tirou o gol africano com as mãos, de vilão virou herói no tempo de apenas uma cobrança de penalti. Ou ainda Espanha X Paraguai, decidido no capricho da trajetória da bola nas traves.

A Copa do Mundo, além de uma competição esportiva, é um show de TV. Mais ou menos de 1982 para cá, substituiu-se o futebol fulgurante de gênios como Pelé, Puskas, Garrincha, Yashin, Gerd Muller, Eusébio, Mário Kempes, Cruijff entre outros, por uma transmissão que embala os sentimentos da platéia pelo mundo afora, por mais que craques ainda existam.

Nesse ponto, é o casamento perfeito entre esporte e show, atividade física e tecnologia.

16 de jun. de 2010

HAVERÁ ESTÁDIOS PRIVADOS EM 2014?

O Comitê Organizador da Copa 2014 (leia-se: CBF) excluiu hoje o Morumbi, estádio do São Paulo FC, da lista dos que sediarão o evento, porque clube não apresentou garantias finaceiras.

Eu alertava aqui no blog há algum tempo que não haveria investidores para estádios privados fora do eixo Rio-SP.

Errei! Simplesmente não haverá investidores para estádios privados porque é muito mais fácil aderir à tese da moleza: para quê investir na construção de estádios se basta esperar que os governos dos otários brasileiros os façam, e depois da Copa patrociná-los a custo infinitamente menor sem a necessidade de recuperar o investimento imobilizado?

O Engenhão está aí de exemplo: orçado em 50 milhões, custou 300 e nem será usado na Copa. Se interessar para alguém, basta oferecer a quantia mensal da manutenção, que é em torno de R$ 250 mil, para garantir o "naming rights" e explorar o elefante branco, o que o Botafogo não consegue!

O Bob Fernandes, no Terra, leia AQUI, faz comentários interessantes sobre a precariedade dos estádios sul-africanos.

Ora, se na África do Sul os estádios podem ser precários, porque o Morumbi, que é um ótimo estádio, não pode sediar Copa? Se na África do Sul tem estádio com fosso (teoricamente proibido pela FIFA), porque o estádio em Curitiba precisa acabar com o seu e empreender dezenas de modificações suntuosas?

Tudo caminha para a construção e reforma bilionária de estádios públicos que depois da Copa voltarão a cair aos pedaços como a Fonte Nova e o Pituaçú em Salvador, o Machadão em Natal e mesmo o Maracanã e o Engenhão no Rio.

Fala-se num Piritubão em São Paulo, ao custo de 1 bilhão de reais, para sediar jogos do Corinthians que, por sua vez, já está usando o Pacaembú com ótimos resultados para o clube. Especula-se de um estádio público em Curitiba para atender Coritiba e Paraná Clube, dois clubes que jamais precisaram de ajuda governamental para nada e cujas torcidas certamente preferem mais polícia na rua, que um elefante branco a afastá-los dos confortáveis Couto Pereira e Durival de Britto.

Porto Alegre só se livrou da jaca porque muito antes dessa hstória sórdida de Copa do Mundo, o Gremio conseguiu um investidor para fazer um estádio independente dela! Se não, os gaúchos estariam tratando de uma arena estadual ou municipal também.

Não sou engenheiro mas afirmo: o Morumbi pode muito bem sediar a Copa com uma reforma de 200 milhões. Assim como o estádio de Curitiba também, com uma reforma de 30 milhões. Assim como é desperdício construir estádios novos suntuosos em Cuiabá, Natal e Manaus, cidades onde nem há grandes clubes de futebol. Assim como é desperdício fazer mais uma reforma caríssima no Maracanã, que passou por intervenções para o Mundial FIFA de clubes em 2000 e para o Pan-Americano, ambas estourando orçamento, o mesmo que já passou dos 700 milhões e não pára de crescer, mesmo sem que um tijolo seja aplicado no lugar.

Alguém está vendendo a idéia de que a FIFA quer que a Copa no Brasil seja igual à da Alemanha. Estamos assistindo os governos de um país que não consegue fazer funcionar um prosaico telefone 190 para a segurança pública, se disporem a torrar bilhões em estádios que, de regra, depois do evento não servirão para nada!

E o pior...estão usando a Copa na África para aliviar o impacto no noticiário.

3 de mai. de 2010

A ENROLAÇÃO DA COPA 2014

Eu vou escrever sobre isto e continuar incomodando, por mais que pareça chato ou radical.

Estamos em 3 de maio de 2010, o Brasil foi oficialmente escolhido em 2007 pra sediar a Copa de 2014, sendo que sabia desde 2006 que, na disputa pelo direito de sediar o evento, não teria concorrentes.

Ou seja, as autoridades brasileiras, os clubes proprietários de estádios, as prefeituras das principais cidades (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre) já sabiam desde 2006 que teriam pela frente o desafio de fazer obras de mobilidade urbana e estádios.

O Brasil está enrolando a FIFA há 4 anos!

E os políticos brasileiros e os empreiteiros que os apóiam esfregam as mãos, sabendo que quanto mais atraso houver, mais provável que as obras corram com dispensa de licitação e sem limitação de custos, o que vai enriquecer corruptos de todos os matizes e legar dívidas astronômicas para o país, além das já tradicionais faltas de saúde, de educação e segurança pública.

No mês passado, as chuvas deslindaram o caos decorrente da falta de política habitacional e da burocracia insana do país, e também da irresponsabilidade dos políticos brasileiros. CENTENAS de mortos cujas famílias são gozadas por políticos que querem construir estádios de R$ 1 bilhão (caso do Maracanã e do elefante branco de Brasilia) mas se recusam a construir casas que custariam no máximo R$ 50 mil por unidade (20 mil casas populares), para atender um povo que mora se equilibrando em favelas nos morros e que não terá dinheiro nem para assistir um Argélia X Costa Rica do evento que eles tanto defendem que seja feito à custa exclusiva do dinheiro público, porque já está claro que nenhum investidor privado tem interesse em erguer estádios no país, salvo se conseguir isenção total de impostos e empréstimos a fundo perdido do BNDES.

Uma vergonha nacional.

8 de abr. de 2010

A TRAGÉDIA, A COPA, A OLIMPÍADA E O VERDADEIRO BRASIL


A imprensa já noticia. A FIFA e o COI estão em alerta após a imagem do Maracanã e o Maracanazinho debaixo d'água com as chuvas torrenciais que atingiram o Rio de Janeiro.

E o alerta aumenta a cada nova notícia. Ocupação irregular sobre o terreno de um lixão, que causa deslizamento de terra e mata 200 pessoas não é algo que agrade às entidades donas dos direitos sobre a Copa do Mundo e a Olimpíada.

A imagem do Brasil está desgastada perante elas e a capacidade (e mesmo a oportunidade) brasileira de organizar os eventos está em xeque.

Essa tragédia que ceifou a vida de centenas de brasileiros está mostrando para a FIFA e o COI o verdadeiro Brasil, que não é aquele imensamente belo, contagiantemente alegre e quase perfeito de filmetes de promoção feitos para serem assistidos pelos delegados e convencionais das entidades, que decidem quem vai sediar os eventos.

O verdadeiro Brasil é um país com um déficit habitacional que atinge 50 milhões de pessoas, sendo que muitas delas vão morar em áreas de altíssimo risco, em meio a lixo, ratos e esconderijos de traficantes de drogas. O verdadeiro Brasil é um lugar onde políticos liberam loteamentos irregulares ao arrepio das mínimas regras de engenharia e bom senso, aproveitando-se da corrupção epidêmica e de prefeituras incapazes e mal aparelhadas, até porque existentes apenas para pagar lautos salários para prefeito, vice-prefeito, secretários e no mínimo 9 vereadores completamente inúteis. O verdadeiro Brasil é este país que se comprometeu a entregar todos os estádios da Copa 2014 em 2012, mas até agora não iniciou a obra de nenhum e se o fizer, será com o assalto planejado dos cofres publicos ao forçar a dispensa de licitações por urgência, com superfaturamento e sacrifício das necessidades básicas de milhões de pessoas pobres em favor de meia dúzia de espertalhões(a maioria políticos) que vão se fartar em não precisando conter seus custos.

Ninguém duvida da capacidade brasileira e sediar eventos em 2014 e 2016, nem eu.

Mas fico me perguntando se esse gasto estimado por baixo em 20 bilhões de reais não seria melhor utilizado em um amplo e audacioso programa de moradia popular, esquematizado com objetivos claros de desfavelizar as grandes cidades brasileiras, criando mecanismos rígidos de controle de construções e de ocupações urbanas. Um grande programa para padronizar a legislação edilícia do país e ao mesmo tempo construir casas populares decentes para os brasileiros (não esses cubículos assemelhados a solitárias de prisões que vemos nas COHABs), repovoar áreas abandonadas como centros históricos de grandes cidades e "cracolândias" e ao menos prevenir desastres em áreas passíveis de construção mas ainda arriscadas. Um grande programa que geraria tantos empregos e riquezas quanto uma Copa do Mundo e uma Olimpíadas embora sem a publicidade mundial que tanto agrada os egos de alguns políticos. Um programa para resgatar a dignidade de milhões de brasileiros, muitos dos quais estão chorando hoje, a morte de entes queridos. Será que investindo diretamente nos brasileiros não teríamos mais lucro?

8 de mar. de 2010

COMENTÁRIOS SOBRE A COPA 2014

O clube paranaense dono do estádio de Curitiba anunciou que só cobrirá 30% do custo da obra exigida pela FIFA, deixando os 70% restantes sob a responsabilidade do poder público, visto que seus dirigentes entendem que "não é justo" o clube arcar com custos tão altos por conta de "apenas" 3 ou 4 jogos.

Engraçado é que qualquer pessoa que acompanhe copas do mundo pelo menos desde 1986 sabe que estádios alocados para a tarefa recebem no máximo 6 jogos do evento. Mas agora virou desculpa para ficar de olho grande nos recursos, a fundo perdido, dos cofres públicos.

Bem, a FIFA também não aprova o projeto de reformas do Morumbi em São Paulo, sendo que ontem, o noticiário aventava um "plano B", ou seja, a construção de uma arena completamente nova a um custo proporcional à importância da cidade de São Paulo, algo em torno de R$ 500 ou 600 milhões.

Segundo o que li ontem, a notícia diz que "sairia mais cara" mas resolveria o problema. A questão é saber que problema? E sairia mais cara para quem?
Ora, o São Paulo Futebol Clube já deixou claro que arcará com todos os custos de requalificação do estádio mas, se a arena escolhida for outra, quem vai pagar a conta? Eu mesmo respondo: a União, o Estado e o Município, sendo que pode ser que o Corinthians mande seus jogos lá, tal qual acontece no Pacaembu, que ora o clube alvinegro usa, ora não.

Já no Rio, as obras no Maracanã já começaram de modo tímido (mas começaram!) não sem dois problemas: O primeiro é a necessidade do Flamengo em usar o estádio para a Copa Libertadores, o que vai atrasar o início de adequações internas. O segundo, o custo que, inicialmente previsto de R$ 430 milhões, pulou para R$ 500 e agora já é tido como de R$ 630 milhões. O Brasil foi escolhido em meados de 2007 pra sediar o evento, de lá para cá, o custo do Maracanã subiu em média R$ 80 milhões por ano. Arriscamos chegar em 2014 com obras custando a bagatela de R$ 1 bilhão!

Em Natal, a Arena das Dunas continua no papel, mas seu custo já aumentou 30%. Em Cuiabá, já se fala em dispensas de licitação por urgência e falta de tempo hábil, especialmente para a adequação do novo estádio.

Enfim, absolutamente todos os receios que este blogueiro tinha a opor-se à Copa do Mundo no Brasil estão se concretizando, sem que nenhuma autoridade tome conta disto e pelo menos dê murros na mesa e exija a adequação dos custos e o cuidado com o dinheiro público.

Estamos em 8 de março de 2010, todas as obras de estádios para a Copa 2014 deveriam ter iniciado em fevereiro, mas quase nada foi feito.

3 de fev. de 2010

NÚMEROS PARA 2014


A imagem é do site M de Mulher
O site Contas Abertas reporta que o primeiro orçamento da Copa do Mundo de 2014 é de 17,2 bilhões de reais. Destes, 5,6 bilhões serão aplicados somente no eixo Rio-São Paulo, e apenas 1,1 bilhão será gasto nas duas sedes sulistas da competição, Curitiba e Porto Alegre.

Uma das desculpas para aceitar a Copa seria a integração nacional e a distribuição de investimentos pelo país. Balela! Rio e SP ficarão com mais de 30% do investimento enquanto Curitiba e Porto Alegre, somadas, com 6,44% dele. O argumento é falho porque os números evidenciam discriminação contra o sul do país. Melhor afastá-lo do que entrar numa interminável discussão nessa seara.

Para investimento eminentemente privado, a "esmola" de R$ 333 milhões que seriam gastos pelos clubes de futebol donos dos 3 estádios privados, sendo que o São Paulo Futebol Clube gastaria R$ 240 milhões e os dois outros, o resto, equivalente a R$ 93 milhões. Só que o quadro consolidado anexo, informa que o gasto total para o estádio curitibano seria de R$ 184 milhões, e apenas R$ 138 gastos pelo clube proprietário, que receberia assim, um "presente" de R$ 46 milhões. Ainda assim, os números da planilha não batem com a estimativa do texto.

Mas o fato é que o tal do investimento privado também é uma balela. Corresponderia a 1,95% embora a conta não inclua novos hotéis, restaurantes, serviços e obras que não serão tocadas pelo poder público. Mesmo assim, irrisório, considerando-se que os três clubes donos de estádios tentam de todos os modos que os governos coloquem dinheiro a fundo perdido em suas arenas, o que acontecerá cedo ou tarde se não aparecerem investidores que, sinceramente, são prováveis apenas em São Paulo. Ninguém vai investir dinheiro em Curitiba, que não faz parte do roteiro internacional de shows e eventos ou mesmo no Beira Rio em Porto Alegre, sabendo que a Arena Grêmio terá suas obras iniciadas agora em fevereiro e já contempla muito mais do que a capacidade da capital gaúcha em atrair grandes eventos.

Eu quero que a Copa 2014 seja um sucesso. Mas os números preocupam e mostram que as coisas não são assim tão transparentes como apregoado.

Leia a matéria do Contas Abertas aqui.
Veja a planilha anexa,
aqui.

21 de jan. de 2010

COPA DE 2014: O EXEMPLO BAIANO

A foto é o blogfc.futlog.com.br.


Ano passado, com direito a visita da seleção brasileira, o governo da Bahia (leia-se Jacques Wagner, do PT) reinaugurou o totalmente reformado Estádio Metropolitano de Pituaçú*, que recebeu novas arquibancadas, cadeiras, iluminação, sanitários, acessos rodoviários e gramado ao custo de 40 milhões de reais.

E prometeu que ele se tornaria um centro esportivo para a população, embora utilizado especialmente pelo Esporte Clube Bahia e eventualmente pelo Esporte Clube Vitória.

Mas vejam o que escreveu em 17 de janeiro a blogueira do Vitória no Globo-com: link aqui.

"...Apenas um ano depois de inaugurado o gramado está bizarro, campo de areia, beach soccer. Chão sujo, assentos imundos..."

O governo baiano é incapaz de fazer a manutenção de um estádio simples, sem cobertura metálica completa, mas pretende gastar R$ 550 milhões para reconstruir o Estádio da Fonte Nova, o mesmo em que morreram 7 pessoas inocentes por absoluta falta de manutenção.

Alguém acredita que a "nova" Fonte Nova não irá para o mesmo caminho?


PS: * O Estádio Roberto Santos, em Pituaçú, também estava abandonado e completamente fora de condições de uso antes dessa reforma.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...