29 de out. de 2010

MAS A CPMF VAI VOLTAR...

Vença quem vencer domingo, tenho absoluta certeza de que o primeiro debate legislativo importante de 2011 será o retorno da CPMF com alguma desculpa esfarrapada, como recursos para a saúde ou para a previdência, ignorando o fato de que só este ano (e só até outubro), as receitas tributárias da União cresceram o equivalente a 3 vezes o que era arrecadado pela antiga CPMF.

O que é engraçado é que isso fica nas entrelinhas da campanha. Se Dilma vencer, ela aprova a CPMF em 1 mês no Congresso Nacional por conta da ampla maioria parlamentar que terá. Se Serra vencer, ele demora um tempo a mais, talvez 6 meses ou 1 ano por conta da oposição forte que teria, mas que sempre é ideologicamente favorável à criação de novos impostos e que vai resistir, mas acabar, pelo menos em parte, votando em favor.

Como eu já escrevi aqui e no twitter, durante esta campanha os grandes temas nacionais foram jogados para escanteio. O inchaço da máquina pública, que mantém funcionários demais em cargos de comissão e confiança e cuja folha de pagamento cresce todos os anos acima do crescimento da arrecadação tributária (que por si só é altíssimo) é um fato que foi agravado no governo Lula, mas que já estava fora de controle nos anos de FHC.

Nos últimos 16 anos a arrecadação tributária nunca deixou de crescer. Mesmo assim, as despesas aumentaram sistematicamente mais que as receitas, sem que se tenha feito absolutamente nada para conter esse quadro, que desemboca em endividamento interno crescente e consequente pagamento de juros.

E ainda há o problema grave da previdência social que precisará sofrer reforma com aumento de idade mínima de aposentadoria, sem contar a enorme pressão por gastos em investimentos em razão da Copa do Mundo e da Olimpíada, gastos estes em obras que, por terem prazo exíguo em serem encerradas, podem gerar enormes sobrepreços, como é tradição no país.

Durante esta campanha eleitoral, os candidatos do segundo turno debateram bolinhas de papel e bexigas d'água, discutiram o aborto, sendo que ambos são favoráveis e contrários ao mesmo tempo, e fizeram comparações entre os governos FHC e Lula buscando a paternidade de programas sociais.

Mas se reprisarmos todos os debates e programas de TV veremos que ambos só defenderam promessas vazias, muitas das quais inexequíveis e fugindo de discutir a verdadeira grande função presidencial, que é a de coordenar a administração federal.

O que se extrai desse quadro de negação em atacar problemas fiscais, é que mesmo que as receitas tributárias continuem crescendo por conta do impulso desenvolvimentista que o Pré-Sal, a Copa e a Olimpíada vão gerar, cedo ou tarde o país terá que experimentar um ajuste fiscal que vai preocupar-se em aumentar receitas, mas nunca em conter as despesas, e o Brasil vai continuar sob o risco de crises fiscais e sob o jugo de especuladores do mercado mobiliário, coisas das quais poderia se livrar com uma política séria e consistente de gastar menos do que arrecada.

27 de out. de 2010

DEUS SALVE A AMÉRICA DOS NEOCONS!


Os EUA têm sido o país líder do mundo nos últimos 100 anos basicamente em razão da liberdade interna que cultuam.

A vanguarda tecnológica e cultural do país sobre o mundo é explicada justamente pelo fato de que sempre foi uma nação que, internamente*, sempre prezou a liberdade de pensamento, de opinião, de credo e de expressão, mesmo no período negro de histeria anti-comunista entre fins da década de 40 e meados da de 50, o Macarthismo, que acabou enterrado justamente pela violação contínua de direitos humanos e civis no país.

Graças à esta liberdade sempre defendida com unhas e dentes, reconhecida pela Suprema Corte em muitas decisões e sobrevivente até ao anti-comunismo radical latente na sociedade, o país legou ao mundo um arcabouço cultural que influencia as culturas de todo o planeta a partir da música e do cinema, representado por alguns de seus maiores artistas reconhecidos globalmente, como Elvis Presley, Frank Sinatra, Paul Newman, Marlon Brando, Audrey e Katherine Hepburn, Meryl Streep, Madonna, Michael Jackson, entre muitos outros.

Graças à liberdade política e de credo, o país atraiu cientistas renomados, tais como Léo Szilard, Albert Einstein, Enrico Fermi e tantos outros fugidos do nazismo. E isso legou ao país a vanguarda tecnológica mantida até hoje, bem demonstrada pelo fato de deter a maioria dos prêmios Nobel de física, química e medicina/fisiologia (129), que também são resultado da liberdade de debater idéias e da efervescência de suas universidades e centros de pesquisa, detentores da maior parte das patentes de invenções existentes no mundo.

Mas a "pátria da liberdade" convive há mais ou menos 30 anos com uma ameaça que têm se tornado cada vez mais presente na vida do país e que nestas eleições de 2010 tende a agregar (pelo menos aparentemente) mais poder. São os "Neocons" e os integrantes do "Tea Party", movimentos ultraconservadores que existem nas fileiras do Partido Republicano desde a década de 70, que chegaram timidamente a altas posições com a eleição de Ronald Reagan em 1980 e que alcançaram o topo de sua influência nos tenebrosos anos de George W.Bush na Casa Branca.

Candidatos ultraconservadores beirando a hipocrisia pura e simples a exemplo da a ex-candidata a vice-presidente Sarah Palin, tomaram o lugar de políticos tradicionais (e moderados) da legenda com discursos religiosos radicais e defesa e oposição encarniçada à intervenção estatal na economia, pregando ainda a continuidade das políticas de controle migratório e anti-terrorismo que cresceram a níveis assustadores desde os atentados de 11/09/2001, isso para um país que não só se acostumou a receber quem quer que seja de braços abertos, mas fez disso uma das alavancas de seu progresso material.

Apresentam-se como caçadores de bruxas e defensores da família, mas defendem a restrição de liberdades que sempre foram cultuadas pelos americanos, justificando isso com a promoção da paranóia anti-terrorista que permeou o governo Bush, e da qual se pensava que a eleição do negro de ascendência muçulmana Barack Obama tinha livrado o país.

Deus salve a América, e nisso o mundo também, dos neocons!


* Quando ressalto o internamente, é justamente para avisar que externamente o assunto é outro. Fora dos EUA, o que vale para todos os governos do país são os interesses internos, isso é histórico, eles não se importam com a liberdade dos outros, nem com a democracia dos outros se isso não lhes causar problemas. Se estão certos ou errados, não sei, mas o que é bem claro na história da humanidade é que países não se tornam potências influentes com bondade.

25 de out. de 2010

A MARCA IMPLACÁVEL DO TEMPO!


"Pelos caminhos da bola, a marca implacável do tempo!" dizia o locutor Durval Leal quando eu criança, acompanhava os jogos do Coxa ou na Rádio Clube ou na Rádio Independência, ambas de Curitiba.

Na época eu não percebia muito o sentido da frase, porque o tempo só era implacável quando o Coxa estava perdendo. Se não, era doce e passava bondoso na lerdeza da juventude que se divertia com o espetáculo.

Há pouco eu entrei no "you tube" e sem me dar conta, digitei Waldo de Los Rios na procura.

O maestro Waldo de Los Rios é o responsável por eu gostar de música clássica, porque um dia meu pai trouxe para casa dois long-plays comprados nas lojas Hermes Macedo. Um deles, com uma flor estilizada de papel e no centro, uma reprodução do rosto de Mozart, o "Mozartmania". E na capa do outro, uma estátua em mármore com um grande par de fones de ouvido, o "Sinfonias".

Pouco antes meu irmão me mostrara no mesmo you tube um video de outro artista da minha infância, o alemão Heino, interpretando com a orquestra do genial maestro e violinista André Rièu, remetendo direto para as bandinhas alemãs que cresci ouvindo e que sempre me lembram da gaitinha harmônica do tio Waldino, incessantemente tocada nos aniversários da oma* lá em Jaraguá do Sul, que eram a reunião anual da família, com todos os primos dormindo ou tentando dormir no sótão onde a festa ia longe a ponto de em algum momento um adulto subir as escadas para mandar que parássemos ou de rir ou de brigar.

Será o tempo implacável?

Apesar de eu ainda gostar (muito) de Waldo de Los Rios e Heino, e mais ainda do Coritiba que me fazia fã do Durval Leal que era Coxa-Branca como eu, já não me encontro mais anualmente com os primos, e a oma e mesmo o tio Waldino já se foram para o céu, ele há quase dois anos, para tocar sua gaitinha por lá e alegrar a velhinha que recebia os netos com bolachas caseiras de glacê, balas "Sasse" e gasosa de framboesa.

Não sei porquê, mas hoje me dei conta que agora, os adultos somos eu, meus irmãos e meus primos, e nossos pais já são os opas** e e as omas. Fiquei nostálgico, sentindo saudades implacáveis como o tempo, que porém, também é generoso.

De certa forma o tempo me levou à Universidade Federal do Paraná, também de tantas boas lembranças. E foi ele quem me conduziu a assistir um recital da Orquestra Filarmônica de Israel, regida pelo genial Zubin Mehta, presente que recebi de duas amigas queridas ligadas à Universidade Positivo aqui de Curitiba. Foi o tempo que me fez passar pela alegria indescritível dos sofridos títulos do Coxa, pelas minhas namoradas, meus amigos, minhas vitórias e minhas derrotas. Foi o tempo que me trouxe algumas lindas crianças, meus sobrinhos, e que encheu minha retina de imagens ainda nítidas, de alegrias que me fazem chorar e de tristezas que me fazem rir.

O tempo vai passando e deixando suas marcas nas nossas vidas. É implacável, mas quem o faz cruel somos nós mesmos. Eu prefiro encarar o tempo como um grande baú de coisas boas que aberto, exulta a alma e nos ensina a sermos nós mesmos, dando valor para nossa história, nossa vida, nossa caminhada até aqui. O tempo é um baú das imagens e dos sons de nossos entes queridos, das nossas conquistas e derrotas, do nosso aprendizado.

Sua marca é implacável, somos nós mesmos evoluindo e tentando aprender o segredo da vida, que pode ser o de se deixar levar por ele sem nunca esquecer de, de tempo em tempo, abrir o baú para voltar ao que passou.

* vovó, em alemão.
** vovô.


O DILEMA NÃO É SÓ DA FRANÇA DE SARKOZY (II)

Na GAZETA DO POVO (Curitiba) de hoje:

Previdência, com rombo crescente, é ignorada pelos presidenciáveis.

Numa campanha suja e rasteira mantida pelos dois lados, as verdadeiras questões importantes ao país estão renegadas a segundo plano.

22 de out. de 2010

NUNCA HOUVE UM ATLETA COMO PELÉ!

Foto: Placar/Editora Abril .


Hoje abri o jornal e atônito, li um colunista de Curitiba fazer insinuações separando a pessoa Edson Arantes do Nascimento do atleta Pelé, como para diminuí-lo, dando à ele uma dimensão muito menor que a que alcançou em décadas de uma vida inteira dedicada ao esporte e às boas causas, por mais que eventualmente a pessoa Edson também sofra dos mesmos defeitos morais que todo ser humano tem.

Hoje em dia, acusa-se o Edson Arantes do Nascimento de ter sido mau pai, de não ter reconhecido uma filha senão por sentença judicial, de se omitir na luta pela democracia (onde ele nada podia fazer), de ter tido problemas com sócios e até de ter sido garoto propaganda de vitamina e remédio de disfunção sexual. Falam até que é mau cantor...

Incrível que no Brasil ainda se diminua a figura de Pelé levantando essas picuinhas inerentes a qualquer ser humano, e especialmente aceitando discutir comparações ao obtuso Diego Armando Maradona, quando comparação só seria plausível e minimamente aceitável entre Pelé e Di Estéfano ou Pelé e Puskas, sendo que o brasileiro vence qualquer uma delas com folga e quem diz ou disse isso não sou eu, mas as pessoas que vivenciaram aquela época dourada do futebol, inclusive o próprio Puskas.

Eu prefiro cultuar a figura do atleta exemplar que treinava além dos colegas e que estudava o estilo de jogo de cada um deles para obter melhor rendimento. O atleta que não bebia quando não podia beber, e não festava quando não podia festar. O atleta que nunca teve uma fase ruim de rendimento técnico, a ponto de encerrar a carreira ainda no auge do seu esplendoroso futebol. O atleta que marcou mais de 1000 gols, que foi 5 vezes campeão mundial, 2 vezes da América, 8 vezes campeão brasileiro e que colecionou dezenas de outros títulos, inclusive como artilheiro da maioria dos torneios que disputou.

Quer mais? Cultuo o Atleta do Século XX escolhido por jornalistas do mundo inteiro, o indivíduo que foi capaz de causar um cessar-fogo numa guerra para que seu futebol pudesse ser visto, o então rapaz que ao marcar seu milésimo gol pediu para o Brasil olhar pelas suas crianças, coisa que o país não fez até hoje, o embaixador da UNICEF pela Paz e do Esporte, que visitou centenas de chefes de Estado e Governo pelo mundo afora, o negro que encantou um mundo racista e encurtou o caminho da igualdade das gentes, o patrocinador de projetos sociais como o do Hospital Infantil Pequeno Príncipe aqui de Curitiba, o Rei do Futebol cujos feitos e espetáculos são vívidos mesmo na memória de pessoas que nem nascidas eram àquela época.

E ainda o bom rapaz que nunca esqueceu a família, os amigos e suas raízes, que não fugiu do serviço militar obrigatório quando podia ter apelado para o jeitinho, que quando estava alcançando as glórias que nenhum jogador antes dele conseguira, resolveu estudar e dar exemplo. O jogador que recusou salários polpudos em times da Europa para continuar defendendo o seu amado Santos FC, e que deixou o glamour de Milão, Roma e Madrid para ficar aqui mesmo no Brasil.

A vida de Pelé deu tantos bons exemplos ao Brasil e ao mundo, que destacar a pessoa Edson Arantes que têm defeitos morais como eu ou como você, leitor, do mito Pelé, é injusto, é cruel, é aviltante à importância dele para a humanidade.

O século XX foi generoso para a humanidade, nele o mundo vivenciou vidas e feitos de grandes homens e mulheres, tais como Winston Churchill, Nelson Mandela, Madre Teresa, Golda Meir, etc... no esporte, Pelé foi e é até hoje o maior expoente de uma época dourada da humanidade, alguém que deixou sua marca para todo o sempre, e que será lembrado por gerações como um dos ícones das boas coisas que o ser humano pode fazer.

Parabéns ao Rei do Futebol, nunca existiu um atleta como ele!

20 de out. de 2010

O DILEMA NÃO É SÓ DA FRANÇA DE SARKOZY

Os franceses protestam. Um projeto de lei partido do governo pretende aumentar a idade mínima de aposentadoria e mexer nas contas da previdência social de lá para adequar o cálculo atuarial e garantir a sanidade do sistema.

A França é um país em que a idade média da população é alta. Está em franco processo de envelhecimento, entrando no rol daqueles de taxas demográficas negativas, de modo que há cada vez menos trabalhadores ativos sustentando os inativos amparados pela previdência social.

Mas as centrais sindicais não entendem assim e promoveram a onda de protestos peitando o governo. Bem dito, promoveram a onda de protestos mas não apresentaram nenhuma proposta exequível para evitar que as contas da previdência de lá entrem em colapso em alguns anos. Pura demagogia política, igualzinha à que se vê no Brasil de tempos em tempos.

Mas o problema da França de Sarkozy não é diferente do da Inglaterra de David Cameron, nem do da Alemanha de Angela Merkel, nem da Argentina de Cristina Kichner, muito menos do Brasil de Lula e de Dilma ou Serra a partir de 1º de janeiro.

O problema previdenciário é mundial, afeta todas as economias do planeta de uma forma ou de outra, porque tem sua gênese no aumento da expectativa de vida da população do planeta, causada pelos avanços da medicina e da tecnologia, mas especialmente da sociedade como um todo. Não é porque Sarkozy é um governante de direita que suas ações não são fundamentadas como entendem as centrais sindicais francesas, os governos de esquerda geralmente não têm coragem de enfrentar este problema, a verdade é esta.

30 anos atrás, cada aposentado brasileiro recebia sua remuneração a partir de uma conta simples: 4 ativos contribuiam, as empresas em que estes 4 ativos trabalhavam contribuiam e o Estado brasileiro assumia o que faltava. Hoje, essa relação de 4 x 1 está em queda livre e ela já forçou o Brasil a aumentar os percentuais de contribuição e a idade mínima de aposentadoria, limitar as aposentadorias especiais por tempo de serviço, diminuir o teto de remuneração, dar incentivos para a previdência privada e criar o fator previdenciário. O Brasil viveu pelo menos 4 reformas previdenciárias desde a Constituição de 1988, à guisa de muito protesto de centrais sindicais e até do movimento "Fora FHC", que exonerava o presidente mas não atacava o problema.

Mesmo assim, o próximo governo, seja de quem for, terá que enfrentar novamente o desgaste de mexer na previdencia, tal qual fazem os governos sérios pelo mundo afora.

Com sua popularidade recorde, o presidente Lula podia ter proposto essa nova reforma e deixado uma situação mais tranquila para seu sucessor. O problema é que quando o assunto é previdência, não existe base aliada, nem situação, nem oposição no Congresso Nacional. No nosso parlamento tomado por populistas e analfabetos funcionais, qualquer coisa que envolva previdência social vira tabu, mito que não pode ser discutido sem ao menos uma generosa troca de favores com emendas parlamentares e distribuição de cargos para apaniguados vadios.

Se Dilma Roussef for eleita presidente, terá mais condições de empreender uma reforma. Terá ampla maioria (pelo menos teórica) no Congresso e menos (embora não nenhuma) resistência por parte de centrais sindicais e organizações sociais. Já para José Serra a tarefa seria bem mais indigesta, porque ele teria no mínimo a oposição barulhenta do PT, o mesmo PT que aprovou em 2003 algumas reformas sugeridas pelo governo FHC, mas que se negará a discutir qualquer coisa durante um eventual governo tucano. Mas mesmo que o PT fique em minoria, ainda assim, Serra contará com oposição dentro do próprio PSDB, partido menos idológico e, portanto, muito mais afeito à troca de favores no parlamento.

De qualquer modo, uma nova reforma previdenciária no Brasil terá que mexer numa colméia de abelhas africanas: a previdência que afeta o funcionalismo público, que atende 1/10 dos inativos do país, mas cujos gastos equivalem a algo entre 30 e 40% do total.

Muito longe de ser uma discussão eleitoral, trata-se de uma questão estrutural no Brasil e em qualquer lugar do mundo. Se o tesouro nacional de um país passa a acudir o sistema previdenciário em percentuais cada vez maiores, falta ou faltará dinheiro para outras áreas, como a indução econômica para manter crescimento. Se isso afeta os países ricos, imaginem então os emergentes, que dependem muito de programas desenvolvimentistas para combater a miséria e melhorar as condições de vida de suas populações.

A França discute hoje o bate-boca do Brasil de amanhã.

18 de out. de 2010

TÁ DIFÍCIL ESCOLHER

Embora não ache que Dilma e Serra sejam os monstros pintados pelas campanhas adversárias, sinceramente não gosto deles. De repente, o país está evocando Deus para que se escolha entre dois candidatos que eu entendo intelectualmente preparados para o cargo de presidente, mas, sejamos sinceros, ruins de doer!

Serra impôs sua candidatura ao partido e Dilma foi imposta por Lula ao PT. Se o currículo político-administrativo de Serra é muito melhor que o de Dilma, esta tem a vantagem de nunca ter renunciado a um mandato para concorrer a outro. Ambos têm ligações diretas ou indiretas com pessoas acusadas de corrupção que estavam sob suas ordens e supervisão.

Fernando Henrique Cardoso foi eleito duas vezes prometendo ajustes fiscais e recuperação econômica. Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito duas vezes prometendo políticas sociais e combate a pobreza. Mal ou bem, ambos tinham estampada desde sua campanha as linhas gerais dos seus governos, o que não é possivel aferir hoje, quando tanto Serra quanto Dilma fogem de todos os assuntos que lhes possam causar o mínimo desconforto eleitoral. Durante a campanha agiram no melhor estilo "bagre ensaboado", fugindo de questões sensíveis como as reformas previdenciária e fiscal sem as quais o país não vai sustentar crescimento econômico por longo prazo. Mesmo na questão do aborto, que é relevante mas muito menos importante, mantiveram uma discussão estéril. São candidaturas vazias de uma direção, porque dizer que vai continuar o trabalho do antecessor ou que é possivel avançar mais que nos últimos 16 anos apenas comprova o fato já posto, de que seus planos de governo são inexequíveis.

Chegamos ao final do processo eleitoral de 2010 sem saber qual será a cara da presidência do Brasil nos próximos 4 anos, estamos assistindo uma absoluta falta de idéias próprias, de dois candidatos pautados pelos marqueteiros, não por suas convicções pessoais. Estamos numa loteria eleitoral.

15 de out. de 2010

VOCÊ JÁ PENSOU EM TROCAR UMA FACULDADE PELO ENSINO TÉCNICO?

Sempre digo que no Brasil sobram administradores, contadores, economistas e advogados, mas existe uma falta dramática de pessoal para a indústria, como engenheiros, químicos, matemáticos e físicos nas áreas de projetos, ou ainda pessoal ligado à área de produção, tais como técnicos em mineração, em explosivos, em segurança do trabalho, em mecânica, eletrônica, logística e centenas de outras profissões.

Os cursos técnicos hoje em dia representam empregos valorizados, com uma formação que inicia-se com preços muito inferiores ao de faculdades meia-boca que vendem diplomas que acabam não servindo para absolutamente nada, e em prazos menores que podem dar tempo da pessoa recuperar o tempo perdido, caso não tenha vocação para aquela função.

Quando a pessoa tem vocação para certa área, pouco importa se a faculdade é boa ou ruim, gostando daquilo, é certeza que ele terá bom desempenho profissional. Mas o que acontece no Brasil, e não é de hoje, é que muitos jovens entram na faculdade apenas para receber um diploma e acabam perdendo anos de suas vidas com uma formação ruim, pela qual as vezes eles mesmos não se interessam.

No SESI ou no SENAC, é possivel fazer ótimos cursos técnicos em dezenas de áreas, cursos com duração de 6 meses a 2 anos, a um custo muito inferior ao de uma faculdade improvisada, dessas que aparecem em ampla publicidade com atores sorridentes mostrando "campis" bonitinhos mas desprovidos do que é mais essencial dentro de uma instituição de ensino superior, que é a vontade de pesquisar e desenvolver atividades. A maioria dessas "unis" movidas a publicidade, limita-se a dar a formação mínima, dentro dos currículos mínimos definidos pelo Ministério da Educação. São caça-níqueis universitários, destruindo o futuro de muita gente que poderia conseguir empregos bem remunerados e com possibilidade de desenvolvimento de uma carreira bem sucedida, a partir de funções erroneamente tidas como menores.

É triste ver a quantidade absurda de faculdades de administração e direito que existem só em Curitiba. São muitas vezes jovens que cursam algo que não acrescenta nada às suas vidas, quando existem ótimos empregos de nível técnico disponíveis, para empresas que muitas vezes investiriam até em um curso superior para um técnico qualificado que lhe atenda as necessidades.

E O SUS, COMO FICA?

Nesse debate sobre o aborto, onde a questão religiosa é posta acima da questão prática por conveniência política, estão esquecendo do principal aspecto: quem paga a conta?

Sou contra o aborto livre no Brasil porque ele passaria a ser uma alternativa aos métodos contraceptivos.

O caso do goleiro do Flamengo mostrou um fato que é bem mais comum do que a gente imagina -muitos homens simplesmente não se preocupam em usar camisinha - e muitos dos mais abastados pagam valores adicionais para que garotas de programa não usem.

Mas deixemos de lado as chácaras luxuosas e os carrões importados. Vamos nos perguntar o que aconteceria no andar de baixo, se o SUS passasse a promover abortos sem maiores formalidades?

Teríamos uma enxurrada de mulheres acorrendo ao sistema de saúde para fazer abortos, por conveniência de seus amantes, namorados, maridos ou mesmo de suas famílias, incapazes de promover antes uma educação sexual sadia e ávidas por se livrarem do "problema". Por óbvio, podem acontecer casos de conveniência da própria mulher, mas daí, o aborto livre funcionaria dentro daquela lógica de fazer do próprio corpo o que bem e entende, embora não se possa considerar isso exatamente ético.

Dias atrás a imprensa noticiou um caso de uma mulher que foi 9 vezes à delegacia fazer BO com base da Lei Maria da Penha por estar sendo coagida pelo ex-marido, que a matou sem que autoridade nenhuma se preocupasse com a segurança que ela implorava.

Você, leitor, acha que essa coação é incomum? Você não acha que no caso de uma gravidez indesejada essa coação não seria feita para impor uma ida ao SUS e "resolver" um problema?

E o custo disso para a sociedade, especialmente para o contribuinte? Não podemos nos ater ao ato médico do aborto em si, mas também às eventuais consequências, tais como sequelas físicas ou emocionais que certamente acabarão tratadas pelo SUS. Será que as prioridades não estão invertidas? Será que educação sexual sadia não seria mais eficiente que a liberação do aborto?

Vou repetir o que escrevi no twitter: Quero o dinheiro do SUS em exames, cirurgias e internações, não em abortos para que imbecis façam sexo sem camisinha.

Posso estar enganado em todos os meus argumentos, mas preciso que alguém me convença do contrário. E bem dito, também "sou a favor da vida", até porque não pretendo morrer tão cedo.

6 de out. de 2010

ABORTO

Essa discussão eleitoral sobre o aborto é no mínimo absurda.

Porque se por um lado o programa do PT defende a descriminação do aborto (e defende mesmo!), por outro, o discurso de José Serra, de ser "em favor da vida" é ridículo, na exata medida em que ninguém em sã consciência é a favor da promoção da morte. Ou seja, tanto o PT quanto o PSDB entraram na seara da mais pura demagogia eleitoreira.

A liberdade em abortar é e sempre foi uma bandeira de esquerda, uma contraposição ao conservadorismo nos países onde o processo político é desenvolvido. É uma discussão libertária mas ao mesmo tempo meramente ideológica e destituída de senso prático.

Um dia, para chocar as hostes conservadoras alguém inventou que a mulher pode fazer do seu corpo o que bem entender como se a gravidez independesse da intervenção masculina. E a partir disso, aviltou os direitos do nascituro e esqueceu dos direitos paternos pois, pode ser raro, mas há homens que aceitam os filhos mesmo gerados em relações fugazes. E ignoraram as consequências fisiológicas e psicológicas do ato, como se uma mulher fosse apenas uma máquina de fazer filhos que podem ser descartados no processo de qualidade.

E assim ficamos discutindo essa bobagem nos últimos 40 anos.

O que aconteceria se no Brasil o aborto fosse liberado?

Eu respondo: uma horda de meninas irresponsáveis de 14 a 18 anos acorreria ao sistema de saúde, acompanhadas ou não de seus namoradinhos igualmente irresponsáveis, para evitar a maternidade indesejada que ocorreu por preguiça mental de aprender métodos contraceptivos. E uma vez abortadas, provavelmente repetiriam o ato por ignorância ou influência nefasta de seus "companheiros" sempre aptos ao prazer mas não às responsabilidades de criar filhos, ou ainda de familiares preocupados com uma honra perdida no exato momento em que aceitaram o aborto como solução para a educação que não deram ou não quiseram receber em momento passado.

O aborto, no Brasil, seria uma fuga de um problema bem maior e mais grave que uma gravidez indesejada, seria uma fuga para o problema seríssimo de falta de cultura, discernimento e vontade de aprender de uma parte substancial da população, que passaria a usá-lo como método contraceptivo sem pensar exatamente nas consequências à integridade física e psicológica da mulher envolvida.

Tenho todo o respeito pelas opiniões religiosas que não aceitam sequer o aborto dos casos previstos em Lei, tanto quanto as opiniões libertárias de quem pretende o aborto livre e indiscriminado. Mas não concordo com elas, sou favorável ao aborto nos casos previstos em Lei:

a) estupro;
b) risco de morte da mãe;
c) risco de criança deficiente.

Fora isso, o aborto deve ser tratado como crime praticado em conluio de todos os envolvidos (o médico, a mulher, o companheiro/namorado/marido/parceiro sexual). E o aborto autorizado pela Lei deve ser feito sob controle judiciário das circunstâncias.

5 de out. de 2010

PR: O CASTIGO DE OSMAR DIAS

Osmar Dias tinha tudo para ser o novo governador do Paraná.

Político combativo, correto e trabalhador pelos interesses do estado, com uma carreira política livre de máculas e boas gestões como secretário de agricultura, ele encarna um pouco da alma paranaense, que é a de um estado ruralista mas moderno e cujo crescimento econômico e o progresso independem da política, tal qual ele mesmo que nunca dependeu de suas relações com o Poder Executivo para se destacar.

No entanto, errou feio.

Demorou para decidir-se pela candidatura e manobrou (muito) mal os apoios.

Acabou caindo numa armadilha criada pelo ex-governador Roberto Requião. Trouxe o PMDB para seu lado e impediu a candidatura do governador Orlando Pessutti, tudo o Requião queria para garantir sua vaga ao Senado, que estaria ameaçada com Pessutti candidato e trabalhando contra ele.

Pessutti certamente teria amealhado algo como 15% dos votos. Teria tirado votos de Osmar e também de Beto Richa, mas forçado o segundo turno, onde facilmente se aliaria ao pedetista com força para vencer.

Mas ao compor com PMDB, Osmar Dias transformou a eleição em um plebiscito: ou ele, ou Beto, porque o terceiro colocado na disputa sequer chegou a 1% dos votos, sendo que as sondagens pré-candidatura indicavam que Pessutti teria, sim, uma importante densidade eleitoral, afora o fato de estar sentado na cadeira de governador.

Pior que isso, é ver que Osmar foi triturado durante a campanha por sua incompreensível ligação com Roberto Requião, que o acusou várias vezes (de modo público) de irregularidades na aquisição de uma fazenda, sem contar as barbaridades que disse em outubro de 2006, quando não se conformava com a vitória sobre o mesmo Osmar por apenas 10 mil votos.

E ao aliar-se ao PT, desagradou uma parte de seu eleitorado ruralista, porque, afinal, o PT é ligado aos movimentos sociais sem terra, cuja atuação no Paraná é relevante, mas nem sempre bem aceita pela população.

E por sim, a confiança excessiva na influência do presidente Lula.

No último debate na RPC, chegou a afirmar no início do programa que havia acabado de receber uma ligação do presidente. Foi excessivo na exata medida em que transferiu para o presidente a tarefa de diferenciá-lo de seu adversário, o ótimo ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa.

O presidente Lula pode transferir votos e ser popular, mas isso não funciona quando o candidato, no caso, Osmar, demonstra insegurança e se alia a um dos piores inimigos (Requião) esquecendo de defender sua própria história de bons trabalhos em favor do estado. Ficou a impressão que o Osmar Dias que disputava era um conformado com os destratos de Requião e vaidoso demais com o apoio do presidente.

Talvez tudo isso tenha feito a diferença.

Osmar Dias ficou sem mandato, mas certamente voltará, seja disputando a prefeitura de Londrina ou Maringá, seja como deputado, senador ou mesmo candidato ao governo. Capaz ele é, biografia ele tem, mas da próxima vez precisará entender que em eleição não se consegue unanimidade, muito menos compondo com inimigos.

MARINA, AFINAL!

Agora todo mundo tem afinidades com a Marina Silva.

O tucano José Serra, por exemplo, é palmeirense, e Marina é do partido verde.

A petista Dilma curte salada de alface com brócolis, tudo verde, e o partido de Marina...

Tentando tratar disso com um pouco de seriedade, o que parece lógico é que o eleitorado de Marina tende a votar em Dilma.

Mas tendência não significa adesão automática, especialmente no contexto que se criou durante a campanha do primeiro turno, onde a questão do aborto roubou votos evangélicos da candidata governista e provavelmente os transferiu para a evangélica Marina.

E se verificarmos a situação estado por estado, veremos que há lugares onde o PV tende a aderir à Serra, São Paulo o melhor exemplo. Aqui no PR, o PV é uma salada (com o perdão do trocadilho) que engloba ex-petistas, requianistas, ex-peemedebistas, ex-tucanos e até lernistas, ninguém sabe para onde vai, é provável que cada membro do partido escolha seu candidato e toque a vida sem pensar em partido.

Se adentrarmos à questão do meio-ambiente, veremos que Dilma tem uma plataforma contrária ao conceito de sustentabilidade que Marina trouxe à discussão. Durante o governo Lula, a ex-ministra abriu mão de certa segurança ambiental em prol do crescimento econômico. Já Serra sequer tem plataforma ambiental, mas pesa contra ele o abandono do ministério de meio-ambiente que existiu no governo FHC, denunciado por Marina durante a campanha.

Sou da opinião que Marina não vai apoiar ninguém. Ela não tem afinidades ideológicas com José Serra e com Dilma Roussef, simplesmente não guarda afinidades políticas.

4 de out. de 2010

RESULTADOS INCONCLUSIVOS

Deu segundo turno na eleição presidencial.

Mas o PT e o PMDB venceram disparado o conjunto da eleição do Senado.

O PSDB fez 4 estados e ainda disputa 5. O DEM venceu em SC e RN, quem dizia que estavam mortos, acabou constatando que a partir de 1º de janeiro, vão governar uma parcela substancial do Brasil, inclusive 3 dos 5 estados economicamente mais importantes (SP, MG, PR).

Mas o PT levou BA e RS, e o PMDB, RJ e PE, ou seja, é pouca a vantagem tucana nessa área.

Tasso e Virgílio ficaram sem mandato.

Mas Ideli Salvatti também.

O PMDB venceu o pleito para a Câmara dos Deputados.

Mas ninguém sabe quem é quem dentro do PMDB. Quem é governista, quem não é?

Marina levou Serra para o segundo turno.

Mas ela apoiará ele na segunda rodada?

Dilma Roussef ainda é favorita para a presidência, mas o bombardeio com denúncias de corrupção no governo Lula vai continuar e isso já teve e continuará tendo efeito eleitoral. Porém, Dilma melhorou muito sua performance nos debates e em parte, compensou isto.

É fato porém que o eleitorado de Marina Silva deve migrar para o PT. Muito difícil é ele aceitar a candidatura Serra, por mais que ontem a candidata verde tenha chegado a dizer que conversaria com os tucanos.

Se Dilma vencer, terá uma maioria folgada no Congresso, mas terá que partilhar o governo com o PMDB, inclusive cedendo-lhe ministérios importantes. Se Serra vencer, terá que construir uma maioria congressual também com o PMDB (e também PR, PP, PTB, etc...), o que não seria assim tão difícil, a dificuldade estaria em enfrentar a bancada petista no Senado, que agora, é poderosa e certamente barulhenta.

Os resultados de ontem só determinaram uma coisa certa: o PMDB está no centro do poder brasileiro e vai ter poder de mando, e influência de seus caciques (tantos os do bem quanto os do mal) seja quem for o próximo presidente.

1 de out. de 2010

NO DOMINGO SABEREMOS

Nesta semana, os números das pesquisas indicaram o aumento da possibilidade do segundo turno, mas Dilma Roussef continua franco-favorita a encerrar a fatura já no domingo.

Aliás, Dilma foi salva da perda de mais pontos nas pesquisas justamente porque seu desempenho nos últimos debates melhorou muito. Ela demonstrou uma articulação melhor das idéias e soube responder de modo mais incisivo aos ataques contra o governo Lula e ela mesma.

Plínio de Arruda Sampaio teve uma participação importante no processo, porque em um pleito marcado por 4 candidaturas de esquerda, sendo 3 praticamente do PT, ele soube mostrar as diferenças ideológicas. Graças à ele Marina Silva conseguiu desvencilhar-se da imagem de petista e diferenciar-se de Dilma, arrancando ao final da corrida.

José Serra encontrou o tom da campanha nos seus dez últimos dias. Quando ele parou de preservar a figura do presidente Lula e passou a criticar abertamente o governo em todas as áreas, cessou sua queda vertiginosa nas pesquisas. Ele virou opção de mudança e não continuísmo como sua publicidade mal calculada havia indicado. Tivesse usado esta estratégia desde o primeiro dia de campanha, talvez tivesse garantido o segundo turno.

Se sair segundo turno, será muito mais mérito de Marina Silva que de José Serra.

Aliás, notou-se no debate de ontem que os dois empreenderam uma aliança informal, sem ataques mútuos mais pesados e centrando fogo no governo Lula e em Dilma.

De qualquer modo, Marina cresceu mais que Serra nos últimos dias, talvez porque ela tenha se apresentado como uma alternativa "light" ao governo Lula - uma petista histórica e, portanto, com mesmas linhas de atuação do governo atual - mas fugindo das alianças com a parte mal falada do PMDB e controlando com mais rigor os interesses corporativos do próprio PT. E fez isso com a ajuda de Plínio, que a diferenciou de Dilma.

Se Dilma vencer em primeiro turno, ficarão comprovados dois fatos:

a) Lula transfere votos, influência e popularidade. Muito mais do que os analistas da imprensa oposicionista acreditavam, não menos do que os partidários dele já tinham certeza;

b) Ela mesma, Dilma, sabe adaptar-se às necessidades. Do gaguejar insistente e da pouca articulação verbal no primeiro debate da BAND até o de ontem, ela evoluiu para ficar com imagem de uma candidata com pouca experiência de palanque, mas capaz de enfrentar os adversários mais experientes.

E se acontecer segundo turno, ficará expresso que o eleitorado não aceita posições dúbias. Ou se é governo, ou se é oposição, não existe a possibilidade de poupar o presidente de críticas por conta de sua grande popularidade. Pode ser que o eleitorado seja majoritariamente de situação, mas aquele disposto à oposição, quer que seu candidato faça oposição, não vota por continuísmo disfarçado.

Na minha modesta opinião, guardadas as diferenças de opinião que tenho com o programa e as idéias de cada candidato, penso que o Brasil elegerá um presidente capaz seja com Dilma, com Serra ou com Marina, os três demonstraram ter condições de gerir o país. Já Plínio, com todo o respeito, é alguém perdido em idéias absurdas de uma esquerda dos anos 60, embora tenha sido brilhante ontem, quando desatou a pedir votos para parlamentares de seu partido.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...