tag:blogger.com,1999:blog-59211969544393456662024-03-22T00:40:12.177-03:00Fábio MayerUnknownnoreply@blogger.comBlogger841125tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-17416189216055492962020-10-05T19:45:00.001-03:002020-10-05T19:45:07.404-03:00CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ97kkjBSK1Af2fTVeOdJwzhaPC8kgv1SD1VYrMws-YEffFqRI2C6qULPCCBUhCnKpexBcKZaffdRJBGqBt0rco6eW2q9uOuqevmckW7VNfrGMUBmUrc0UAEF2Cru7WqOX9FHVd_44Uuo/s225/Coxa+Luto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJ97kkjBSK1Af2fTVeOdJwzhaPC8kgv1SD1VYrMws-YEffFqRI2C6qULPCCBUhCnKpexBcKZaffdRJBGqBt0rco6eW2q9uOuqevmckW7VNfrGMUBmUrc0UAEF2Cru7WqOX9FHVd_44Uuo/s0/Coxa+Luto.jpg" /></a></div><br /><span style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar o clube, iniciou-se um calvário de fracassos retumbantes e seguidos para o Coritiba Foot Ball Club. O então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, rebaixou o clube com uma canetada, após uma decisão vergonhosa do STJD.</span></span><p></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">E foram 10 anos de fracassos, sem vencer sequer campeonato paranaense, acumulando dívidas e derrotas. Teve um início de gestão em que o clube não tinha fornecedor de material esportivo e não havia bolas para treinar enquanto crescia mato nas juntas de dilatação do estádio Couto Pereira. Os Coxas assistiram uma década de ouro do (grande) time formado em Vila Capanema e o renascimento do seu maior rival, que nas décadas seguintes os suplantaria em absolutamente todos os aspectos práticos de um clube de futebol.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Mas nem naquela época triste eu vi o Coritiba tão mal, tão sem perspectivas e tão sem futuro.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Foram tempos difíceis, mas havia uma torcida vibrante que apoiava o clube, havia categorias de base que disputavam competições e revelevam jogadores, havia ídolos em campo, havia inclusive, grandes homens que, vendo a situação caótica, deram seus maiores esforços para salvar a instituição: Evangelino da Costa Neves, Estevão Damiani, Professor Sidnei, João Jacob Mehl, Sérgio Prosdócimo, Joel Malucelli, Giovani Gionédis, Domingos Moro, Dirceu Kruger e outros tantos, de modo que, mesmo com os bate-chapas eleitorais, também existia o ânimo de manter a chama da instituição, aquele fulgor que atraía pessoas, aquela ânsia de reviver os bons tempos e de encarar o futuro.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Hoje é um clube abandonado à própria sorte.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">A torcida dividida entre facções, a política interna afogada numa asquerosa batalha que tem como protagonistas ao menos dois indivíduos que são culpados diretos pela destruição da instituição que se afundou em dívidas ao mesmo tempo em que acostumou-se aos vexames, como as derrotas seguidas para clubes amadores na Copa do Brasil, ou as derrotas quase certas para todo time que venha de uma série de derrotas anteriores, ou esteja na zona de rebaixamento.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Na década de 90 o clube ainda era respeitado pela sua história. Hoje, é motivo de chacota na imprensa esportiva, tamanha a quantidade de besteiras que as diretorias que vieram de 2008 em diante praticaram, roubando as tradições centenárias de uma instituição que era amada não pelas vitórias, mas pela imagem que construiu ao longo das décadas.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Leio o noticiário sobre eleições do Coritiba e tenho vontade de chorar.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Um bando de ególatras falando em “união”, mas não abrindo mão de seu quinhão de poder, sabe Deus com quais intenções! E gente que se elege com o discurso do planejamento, mas no dia seguinte esquece tudo o que disse em campanha, reclama das diretorias anteriores e assume a postura de dar prioridade aos cuidados com sua vaidade e sua panelinha.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">E o clube em segundo plano.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Em estado de pré-insolvência, que acumula déficit ano após ano, que não cria ídolos, que não atrai crianças e jovens, que não revela craques, que não tem intensidade no sentido de despertar aquela paixão que todo torcedor de futebol gosta de sentir, mesmo nos momentos mais críticos. A torcida encolhendo e envelhecendo. Um clube que não atrai atletas de qualidade, que virou uma entreposto onde jogadores são acumulados no elenco enquanto procuram uma contrato em lugar melhor. A ausência de fervor, o conformismo com as derrotas, o papo do “não somos grandes”, do “somos perseguidos” e do “não temos dinheiro”...</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Nestes tempos de pandemia, sem público nos estádios, tenho notado a quebra do “elã” entre as pessoas e o Coritiba. Nos demais clubes, as pessoas continuam torcendo mesmo com derrotas, porque sentem uma vontade de melhorar, um afã em procurar o bom futebol. Entre os Coxas eu sinto cansaço, as pessoas estão largando o clube porque não notam absolutamente nenhum movimento vindo dele que não seja de derrotismo e reclamação.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">E agora inauguramos o bacharelismo. Discutem-se filigranas estatutárias com o time na zona de rebaixamento, dando a entender que o egocentrismo poderá discutir o resultado das urnas na Justiça, qualquer que seja o custo para a instituição.</span></div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto"><span style="font-family: inherit;">Os anos 90 foram bons e eu nem sabia... ao menos naquele tempo eu torcia para uma instituição vibrante, guerreira e inconformada. Hoje, vejo só abandono, certas pessoas passaram a se achar mais importantes que a instituição e a torcida (inclusive eu), que não quer saber de pessoas, está se afastando...</span></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-13166605922249831732019-09-10T21:29:00.002-03:002019-09-10T21:29:36.202-03:00RUI BARBOSA - A LUTA PELA CIDADANIA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipELpk0YmwVbsEXoAY2qNNtD8wmZJQFZ2NRs3WYtfc-PhuzJj7ptTzGtSaDwRIgQxQ1JrpgmHUP6DYmo4SeidmfhzMekqOFHOZBw0pNL78nU091NicTWCuzNAKcUEtOvTtCxgLuBj-xyTn/s1600/ruibarbosa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="286" data-original-width="572" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipELpk0YmwVbsEXoAY2qNNtD8wmZJQFZ2NRs3WYtfc-PhuzJj7ptTzGtSaDwRIgQxQ1JrpgmHUP6DYmo4SeidmfhzMekqOFHOZBw0pNL78nU091NicTWCuzNAKcUEtOvTtCxgLuBj-xyTn/s320/ruibarbosa.jpg" width="320" /></a></div>
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<span style="color: #222222;"><b>“<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>P</i></span><i><span style="color: #333333;">olítica e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam com a outra. Antes se negam, se repulsam mutuamente. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.”</span></i></span></b></span></div>
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<div align="JUSTIFY" class="western" style="break-before: auto; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Advogado, jurista, jornalista, filólogo e diplomata, orador brilhante, abolicionista, deputado, senador e candidato à presidência, além de diversas outras áreas onde atuou com sua mente ágil e desafiadora, deixando sua marca indelével na história do Brasil. Suas maiores qualidades talvez tenham sido a coragem e o bom senso, sua aversão à politicagem, seu elevado senso institucional mesmo não imune a erros, mas sempre com uma honestidade ímpar. Lembrar de Rui Barbosa é destacar a força da cultura e da inteligência, antídotos para grandes males de nosso tempo.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><b>Formação:</b></span></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Nascido em Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849, seu pai era médico e político, sua mãe, doceira. De rara inteligência desde pouca idade, aproveitou-se da grande biblioteca de sua família em sua formação básica, o que lhe valeu seguidos elogios nas escolas por onde estudou. Ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1866, com a ajuda do amigo João Moura que o subvencionou numa época de grandes dificuldades familiares. Em 1868 transfere-se para “as arcadas”, a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Afora seu brilhantismo pessoal, uma formação seleta, já que eram, à época, as duas instituições do gênero no país.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Nas arcadas, conhece muitos dos que viriam a ser dos brasileiros mais importantes do seu tempo e de grande importância na história do país, tais como José Bonifácio, Joaquim Nabuco, Luis Gama, Rodrigues Alves e Afonso Pena. Lá, também deu vazão às suas múltiplas qualidades, tais como a poesia, a oratória e o texto primoroso, iniciando carreira também no jornalismo, aprofundando-se no liberalismo que já conhecia de família, pregando a federação, o abolicionismo, a instrução pública, as eleições diretas, universais e livres, os direitos humanos e a magistratura independente, dentre outras tantas causas que se contrapunham ao às tradições de uma sociedade ainda arcaica, predominantemente rural e eivada do vício do escravismo que teimava em persistir, mesmo em extinção pelo mundo afora.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Liberal de formação e convicção, na linha de frente do abolicionismo que era a grande questão política da época a permear praticamente todo o debate político do segundo império. Antes mesmo de formado, em 1869 subiu à tribuna na defesa de um escravo. Graduando-se em 1870, volta à Bahia, onde, em meio a problemas de saúde e às crises financeiras familiares e, inclusive, à morte de seus pais, em 1871 ingressa no escritório de advocacia Souza Dantas e logo depois no jornal de propriedade de Manoel Dantas, o “Diário da Bahia”, onde passou ao periodismo, inclusive para dirigir a publicação.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><b>Abolicionista:</b></span></span></div>
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<b>“</b><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i><b>Nós os abolicionistas, pois, ramo da família liberal, que não derroga à lei de sua fé, mas que, antes de liberais e contra liberais, somos abolicionistas, porque vemos na política um serviço da pátria e um instrumento da humanidade – temos os braços estendidos para a abolição, seja qual for a parcialidade, que no-la ofereça”</b>. </i><span style="font-style: normal;">Discurso proferido em 1886, por ocasião do velório de José Bonifácio.</span></span></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Rui Barbosa foi abolicionista desde sempre, havendo registros de sua atividade pela causa desde os primeiros anos na faculdade ainda em Recife, se não desde criança, incentivado pelos pais liberais. Destaco esta, dentre suas muitas causas, porque foi uma luta de vida inteira, dentro de um debate feroz que mobilizou o país e, no segundo império, o dividiu entre emancipacionistas, abolicionistas e escravistas, fazendo cair seguidos gabinetes conservadores e liberais, acabando por ser um dos principais fatores que levariam à Proclamação da República, onde ele também esteve na linha de frente, pois inclusive fez parte do primeiro governo do novo regime.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Já com sua formação familiar, ao transferir-se para as arcadas passou a gravitar em torno de José Bonifácio, acompanhado de outras figuras de destaque na causa: seu amigo da Bahia, Castro Alves, mais Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves e Afonso Pena, entre outros, todos homens destacados na história de um Brasil que, na época, começava a discutir com fervor a doutrina liberal, na qual se inseriam o trabalho livre e o fim da servidão. Ajudou a fundar e escreveu em “O Radical Paulistano” jornal de propriedade do escravo liberto Luis Gama, com todo o radicalismo inerente à juventude, que, certo, com o tempo foi contido, não sem manter-se depois na defesa intransigente da causa no “Diário da Bahia” e depois na tribuna da Câmara, no “Jornal do Commércio”e na “Gazeta da Tarde”, onde frequentemente denunciava os sofismas em defesa da escravidão (ser o fim da escravidão “uma questão de tempo”, de “conveniência”, de “gradação”e de “prudência), e ainda como advogado e senador, propondo, discutindo e negociando leis mesmo contra todas as forças contrárias, que não eram poucas e nem destituídas de poder, pelo que inclusive chegou a ser chamado de “comunista”, em sofrendo forte pressão de setores agrícolas da sociedade e até da própria igreja.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Mas sempre na na linha de frente da causa em todo o processo, em todos os atos, em toda a evolução da questão que, de fato, correu em paralelo com a própria Proclamação da República, mesmo ele não sendo totalmente averso à monarquia como se poderia concluir.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A Lei Áurea teve como efeito colateral uma discussão de ressarcimento aos escravocratas pela perda de suas “propriedades”. Já a Lei do Ventre Livre previa que os senhores de escravos seriam indenizados pelas crianças que ficariam sob sua tutela até os 8 anos, depois livres. Mais que isso, várias legislações que trataram do assunto evocavam o “direito de propriedade” que foi exaustivamente discutido em termos de “confisco”, até porque isso inibia o Estado, que teria, em tese, a obrigação de indenizar.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Jurista brilhante, sabia da possibilidade dos tribunais determinarem uma indenização de grande monta pelo fim da escravidão, que colocaria em risco não só a República, mas o próprio país.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;">MARY DEL PRIORE explica os números: <i>“O impacto da abolição foi devastador na relação entre o governo imperial e uma legião de proprietários rurais, pois, na época em que foi sancionada, a indenização era impossível: os 700 mil escravos existentes (sendo quase 500 mil deles localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) valiam, no mínimo, 210 milhões de contos de réis, enquanto o orçamento geral do Império era de 165 milhões de contos de réis.” ( Uma Breve História do Brasil, Editora Planeta, 2010, p. 210)</i></span></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;">Assim, em um ato até hoje polêmico, determinou a destruição da documentação alfandegária e fiscal sobre os escravos, inicialmente sob a desculpa de eliminar do país os vestígios da escravatura, mas cuja finalidade era mesmo a de impedir que se discutissem judicialmente indenizações colossais decorrentes de um ato do Estado, baseadas em farta fundamentação legal antecedente com grande risco econômico e institucional. EDUARDO BUENO explica com propriedade: <i>“O governo brasileiro não pagou indenização alguma aos senhores de escravos (“Indenização monstruosa, já que uma grande parte deles eram africanos legalmente escravizados, pois haviam aportado ao Brasil depois da Lei Feijó, de 7 de novembro de 1831”, como disse, em discurso na Câmara, Joaquim Nabuco). Porém, o preço para que tal indenização absurda fosse paga foi enorme, Afinal, teria sido justamente para evitar que qualquer petição pudesse ser feita pelos escravocratas, que Rui Barbosa, ministro das Finanças do primeiro governo republicano, assinou o despacho de 14 de dezembro de 1890, determinando que todos os livros e documentos referentes à escravidão existentes no Ministério das Finanças fossem recolhidos e queimados na sala das caldeiras da Alfândega do Rio de Janeiro.” (</i><i><b>Brasil: Uma História</b></i><i>, Editra Leya, 2010, p. 20)</i></span></span></div>
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<span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Desta forma, o que muitos disseram ser mácula da sua biografia, foi em verdade um movimento salvacionista do regime e da própria abolição, pela qual, inclusive, continuou lutando até o fim de sua vida.</span></span></div>
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<span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Rui logo fica decepcionado com os rumos do regime que ajudara a construir. A República, debatendo-se entre politicagem e oligarquia, migrava para uma ditadura e não adotava o ideário liberal de igualdade que exigia reformas sociais que, inclusive, impedissem que os libertos fossem abandonados à própria sorte, o que efetivamente ocorreu, causando a miséria que materializou-se com a aparição de favelas, cortiços e condições subumanas generalizadas nas grandes cidades.</span></span></div>
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<span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;">Ficou horrorizado com a falta de sensibilidade dos governantes em não tratarem da questão com a importância que ela merecia. REJANE M. MOREIRA DE A. MAGALHÃES bem cita que <i>“ao longo de sua vida, jamais deixou de se preocupar com o problema do negro em sua total abrangência, desde a simples libertação , a alforria ampla e ilimitada, até sua inserção na sociedade branca”. (</i><i><b>As Idéias Abolicionistas de Rui</b></i><i> – Fundação Casa de Rui Barbosa – www.casaruibarbosa.gov.br). </i><span style="font-style: normal;">Lutou até o fim de seus dias pelo ideal libertário e justo com que sempre sonhou.</span></span></span></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><b>Republicano na monarquia, liberal convicto:</b></span></span></div>
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<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="break-before: auto; margin-bottom: 0cm; margin-left: 6.09cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="color: #222222;"><b>“<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é o maior elemento da estabilidade”.</i></span></span></b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A alternância frenética de governos conservadores e liberais no segundo império tornava difícil a implementação de programas complexos que pudessem alterar significativamente a vida nacional, especialmente se feriam interesses já estabelecidos, o que explica a luta de décadas pela abolição da escravatura e mesmo o pouco progresso da reforma do ensino, considerada por demais avançada para o país à época.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Rui era liberal, mas isso não fazia dele um anti-monarquista. Apesar de em certos momentos identificar na coroa um dos motivos do atraso econômico, social e político do país, sempre guardou pelo monarca o respeito de um jurista dedicado à Lei que fazia do imperador um dos poderes do Estado brasileiro.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A própria República acabou proclamada dentro desse contexto de caos político, porque o problema não era exatamente a monarquia, já que a proclamação foi o resultado do acúmulo de questões diversas, alimentadas justamente pela alternância constante de rumos que impedia o avanço do país, que acirrava os ânimos e que elevava as mentes brilhantes como a de Rui, de Benjamin Constant e Joaquim Nabuco, entre muitos outros.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Eleito deputado provincial da Bahia em 1877, chegou à Assembléia Nacional em 1881, sempre defendendo de modo ferrenho os diversos ideais liberais, que aprendera com seu pai, também político, e depois nas arcadas, estudando Direito.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Relatou a chamada “Reforma Geral do Ensino”de 1883, um projeto tido por ele mesmo como uma visão civilizadora do país, cuja intenção era de modernizar a formação das crianças, e fazer da “instrução pública” uma manifestação da liberdade humana sem a intervenção nem do Estado, nem da religião na sala de aula. Um trabalho minucioso, que previa a obrigatoriedade de formação de todos os cidadãos e normas até para delimitar condições físicas do ensino, a salubridade das escolas, a metodologia e os limites da atuação dos docentes. Graças à isto, chegou inclusive a compor gabinetes liberais, virando um ministro de Sua Majestade.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Mas sua visão era ampla, não limitada à questão educacional. Tinha convicção que a abolição da escravatura aconteceria cedo ou tarde, e que no centro-sul do país, iniciara-se um processo de importação de imigrantes europeus que certamente trariam não apenas mão-de-obra para o campo, mas também para industrializar a nação.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Veio a abolição e a República acabou proclamada também por diversos fatores, interesses e ideias, bem como das mais diversas correntes políticas, incluindo o liberalismo democrático e federalista que Rui tão bem representava, em contraposição à visão de Benjamin Constant, que chegara a pregar uma ditadura republicana e centralista, mais próxima do positivismo de Augusto Comte.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Toda essa diversidade de opiniões também implicou enormes dissensões que não tardaram a manifestar-se tão logo instalado o governo provisório, que, naquele primeiro momento, desorganizaram ainda mais o Estado caótico do final do Império.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><b>Na República – do entusiasmo à decepção:</b></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Rui foi o primeiro ministro das finanças da República, o que por si só já denota sua importância no processo da proclamação. Mas também foi um dos primeiros líderes do movimento a decepcionar-se com os pendores ditatoriais tanto de Deodoro quanto de Floriano Peixoto, ou mesmo de outros tantos próceres do movimento que acabou com a monarquia, muitos engajados numa visão excessivamente científica do Positivismo de Augusto Comte, que encarava o governo como uma ciência exata, cujos problemas se resolviam apenas com conceitos pré-definidos, o que não funcionava em um regime que era o resultado tanto de ações civis quanto militares, cujas visões distintas e muitas vezes antagônicas não se resolviam por fórmulas acadêmicas.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Via de regra, os civis, como Rui, eram federalistas, liberais e ferrenhamente democráticos, enquanto os militares eram absolutistas e centralizadores, aceitando a ideia de ditadura republicana.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A primeira constituição da república teve a marca de Rui e há quem diga que foi redigida numa reunião em sua casa. Era democrática, federalista e liberal, e atendia às necessidades legais já constatadas nas reformas do governo provisório, mas o primeiro presidente eleito foi Deodoro, um militar com visão bem diferente e especialmente pressionado e impopular pelo acúmulo de problemas que vinham desde o império, agravados pelas dissensões do novo regime.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;">Como ministro da fazenda, em um<span style="color: black;"><span style="font-style: normal;"> primeiro momento, Rui defendeu austeridade</span></span><em><span style="color: black;">“...Cortemos energicamente nas despesas. Eliminemos as repartições inúteis. Estreitemos o âmbito ao funcionalismo, reduzindo o pessoal e remunerando-lhe melhor o serviço. Moralizemos a administração, norteando escrupulosamente o provimento de cargos do Estado pela competência, pelo merecimento, pela capacidade...” (</span></em><strong><span style="color: black;"><i><span style="font-weight: normal;">Revista VEJA </span></i></span></strong><em><span style="color: black;">- Edição Especial sobre a República - Parte integrante da edição nº 37, ano 21, Editora Abril, 1989 – extratos de declarações de época).</span></em><span style="color: black;"><span style="font-style: normal;"></span></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;">Mas o novo regime queria acelerar o crescimento econômico e a industrialização do país dentro de uma visão de copiar a Europa na economia, nos costumes e até na arquitetura, e isso tinha um custo. E assim, talvez por entusiasmo com o nova ordem, talvez por <span style="color: black;"><span style="font-style: normal;">por sucumbir às enormes pressões políticas de uma situação que agregara ainda mais agentes à uma equação já muito complicada da economia do país</span></span><em><span style="color: black;">, </span></em><em><span style="color: black;"><span style="font-style: normal;">sucumbiu ao populismo e aderiu ao “encilhamento”.</span></span></em></span></span></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;">O termo “encilhamento” significa colocar os cavalos em posições de largada, ou seja, <i>preparar o país para a corrida</i>, o que já denota populismo em uma conjuntura de dificuldades em levantar recursos para a tarefa, que, enfim, era do ministro da fazenda: <i>“Rui Barbosa assumiu este posto com uma missão ingrata: promover o desenvolvimento industrial do Brasil no final do seculo XIX. Para isso, tinha de lidar com algumas barreiras que o cenário lhe oferecia, como a completa dependência brasileira do capital externo e um sistema financeiro desafado em relação às necessidades de liquidez da economia”.(</i><span style="font-style: normal;">h</span><a href="https://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/1689869/personagens-rui-barbosa-controverso-ministro-fazenda-encilhamento"><span style="color: black;"><span style="text-decoration-line: none;"><span style="font-family: "lora" , serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-style: normal;"><span style="background: rgb(238, 239, 239);">ttps://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/1689869/personagens-rui-barbosa-controverso-ministro-fazenda-encilhamento</span></span></span></span></span></span></a><span style="color: black;"><i> </i></span><i>)</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Então, ampliando a reforma bancária de 1888, em 1890 a República autorizou a emissão de títulos para a cobertura de <i>emissão de moeda sem lastro em ouro</i>, mantendo uma estrutura de empréstimos sem juros para bancos que, por sua vez, deveriam emprestar com juros subsidiados, o que fizeram sem maiores critérios, até porque iniciou-se uma onda especulativa na fundação desenfreada de novas instituições financeiras e negócios baseados exclusivamente no crédito governamental.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Se é verdade que no primeiro momento gerou crescimento econômico, não demorou causar especulação, inflação e recessão. Bancos e empresas foram fundados tão rápido quanto desapareceram, não honrando os empréstimos, pressionando não apenas as instituições saudáveis quanto o próprio tesouro, com evidentes reflexos políticos.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;">Quando a dissensão política juntou-se à crise econômica, Deodoro resolveu ignorar a consituição fechando o Congresso em 1891, quando Rui se demite do ministério. Em 1892, abandona a bancada no senado e lança um manifesto: <i>“Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação Eu ouso dizer que este é o programa da república”.</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">À estes fatos, segue-se um golpe que alça Floriano Peixoto à presidência em 1892, e depois, eclodem a Revolta da Armada na capital e a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, já que o novo presidente não convocou eleições como mandava a carta magna, além de ser centralista e absolutista, apesar de seus méritos em consolidar o regime.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Floriano instala uma ditadura e Rui, que adquirira o “Jornal do Brasil”, à denuncia fortemente, demonstrando também o desapreço pelo rumo que o país tomara em direção da chamada “Belle Èpoque”.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Em 1893 eclode a “Revolta da Armada”, uma sublevação da marinha, que ainda era fortemente monarquista, quase em paralelo com a Revolução Federalista que eclodiu no Rio Grande do Sul. O conjunto de ambas virou um conflito nacional que punha à prova o regime republicano e a presidência de Floriano.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Rui adere à revolta por meio de seu jornal, inclusive defendendo no STF o habeas corpus a aprisionados no conflito, pelo que acabou refugiado na embaixada do Chile e depois, exílado na Argentina, com o fechamento do seu periódico. Migra para a Inglaterra onde fica até 1895, já no primeiro governo civil da república, de Prudente de Morais, quando reassume sua vaga no senado e passa a defender a anistia em favor de todos os punidos e perseguidos por Floriano.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Continuou sua luta ingrata contra uma república elitista, que tudo decidia aos conchavos de oligarquias estaduais, sem eleições verdadeiramente democráticas, sem idéias, sem partidos verdadeiros e sem programas de governo, onde o presidente em exercício praticamente escolhia seu sucessor sem maiores contestações.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">E além dos problemas políticos, o país também enveredou por uma uma onda europeísta, uma tentativa de copiar o velho continente com pendores racistas que negavam direitos aos escravos libertos, implicando contra a miscigenação e mesmo contra as tradições culturais, e cujo traço mais visível foi o “bota abaixo”, a demolição de cortiços e construções antigas, mas centrais, de grandes cidades, para a construção de largas avenidas em estilo europeu, o que foi o símbolo da “Belle Èpoque”, mas sem uma política habitacional compensatória, que levou as populações pobres (e eminentemente formadas por ex-escravos) para os morros, as terras baratas afastadas dos centros urbanos, que viraram favelas. Para Rui, que sempre pregara políticas sociais incursivas para os libertos, era apenas mais um motivo de decepção com o regime que ele ajudara a fundar e que constatava confuso, incapaz de superar as crises entre as várias quarteladas e revoluções que eclodiam pelo país.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Eis que Afonso Pena morre antes de impor seu sucessor, que seria David Campista, contra quem Rui já se insurgira extremecendo a amizade com o então presidente. Mas Rui, já o “Água de Haia”, o brasileiro mais respeitado do seu tempo, cansado dos conchavos que vinham desde o império, resolve insurgir-se à escolha do Marechal Hermes da Fonseca em detrimento à do Barão do Rio Branco.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Hermes, apoiado pelas forças armadas, remetia aos terríveis anos de Floriano, pelo que Rui se candidata, ou, talvez, se “anti-candidata”, pois já estava nas ruas a Campanha Civilista, da qual ele assumiu a liderança, denunciando os vícios de origem (não os de caráter) do candidato do regime, que se queria presidente pelos mesmos métodos de escolha de seus antecessores.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Diz HÉLIO SILVA que <i>“A Campanha Civilista é a primeira luta democrática da República. Tão grande, em sua importância e repercussão que até hoje não pôde sequer ser igualada”</i> (História da República Brasileira – Luta Pela Democracia – 1911 a 1914. Ed. Istoé/Três, 1998, p. 39).</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;">Rui foi o primeiro verdadeiro candidato à presidência da história do país. Ele não teria seu nome levado à chancela, nem era uma oposição simbólica como ocorrera até então. Foi à praça pública pedir votos e disputá-los à boca de urna mesmo sabendo não ter chances de vitória, mas defendendo os valores republicanos e liberais pelos quais lutara a vida inteira. <i>“Eu sou dos sacrifícios. Se fosse para a vitória, não me convidavam, nem eu aceitaria; mas como é para a derrota, aceito. A ideia não morrerá pelo meu egoísmo. Perderemos, mas o princípio da resistência civil se salvará...”</i></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">E denunciou em praça pública todos os vícios que vinham desde o império, e os vícios que se criaram com a República, corpo a corpo, nos jornais, nas reuniões nos teatros e nos comícios para os quais acorreram multidões.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">As eleições nacionais ocorreram do mesmo modo que as anteriores, fraudadas, praticamente homologadas por quem lançou a candidatura vencedora. Mas pela primeira vez na história da república havia uma oposição articulada. Os dois mais importantes estados divergiram do conjunto das oligarquias e havia um líder que trabalhou exaustivamente na apuração e denunciou as fraudes, exaurindo os recursos processuais possíveis, indo às últimas consequências com coragem ímpar.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Eleito Hermes da Fonseca, ao montar seu ministério chegou inclusive a convidar Rui, sem sucesso, mas confessando a enorme admiração por aquele que era considerado um dos maiores brasileiros da época, que fundou e manteve a primeira oposição organizada na história da República a partir da coragem de enfrentar o candidato do regime e depois contestar sua eleição. E mais que isso, a eleição de Hermes alçou ao máximo poder uma das figuras mais proeminentes da República Velha, o senador gaúcho Pinheiro Machado, que encontrou em Rui seu contraponto, um opositor firme, popular, de retórica poderosa e respeitabilidade, única pessoa em todo o país e em toda a classe política que era capaz e tinha coragem de enfrentar o então todo-poderoso senador, presidente da “Comissão de Verificação de Poderes” e articulador da política de salvações nacionais que marcou aquele governo com intervenções nos estados.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="break-before: auto; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.11cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Rui foi quatro vezes candidato à presidência, desistindo de sua campanha contra Venceslau Brás (e ainda recebendo 47 mil votos). Em 1921 renuncia ao seu último mandato como senador.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Na República, nunca esmoreceu e lutou bravamente pelos ideais liberais e democráticos, resistindo à ideia de alojar-se confortavelmente no regime que ajudara a criar e que o abraçaria sem mágoas como aconteceu com outros tantos próceres do fim da monarquia. Foi sua maior obra e pior decepção, e seu discurso no senado, em 17/12/1914 revela o estado de espírito da luta inglória que abraçou por toda uma vida:</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.03cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="break-before: auto; margin-left: 1.03cm; margin-right: 1.03cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i><b>"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto... Essa foi a obra da república nos últimos anos. No outro regime o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para sempre. As carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos temiam a que, acesa no alto, guardava a redondeza como um farol que não se apaga... Em proveito da honra... da justiça... E da moralidade gerais."</b></i></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="break-before: auto; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.11cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><b>O “Águia de Haia”: diplomata, advogado, jurista, filólogo...</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="break-before: auto; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">As ditas “conferências de paz” de Haia, foram multilaterais e tentaram organizar a ordem internacional de pós-guerras, refletindo uma preocupação da sociedade civil de inúmeros países com a violência cada vez maior dos conflitos, cujas armas eram cada vez mais destrutivas. Foram uma tentativa de “humanizar” a guerra, criar regras mínimas de proteção às populações civis.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Foram uma experiência de “diplomacia aberta”, ou seja, discussões públicas que se contrapunham à sigilosa diplomacia tradicional por meio de fóruns de discussão em um país neutro, a Holanda, com cada país/delegação tendo o mesmo peso nas votações, sem a hegemonia das grandes potências econômicas e militares.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.01cm; widows: 2;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A primeira ocorreu em 1899 e a segunda, mais abrangente, em 1907, convocada pelos EUA após os dois severos conflitos, a Guerra dos Boeres (1899 – 1902) e a Guerra Russo-Japonesa (1904 – 1905), numa busca em dar </span></span><span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>“mais juridicidade às relações povo a povo” </i></span></span></span><span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">e </span></span><span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>“na medida do possível substituir ao arbítrio o direito, à violência a razão, a intolerância à justiça” </i></span></span></span><span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">(LAFER, CELSO –</span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"> https://cpdoc.fgv.br)</span></span><span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>, </i></span></span></span><span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">de modo que o Brasil não poderia ter sido melhor representado, se não por Rui, um poliglota cujos valores liberais, a inteligência e a oratória perfeita o fizeram brilhar, sendo reconhecido internacionalmente, tanto pelos diplomatas, seus oponentes nos debates, quanto pela opinião pública.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Rui contestou a diplomacia baseada na força e defendeu a igualdade entre os Estados nacionais com a democratização das relações entre os países criticando a classificação destes por sua força militar, o que feria as práticas de época, quando as grandes potências impunham suas vontades em todos os foros de negociação. Também trabalhou pela criação de uma corte de justiça arbitral, que foi o embrião da Sociedade das Nações, que por sua vez inspirou a criação da ONU. Debateu em alto nível com os representantes de todas as nações e em especial das grandes potências, peticiou pessoalmente sem auxílio de assessores, discursou em diversos idiomas, negociou medidas diversas e inclusive, discutiu o fim da aquisição territorial pela força mesmo decorrente de guerra sem mediação internacional, uma medida tão avançada e ambiciosa, que só teve tratamento legal mais de 40 anos depois, após o fim da Segunda Guerra Mundial e mesmo assim, após definidas as perdas/ganhos de territórios ao fim dela. Lutou pela democracia e pelos valores liberais no exterior com a mesma perspicácia e inteligência com que lutava por eles dentro do Brasil.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Recebeu o apelido de “Águia de Haia”, voltou em triunfo para o Brasil, onde, tratado como celebridade internacional, recebeu a mais alta comenda do país das mãos do presidente, seu amigo de arcadas, Afonso Pena. Chegou a ser indicado juiz da Corte Internacional de Haia e depois delegado brasileiro na importantíssima Conferência de Versalhes de 1916.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A coragem de Rui Barbosa refletia em sua advocacia. Sua inteligencia e seus valores liberais, idem, e sua atitude perante a profissão até hoje serve de exemplo para todos os juristas, o que foi transformado em “O Dever do Advogado”, que escreveu ao aceitar a defesa criminal de um adversário político e onde afirma o dever do causídico em prestar assistência jurídica, em acreditar nas instituições sem submeter-se aos arbítrios dos homens.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="border-bottom: none; border-left: none; border-right: none; border-top: 1px solid rgb(238, 238, 238); line-height: 0.42cm; margin-bottom: 0cm; margin-left: 6.16cm; padding: 0.19cm 0cm 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="border-bottom: none; border-left: none; border-right: none; border-top: 1px solid rgb(238, 238, 238); line-height: 0.42cm; margin-bottom: 0cm; margin-left: 6.16cm; padding: 0.19cm 0cm 0cm;">
<span style="color: #333333;">“<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer.”</i></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="border-bottom: none; border-left: none; border-right: none; border-top: 1px solid rgb(238, 238, 238); line-height: 0.42cm; margin-bottom: 0cm; margin-left: 6.16cm; orphans: 2; padding: 0.19cm 0cm 0cm; widows: 2;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="border-bottom: none; border-left: none; border-right: none; border-top: 1px solid rgb(238, 238, 238); line-height: 0.42cm; margin-bottom: 0cm; margin-left: 6.16cm; padding: 0.19cm 0cm 0cm;">
<span style="color: #333333;">“<span style="color: #999999;"> </span><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>Advogado, afeito a não ver na minha banca o balcão do mercenário, considero-me obrigado a honrar a minha profissão como um órgão subsidiário da justiça, como um instrumento espontâneo das grandes reivindicações do direito, quando os atentados contra ele ferirem diretamente, através do indivíduo, os interesses gerais da coletividade.“</i></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="border-bottom: none; border-left: none; border-right: none; border-top: 1px solid rgb(238, 238, 238); line-height: 0.42cm; margin-bottom: 0cm; margin-left: 6.16cm; padding: 0.19cm 0cm 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Orador afamado e escritor profícuo de mais de 100 volumes de textos jornalísticos, ensaios literários, poesias, pareceres jurídicos, petições e discursos, também foi um fervoroso defensor da língua portuguesa e ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras, presidindo-a em substituição a Machado de Assis.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><b>Conclusão:</b></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">O Brasil perde Rui Barbosa em 1o. de março de 1923, quando um edema pulmonar acaba com a vida marcada da luta por ideais, a palavra franca da oratória poderosa, o estudo minucioso de todas as questões a elevar os debates, mas principalmente pela afirmação diária dos direitos mais fundamentais do homem, os valores liberais de um abolicionista convicto, fervoroso democrata a defender a sociedade civil sem ceder à tentação dos arranjos confortáveis do poder, tendo transitado a vida inteira nas mais altas rodas tanto do Império quanto da República.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Sua enorme biblioteca pessoal transformou-se na Fundação Casa de Rui Barbosa. A revista Época o elegeu “O Maior Brasileiro da História” e o jornal A Tarde, “O Maior Baiano de Todos os Tempos”. Ainda foi homenageado no cinema, e na numismática teve sua efígie nas notas de Cr$ 10 mil e Cz$ 10,00.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Claro que, neste texto, não tenho a pretensão de abordar toda vida do grande brasileiro que veio da Bahia, até porque isso já foi feito por diversos outros autores mais competentes e estudiosos.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A ideia desta matéria é homenagear a coragem e a honestidade de um <i>político </i>que, como qualquer pessoa, também avaliou mal certas situações e errou, mas que ousou sonhar com um país democrático e progressista, sem conchavos e sem cessões às tentações do poder, preferindo a oposição sincera à situação acomodada, a renúncia ao poder antes de manchar suas mãos com a injustiça flagrante.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.01cm;">
<span style="color: #222222;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Sempre digo que grandes homens são o farol da humanidade e Rui não foi diferente. Em Haia ele mostrou para o mundo o que se sabia no Brasil: ele era uma luz que guiava os cidadãos que lutavam por justiça e democracia, uma luz que, se olharmos com atenção, ainda é capaz de nos guiar quase 100 anos depois de apagada, nestes tempos de trevas e confusão em que vivemos.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.01cm; widows: 2;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.01cm; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>Curitiba, 29 de agosto de 2019.</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.01cm; widows: 2;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="break-before: auto; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>Bibliografia:</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>BUENO, Eduardo – Brasil: Uma História. Editora Leya, 2010.</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>DEL PRIORE, Mary – Uma Breve História do Brasil. Editora Planeta, 2010.</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>SCHWARCZ, Lilia Moritz – As Barbas do Imperador, Companhia das Letras, 1998.</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>SILVA, Hélio – História da República Brasileira – Nasce a República 1888-1894, Editora Três, 1998.</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>SILVA, Hélio – História da República Brasileira – Luta pela Democracua 1911-1914, Editora Três, 1998.</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>Revistas:</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="break-before: auto; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.93cm; text-indent: 0.03cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><strong><span style="color: black;"><i><span style="font-weight: normal;">Revista VEJA </span></i></span></strong><em><span style="color: black;">- Edição Especial sobre a República - Parte integrante da edição nº 37, ano 21, Editora Abril, 1989 – extratos de declarações de época</span></em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>Na Internet:</em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em><span style="color: black;"><span style="font-weight: normal;">Portal Infomoney – verbete RUI BARBOSA –</span></span></em><a href="https://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/1689869/personagens-rui-barbosa-controverso-ministro-fazenda-encilhamento"><em><span style="color: black;"><i><span style="font-weight: normal;">h</span></i></span></em><em><span style="color: black;"><span style="text-decoration-line: none;"><span style="font-family: "lora" , serif;"><span style="font-size: small;"><i><span style="font-weight: normal;"><span style="background: rgb(238, 239, 239);">ttps://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/1689869/personagens-rui-barbosa-controverso-ministro-fazenda-encilhamento</span></span></i></span></span></span></span></em></a></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em><span style="color: black;"><span style="text-decoration: none;"><span style="font-family: "lora" , serif;"><span style="font-size: small;"><i><span style="font-weight: normal;"><span style="background: rgb(238, 239, 239);">Wikipedia – verbete RUY BARBOSA.</span></span></i></span></span></span></span></em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em><span style="color: black;"><i><span style="font-weight: normal;">L</span></i></span></em><em><span style="color: #222222;"><i><span style="font-weight: normal;">AFER, CELSO –</span></i></span></em><em><span style="color: black;"><i><span style="text-decoration: none;"><span style="font-weight: normal;"> Fundação Getúlio Vargas – Centro de Documentação – https://cpdoc.fgv.br.</span></span></i></span></em></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0.98cm; orphans: 2; widows: 2;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><em>MAGALHÃES, Rejane M. Moreira de A. - As Idéias Abolicionistas de Rui – Fundação Casa de Rui Barnosa – www.casaruibarbosa.gov.br.</em></span></span></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-81296987548918601712019-02-12T10:46:00.001-02:002019-02-12T10:54:05.296-02:00PUNIR O FLAMENGO É DEIXAR IMPUNE O VERDADEIRO CULPADO, NA VALE TAMBÉM.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOVNeBwvZ2pU1rhsIF87ndU17uA11fwSo3w3REPWdsDwj5d2m155kbH0KadV9eqNPpdqlfZw9nrskVaPqWsm5OynE76CDCVd1ru0QeKWAPVh4pvY7WmQ3w7IHIh-PVilWO-d95bvZ_2Lw/s1600/algemas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOVNeBwvZ2pU1rhsIF87ndU17uA11fwSo3w3REPWdsDwj5d2m155kbH0KadV9eqNPpdqlfZw9nrskVaPqWsm5OynE76CDCVd1ru0QeKWAPVh4pvY7WmQ3w7IHIh-PVilWO-d95bvZ_2Lw/s1600/algemas.jpg" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O sistema jurídico brasileiro é fundado na pessoa, ele julga os atos humanos, não os fatos que afetam as universalidades como as empresas, os espólios e a administração pública. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É recentíssima, em termos jurídicos, a discussão acerca das natureza de uma instituição. Quando entrei na faculdade, em 1989, ainda repercutia um livro do brilhante e saudoso professor <b>José Lamartine Corrêa de Oliveira</b>,<i> "A Dupla Crise da Pessoa Jurídica"</i>, em que se discute justamente isto: até onde a pessoa jurídica é sujeito de direitos e obrigações? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De qualquer modo, o importante para o leitor é saber que o sistema jurídico brasileiro só pune a pessoa jurídica do ponto de vista pecuniário. A pessoa jurídica é multada e condenada a pagar ou fazer, mas não sofre com sentença penal, porque por óbvio, os seus atos criminosos são praticados por pessoas físicas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os mesmos contâineres da tragédia no Ninho do Urubu do grande Flamengo são usados no CT do pequeno Coritiba para hotelaria dos jogadores profissionais. Talvez o projeto seja mais bem executado, provavelmente se tomaram cuidados adicionais, mas em essência, é o mesmo tipo construtivo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Um pequeno minerador também pode causar desastres ambientais. Uma pequena empresa também pode causar mortes no mau gerenciamento de suas atividades. Não é implausível, por exemplo, que um acidente numa pedreira possa gerar uma explosão gigantesca ou um derrame de material tóxico em um rio, com matança de peixes e de vegetação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essas tragédias praticamente comezinhas que acontecem no Brasil sempre são seguidas de discussões radicais: a Vale não pode ser fechada porque gera 70 mil empregos, o Flamengo não pode ser punido porque tem 30 milhões de torcedores, a Mineração da Anta precisa ser fechada porque dois de seus 10 funcionários morreram, o Coritiba Foot Ball Club tem de ser extinto porque seus torcedores causaram o caos na cidade e uma pessoa morreu a 15 quilômetros do estádio em decorrência do tumulto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Notaram que o debate é contraditório?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Notaram que pau que bate em Chico nem sempre vai ralar Francisco?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Uma das piores características brasileiras é maniqueísmo que se usa para proteger quem erra. De acordo com o agente agressor, temos uma forma de agir. Se é o grande Flamengo, dizemos que o clube não pode ser punido, se é o pequeno Coritiba, fazemos campanha para que ele desapareça e sirva de lição. Se é o diretor da Vale, ele não tem como saber de todos os atos de seus subordinados, se é da Mineração da Anta, é um capitalista ganancioso sedento por lucro fácil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E neste eterno debate, no fim das contas, os verdadeiros culpados ficam livres, não são afetados porque se forma uma confusão tamanha, que em certo momento não se sabe mais distinguir a pessoa da instituição, e isso vale para empresas, associações e até mesmo para o Estado, os órgãos da administração pública.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já disse esses dias, pouco me importa se é na gigantesca Vale ou na micro Mineração da Anta, se é no pequeno Coritiba ou no gigante Flamengo, o que eu quero mesmo é ver gente em cana, presa, cumprindo decisão condenatória.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porque quando acumulamos discussões sobre a responsabilidade de instituições, esquecemos que os atos delas são praticados por pessoas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foram os diretores da Vale que não souberam tratar da segurança da barragem de Brumadinho, foram os da Samarco que não souberam tratar de Mariana, foram os diretores do Flamengo que mandaram os garotos se alojarem nos contâineres, foram os agentes públicos que multaram o clube 30 vezes e não interditaram o local com lacre, foram os fiscais da Agência Nacional de Mineração que não foram conferir o estado real das barragens de Mariana e Brumadinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas nenhum diretor do Coritiba foi preso por conta daquele incidente em 2009, como nenhum diretor da Samarco, como não foi sequer ouvido o governador do Paraná que negou policiamento adicional para aquele jogo fatídico da confusão do clube paranaense, como ninguém do então Departamento Nacional da Produção Mineral foi punido por omitir-se na fiscalização da barragem que veio a romper em Mariana.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E parece que agora, encaminha-se tudo para a mesma direção. Discute-se a responsabilidade das grandes instituições, Vale e Flamengo, mas não se fala na punição direta de suas diretorias ou ex-diretorias. Engenheiros de uma prestadora de serviço pegam prisão provisória, mas nada é feito contra a diretoria de uma empresa recorrente em problemas ambientais. Não se pune o administrador público omisso na sua obrigação de fazer cumprir a Lei, porque supostamente não havia pessoal suficiente, ou, ainda, não era clara a competência funcional em tomar atos acautelatórios.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como a instituição só pode ser punida com multa ou com custo de praticar um ato, esta se paga, ou entra em dívida ativa, ou se discute <i>ad aeternum</i> em algum tribunal, mas os verdadeiros criminosos ficam livres, aproveitam o escudo eficiente da instituição que já deixou muito criminoso livre, leve e solto, gozando da vida que roubou outras vidas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-87223147168576433072019-02-07T22:14:00.003-02:002019-02-08T09:06:02.187-02:00AS TRAGÉDIAS DE UM BRASIL QUE NÃO APRENDE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvbr_s3r09hKA_XdpXnzPfu7ICFjaecpE7GgcXab3k95yoL8RWOfpMx_upPny2GqtZ6w9PPZPzJ40-QV1OPI0GKDo0xq9Q16VxDFj9IqyDxUQf0O9-tj_1z2VhknPndGilVJeZ-wg-geU/s1600/caos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="524" data-original-width="957" height="175" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvbr_s3r09hKA_XdpXnzPfu7ICFjaecpE7GgcXab3k95yoL8RWOfpMx_upPny2GqtZ6w9PPZPzJ40-QV1OPI0GKDo0xq9Q16VxDFj9IqyDxUQf0O9-tj_1z2VhknPndGilVJeZ-wg-geU/s320/caos.jpg" width="320" /></a></div>
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O Césio 137 causou um problema gravíssimo, tanto de infra-estrutura quanto de saúde pública, mas há poucos dias, outro aparelho de raio-x foi encontrado em um ferro-velho. A mesma prática irresponsável, a mesma ausência de fiscalização, a mesma temeridade e provavelmente, a mesma ignorância de não atentar que um aparelho dessa natureza não pode ser descartado de modo tão simples.</div>
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É praticamente anual uma temporada de chuvas que cause desabamentos e mortes na cidade do Rio de Janeiro. Eu lembro bem de um carnaval 20 anos atrás, em que o Joaozinho Trinta chegou até a fazer uma alegoria que pedia chuva para um orixá que só atendia os pedidos em contrário. O fato é que, maiores ou menores, praticamente todos os anos o Rio de Janeiro experimenta tragédias nas encostas e nas suas muitas favelas. E nem por isso se faz absolutamente nada para corrigir o problema e conter o adensamento urbano irregular e desenfreado. Décadas perdidas sem nenhum programa eficiente de habitação popular e urbanização, coisas que o prefeito Negrão de Lima já defendia na década de 60. Em contrário, a favela virou até atração, com direito a trégua dos traficantes quando aparecem ônibus de turismo.</div>
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Na tragédia da Serra Fluminense em 2011, também. Naquele conjunto perverso de condições climáticas desfavoráveis e ocupação urbana desordenada e irresponsável morreram quase mil pessoas e 30 mil ficaram desabrigadas, sendo que ainda há gente nesta situação, passados mais de 8 anos. Quase uma década sem nenhuma política de segurança e, pior, roubalheira e corrupção generalizada nas obras públicas que seguiram para reparar os danos, desvios ou simples esquecimento de donativos em depósitos.</div>
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O Morro do Bumba, episódio de ganância imobiliária misturada com ocupação urbana desordenada e irresponsável morreram 267 pessoas. Passados quase 9 anos não há um marco regulatório eficaz sobre aterros sanitários e lixões, que continuam sendo utilizados para adensamentos urbanos tão logo sejam desativados como destinos de lixo.</div>
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Na Boate Kiss morreram 242 pessoas e, passados quase 6 anos, não há nenhum condenado, não há nenhum indenizado. Daquela carnificina o que seguiu foi uma obrigatoriedade vexatória de placas verdes na frente de todos os estabelecimentos comerciais, mas de ação prática efetiva para que não se repita, quase nada. E ali manifestou-se outro defeito visceral do Brasil, o autoritarismo de agentes que deveriam proteger os cidadãos, como um promotor que processou um pai de vítima, único condenado até agora, por danos morais decorrentes de supostas ofensas em face da demora no trato da questão.</div>
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Na tragédia ambiental de Mariana, além de morrerem 19 pessoas foram milhares de animais domésticos e silvestres, além de uma perda colossal de biodiversidade com a morte de um rio, comprometendo uma bacia hidrográfica inteira. É possível que dali, tenham partido os surtos de febre amarela e chicungunha que estão levando a situação sanitária do país para algo parecido com a do início do século XX. Sem nenhuma consequência criminal, não há presos, as ações mitigadoras dos danos foram mínimas e o marco regulatório simplesmente não saiu do lugar. Os peixes voltaram ao Rio Doce, mas a pesca nele praticamente acabou em razão da contaminação, apesar da vida insistir em voltar ao rio, os bancos de areia de sedimentos tóxicos vão se transformando em ilhas. O então Departamento Nacional da Produção Mineral passou a exigir um relatório anual sobre o estado de represas de rejeitos e tudo ficou nisso mesmo, nada mais se fez, nada mais se disse até que aconteceu Brumadinho.</div>
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Em todos estes casos há componentes comuns: </div>
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O problema aparece e não é atacado. Nada se resolve, no máximo se discutem leis poéticas e idealizadas que não são cumpridas porque exigem uma burocracia tão grande que o Estado não consegue operá-las, como, aliás, é incapaz de operar até a legislação que já existe, cujo rigor é imenso, mas apenas para acumular papéis.</div>
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Ausência completa de fiscalização e atuação pró-ativa do Estado. A legislação existe, existem diversos órgãos capazes de fazer verificações, mas na prática, alega-se falta de competência, de pessoal e de condições materiais. E o Estado continua existindo apenas como mantenedor de si mesmo, sem que as 3 esferas se conversem, como se municípios e estados não estivessem inseridos em uma federação.</div>
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Pior é o festival de politicagem. Deputados e senadores criam CPI(s) e fazem discursos inflamados contra o governo de plantão, exigem providências e dizem que vão instituir o rigor da Lei. Tudo jogado ao vento, esquecido tão logo a mídia passa para outro item da pauta macabra do dia a dia nacional. </div>
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Há quem diga que o Brasil sofre um castigo de Deus, mas se olharmos os muitos episódios agudos e os milhares de episódios diários que são representados por quase 120 mil mortes violentas por ano, que incluem homicídios, acidentes de trânsito, acidentes de trabalho e doenças decorrentes de atividades, a única constatação objetiva é de que somos irresponsáveis, não aprendemos com nossos erros, continuamos achando que leis poéticas resolvem problemas que precisam de ações práticas.</div>
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Aliás, o fetiche brasileiro por leis é algo sintomático de nossa sociedade. Para tudo há lei, para tudo há regulamento, mas nada é solucionado porque na mesma proporção em que se legisla, se abrem brechas para a proteção processual dos desonestos e dos malandros. Quando constatamos que ladrões contumazes de dinheiro público apostam sua liberdade na discussão de prisão somente após o trânsito em julgado, quando olhamos os números que demonstram que 90% das multas ambientais simplesmente não são pagas, quando indignados ouvimos falar da troca de punições por termos de ajustamentos de conduta, tudo isso nos remete a leis que não protegem a sociedade nem às coisas que ela deve prezar, mas somente às elites políticas, econômicas e intelectuais, todas elas sempre agraciadas com algum tipo de benesse que é negado para a maior parte da população.</div>
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Quando generalizo assim, é óbvio que a culpa recai sobre a classe política, afinal, é dela que se espera que se tomem as iniciativas mais importantes para enfrentar problemas. Mas não é um problema apenas da classe política, é um problema nosso, como país incapaz de cobrar de seus governantes uma atuação mínima que aprenda com os erros no pranto das tragédias, para que elas não se repitam.</div>
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Enquanto nós, brasileiros, não aprendermos que uma única morte violenta, qualquer que seja o motivo, é vergonhosa e aviltante à nossa condição de cidadãos, nunca sairemos deste circulo vicioso de tragédia-indignação-falatório-nova tragédia. Enquanto não colocarmos a Lei para punir os criminosos ao invés de dar-lhes razões de defesa e obtenção de prazos processuais protelatórios continuaremos a ser a pátria das tragédias, das mortes estúpidas, da vida que não vale nada se for de um cidadão comum que não tenha relações privilegiadas com o Estado.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-79674275805980565432019-01-31T21:37:00.000-02:002019-01-31T21:37:02.627-02:00BRUMADINHO É O WATERLOO BRASILEIRO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKg4seIpQ5aJyKNVtSwJgaFJEO_v2R5wHV87T5tnT_lyUZyW8Cdy9dZUb3vsrf6Sy2t2m-kTneMI9nNUGnqJ-c9f8UanOdjl9xjYX4-mwgbC_tspNZFIKu-CZZT-oonfV2RDlvYLPEpuM/s1600/bras%25C3%25ADlia+enlameada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="272" data-original-width="480" height="181" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKg4seIpQ5aJyKNVtSwJgaFJEO_v2R5wHV87T5tnT_lyUZyW8Cdy9dZUb3vsrf6Sy2t2m-kTneMI9nNUGnqJ-c9f8UanOdjl9xjYX4-mwgbC_tspNZFIKu-CZZT-oonfV2RDlvYLPEpuM/s320/bras%25C3%25ADlia+enlameada.jpg" width="320" /></a></div>
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Do lado de lá não havia o Duque de Wellington, do lado de cá não era Napoleão. </div>
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200 anos atrás, os atos de heroísmo ocorreram durante a batalha, aqui, aos milhares depois do desastre.</div>
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Lá como cá, o derrotado foi prostrado, mas aqui não houve vencedores.</div>
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Brumadinho é uma espécie de Waterloo brasileiro. É aquele momento em que se descobre que aquilo tudo em acreditamos por muito tempo realmente nada vale. </div>
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O Brasil acreditou em quase toda sua história que seus problemas se resolveriam com leis idealizadas e o Estado inchado de funcionários muito bem remunerados que às aplicariam para a glória da nação. </div>
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Na prática, as leis não valem para nada e o Estado só serve à si mesmo. </div>
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Ele não fiscaliza, seus agentes se escondem atrás de regras de competência, regulamentos obscuros, papelada, carimbos e a crença messiânica de que basta cobrar taxas e mandar que a iniciativa privada resolva todo o resto, enquanto o Estado posa de provedor do bem estar social que ele só garante para seus agentes mais bem remunerados. </div>
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O Estado chancela, no Brasil é moleza: todos acreditam que uma licença ambiental emitida é garantia de que problema nenhum vai ocorrer. </div>
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O papel é mais importante que as ações, o cidadão que falsifica o papel é mais vilão que o Estado que o emitiu sem nenhuma ação prática, salvo a de carimbar e assinar um processo com certificação eletrônica, sem se dar ao trabalho nem de ir dar uma olhadinha perfunctória para ver se está tudo ok.</div>
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Tal qual Napoleão que exigia carga dos exércitos dos quais não mais dispunha, em Mariana o Brasil quis fazer o que sempre fez para ter efeito diferente: uma enxurrada de novas obrigações burocráticas, de taxas, de declarações, de acúmulo de papéis que na prática dariam a impressão de que o problema estava sendo atacado. </div>
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Napoleão acreditava vencer com o poder que já não detinha, o Brasil pensou que poderia mudar a realidade cometendo os mesmos erros de sempre, aqueles da Boate Kiss, no Morro do Bumba, na Serra Fluminense e no episódio do Césio 137.</div>
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A grande verdade é que em Brumadinho, fomos derrotados como nação. Os poderoso exército imaginário de um Napoleão enfraquecido, aqui foi um Estado apodrecido, que coage e inviabiliza pequenos empresários, mas troca favores com as mega corporações em conselhos obscuros que relativizam a lei poética para maximizar o lucro que garante a valorização dos papéis de propriedade de fundos estatais de pensão.</div>
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Tal qual a França de Napoleão que conheceu o sabor amargo da derrota definitiva, o Brasil sentiu a boca seca da lama tóxica que nos alerta que, do jeito que fazemos, não podemos vencer.</div>
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O nosso Wellington foi a força poderosa do descaso e da irresponsabilidade, a vítima, foi como em Waterloo um país inteiro, que perdeu 400 dos seus filhos, milhares de animais domésticos e silvestres, plantas, árvores e rios inteiros, porque a maldita burocracia não consegue reunir agentes federais, estaduais e municipais para montar um cronograma de fiscalização de barragens de empresas lucrativas que não cumprem aqui, as obrigações rigorosas que cumprem no exterior.</div>
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Waterloo ensinou aos franceses o valor de aprender que o mundo muda e quem não aprende com isso conhece a derrota. Será que Brumadinho vai ensinar os brasileiros a não serem mais derrotados por sua incapacidade em mudar e fazer as coisas direito?</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzWhJSNq6daxVGrYan00798sHmQzCR8ymjuqvDVMooHpK9IbFhQquLXRYqqu0m-lzePJGC5zdKM3Gw-KqArz8RIpnqriNf-mHOnrShrUEoAz4h0bSrt7n8tzhdMXibpBZ3nLZCy8V32fE/s1600/reforma.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="107" data-original-width="473" height="72" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzWhJSNq6daxVGrYan00798sHmQzCR8ymjuqvDVMooHpK9IbFhQquLXRYqqu0m-lzePJGC5zdKM3Gw-KqArz8RIpnqriNf-mHOnrShrUEoAz4h0bSrt7n8tzhdMXibpBZ3nLZCy8V32fE/s320/reforma.png" width="320" /></a></div>
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Induzir a confusão de reforma da previdência com fim da aposentadoria é criminoso, atenta contra o futuro de todos os brasileiros.</div>
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Se confirmado o atual cálculo atuarial sem que se faça nada para adequar a previdência, em breve o governo brasileiro terá de abrir mão de programas sociais que lhes são facultativos (não são políticas de Estado, não são definidas como obrigatórias) como o Bolsa-Família e o Seguro-Desemprego, deixando de pagá-los para quitar as obrigações carimbadas, no caso, as aposentadorias.</div>
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<br /></div>
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Se nada for feito, em um prazo adicional à isto, os governos brasileiros começarão a ter de escolher entre gastar ou com a previdência, ou com a saúde, ou com a segurança pública. Não haverá recursos para todas elas, a tendência é que todas percam verba.</div>
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<br /></div>
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E se a inércia continuar, em determinado momento futuro o governo federal fará como os governos falidos do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro: passará a parcelar os pagamentos tanto de ativos, quanto de aposentados.</div>
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E se mesmo assim não se fizer uma reforma, chegará o dia em que os governos simplesmente não pagarão mais uma parte dos aposentados ou vão retirar parte dos rendimentos, em razão da necessidade de manter serviços públicos mínimos.</div>
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E quando isso acontecer, os primeiros a serem prejudicados não serão os nababos que recebem aposentadorias de 6 dígitos, estes têm uma enorme rede de proteção que inclui um Judiciário elitista que certamente dará liminares em favor de ex-desembargadores ou ex-auditores fiscais, mas que vai ignorar os aposentados que recebem salário mínimo, estas pessoas que não têm dinheiro para pagar advogados e custas judiciais, e que são pessimamente atendidas pela Justiça dativa mal estruturada no país inteiro.</div>
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Reformar a previdência não era, certamente, uma tarefa que nenhum presidente do passado queria assumir. FHC, Lula e Dilma se desgastaram tratando disso, tiveram oposição ferrenha até mesmo dentro de seus próprios partidos. Michel Temer teve a chance de ouro de conseguir uma reforma parcial que daria um respiro atuarial de alguns anos, foi barrado pela denúncia Janot/Joesley. Todos eles, se pudessem, nem tocariam no assunto, é muito mais fácil ser governante sem mexer em vespeiro, o problema é que governar exige olhar para o futuro, e neste, o vespeiro sempre aparece no horizonte.</div>
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A reforma da previdência que vem por aí não é do Bolsonaro, porque se ela representa um número baixo, digamos, 400 bilhões de reais em 10 anos, significará uma economia que não chega a 1/3 do déficit público de 2018 em dois governos e meio. </div>
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<br /></div>
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Aliás, se esta reforma que vem sendo discutida desde o governo Dilma for aprovada nestes termos, imediatamente após sua sanção ou promulgação, será necessário iniciar outra discussão sobre o mesmo assunto, porque as previdências dos militares, dos funcionalismos estaduais e municipais não terão sido atacadas.</div>
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O governo Jaime Lerner instituiu o Paraná Previdência, que é a entidade que administra as aposentadorias dos funcionários públicos estaduais. A idéia inicial era capitalizar as contribuições dos funcionários e do próprio estado. Mas o estado <i>NUNCA</i> honrou a sua parte (com os governadores Roberto Requião e Beto Richa) e além disso, recentemente aprovou-se uma lei segundo a qual, está isento de honrar tanto os compromissos passados quanto os futuros. Resultado: o cálculo atuarial simplesmente não encontra recursos para honrar as aposentadorias em 15 ou 20 anos.</div>
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<br /></div>
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É um problema colossal que se repete nos demais estados e em previdências municipais, em um país onde a expectativa de vida cresce todos os anos. </div>
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Que pode, é verdade, ser amenizado com crescimento e recuperação da economia. Mas amenizar não é solucionar.</div>
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Se o atual governo aceitar o desgaste que terá para discutir a previdência, em aprovando qualquer reforma estará prestando um enorme serviço ao país, inclusive aos governantes futuros, sejam eles da situação, sejam da oposição.</div>
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<br /></div>
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Vivendo em uma democracia, é provável, aliás, é certeiro que em algum momento futuro a oposição voltará a governar o país. Há quem prefira assumir um país totalmente quebrado e inviável, porque isso abre chance para discursos salvacionistas, demagogia e no fim das contas, ditadura. Mas acreditando na democracia também se pode dizer que mesmo a oposição séria tem interesse em reformar a previdência.</div>
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<br /></div>
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Portanto, quem disser que a reforma quer acabar com a aposentadoria, certamente tem um pé no regime de exceção. A questão precisa ser discutida, ninguém está pedindo que a oposição não apresente alternativas, mas fazer nada não é alternativa, e todo mundo sabe disto!</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-21736493442179742222019-01-23T10:35:00.000-02:002019-01-23T10:35:05.586-02:00QUANDO NADA ESTÁ BOM...<div style="text-align: justify;">
Nem falar de Dilma Roussef, cuja burrice extrema virou motivo de piada mundial.</div>
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Ou de Lula, com seus <i>"nunca antes"</i>, querendo dizer que ele mesmo refundou o país e o mundo.</div>
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Mas Michel Temer, a cada vez que se manifestava, era um desastre completo. Suas mesóclises e incapacidade de concisão, as derrapadas que fariam qualquer porta-voz ficar de cabelos brancos. </div>
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Nem por isso Temer tinha seus discursos analisados linha por linha, vírgula por vírgula.</div>
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Uma boa parte da imprensa brasileira não entendeu ainda que o país não quis eleger Fernando Haddad, porque ele era candidato do PT e do presidiário Lula. </div>
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O país pode não ter escolhido o melhor candidato de oposição ao PT (eu mesmo, preferia o Henrique Meirelles, que nem era assim tão oposição ao PT), mas efetivamente não quis manter o projeto ditatorial e irresponsável do partido que apóia Nicolas Maduro, o partido de José Dirceu, Antonio Palocci, Cândido Vacarezza, Tarso Genro, Césare Battisti, Gleisi Hoffmann, Benedita da Silva e Maria do Rosário.</div>
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<br /></div>
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O país elegeu Jair Bolsonaro. Eu votei no Jair Bolsonaro não porque gostava dele, mas porque ele era a única opção contra o PT. Se Ciro Gomes tivesse ido ao segundo turno contra Haddad, eu votaria em Ciro Gomes. Se fosse o Alckmin, idem, se fosse o Luciano Huck, idem, Cabo Daciollo, idem, etc...</div>
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<br /></div>
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Negar o sentimento nacional de anti-petismo é simplesmente ignorar as derrotas acachapantes de Dilma Roussef, Roberto Requião, Lindberg Farias e demais próceres do petismo ou do petismo disfarçado. E não são os deslizes morais de Flávio Bolsonaro que podem remir o rol de absursos perpetrados pelo partido do presidiário Lula.</div>
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<br /></div>
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Se o Flávio Bolsonaro, filho do presidente, é corrupto, se ele desviou dinheiro dos funcionários do gabinete, se ele empregou mãe e irmã de miliciano, é outro assunto completamente diferente. O Flávio Bolsonaro que seja investigado, condenado e preso, pouco importa, ele não é o presidente.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas desqualificar todos os atos do governo, analisando discursos vírgula por vírgula e remetendo o governo inteiro ao deslize moral do filho do presidente é asqueroso, especialmente com 20 dias de governo.</div>
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<br /></div>
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Se o governo vai engrenar, não sei.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se vai conseguir aprovar reformas, também não sei.</div>
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<br /></div>
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Se ao final de 4 anos será um desastre, ninguém sabe.</div>
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<br /></div>
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Se Jair Bolsonaro vai sofrer impeachment, não se pode dizer isso agora.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas desqualificar um governo eleito democraticamente por um discurso de 6 minutos é apenas e tão somente recalque.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-84234834841421480612019-01-09T09:43:00.002-02:002019-01-09T09:43:52.450-02:00PADRE RUPERT MAYER - O TRIUNFO DA CONVICÇÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge-mSOYKbDQCet8zhZdQIxTVI-87BNnElJNL5wiFhWO-LyNSRl2ju8N8nZz38-AddItChG_3tnx-XW9M8PaHuLNTddEt3FpXsXEnkcIXOLIJpg38Hwk4s087ogELreHddrrogKlI1XNtl5/s1600/Rupert+Mayer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="287" data-original-width="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge-mSOYKbDQCet8zhZdQIxTVI-87BNnElJNL5wiFhWO-LyNSRl2ju8N8nZz38-AddItChG_3tnx-XW9M8PaHuLNTddEt3FpXsXEnkcIXOLIJpg38Hwk4s087ogELreHddrrogKlI1XNtl5/s1600/Rupert+Mayer.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>Introdução:</b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b><br /></b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Na minha família, a história é de que meu avô encontrou o nome de meu pai em um resto de jornal no chão, lá em Jaraguá do Sul/SC, terra de colonos alemães, na década de 30.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Sim, meu pai se chama Rupert Mayer, um homônimo do herói que quero retratar neste texto singelo. Não se sabe, ao certo, se naquele jornal meu avô encontrou o nome do nosso herói ou apenas um “Rupert” remetendo ao duque da Bavária, príncipe do Reno, que viveu entre 1619 e 1682 na terra natal de nossos antepassados alemães. De qualquer modo, minha família não necessariamente veio da Alemanha como “Mayer”, ela pode ser “Mayr” ou mesmo “Meyer”, já que se sabe que meu avô tinha medo do nazismo e então batizou os filhos com um nome que não remetesse às famílias judias que na época já eram torturadas pelo regime criminoso liderado por Hitler.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Já faz certo tempo que penso em escrever sobre esta figura histórica. Foi quando um primo de meu pai, voltando de viagem à Alemanha, disse que, de repente, em Munique, se viu na “<i>Rupert Mayer strasse</i>” em frente à uma estátua do padre e nos contou em tom de brincadeira que nem lá, em outro continente, conseguia se ver livre do “alemão”, seu primo chegado numa cerveja e numa boa festa.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Enfim, faço esta introdução apenas para explicar que não tenho parentesco com o capelão, herói, beato e provavelmente santo, no futuro. Mas não deixa de ser uma homenagem ao meu pai e à minha família, afinal, ostentamos o nome Mayer de um herói, um homem que salvou vidas, que deu apoio espiritual e pregou sempre a palavra de Deus, inclusive para inúmeros não-católicos com quem serviu no campo de batalha, e até para judeus, muitos dos quais ajudou a salvar do horror nazista.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b><br /></b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>Nascimento, família e formação:</b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Nascido em 23 de janeiro de 1876 em Stuttgart, Alemanha, filho de comerciantes alemães, o segundo de dois meninos mais 4 meninas. Era uma família capaz de dar aos filhos a melhor educação e as melhores oportunidades, na infância estudaram música e formaram uma pequena orquestra caseira onde ele respondeu pelo primeiro violino, o que por si só já revela traços de sua personalidade.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Ao ser enviado pelo pai para estudar em Ravensburg, onde completaria seus estudos colegiais, encontrou antigos alunos do colégio jesuíta Stella Maris de Feldkirch, na Áustria, que por sua vez fizeram grandes elogios aos seus mestres. Instado a informar-se, Rupert fez um retiro, após o qual decidiu aderir à Companhia de Jesus. A família se opôs mas, não conseguindo demovê-lo da idéia, o convenceu a ordenar-se primeiro e, somente depois, em descobrindo a vocação, aderir à congregação que já sofria os efeitos do anti-clericalismo de época.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Estudou filosofia e teologia nas universidades de Friburgo, Munique e Tübigen, um ano em cada uma delas, e um quarto ano no seminário Rottenburg. Foi ordenado padre sem fazer o seminário completo em 2 de maio de 1899, designado para a paróquia de Spaichingen em Baden-Wüttemberg. Após um ano nesta paróquia, requisitou ao bispado juntar-se aos jesuítas, o que só conseguiu em um segundo pedido, pois isto implicava uma licença de suas funções sacerdotais para obter a formação congregacional.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Em 1o. de outubro de 1900 assume o noviciado, ficando até 1908 na formação congregacional, e até 1911 como missionário, tendo visitado a própria Áustria, a sua Alemanha natal, a Suíça e a Holanda, claro, lugares de idioma alemão.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b><br /></b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>O capelão dos imigrantes:</b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">No início do século XX, a Europa era a sede dos grandes impérios coloniais.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">O colonialismo assegurava matérias-primas baratas e abundantes, além de mercados cativos. As metrópoles experimentavam a industrialização forjada na necessidade de produzir modernos meios de transporte, marinhas de guerra e armamentos cada vez mais eficientes em prol da capacidade de manter o controle sobre as colônias e, consequentemente, o fluxo econômico que delas emanava, numa época conturbada, da aurora do nacionalismo e dos processos de independência de inúmeras nações colonizadas, numa velocidade nunca antes experimentada: <i>“Observadores atentos de todo o mundo se maravilhavam com essa tempestade de mudanças, uma rajada após a outra. A tempestade era, na verdade, o próprio século 20. As mudanças tendiam a acontecer mais rapidamente em questões que envolviam a matéria – armas que aniquilavam a vida e remédios que a prolongavam, transporte, energia, modos de poupar o esforço humano.” (BLAINEY, Geoffrey, Uma Breve História do Século XX, Editora Fundamendo, 2008, p. 37).</i></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Essa industrialização causou grande êxodo rural, que teve por efeito o afastamento dos fiéis de suas igrejas natais e o excesso de oferta de mão-de obra, que gerou baixos salários e desemprego porque o processo não era capaz de absorver toda a força de trabalho que se apresentava. Além disso, sérios problemas de urbanização causando bolsões de miséria e guetos, onde logo proliferaram os discursos salvacionistas e radicais que acabavam encontrando seguidores.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-style: normal;">Tempos em que as discussões filosóficas chegaram às massas sob a forma de pressão política: greves por melhores salários, reivindicações por empregos e melhores condições de vida. Obviamente era muito mais fácil arregimentar adeptos nas concentrações urbanas que no campo. A Alemanha (e a Europa) convivia com conservadores, liberais, sociais-democratas, socialistas, comunistas e anarquistas. Todas as idéias tinham adeptos, todas elas tinham chances de prosperar e obter poder político.</span><i>“Quando se tratava da difusão de novas ideologias, entretanto, as transformações não eram tão facilmente previsíveis. O romancista Victor Hugo, que escrevia em francês – a língua que havia expressado muitas das novas ideias -, proclamava a força inexorável da mentalidade dinâmica cuja época havia chegado. 'É possível resistir à invasão de qualquer exército, mas não é possível resistir à invasão das ideias', escreveu. De fato, algumas das novas ideias presentes nos campos da religião, da economia, da política e da filosofia avançavam e recuavam de modo desordenado. Ondas de pensamentos se chocavam contra conceitos pré-existentes no inicio do novo século. Cada vez mais, europeus ouviam as palavras de ordem dos socialistas e anarquistas, os pedidos das mulheres por direitos iguais e as queixas das minorias étnicas...” (obra citada, p. 37). </i><span style="font-style: normal;">E muitas destas ideias e filosofias eram anti-clericais, o que, repita-se, na Alemanha era mais acentuado contra a Igreja Católica.</span></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Foi neste contexto que, em 8 de janeiro de 1912, Rupert Mayer assumiu a função de capelão dos imigrantes em Munique, capital da Baviera, uma das florescentes metrópoles industriais daquele país que ainda conservava um imperador poderoso e quase absolutista em uma economia em que as massas de trabalhadores clamavam por poder político e eram instados a odiar a religião e ver as igrejas como inimigas, na esteira da pregação de sociais-democratas, anarquistas, comunistas, socialistas de várias correntes e bem depois, do nazismo.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Foi designado especificamente para cuidar das massas de pessoas que chegavam do campo para uma cidade em rápida industrialização, mas onde o desemprego já era alto e onde não havia condições urbanas e de abrigo para todos que à ela acorriam.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Ao invés de esperar os fiéis na igreja que não conseguia abrigá-los, Mayer levou a palavra jesuíta aos imigrantes. Saiu pela cidade abordando andarilhos nas calçadas, visitando barracos e comunidades pobres fazendo amizades, promovendo o evangelho e prestando pequenos favores, encaminhando trabalhadores a sindicatos onde sua inscrição era obrigatória para obter empregos, e a lugares onde havia propostas de trabalho. Fez isto e arregimentou milhares de fiéis que o acompanharam na tarefa, gerando uma mobilização que melhorou em muito as condições de abrigo e emprego dos imigrantes e da cidade, com visíveis efeitos sócio-econômicos. <i>“O problema não tinha sido resolvido, longe disso; mas pelo menos agora era bem conhecido de todos, o que tornava bem mais fácil a tarefa de encontrar uma maneira de solucioná-lo. A simples burocracia não seria suficiente; requeria-se contato pessoal e humano: os recém-chegados seriam bem acolhidos e ajudados para se matricularem em algum sindicato de trabalhadores, sem o qual permaneceriam incapazes de conseguir emprego. Deveriam ser levados a entrar em contato com a Igreja e, para tanto, era necessário também enfrentar a propaganda anti-religiosa. Os habitantes das aldeias deveriam ser esclarecidos acerca das dificuldades que os esperavam na cidade grande; se aí já existia desemprego, o problema seria mais agravado pela imigração em massa(...)”(ECHANIZ, Ignacio – Paixão e Glória – História da Companhia de Jesus em corpo e alma, volume IV, p. 181).</i></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Já neste episódio se afirmavam características pessoais que permearam toda sua vida: vontade férrea, profunda religiosidade, a grande preocupação e dedicação pelo próximo. “<i>A vida do P. Rupert Mayer constituiu síntese convincente do anúncio do Evangelho e e do compromisso em favor dos pobres e oprimidos”. </i>(Carta do Superior Geral dos Jesuítas, Roma, 19/01;1987, anunciando a beatificação).</span></div>
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“<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>Cada soldado deve saber que o capelão é seu melhor amigo.”</b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Como já dito, em 1914 a Europa vivia a efervescência cultural e política decorrente do êxodo rural e do crescimento das cidades. A Primeira Guerra Mundial foi um conflito causado inclusive por estes fatores, aliados ao nacionalismo que foi tomando tons extremos com o passar do tempo.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Quando eclodiu a grande guerra, descobriu-se que todo aquele avanço tecnológico (armamentista), e toda aquela efervescência ideológica à tornou muito mais grave e violenta, mais destrutiva e marcante do que qualquer outra na história. O historiador JOHN KEEGAN diz que <i>“No início de julho de 1914, havia cerca de 4 milhões de europeus uniformizados; no final de agosto, havia 20 milhões, e muitos milhares já haviam sido mortos. A sociedade guerreira submersa irrompera armada na paisagem pacífica e os guerreiros travariam a guerra até que, quatro anos depois, não conseguissem mais lutar.” </i><span style="font-style: normal;">e complementa que muito desse estado de coisas foi decorrente dos embates filosóficos, dizendo ainda que “</span><i><span style="font-weight: normal;">A ideologia da 'guerra verdadeira' foi a ideologia dos exércitos da Primeira Guerra, e o destino estarrecedor que aqueles exercitos construiram para si mesmos, graças a seu fervor para com essa ideologia...” </span></i><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;">(Uma História da Guerra, Companhia das Letras, 1995, p. 40).</span></span></span></div>
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<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Enfim, foi uma guerra cuja duração e violência estarreceram a humanidade, influenciando os rumos da história ainda por muitas décadas, visto que, do conflito, emergiu um Estado comunista, desapareceram impérios milenares e se construiu um novo mapa europeu sem a Alemanha como superpotência.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">É importante que se saiba disso, porque Rupert Mayer foi um personagem daquela guerra, e deveu à isto inclusive sua própria vida durante o embate ainda mais perigoso que teve contra o nazismo 20 anos depois.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Em 1914 alistou-se voluntariamente no exército alemão para exercer a função de capelão, com a intenção de servir no campo de batalha, que, no caso, também foram as trincheiras que caracterizaram aquele conflito.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Somente em agosto de 1915 foi nomeado capelão-chefe da 8a. Divisão de Reserva da Baviera, quando deixou do trabalho em um hospital militar para o qual fora inicialmente lotado e passou à linha de frente do conflito, tendo estado em batalhas na França, na Polônia e na Romênia.</span></div>
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<br /></div>
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“<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><i>Minha vida está nas mãos de Deus”</i> ele respondia quando indagado sobre suas incursões ao campo de batalha. Ele entendia que deveria estar ao lado dos jovens soldados, arriscando a vida como eles. <i>“-O que o senhor pretende fazer aqui? Não é possível ajuntar os homens para um culto religioso.” </i><span style="font-style: normal;">lhe disse um capitão, com a resposta: “-</span><i>Não me importa. Eu simplesmente irei com você até as trincheiras para falar com os soldados”.</i></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Novamente, a exemplo de sua atividade em Munique, com grande esforço pessoal e com a prática de atos de amizade, compaixão e heroísmo, ganhou a mais alta consideração tanto dos soldados católicos, quanto dos protestantes e judeus que lutaram pelo império.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Esteve presente nos campos em pleno bombardeio, ministrou sacramentos abaixo do zumbido de metralhadoras e fuzis em plena carga, arrastou-se para aconselhar quem lhe pedia conselhos em pleno combate, ajudou o corpo médico, arrastou feridos para detrás da linha de batalha transferindo-os para os auxilios médicos. Foi condecorado diversas vezes por bravura e indicado à mais alta condecoração das forças armadas germânicas, a <i>Cruz de Ferro</i> de 1a. Classe, honraria que, embora tenha sido muito deferida naquele conflito, carrega uma carga histórica e nacional de alta importância entre os alemães.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Numa época em que os jesuítas não eram bem vistos na Alemanha, foi o primeiro capelão militar e primeiro religioso a recebê-la. Mais que isso, a recomendação para a honraria partiu do general da sua divisão, que era protestante e que declarou: <i>“Nós fomos capazes de manter uma posição muito importante, devido ao exemplo de coragem dado pelo Padre Rupert Mayer”.</i></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A coragem cobrou seu preço na perda, em batalha, da perna esquerda, quando em 30 de novembro de 1916 foi ferido por um obus, tendo sofrido duas amputações consequentes dada a grande perda de sangue e à uma infecção. Novamente sua vontade férrea se manifestou e, 27 de outubro de 1917 voltou a celebrar uma missa, em pé, já adaptado à perna artificial.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b><br /></b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>No entre-guerras:</b></span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Na carta do superior geral dos Jesuítas quando da beatificação de Rupert Mayer, se disse que <i>“Foi sobretudo no tempo intermédio entre as duas guerras mundiais que esta testemunha crítica e valorosa da fé apresentou uma figura profética, que sempre constituiu um repto”</i>.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A guerra acabara, mas a efervescência política e ideológica, não.</span></div>
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<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Em contrário, agora a Alemanha se encontrava no caos político e econômico. Eram monarquistas versus republicanos, anarquistas versus nacionalistas, capitalistas versus comunistas, radicais de esquerda e de direita, partidos políticos nacionais versus regionais, golpes e contra-golpes regionais, a desencontrada República de Weimar e o peso colossal da indenização que foi imposta à Alemanha, que, em várias ocasiões gerou conflitos e agressões externas decorrentes de uma guerra que não fora causada somente por ela.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">E um enorme contingente de mutilados de guerra nem sempre contritos, nem sempre conformados. E inflação, desemprego, desesperança, miséria e caos generalizado. Era assim na Bavária, era em Munique, era em toda a Alemanha que emergira da guerra como um país menor, não mais associado ao império Austro-Húngaro que fora extinto, e somente um pouco maior que a velha Prússia que era seu modelo histórico de governo forte e não necessariamente democrático representado na figura do imperador, agora tendo que aprender a ser uma democracia praticamente imposta pelo Tratado de Versalhes.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">E o anti-clericalismo também, afinal, a Alemanha não deixara de ser o berço de vários movimentos socialistas, do comunismo e do anarquismo, além de ser predominantemente protestante entre quem era religioso.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Mas novamente, o diálogo, a amizade e o evangelismo de Mayer voltou a trabalhar pela paz. <i>“O povo alemão não poderia ser salvo com o auxílio de outras nações: a melhor forma para a reconstrução nacional estava na prática da fé cristã”. </i>(ECHANIZ, Ignacio, obra citada, p.183). Foi um tempo em que arregimentou fiéis tal qual em Munique na década anterior, trabalhando com eles na pacificação da cidade, assumindo a Congregação Mariana que já contava com 2.500 membros, logo elevados para mais de 8 mil.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">E neste tempo, esteve nas assembléias partidárias, inclusive as comunistas e nazistas, nos comandos de greves, nas reuniões de revolucionários, nos julgamentos e nas diversas ocasiões em que os conflitos ideológicos roubavam a paz da Bavária e de Munique e ao mesmo tempo ameaçavam a fé e a Igreja Católica.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Foi uma época em que seu prestígio, conquistado pela bravura em combate na grande guerra, representado inclusive pela Cruz de Ferro que não raro ostentava com a batina, foi acrescido pelo trabalho apostólico que combatia radicalismo em prol do bem estar dos pobres e dos oprimidos que voltara a assistir tão logo recuperado do ferimento de guerra. Exercitou a fé e o amor em contraponto ao radicalismo latente.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Passou a ser uma referência, um indivíduo acima das opiniões e radicalismos, o “apóstolo” de Munique.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b><br /></b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>Hitler:</b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Presente em muitos eventos partidários na defesa da igreja e da fé, Mayer teve seu primeiro contato com Adolf Hiter em 1919, uma época em que este ainda pregava um “cristianismo positivo” e não se apresentava anti-religioso.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Nestes primeiros contatos detectou em Hitler certa histeria, amainada por alguma coerência de idéias. Mas não tardou a constatar completa incompatibilidade entre o catolicismo e o nazismo, cujo ódio sistemático e os traços de personalismo, totalitarismo, nacionalismo patriótico extremado e anti-semitismo entendia incompatíveis com o amor cristão.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Como não se furtava a levantar a voz na defesa pública da religião e seus princípios, na medida em que o nazismo cresceu também aumentou a pressão sobre ele. Diz-se hoje que, já no <i>“putsch”</i> de 1923, alguns nazistas pensaram em assassiná-lo, provavelmente mudando de ideia para que não se criasse uma figura martirizada pelo movimento, que, em época, não se apresentava como radicalmente anti-religioso. Com o passar do tempo e o aumento de poder do partido, o anti-clericalismo se mantinha, mas o discurso anti-clerical foi desaparecendo, de modo que, em 1935, já muito tempo depois de Mayer deixar de frequentar (por medo) as reuniões partidárias, começaram as retaliações abertas contra coletas de fundos, contra as escolas católicas que sofriam boicotes e uma campanha de desmoralização do clero, que era espionado, tendo todos seus defeitos transformados em escândalos que a imprensa oficial tratava como decadência e corrupção generalizadas.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">O fato é que Rupert Mayer insurgiu-se contra tudo isto tanto em suas pregações quanto em seus atos como líder da igreja em contato com as autoridades. E o fez em em todo o país, viajou pela Alemanha fazendo até 70 pregações mensais, seis o sete delas aos domingos, tornando-se um opositor com popularidade que impedia que os órgãos de repressão (a Gestapo) o calassem.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Seu embate contra Hitler passou a ser aberto, era um padre católico que enfrentava o nazismo e especialmente sua máquina de propaganda, na época voltada contra o clero, usando de espionagem e campanhas difamatórias generalizadas.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b><br /></b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>"Um homem deve obedecer mais à Deus que aos homens”</b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Viajando pelo país, pregando contra o o Estado nazista que coagia a igreja foi preso inúmeras vezes, algumas delas em Landsberg, mesma prisão onde Hitler havia cumprido sua pena pela tentativa de golpe de estado. A Gestapo passou a acompanhar seus passos, uma vez que sua pregação era direta: o nazismo era contrário aos valores defendidos pela igreja, um católico não poderia ser nazista.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">E mesmo perseguido, só agregou audiência. As igrejas ficaram pequenas para seus sermões que passaram a ser feitos em praça pública.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Incomodando um regime que não hesitava em simplesmente matar seus oponentes, sua popularidade o salvou da morte sumária.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Em 7 de abril de 1937, a Gestapo emitiu a ordem: <i>“Uma vez que o Padre Rupert Mayer é nocivo ao Estado com sua pregação, ele fica proibido de pregar”, </i><span style="font-style: normal;">o que lhe foi comunicado pessoalmente em 28 de maio, quando negou-se a calar, seguindo-se, em 5 de junho a primeira prisão pela Gestapo, ao mesmo tempo em que esta promovia uma campanha inflamada acusando os jesuítas de todos os tipos de crimes, usada para afastar o padre do centro das atenções.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Mas de pouco adiantou. Preso, logo todas as paróquias de Munique souberam do fato e ocorreram manifestações. E à prisão acorreram outros religiosos que se negaram a delas saírem sem vê-lo pessoalmente, garantindo à população que estava vivo, o que manteve a atenção do público sobre as autoridades nazistas.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif; text-indent: 1cm;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif; text-indent: 1cm;">Ofereceram-lhe liberdade se deixasse de pregar, depois, o direito de pregar apenas na igreja jesuíta de São Miguel em Munique. Negou-se, </span><i style="font-family: "Palatino Linotype", serif; text-indent: 1cm;">“Eu devo seguir minha consciência e continuar pregando” </i><span style="font-family: "palatino linotype" , serif; text-indent: 1cm;">e declarou isto por escrito, o que causou sua condenação formal, tirando-o das mãos da polícia política, sendo enviado para uma cadeia comum até o julgamento em 22 de julho, quando foi condenado, mas solto, em razão da pena de 6 meses, pelo que foi instado a ficar 7 meses sem pregar para não prejudicar a igreja e a congregação jesuíta.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Mas como isto causou uma impressão de covardia e de curvar-se à Gestapo, não cumpriu o prazo e voltou a pregar já em dezembro, o que o levou novamente à prisão em 1938, sendo libertado pouco antes do fim de sua pena, dando-lhe oportunidade de estar presente na procissão de Corpus Christi, quando foi ovacionado pela população, com a renovação da ordem da polícia política em não pregar, o que acabou sendo-lhe determinado pelo cardeal provincial.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-style: normal;">Deixou o púlpito mas continuou seu apostolado no contato pessoal, sendo que, em 1939, foi chamado novamente a depor, pois a Gestapo queria informações sobre conspiradores contra o Estado que eram eventualmente recebidas em confissão. Recusando-se a informar nomes em respeito aos seus deveres de sacerdote, acabou novamente preso, com ordem expressa de Heinrich Himmler, de que assim ficasse até o fim da guerra, por apoiar </span><i>“movimentos hostis ao Estado”</i><span style="font-style: normal;">.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A popularidade de Rupert Mayer o havia salvado da tortura e da morte nas mãos da Gestapo, e mesmo a prisão que seguiu-se à ordem de Himmler também foi afetada pela opinião pública. Recolhido a um campo de concentração, sua saúde apresentou rápida deterioração novamente causando preocupação no Partido Nazista, a mesma que ocorrera em 1923, pois de viesse a morrer na prisão, forte reação popular era esperada, com a possibilidade de se criar um mártir que atrapalhasse os planos de poder.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-style: normal;">Então, uma negociação entre a igreja e o partido o enviou para o mosteiro de Ettal, onde ficaria recluso sem direito a pregar e sem funções sacerdotais, inclusive não podendo receber confissões. Fora calado pela Gestapo, “</span><i>Embora esteja vivo, fui declarado morto, de uma morte muito pior que o falecimento real que enfrentei tantas vezes”, </i><span style="font-style: normal;">foi dado como um homem doente em tratamento.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Ficou recluso até as tropas norte-americanas chegarem ao mosteiro, quando no mesmo dia, 6 de maio de 1945, voltou a pregar na igreja da abadia.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Em 11 de maio volta à Munique e em 27 do mesmo mês, já abatido e muito doente volta a pregar na cidade que o tornou respeitado em todo país pela sua coragem, sua vontade férrea e suas convicções.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-style: normal;">E não deixou de lutar contra o nazismo e então, também contra os efeitos da desnazificação levada a cabo pelos americanos. </span><i>“A longa série de sofrimentos que Mayer sofrera sob o poder nazista habilitavam-no a falar livremente e ele aproveitou plenamente essa vantagem da autoridade moral que o passado lhe conferia. Escreveu mais de 300 cartas intercedendo por pessoas que tinham sido depostas de seus cargos por causa de suspeitas sem fundamento” </i><span style="font-style: normal;">(ECHANIZ, Ignacio, obra citada, p.192). Impediu que o nazismo fizesse outras novas vítimas em razão da necessidade de ser extirpado.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Em 31 de outubro de 1945, exausto da luta de décadas, cansado da guerra e de suas consequências, mas ainda ativo contra as injustiças causadas pelo nazismo e no púlpito, sofreu um derrame cerebral vindo a falecer no dia seguinte.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b><br /></b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>Beato Rupert Mayer:</b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-style: normal;">Diz o blog Santos? Todos! que “</span><i>Nenhum santo é santo só por aquilo que fez de forma heróica, porque nunca o teria feito se antes não existisse a consciência de um amor incondicional e gratuito, e o desejo de uma resposta coerente a este amor. Assim, a santidade é muito mais uma rendição do que uma conquista, porque é fruto, não tanto do esforço, mas da gratidão. O grande trabalho é interior, aquilo que por fora se vê é reflexo do que por dentro se experimenta e do que se quer dar testemunho”.</i><span style="font-style: normal;"> (santostodos.blogspot.com)</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">A pregação de Rupert Mayer salvou vidas, alertou as pessoas a fugirem ou se prepararem para as privações. Esteve presente em todos os movimentos que buscaram impedir a ascenção de Hitler e do nazismo, chegou a ser agente do papa Pio XII nas tarefas de informação e contra-informação, na espionagem e na luta para que a guerra não ocorresse e depois, que acabasse. Salvou católicos, protestantes, judeus e ateus do horror, suas palavras impediram males muito maiores, foi um pequeno agente de Deus a confrontar um demônio colossal.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">As poderosas convicções do “apóstolo de Munique” levaram o papa João Paulo II a beatificá-lo em 3 de maio de 1987.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-style: normal;">Em 19 de janeiro daquele ano, o Superior Geral da Companhia de Jesus assim declarou em carta que anunciava a beatificação: </span><i>“</i><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>Da profundidade da sua pessoa brotavam-lhe as convicções, que </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>expressava, </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>imperturbável, nas palavras </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>e nas acções. Estava interiormente ancorado em Deus; </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>isto </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>levava-o </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>a discernir os espíritos e tornava-o capaz de sair sem condições em defesa </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>dos </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>direitos de Deus e dos homens. A exclamação de S. Paulo: 'Ai de mim se não proclamar </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>o Evangelho'</i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>(1 Cor 9:</i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>16) </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>era também realidade para </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>ele. "Não posso calar-me", era </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>lema </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>que inspirava o seu compromisso em favor da verdade espezinhada. As suas </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>últimas </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>palavras foram: '</i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>O Senhor... O </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>Senhor'. Morreu enquanto pregava, anunciando Aquele </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>em tomo </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>de quem tinha girado toda a sua vida: '</i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>Senhor, como quiseres, quando quiseres, </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>o que </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>quiseres e enquanto Tu o quiseres... assim se faça"; esta a sua oração favorita. </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>A </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>entrega em defesa da verdade não se limitou apenas a palavras. Todo o </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>seu falar </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>ia acompanhado por um amor prático do próximo. A vida do P. </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>Rupert Mayer </i></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>constituiu </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>síntese convincente </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>do anúncio do Evangelho e do compromisso em favor dos pobres </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>e </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>dos </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>oprimidos. Viveu de muitas maneiras "o amor preferencial pelos pobres". Nos </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>po</i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>bres encontrava ele </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>o Senhor em pessoa. Nisto é para nós modelo. E também o é </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>noutro </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>aspecto: na Congregação </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="it-IT"><i>Mariana </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>formava ele leigos convictos das suas responsabilidades, que foram os seus colaboradores, extraordinariamente activos na propaganda da fé, </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>no compromisso em favor </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>dos perseguidos e na ajuda aos necessitados. A atuação </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>do </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>P. </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>Mayer </i></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>ensina-nos, além disso, exemplarmente, o esforço constante para acomodar </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>o </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>nosso apostolado às circunstâncias </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>do momento e a empreender novas iniciativas, </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>de </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>acordo com </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>as </i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="pt-PT"><i>exigências duma época em mudança”.</i></span></span></span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Foi feito beato pela força das suas convicções.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Sua capacidade de agregar gente à uma causa como lider religioso numa época de desemprego e privações lhe valeu a amizade de milhares de pessoas. Depois, seus atos de heroísmo no campo de batalha o agraciaram com a mais alta condecoração militar alemã, ao mesmo tem em que granjeou respeito e admiração das massas, a quem ele soube retribuir com fé inabalável, amor ao próximo e a insistência em levar a palavra de Deus a todas as pessoas, mesmo nos momentos mais difíceis de sua própria existência. Foi o agente da luz divina na escuridão assustadora de uma época, morreu praticamente ao mesmo tempo em que nazismo era banido da Alemanha, combateu o bom combate, venceu a luta ao preço da sua própria vida, mas não desistiu daquilo em que acreditava.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b><br /></b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><b>Conclusão:</b></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Os textos curtos da internet nem sempre conseguem demonstrar a dimensão histórica de uma pessoa. É por isso que faço perfis e os publico aqui, tento agregar as muitas informações em um texto só, que dê uma visão geral da vida que tento retratar.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Sem pretensão de substituir o trabalho dos historiadores, cujas teses podem divergir do que escrevo ou mesmo encontrar imperfeições, quis apenar homenagear o exemplo de fé e coragem do padre cujo nome também é o do meu pai.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">É certo que as minhas opiniões pessoais podem ter causado imperfeições técnicas, mas em verdade, minha intenção foi a de fazer um resumo da vida e da obra de um grande homem cujo sobrenome por acaso eu carrego.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Grandes homens são o farol da humanidade, os seus exemplos são a luz que Deus nos envia como guia. No caso de Rupert Mayer, além do exemplo, me impressiona a força da sua palavra, a capacidade que ele teve em pregar.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Numa internet onde textos longos são ignorados, espero que quem tenha a paciência de ler este texto até o fim entenda o verdadeiro sentido da homenagem, que é o de acreditar nas palavras e nas boas ações que elas inspiram.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1cm;">
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;">Curitiba, 8 de janeiro de 2019.</span><br />
<div>
<span style="font-family: "palatino linotype" , serif;"><br /></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-40593351487783074042018-06-07T13:14:00.000-03:002018-11-08T22:22:17.924-02:00A BUROCRACIA FEZ O FRETE VIRAR CONFUSÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFF6n04NG69s4j6s5v8MhmznL8BcjupONvEIwU_imQ5REnBVgZDdo6nUyN-tiyuVLUHvss3rBBQoWGUSXvZ2R5d1Im5awOuPqOtiaFHMMGgHpZItXtaihPjoEFUALNxvt39aENNX9ZMwo/s1600/petrobras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFF6n04NG69s4j6s5v8MhmznL8BcjupONvEIwU_imQ5REnBVgZDdo6nUyN-tiyuVLUHvss3rBBQoWGUSXvZ2R5d1Im5awOuPqOtiaFHMMGgHpZItXtaihPjoEFUALNxvt39aENNX9ZMwo/s1600/petrobras.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No Brasil existem os Ministérios de Minas e Energia, Fazenda e Planejamento, além da Agência Nacional do Petróleo e da Receita Federal, que não tiveram a capacidade de calcular direito, para chegar à conclusão de que a redução de R$ 0,46 por litro de diesel era impossível com o acréscimo de biodiesel na mistura que chega aos postos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Tampouco a assessoria do Presidente da República (o Palácio do Planalto conta com 5000 funcionários) foi capaz de alertá-lo para não definir valor exato para a redução ofertada aos caminhoneiros, porque isto seria temerário em um contexto em que existem milhares de agentes privados envolvidos na equação, em distribuidoras e postos de combustiveis pelo país afora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O país também conta com um Ministério dos Transportes, um da Indústria e Comércio, um da Agricultura e uma Agência Nacional de Transportes Terrestres, além de diversas agências regionais de transportes e de estradas. Mesmo assim, ao criar a tal tabela de preços para os fretes, desagradou meio mundo, provocou uma bolha inflacionária e deu dar força às ameaças do movimento dos caminhoneiros em parar o país novamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É um arcabouço burocrático e fiscal tão grande e custoso, quanto incompetente e inútil, dentro de um contexto em que não consegue fazer contas básicas, nem conhece absolutamente nada da realidade do país. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas baixa regras estúpidas e promete mundos e fundos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Milhares de funcionários, uns concursados, outros não, agentes políticos e conselheiros indicados por políticos, todo mundo andando em círculos, sem nenhuma ação efetiva pelo bem do país e quando são chamados para resolver um problema imediato, o pioram!</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
São ministérios que viraram antros de contratados em confiança e agências reguladoras incapazes, que não servem para nada além de emitirem guias de anuidades, taxas e autos de infração, entulhando a vida do cidadão com burocracia insana e sem fim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que vai sobrar disso?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Simples: todo o aparato burocrático e fiscal do Estado agora vai se voltar para MULTAR caminhoneiros, transportadoras e contratantes de fretes se ousarem não cumprir a tal tabela mágica. E distribuidoras e postos de gasolina que não repassarem, mesmo com prejuízo, o tal desconto miraculoso de R$ 0,46 por litro de óleo diesel.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Só não vão se insurgir contra a sacrossanta Petrobrás com seu monopólio criminoso e seus custos colossais para fazer mais caro o que petroleiras privadas fazem com menos funcionários e mais eficiência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Petrobrás não sofre nada, afinal, ela é parte do mesmo Estado paquidérmico, burocrático e ineficiente que abriga tantos ministérios e agências reguladoras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, a greve dos caminhoneiros continua deslindando o verdadeiro Brasil, aquele que todo mundo sabe, mas não admite que existe, e que só se revela nestas horas de tormento.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-88863994977220476262018-06-01T18:02:00.002-03:002018-06-02T14:39:06.531-03:00PEDRO PARENTE LARGOU OS BETS<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Aqui em
Curitiba, largar os bets é desistir de um jogo de bola e taco, que é
tão complicado que mesmo que eu faça um esforço enorme de memória,
não consigo lembrar das regras. Mas enfim, largar os bets é cansar
de um negócio que já está te exaurindo, é capitular, desistir,
entregar o ouro pro bandido, ir para casa, procurar paz de espírito.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Pedro
Parente foi chamado para presidir a Petrobrás quando o PT e o PMDB
conseguiram a façanha de, <i>mesmo ela sendo monopolista</i><span style="font-style: normal;">,
estar deficitária e com o título de empresa com a maior dívida
entre todas no mundo, em rota de falência igual à sua sua irmã
PDVSA, que foi destruída pelo ladrão Hugo Chaves e pelo idiota
Nicolas Maduro, ambos ditadores, ou seja, nossa suposta democracia não deve nada a regimes de exceção.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Eu
já escrevi aqui que a Petrobrás é única no mundo, é uma empresa
organizada na forma de estatal monopolista com ações em bolsa, e
não em qualquer bolsa, porque seus papéis estão na NYSE e no
Ibovespa, e provavelmente em alguns dos principais pregões pelo
mundo afora. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Seus
funcionários são estáveis e, por mais incompetentes, desonestos e
descompromissados que </span><i>alguns</i><span style="font-style: normal;"> sejam, estes não podem ser demitidos, o
que faz com que o custo de mão-de-obra da empresa seja 3 vezes maior
que o de concorrentes que faturam o triplo. É um monopólio, somente
ela negocia derivados de petróleo no país, porque apesar do
discurso do mercado livre, ninguém ousa importar combustíveis e
deparar com o imenso aparato burocrático e fiscal do governo
brasileiro, que tudo faz para protegê-la de concorrentes. Ademais,
por lei, ela negocia na marra o etanol que não produz, com uma
margem mínima para que ele jamais seja vantajoso em relação à
gasolina da empresa. É um monstro que transfere para os seus preços
toda a sua incompetência e e engessamento, além dos resultados da
corrupção endêmica, causada por sua simbiose com a política e o
Estado que à protege do mercado, e que faz com que tenha que comprar
navios e plataformas dentro do país pagando 3 vezes mais caro, doar
refinaria para a Bolívia ou construir planta industrial de R$ 5 bi,
que acaba custando 14 vezes isto sem sequer entrar em funcionamento. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">E
ao mesmo tempo, é uma empresa que deve explicações a milhares de
acionistas, muitos dos quais aplicaram seus saldos de FGTS para serem
sócios de uma companhia de petróleo e, que por óbvio, querem
lucro. Nenhum metalúrgico do ABC, mesmo filiado ao sindicato que é
feudo da CUT, aceita que o dinheiro do seu FGTS seja corroído por
prejuízos, mesmo em nome do “Capitalismo de Estado”, eufemismo
criado por Dilma Roussef para sugerir a implantação de um modelo
socialista de empresa que só serve mesmo aos políticos que mandam
nela e aos seus altos funcionários, muitos deles nababos que ganham
salários de 6 dígitos. Todo acionista quer lucro, se para tanto for
necessário reajustar o preço dos combustiveis na bomba todos os
dias, ainda assim ele quer lucro e que assim seja.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Pedro
Parente será lembrado na história como o presidente da Petrobrás
que criou esta política de reajuste diário, e não pelo fato de ter
recuperado os resultados financeiros tão importantes para os
milhares de acionistas, nem por ter diminuído a dívida colossal em
igualmente colossais 130 bilhões a menos em dois anos. A memória
nacional muito menos vai lembrar que ele fez tudo isso sem </span><i>nenhum</i><span style="font-style: normal;">
aporte do Tesouro Nacional, dinheiro que seria negado à saúde,
educação e segurança, mas que ia salvar o investimento de quem
comprou ações e se aventurou na bolsa, mesmo sabendo que a empresa
era usada para as mais asquerosas manipulações políticas.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Vão
dizer que Parente diminuiu a produção e aumentou a importação de
derivados, aumentando a dependência dos preços da empresa ao dólar
e ao mercado, mas não dirão que ele fez isso porque os custos
operacionais da gigantesca petroleira "do povo" são
imensamente maiores, sem a possibilidade de demitir ou
exigir mais eficiência de quem trabalha lá, afinal, todos estáveis, bem remunerados e filiados à Federação Única dos Petroleiros
(CUT), ávida por paralisar o país para derrubar todos os presidentes da empresa e da república que
não forem socialistas.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Nestes
dias de greve dos caminhoneiros, até mesmo contratos assinados por
Parente foram devassados pela mídia, com o tom de que ele teria se
aproveitado com o uso de parentes. Uma mídia que passou 10 dias
mostrando postos de gasolina lotados de retardados com galões na
mão, mas não se deu ao trabalho de esclarecer minuciosamente as
ilações que fez contra um homem que foi contratado para salvar a
companhia, e o fez. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Pedro
Parente largou os bets no meio da quadra, caiu fora, cansou do show
de horrores onde gente vai para a rua pedir intervenção militar,
fora temer, volta lula, morte ao PT, cadeia para políticos e preços
baixos de combustíveis nem que isso signifique destruir o resto da
economia, uma população que não sabe de onde vem o dinheiro para
atender suas demandas, muito menos o que significa formação de
preço ou custo operacional.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Bem
fez ele, se eu pudesse largava os bets do Brasil...</span></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-28654540158504938202018-05-31T12:31:00.001-03:002018-06-01T11:38:10.038-03:00PÂNICO E CIRCO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTr853aIPpVXRxhl1z7dClZVucDjOF0Z9F-e8E1093C8yu-WfcuH3OvPz9NKXBaGHmzmFsn69U-2-WWvhVX-4vGlPZ8CNO7re7I3EIo5lS8_zB8Efd2rnUroF24pjgAZywb9BVtxMHD-M/s1600/ataques-de-panico-500x325+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="325" data-original-width="500" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTr853aIPpVXRxhl1z7dClZVucDjOF0Z9F-e8E1093C8yu-WfcuH3OvPz9NKXBaGHmzmFsn69U-2-WWvhVX-4vGlPZ8CNO7re7I3EIo5lS8_zB8Efd2rnUroF24pjgAZywb9BVtxMHD-M/s320/ataques-de-panico-500x325+%25281%2529.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os caminhoneiros legaram ao Brasil um profundo conhecimento de sua índole como suposta nação, um lugar onde existem leis para tudo, e onde elas não servem para absolutamente nada, especialmente para conter o caos que sua gente causa.</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
O Lei de Greve proíbe o piquete que impeça o trabalho alheio, mas o que mais se viu nos últimos 10 dias foi coação escancarada contra quem quisesse transportar alguma coisa. Coação com violência física, que o Código Penal prevê e tipifica como crime, mas que não levou ninguém a cadeia!</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
A mesma Lei de Greve define que serviços essenciais não podem ser afetados, mas a primeira coisa que os grevistas fizeram foi tentar paralisar a mobilidade urbana fazendo piquetes na frente de refinarias, o que acarretou prejuízo à segurança, à saúde e à educação, tudo numa tacada só. </div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Descobrimos que existe lei que define que o etanol não pode ser vendido direto da usina para o consumidor, e que há lei que garante à Petrobrás uma margem de competitividade da gasolina com o álcool (para que este não seja competitivo nunca). Descobrimos que temos leis anti-truste e anti-cartel, mas que somos um país único no mundo, que tem uma empresa que detém o monopólio sobre os combustíveis e ao mesmo tempo tem ações negociadas em bolsa, e contra quem ninguém ousa concorrer, porque todo o aparato do Estado se volta para impedir, mesmo que isso seja ilegal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aprendemos que há leis estaduais que aumentam o preço dos combustíveis acima dos índices praticados pela Petrobrás. E que a Lei de Responsabilidade Fiscal impede reduções de impostos sem compensação, a mesma que não impediu os estados de RJ, MG e RS de falirem de uma tal forma que não conseguem pagar os salários de seu funcionalismo. Aliás, a mesma lei que <i>não impede</i> que impostos sejam constantemente aumentados.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
O Brasil é o império da lei que ninguém cumpre. Nesta crise de proporções apocalípticas, o Ministério Público <i>não fez absolutamente nada</i>, o Ministério Público do Trabalho omitiu-se e coube às procuradorias municipais conseguirem decisões que garantiam escolta em comboios de combustíveis, escolta esta que era negada pelas polícias se não houvesse liminar que mandasse elas garantirem a ordem, coisa que a lei já diz para fazerem independentemente de sentença.</div>
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<br /></div>
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Constatamos que mesmo com um arcabouço jurídico que deve ser contado aos milhões de normas legais, nossos governantes não sabem o que fazer com elas, aliás, tem medo das críticas e de ferir suscetibilidades, em um contexto em que ficam apavoradas em usar da autoridade que a lei lhes confere, com medo de terem isso confundido com autoritarismo.</div>
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Em qualquer país decente do mundo, um movimento dessa magnitude aceita uma suspensão por algum tempo quando o Estado acena com um acordo. Michel Temer acenou com um acordo, a greve continuou. Daí ele foi à TV dizer que usaria da força, e esta não foi usada e a greve continuou. Então ele aceitou todas as exigências financeiras e selou um acordo, para constatar que os manifestantes não queriam apenas isto, passaram a pedir sua renúncia ou uma intervenção das forças armadas, que a lei não autoriza em lugar algum para que elas assumam funções executivas, legislativas ou judiciárias.</div>
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Além de não se cumprir lei alguma, no Brasil tem gente que exige que se cumpra leis que não existem.</div>
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E caminhoneiros e infiltrados (que eram muitos, e com as piores motivações) só desistiram da greve quando começaram a ocorrer operações conjuntas entre polícias e forças armadas.</div>
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Estes são os aspectos do pânico.</div>
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Porque o circo também foi armado. Menos de 36 horas depois de iniciada a paralisação, já havia filas nos postos de combustíveis, mesmo com os "espertos" aumentando abusivamente preços do que tinham em estoque. Dos postos de combustíveis, as filas migraram para os supermercados, farmácias e fornecedores de gás de cozinha. </div>
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A histeria coletiva fez o preço dos hortifrutigranjeiros disparar. Num estalar de dedos, quem nunca come salada ficou desesperado porque não havia mais tomate, mesmo querendo pagar 10 vezes o preço do quilograma, para não ficar sem o precioso legume. E os combustíveis passaram a ter preço de guerra, porque as madames que só usam a SUV branca para levar os filhos na escola e parar na academia, precisaram desesperadamente encher seus tanques que ainda estavam pela metade, para não terem suas gloriosas rotinas alteradas, e os "boys" foram para as filas dos postos, porque não podiam abrir mão de desfilar pelas cidades com o som em último volume, lata de cerveja na mão, de chapéu e sem camisa. </div>
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Os caminhoneiros tem méritos históricos, eles ajudaram a deslindar o verdadeiro Brasil.</div>
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O Brasil do pânico e do circo, com leis inúteis, governantes patéticos, instituições frouxas que só pensam nos privilégios dos seus integrantes e povo abobalhado, que acha que o dinheiro do governo é infinito, e pensa que não paga a conta de nada do que os governantes decidem fazer. </div>
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Tudo bem, os caminhoneiros tinham razão. Sobre sua atividade havia um garrote, o preço variável do diesel (variável sempre para cima) os impedia de fazer uma viagem e saber quanto lhes sobraria de remuneração ao final dela. Mas este garrote foi culpa do socialismo de ter uma única empresa monopolista de combustíveis, roubada escancaradamente e usada com finalidades eleitoreiras pelo PT e pelo PMDB, com as consequências do capitalismo: quando há muita concorrência, os preços dos fretes caem, e mesmo se não caem, não são reajustados todos os dias como acontece com os produtos da sacrossanta Petrobrás, que cobra do consumidor a conta dos desmandos de suas diretorias políticas.</div>
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E o ato final do espetáculo circense foi a greve dos petroleiros que trabalham para uma única empresa, com o imenso poder de paralisar o país por mais alguns dias.</div>
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Pânico e circo é o resumo do Brasil de maio de 2018.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-58472774990490025242018-05-28T10:36:00.001-03:002018-05-28T10:36:49.208-03:00A POLÍTICA É A ARTE DO POSSÍVEL<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6N760vCa-VsCILCnO0y6weDMJYyhYmSoEu4Ayl6HU5vpolf5n17mhQ9ACwG61pi6LRb631wb0gJ4xVc6U9O9D3XKtxzQkw_YyLtPIReW0ORJkz95GKwyzh-UEu1xEoKGOzBdddhG_-8U/s1600/crise.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="301" data-original-width="544" height="177" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6N760vCa-VsCILCnO0y6weDMJYyhYmSoEu4Ayl6HU5vpolf5n17mhQ9ACwG61pi6LRb631wb0gJ4xVc6U9O9D3XKtxzQkw_YyLtPIReW0ORJkz95GKwyzh-UEu1xEoKGOzBdddhG_-8U/s320/crise.png" width="320" /></a></div>
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Mesmo os piores governantes tem uma margem restrita de manobra sobre as atitudes de que podem tomar para tentar solucionar um problema. </div>
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Mesmo os melhores governantes estão sujeitos à esta mesma margem, porque independentemente do regime político, da votação acumulada nas urnas, das pesquisas de popularidade, do apoio ou não do parlamento e da possibilidade de manipular o cumprimento das leis, os recursos de um governo são finitos, por mais que seja fácil aumentar impostos como é no Brasil.</div>
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Até a delação da JBS/Janot, Temer conseguia agrupar forças no Congresso para proceder reformas. E conseguiu definir o teto de gastos e pouco depois, a reforma trabalhista. Teve a reforma da previdência sabotada por um ato ilegal, a abertura de uma investigação que a Constituição proíbe, já que o presidente, no exercício do mandato, não pode ser investigado por crime comum, apenas pelos crimes politicos/administrativos.</div>
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<br /></div>
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A delação da JBS/Janot foi a troca da reforma da previdência pelo<i> toma-lá, dá-cá</i> descarado de cargos e benesses para manter o presidente no cargo, e a partir de então, instalou-se a paralisia, especialmente a que o fez ignorar os protestos dos caminhoneiros, que vinham ocorrendo desde outubro passado.</div>
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<br /></div>
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E o fez até porque o Congresso também não se preocupou mais em reformar nada. Pior que isso, Temer passou a ter <i>todos</i> os seus atos contestados pelo Judiciário. Por mais que tente atacar algum problema, o sistema político o bloqueia, o desgasta, o impede de qualquer iniciativa.</div>
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<br /></div>
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A soma da falta de apoio parlamentar com baixa autoridade de quem não exerce o poder que tem, salvo para se manter no cargo, levou o governo a empurrar o país com a barriga. Dentro daquela lógica de <i>"não sabendo o que fazer, melhor nada fazer"</i>, chegou-se à esta crise que encerra muitos dos problemas do Brasil - u<i>m Estado inchado, que gasta mal o dinheiro público, no qual há gente demais encostada recebendo benefícios e privilégios em detrimento da maioria da população, que vê a carga tributária subir sem parar por 40 anos seguidos</i> - mas com os candidatos à presidência defendendo a criação de ainda mais impostos, sem nenhuma preocupação em efetivamente reformar o que há muito não funciona direito. E ao mesmo tempo, setores da sociedade arroxada por impostos extorsivos e burocracia insana, protestando para receberem um alívio da pesada mão do Estado que lhes aperta os pescoços.</div>
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<br /></div>
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Temer contemporizou sobre as reivindicações dos caminhoneiros mas já chegou em junho. Seu mandato acaba em 6 meses sem a menor possibilidade de sequer ser candidato à reeleição. Quando viu que o país parou, pediu uma trégua de três dias e foi ignorado, celebrou um acordo provisório que o transformou em vilão também do mercado financeiro e por fim, aceitou todas as exigências mais óbvias de um movimento difuso, que não tem líderes.</div>
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<br /></div>
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O que muita gente não percebeu é que Temer não capitulou, ele simplesmente levou até onde podia, desistiu de governar porque só faltam 6 meses para dar adeus ao Planalto. Ou seja, pôde dar o que o movimento queria, porque a conta não será administrada por ele. </div>
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<br /></div>
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Nesta altura dos acontecimentos, ele pode pedalar (cobrir rombos do orçamento com dinheiro dos bancos públicos), desonerar impostos, beneficiar quem puder e até retirar projetos de lei sobre assuntos desta ordem, basicamente porque ele deixa a conta para o governo seguinte, sem nenhuma possibilidade de ser punido de modo efetivo por isto.</div>
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<br /></div>
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Mas ninguém poderá dizer que ele não fez o que podia para solucionar a crise, na história, está registrado que ele atendeu todas as reivindicações.</div>
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Quando chegar 2019 ele não será cassado por pedalar já que não será mais presidente. Nem terá medo da inelegibilidade da Lei de Responsabilidade Fiscal, porque é improvável que volte a ser candidato a cargo algum.</div>
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<br /></div>
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Se ele for punido por algo, o será por crimes comuns que não guardam relação nenhuma com os atos administrativos que tomou ontem, assinando decretos e medidas provisórias.</div>
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Ganhou tempo, levou com a barriga até onde era possível transferir o problema para o próximo governante.</div>
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E transferiu. E o novo presidente que assuma o ônus dos efeitos. </div>
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<br /></div>
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Para Temer, a arte do possível foi feita no sentido de terminar seu mandato ou ao menos, chegar ao mais próximo possível disto. Deu uma solução imediata, que agrava um problema mediato, que por sua vez, está há muito tempo sem ser atacado por uma classe política que parece não entender que o dinheiro do Estado não é infinito.</div>
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<br /></div>
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O próximo presidente será obrigado a fazer reformas administrativa, fiscal, previdenciária e tributária. Se não o fizer, acabará como Temer (ou seu vice acabará como Temer), manipulando o que for possível para "<i>tirar o seu da reta</i>" e transferindo o ônus para o governante seguinte. </div>
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<br /></div>
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A arte do possível tem disso. Você esta no topo do poder, mas não pode exercê-lo. Mas o exerce quando vê que não mais lhe diz mais respeito...</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-83295164999947461012018-05-25T10:11:00.001-03:002018-05-25T14:34:14.754-03:00OS CAMINHÕES PARARAM AGORA, O BRASIL JÁ PAROU FAZ TEMPO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhwSP5B6SgU4RedXwCM1btkwE1_CeJjZKkun1yJVZ4HiyY2pzA_G4XW7e9bmHBKCJn47kWDW-q0WFBg5kqFs_xxLJhkFJwyd4J3oIFQQBurdOe9S8VFcYoUbqR2fsO-H7Yjo1fGHuYl8Q/s1600/caminhoneiros+em+greve.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="915" data-original-width="1600" height="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhwSP5B6SgU4RedXwCM1btkwE1_CeJjZKkun1yJVZ4HiyY2pzA_G4XW7e9bmHBKCJn47kWDW-q0WFBg5kqFs_xxLJhkFJwyd4J3oIFQQBurdOe9S8VFcYoUbqR2fsO-H7Yjo1fGHuYl8Q/s320/caminhoneiros+em+greve.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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RJ, RS e MG não pagam em dia os salários do funcionalismo, apesar disso não atingir as ilhas de prosperidade que são o Judiciário e o Ministério Público destas unidades da federação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Todos os demais estados sofrem com o aperto orçamentário gerado pelo não crescimento da economia, que por sua vez, tem sua causa no aumento exponencial da burocracia e dos impostos que vão sendo majorados para cobrir os furos causados pela incompetência visceral dos políticos. </div>
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<br /></div>
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Hoje, o empresário depara não apenas com impostos extorsivos, mas com um monstro engessador da economia chamado nota fiscal eletrônica, associado a outro, que é um monstro policialesco de suas atividades, chamado SPED/E-Social, que gera várias declarações absurdas, cheias de códigos e regulamentações, que forçam o gasto e a perda de tempo com rotinas administrativas.</div>
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<br /></div>
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Uma nota fiscal no Brasil, carrega de 20 a 40 códigos diferentes. Quem se habilita a abrir uma empresa com uma estupidez deste tamanho?</div>
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<br /></div>
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De 2015 para cá, TODOS os estados aumentaram alíquotas internas de ICMS. Em alguns casos, elas passaram de 18 para 35% em produtos específicos. Em outra situação, o RJ ultrapassou a alíquota básica máxima de 18%, acrescentando um ponto percentual, e ao final de 2018, terá outros estados querendo isso também. Quem tinha IPVA abaixo de 4%, subiu para o patamar mais alto, quem não cobrava ITCMD a 8%, o aumentou também. </div>
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<br /></div>
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Criaram o DIFAL, um ICMS adicional que remunera os estados-destinos das mercadorias, e que por sua vez, exige que o fornecedor emita uma guia para cada venda de produto, sendo que esta guia tem que ser calculada estado por estado e não há uma alíquota única, forçando o empresário a estar atualizado sobre o regulamentos de ICMS de <i>todas</i> as unidades da federação. Além disso, também criaram o FCP - Fundo de Combate à Pobreza, de 2% cobrado do mesmo jeito, mas cujos recursos são usados para tudo, menos para combater a pobreza.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O governo federal não corrige a tabela do imposto de renda pessoa física e numa tacada só, majorou o PIS/COFINS sobre combustíveis, de modo que a gasolina e o etanol aumentaram em 40 centavos de um dia para o outro.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E todo esse "ajuste fiscal" <i>sem cortar despesas</i>, que continuam crescendo mais que a arrecadação.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A politicagem que tomou conta do país desde 2003, quando o então presidente da república começou a incentivar a criação de novos partidos políticos para enfraquecer a oposição, legou ao Brasil a incapacidade de atacar seus problemas, pelo medo do efeito eleitoral.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Brasil não discute reforma da previdência porque os parlamentares tem medo de não serem reeleitos. Não tira do armário a reforma tributária porque isso incomoda os governadores e prefeitos. Não faz reforma administrativa porque não quer ferir suscetibilidades, especialmente a dos agentes públicos que recebem remunerações acima do teto constitucional. Não se discutem os salários do Judiciário e do Ministério Público com medo de represálias da Lava Jato, não se mexe nas remunerações dos Legislativos com o medo que se percam apoios paroquiais das bases dos deputados e senadores.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todos os problemas do país são tratados exclusivamente sob a ótica da arrecadação tributária. Aumentam-se os impostos e a burocracia para cobrá-los, e os problemas reais são dados como insolúveis, porque nenhum agente político quer ter a dor de cabeça de se explicar para seu eleitorado, até porque a mídia incentiva o discurso dos políticos contra o povo, sendo que este, rejeita qualquer proposta e qualquer discussão, mesmo que isso signifique proteger privilégios de uns poucos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Brasil é um país em que a Constituição limita remuneração do funcionalismo em 35 mil, mas mantém milhares de agentes ganhando acima disso. É um país que fala bastante de empreendedorismo, mas odeia a livre empresa, faz tudo para impedir que ela prospere. É um lugar onde se fala demais nos direitos de todos, mas não faz nada além de incentivar que sejam violados para que os privilegiados, que são os altos agentes públicos e as pessoas associadas à eles, vivam como nababos em meio a miséria e à desesperança. Pior que isso, é a associação de políticos (e consequentemente do Estado) com o crime organizado comum, como comprova o Rio de Janeiro.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já chegamos ao caldo de cultura que transformou a Venezuela num inferno. Está faltando apenas eleger um populista com anseios ditatoriais e candidatos à isto não faltam, aliás, são maioria tanto à esquerda quanto à direita do espectro político, com seus ares salvacionistas, arrotando que pensam no povo, quando em verdade, o usam como massa de manobra para deixar tudo como está e manter os privilegiados de sempre sem atacar os verdadeiros problemas nacionais.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se a paralisação dos transportadores causar desabastecimento grave, além de um certo limite de tolerância popular, temo que o Brasil entre em um processo de convulsão social que, ou vai gerar a eleição de um belzebu pronto para se transformar num Nicolas Maduro, ou vai entregar o poder a um presidente de mãos atadas, que vai administrar a falência final do país, que não aguenta mais pagar impostos em troca do nada que constata ao menos desde 2010, postergando, apenas, o problema final que será muito pior.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-55412768229951281462018-05-21T10:20:00.000-03:002018-05-21T10:30:08.494-03:00A GASOLINA, O DIESEL E O ETANOL QUE NOS ATORMENTAM<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjygQTVC3HCVZpsCpW8FkxyOVZm3BoHINqXjcn_FA8dhAd_CzW-Cqlr6vq0aA2Ec8j56gM_1QL8cIX5RG3ZrBJnz2gaXOI_yHg-4D5JM5I9Db7vPbvxBqhV0sP7YHDofGfzCP3sjRkS2Q8/s1600/petrobras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjygQTVC3HCVZpsCpW8FkxyOVZm3BoHINqXjcn_FA8dhAd_CzW-Cqlr6vq0aA2Ec8j56gM_1QL8cIX5RG3ZrBJnz2gaXOI_yHg-4D5JM5I9Db7vPbvxBqhV0sP7YHDofGfzCP3sjRkS2Q8/s1600/petrobras.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
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Várias vezes eu já disse que o brasileiro é <i>"sui generis"</i>. Ele quer o melhor do capitalismo, mas não abre mão de socializar seus problemas. Quando faz as escolhas erradas, acorre ao Estado pela sua salvação, quando o lucro é alto, foge da coisa pública para não pagar impostos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O caso da Petrobrás encerra algumas idiossincrasias nacionais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A empresa detém um monopólio. Ela explora e refina o petróleo, e distribui os derivados praticamente sozinha. Seu poder é tão grande, seu <i>"lobby" </i>é tão poderoso que ninguém é louco de concorrer ousando importar combustíveis para vender no mercado interno. Quem tenta, depara com um monstro burocrático e fiscal à serviço da companhia que deveria ser "do povo", mas que tem milhares de acionistas privados, porque em certo momento se descobriu que poderia gerar aportes de capital com dinheiro alheio. De <i>estatal</i> foi transformada em <i>pública</i>, dentro daquele rol de eufemismos que o político brasileiro usa para justificar suas pilantragens e sua avidez pelo dinheiro alheio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sendo pública e tendo acionistas, cria-se o dilema: ela precisa dar lucros cada vez maiores para atender ao mercado, mas tendo o DNA estatal, deveria subsidiar os combustíveis em prol do crescimento de toda a economia, que é o que companhias estatais monopolistas fazem em qualquer lugar do mundo - <i>elas trocam a ausência de concorrentes pelo lucro menor</i> - em suposto favor da sociedade à que prestam serviço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas na prática, a Petrobrás não faz uma coisa nem outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dilma Roussef à queria estatal, mantinha os preços estáveis, independentes da quotação internacional do petróleo, da variação do dólar e dos custos. A empresa ameaçou quebrar e os acionistas chiaram, o mercado exigiu uma administração menos política, alegava que o controle dos preços não havia retido a inflação que não parava de crescer, apesar do acúmulo de prejuízos (se bem que também causados pela corrupção extraordinariamente ousada daqueles tempos). E os brasileiros exigiam a cabeça de Graça Foster, então presidente da companhia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assume Michel Temer e a companhia passa a ser gerida de modo profissional. A primeira medida é atrelar o preços dos derivados à quotação internacional e à variação dos custos. Mas sendo monopolista, isso gera efeito imediato nas bombas, não há semana em que o preço não suba e, quando deve cair, não desce, porque a margem de lucro de revendedores de combustíveis é baixa e eles aproveitam para lucrar, sem o que não sobrevivem. E os brasileiros passam a exigir a cabeça de Pedro Parente, atual presidente da empresa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A gasolina subiu em torno de 57% desde que Michel Temer assumiu a presidência. O problema é que dentro deste percentual, mais ou menos metade corresponde ao aumento do PIS/COFINS, que, junto com a CIDE, são cobrados em valor fixo por litro. Numa tacada só, alegando a necessidade de equilíbrio fiscal, o preço subiu 40 centavos por litro. Outra boa parte é tomada pelo ICMS dos estados. Há estados que cobram o imposto <i>por percentual</i>, de modo que há governador que faz festa a cada vez que a Petrobrás pratica a majoração, porque a arrecadação sobe. No fim das contas, os impostos e a burocracia representam 80% do preço do combustível na bomba, sendo todo o resto, custos da Petrobras, das distribuidoras e dos postos, mais uma margem de lucro, que na ponta do revendedor final é quase nula, as vezes inexistente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas se perguntar para o brasileiro médio o que ele pensa da Petrobrás, a resposta será simples: precisa ser estatal e monopolista! Mas é o mesmo cidadão que, se tiver a chance, troca o FGTS por ações da companhia e então passa a exigir que ela tenha lucros e que nunca deixe de acompanhar <i>as altas</i> do preço internacional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O combustível no Brasil não é mais caro que, por exemplo, na Europa, onde a estrutura de custos e a tributação é parecida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O problema é que o brasileiro, em média, tem renda muito menor que a de um europeu e ao mesmo tempo, sofre com a pilantragem: alguém já viu, em algum momento de sua vida, o álcool/etanol custar abaixo de 60% do valor de um litro de gasolina?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Resposta: não! Quando a gasolina sobe de preço, o etanol à acompanha, e seu preço está sempre no limite da viabilidade de consumo dos veículos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ou seja, é um conjunto perverso de monopólio que atende a poucos interesses, impostos extorsivos, burocracia, safadeza política, safadeza privada e pura e simples ausência de espírito cívico por todos os lados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O preço dos combustíveis no Brasil, segue a máxima da <i>"farinha pouca, meu pirão primeiro"...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-30960776493518026302018-05-09T10:06:00.000-03:002018-05-10T07:30:37.069-03:00O CARTEL NOSSO DE CADA DIA<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisReHtgD1D5Ft8_LEgLdhT_XwttdZ3UFIY9JGS8JfIaalBm6fuSmhehP7sEeTaFgbz4kOjE2oHW7pm_EcjP-P157eAxiMfByP4FP753pVJvIjwNNM6-2IarEiCAGjKjw1p3Auq_E1zk8Y/s1600/precos.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="216" data-original-width="233" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisReHtgD1D5Ft8_LEgLdhT_XwttdZ3UFIY9JGS8JfIaalBm6fuSmhehP7sEeTaFgbz4kOjE2oHW7pm_EcjP-P157eAxiMfByP4FP753pVJvIjwNNM6-2IarEiCAGjKjw1p3Auq_E1zk8Y/s1600/precos.png" /></a></div>
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Se um curitibano quiser comprar um carro zero com seu usado no negócio, vai pesquisar em <i>todas</i> as marcas e aferir preços parecidos em todas elas. E o valor oferecido pelo seu usado não vai variar: em Curitiba, 3 grupos econômicos concentram 80% do mercado de carros novos, inclusive com cada um deles oferecendo quase todas as marcas e indo em direção a oferecer todas em pouco tempo, o que faz com que, via de regra, a primeira avaliação do usado, na primeira pesquisa, seja a que vai ser aplicada no negócio. Ou seja, ganha-se bem na venda do novo, na compra do usado e na revenda do usado, porque a concorrência é pífia e foi sendo eliminada ao longo da última década, quando revendedores tradicionais foram entregando suas lojas para os grandes grupos.</div>
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Na mesma Curitiba, dois ou três grupos educacionais vão concentrando escolas e faculdades em seu portfólio e não é raro que instituições tradicionais mudem de nome e logotipo da noite para o dia. E agora, está experimentando uma onda de venda das instituições que sobraram, para grandes grupos educacionais do RJ e de SP, e na esteira disto, vem o aumento do preço, porque poucas empresas oferecem o serviço, e todas elas ávidas pelos créditos estudantis oferecidos pelo governo. Ou seja, o governo brasileiro é o que mais perde: ele oferece um crédito estudantil com algum subsídio, que acaba sendo deferido para alunos de algumas poucas instituições, sem muita variação de mensalidades.</div>
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E Curitiba é apenas uma cidade, que não deixa de ser um microcosmo do país, onde esse processo de concentração está ocorrendo em todo lugar, em maior ou menor grau.</div>
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De uns tempos para cá se descobriu o ovo de Colombo: os juros são altos para o consumidor porque apenas 5 bancos concentram 90% do crédito e do microcrédito no país, sendo dois deles estatais e os outros 3, gigantes que foram adquirindo concorrentes com uma facilidade ímpar, sem muita ou nenhuma preocupação com as leis anti-truste ou de prevenção à concentração econômica. O discurso foi sempre o mesmo - o pequeno banco tem que ser vendido ao grande banco, para que "o sistema" não sofra riscos - e com isso, o consumidor paga taxas que correspondem a 10 a 15 vezes a SELIC, afinal, entre 5 grandes, basta uma reunião de diretores para estipular uma banda de juros mínimos e máximos e "concorrer" com variação mínima e lucros para todos. Mas ainda mais deletério é saber que estes 5 bancos restringem o crédito e empurram o consumidor com algum problema de cadastro para as arapucas da consignação em folha ou do crédito para negativados, cujas taxas são ainda maiores e as regras draconianas, à guisa muitas vezes do desespero da pessoa que precisa solucionar problemas imediatos.</div>
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<span style="text-align: justify;">O problema não é estas empresas lucrarem, mas sim eliminarem seus concorrentes sem muita repercussão, facilitando a estipulação de preços. </span><br />
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A proteção à livre concorrência no Brasil é notoriamente frouxa. O CADE tem por função atuar nacional ou localmente, ou seja, tanto na concentração nacional, quanto na estadual, na regional e na municipal, em valores que não são assim tão altos, a ponto de isentar as empresas de declararem o ato de incorporação da concorrência. E eu não lembro de uma única ocasião em que o Banco Central tenha se manifestado contra a fusão de bancos, que é uma coisa tão comum no país que as pessoas deixaram de perceber.</div>
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Mas nos 3 exemplos o processo de cartelização cobra seu preço: nunca se produziram tantos automóveis no país, mas os preços só aumentam. Nunca se ofereceram tantas vagas em instituições de ensino privadas, mas o custo é proibitivo e o Estado brasileiro assume boa parte dele. Nunca os juros nominais da economia foram tão baixos, mas as taxas ao consumidor e às empresas estão inalteradas, chegam a 16, 17% ao mês nas modalidades de crédito mais agressivas.</div>
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<span style="text-align: justify;">É certo que é da índole nacional adorar um cartório. O brasileiro pensa que o seu valor não pode ser aviltado, ele prefere um acordo com o adversário do que se esforçar para atrair o consumidor com preços mais baixos e margens mais apertadas. O brasileiro não é muito afeito ao ganho de escala e de eficiência, e disto sai prejudicado, embora defenda sempre o seu cartel particular.</span><br />
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Pode até o leitor dizer que cartel é uma palavra forte demais, que ele não está caracterizado, que é um exagero... mas dê-se o nome que quiser, o fato é que o país está caminhando a passos largos para a não-concorrência em alguns setores, com visível prejuízo ao progresso e à sua população. Essa mesma "não-concorrência" já quebrou o Estado brasileiro algumas vezes na insistência dos monopólios estatais, mas a grande verdade é que a conta sempre foi paga pelas mesmas pessoas que pagam pela concentração de negócios privados, o consumidor e/ou o contribuinte.</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-1538235385547448992018-05-03T12:47:00.003-03:002018-05-03T13:01:53.728-03:00O FUTEBOL PREDATÓRIO DA TV<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC5mLGBoVOL5hdDv9eivtEO-qj_HnBFvmilr7WtzDMN0Nj2ImdHjRI7UXkGihShQE_6VlFy2IPSZYgHiCWX2R2wojrtgOK3jGXWEDTsEBsuJgcic5kojwaLc4hxkxJfk2F026xw3qsegk/s1600/futebol-tv-364x156.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="156" data-original-width="364" height="137" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC5mLGBoVOL5hdDv9eivtEO-qj_HnBFvmilr7WtzDMN0Nj2ImdHjRI7UXkGihShQE_6VlFy2IPSZYgHiCWX2R2wojrtgOK3jGXWEDTsEBsuJgcic5kojwaLc4hxkxJfk2F026xw3qsegk/s320/futebol-tv-364x156.jpg" width="320" /></a></div>
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O futebol moderno é caracterizado pela influência da TV. </div>
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Ao mesmo tempo em que a TV aumenta a visibilidade de alguns clubes, ela condena outros à decadência, e na mesma medida em que faz dos super-craques milionários da noite para o dia, traz o desemprego à maioria dos atletas pela inexistência de mercado de trabalho.</div>
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Em contrário do modelo norte-americano de privilegiar a competição e não o clube, nem a marca, a estratégia financeira das TV(s) inflaciona o futebol porque escolhe seus clubes preferidos, e faz com que os demais experimentem recordes de endividamento na tentativa de se igualarem nas competições. Isso mostra que todo o dinheiro que a TV gera não é suficiente para atender os custos crescentes do espetáculo midiático, mesmo em um universo restrito de 40 clubes por país, se muito.</div>
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Ademais, é um fenômeno que não encerra na questão financeira, também tem reflexos no aspecto técnico. É visível, já há algumas décadas, que as arbitragens favorecem aqueles clubes que as TV(s) privilegiam porque somam mais espectadores a cada transmissão. E dentre os grandes, os que dão mais audiência são ainda mais favorecidos por pênaltis estranhos marcados ou negados, inversões de faltas e arbitragens que travam jogos em que o empate garante o campeão de audiência na próxima fase.</div>
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No Brasil, esse fenômeno já limitou os campeonatos estaduais e tolheu dezenas de clubes tradicionais. XV de Piracicaba, XV de Jaú, São Bento de Sorocaba, Matsubara, União Bandeirante, Olaria, Bangu, Vila Nova MG, Internacional de Santa Maria, Anapolina, etc... que volta e meia aprontavam para os ditos grandes e tornavam o futebol atrativo. Hoje, os que ainda mantém atividades são sombras do seu passado, incapazes de montar times porque o futebol ficou inflacionado e sofre a concorrência da própria TV, que oferece campeonatos a qualquer horário do dia, de modo que o espectador simplesmente não assiste mais jogos ao vivo, o que gera estádios (alguns enormes) vazios e decrépitos, sub-utilizados ou inutilizados e desemprego entre os atletas, muitos dos quais jogam apenas por 2 ou 3 meses por ano.</div>
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E já estamos numa segunda fase desse processo. Clubes antigamente considerados grandes como Coritiba, Goiás, Náutico, Santa Cruz, Avaí, Figueirense, Ceará, Fortaleza e Paysandú encaram balanços indicando grandes dívidas geradas pela necessidade de enfrentar a inflação do futebol e manter a luta inglória de tentar ganhar títulos importantes, inclusive contra as arbitragens. Falando pelo meu clube, o Coritiba, o balanço deste ano revela que, em 2017, teve um déficit de 700 mil reais por mês. Roubado descaradamente em duas finais de Copa do Brasil nesta década, viu sua dívida saltar dos 30 milhões em 2008 para 250 em 2017, isso fazendo contratações caras para lutar sempre para não ser rebaixado. E como ele, vários clubes com grandes massas torcedoras em situação parecida.</div>
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É verdade que a má-administração atávica o afetou, mas o futebol moderno vem sistematicamente diminuindo o tamanho de agremiações tradicionais e de massa torcedora relevante, um fenômeno que já está afetando Vasco da Gama, Botafogo e Fluminense e não vai demorar, se alastrará para outros até maiores, a julgar pelo tempo em que clubes como Atlhetic Bilbão, Nottingham Forest, Everton, Werder Bremen, Milan e Glasgow Rangers amargam sem títulos, quando no passado estavam sempre disputando as melhores posições em seus torneios.</div>
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Não vai demorar o processo vai se agravar e tolher os clubes ditos médios e depois, dentre os grandes, os menos grandes e de menor audiência, até o dia em que os torneios nacionais serão como os da Espanha, onde Real Madrid e Barcelona fazem suas campanhas disputando os títulos apenas entre eles mesmos, isso se não se criar a dita "liga mundial", onde 10 ou 12 clubes concentrarão as receitas e as audiências, e todos os demais serão tapa-buracos de audiência e de programações de TV, se enterrando ainda mais em dívidas na tentativa de conseguir uma vaga na competição internacional.</div>
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Os norte-americanos já descobriram há tempos que o esporte coletivo não sobrevive quando os títulos se concentram em poucas agremiações. Em determinado momento, o torcedor desiste de acompanhar, não vai mais ao estádio ou ao ginásio, não vê necessidade de apoiar sabendo que isso não vai alterar o resultado. No futebol, que é um esporte em que a corrupção está presente desde a base até o topo de sua estrutura, ainda não se entendeu que competição envolve muitos atores, não apenas dois ou três que gerem índices de audiência.</div>
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O futuro do "nobre esporte bretão", deveria ser melhor discutido nos momentos em que se assinam contratos de transmissão.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMo38H-DH483OPu5CTYzUvWKPJBYNR3yLol0cxgsiX8nf8K_ZsyaAj3Hs37Gl7GtbLaTG1NHyyPbIy9gN3VO-SU7H5itc2vhfM7Obm8fZze7f8X8BzL9IetYxd8t2oFp7nrzup4Ow86b8/s1600/stf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="157" data-original-width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMo38H-DH483OPu5CTYzUvWKPJBYNR3yLol0cxgsiX8nf8K_ZsyaAj3Hs37Gl7GtbLaTG1NHyyPbIy9gN3VO-SU7H5itc2vhfM7Obm8fZze7f8X8BzL9IetYxd8t2oFp7nrzup4Ow86b8/s1600/stf.jpg" /></a></div>
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No sistema jurídico brasileiro, o STF virou um tribunal qualquer, sua importância acabou diluída, porque ao invés de ser a mais alta esfera judiciária, virou a última instância, coisas completamente distintas.</div>
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O cidadão que acessa os Juizados Especiais começa a ter sua causa julgada por um dito "juiz leigo". Se este erra, o juiz titular já atua como órgão revisor e deste, as Câmaras Recursais entram em cena. Das Câmaras Recursais, há recurso Especial para o STJ no caso de violação de lei federal, ou Extraordinário para o STF, no caso de violação de norma constitucional. E também há a possibilidade do STF servir como órgão revisor do STJ, se for encontrada alguma inconstitucionalidade em sua decisão.</div>
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Contou? </div>
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Sim, a Justiça brasileira pode ter até 5 instâncias! </div>
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Há quem diga que não é assim porque aos tribunais superiores é preciso demonstrar a questão legal/constitucional por meio do chamado prequestionamento, o que causa outro daqueles episódios deploráveis e hipócritas causados pelas leis absurdas - quando o recurso não sobe porque não prequestionou, cabe Agravo, e este, sobe automaticamente - enterrando os tribunais superiores com uma enxurrada de questões que eles <i>não</i> deveriam analisar, porque são fatos, não discussões legais/constitucionais.</div>
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E dentro de cada tribunal ainda há duas instâncias: eles decidem e, se houver divergência, cabem agravos infringentes e até outra coisa completamente absurda, os ditos "agravinhos", os agravos regimentais que não são previstos no Código de Processo Civil, mas que os tribunais mantém muito mais por orgulho de ter o próprio recurso de estimação do que por razões práticas. E nem falemos dos Embargos de Declaração...</div>
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E ainda piora: por princípio, os recursos aos tribunais superiores não paralisam o processo, no máximo suspendem a execução a partir da efetivação da penhora. Mas não são poucos os casos em que o próprio Judiciário simplesmente paralisa todo o processo, aguardando até por décadas, que o STF faça as vezes de última instância, quando deveria apenas zelar pela Constituição, num ato único, vinculante e sujeito a punição severa pelo descuprimento.</div>
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No Brasil, levam-se princípios aos extremos. O princípio do <i>"in dúbio pro reu"</i> é interpretado de uma tal maneira em favor dos agentes políticos, dos ricos e poderosos, que o mínimo defeito instrutório anula sentenças e prisões como um passe de mágica, por mais que o conjunto probatório seja poderoso. Já o princípio do duplo grau de jurisdição é levado ao extremo, de duplo, virou sêxtuplo, a decisão de um juiz monocrático pode ser revista pelo tribunal estadual ou regional dentro de sua câmara e depois de sua turma, pelo STJ e pelo STF dentro dos mesmos parâmetros. Se contar bem, são ao menos 6 chances de que a decisão singular seja modificada. </div>
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É o paraíso da bandidagem acompanhada de bons advogados, de quem quer protelar o pagamento de um dívida, de quem quer atrapalhar algo ou alguém nos meandros judiciários. Não é difícil encontrar uma questão legal ou constitucional em um país em que se emenda a Constituição 3 ou 4 vezes por ano e onde os diários oficiais são calhamaços com milhares de páginas que demonstram uma fúria legiferante que não cessa jamais.</div>
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E dentro deste quadro caótico,<i> insere-se o foro privilegiado, </i>que também foi elevado ao extremo no nosso sistema jurídico, sem ser capaz de proteger um governante de ter sua gestão paralisada, Michel Temer que o diga, a partir da denúncia absurda feita pela dupla Joesley e Janot. Serve apenas para proteger delinquentes de colarinho branco, por mais que tenha uma boa intenção, de blindar os chefes de poderes e altos funcionários de carreiras de Estado da ingerência externa sobre seus atos institucionais. </div>
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O STF e o STJ não têm estrutura para fazer instrução, ou seja, para analisar pedidos das partes, petição inicial, denúncia, contestação, produção de provas e razões finais. Suas estruturas são para analisar a legalidade de um ato (STJ) ou sua constitucionalidade (STF) o que não é pouca tarefa, porque o Brasil é campeão mundial em legislar, e porque a Constituição de 1988 é um monstro com centenas de artigos regulando praticamente toda a vida nacional às minúcias, fazendo com que vírgulas causem recursos.</div>
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O STF deveria ser uma corte, ou seja, limitar sua atuação à interpretação constitucional, zelando para que a Carta Magna não seja violada. Ele deveria ter o direito de avocar as questões constitucionais que quisesse atacar antes mesmo de ser instado a tanto por meio de recurso extraordinário, definindo de antemão a forma com que a Constituição é interpretada, vinculando todo o Judiciário, o que também inexiste, porque, na prática, o STF decide, até tem o poder de vincular, mas ao juiz que não observá-lo não há pena alguma, sendo que ele força os recursos, porque somente eles podem rever a decisão singular ou de um tribunal, que viole diretamente uma decisão vinculante do STF.</div>
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Enquanto o STF for um tribunal qualquer para onde convergem todas as questões que o Judiciário aprecia, teremos o quadro de impunidade que tanto nos incomoda, a insegurança jurídica e esta sensação de enxugar gelo ao ver corruptos poderosos que nunca são julgados, aproveitando-se dos muitos recursos para ganhar tempo e obter nulidades. Quando se fala em prisão em segunda instância, se discute justamente isto - por quê todas as questões tem de ser apreciadas por STJ e STF? Por quê simplesmente não se aplica o duplo grau de jurisdição? Por quê o sistema é sempre manipulado para protelar ao invés de decidir?</div>
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Com todo respeito aos tribunais, o STF não pode ser como eles. Aliás, o STF não deveria nem ter turmas, ele deveria decidir sempre no pleno e apenas nas questões mais agudas e abrangentes da vida nacional. O que o STF decidisse, teria de ser lei e princípio que somente ele ou o processo legislativo poderiam alterar. O STF como um tribunal qualquer alimenta a crise política, a sensação de impunidade e o caos de uma sociedade que não distingue mais o bom do ruim, o bem do mal o certo do errado. </div>
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<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-64211339829145820752017-10-27T12:45:00.000-02:002017-10-28T08:38:12.218-02:00NÃO, A CORRUPÇÃO NÃO VAI ACABAR! <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZF18PGMYZokf6UUyIHOk1vmAASZme_1ld8k_X7CA8Mdd__pnRZH4hznp4EJD8o8shghX_JMXWez4ftBscCfKi2E3czta3oOJ6YGR-J1V3gD4CqB89ezraV2xyP7hMSZYPi6Lv9RW7HII/s1600/corrupto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="480" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZF18PGMYZokf6UUyIHOk1vmAASZme_1ld8k_X7CA8Mdd__pnRZH4hznp4EJD8o8shghX_JMXWez4ftBscCfKi2E3czta3oOJ6YGR-J1V3gD4CqB89ezraV2xyP7hMSZYPi6Lv9RW7HII/s320/corrupto.jpg" width="320" /></a></div>
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É certo que o bandido nunca está satisfeito. O assassino profissional gosta tanto do que faz que nunca deixa de aceitar uma encomenda. O ladrão pode roubar para viver bem pelo resto da vida, mas sempre aceita um novo desafio porque ele encerra o risco e a adrenalina da profissão. </div>
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O corrupto começa aceitando dinheiro para votar em alguém, e depois para fazer campanha de si mesmo. De repente, passa a aceitar para comprar apartamento e manter amante, depois para comprar carros de luxo, depois para se deslocar em jatinhos. Num caso bem interessante, um ex-governador do Rio queria virar cidadão parisiense de tanto que viajava para lá na companhia da esposa e amigos. Se não fosse descoberto, provavelmente teria comprado um castelo e transformado suas muitas jóias em uma coroa a celebrar sua majestade!</div>
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Nos EUA, corrupção é associada a um envelope pardo onde alguém recebe uma quantia de 5 ou 10 mil dólares, no máximo a uma pasta 007 onde o agraciado recebe um ou dois milhões. No Japão, é associada a casos de suicídio: o indivíduo é descoberto e, vendo que sua situação vai levá-lo à cadeia e a execração pública, simplesmente se mata. No Brasil a corrupção virou uma coisa sem limite. </div>
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Quando presidente, o marechal Castelo Branco soube que seu irmão havia se envolvido em um caso de facilitação em troca de uma benesse pessoal. Chamou-o ao gabinete e disse: <i> - do governo você já está exonerado, quero saber agora como vai devolver o que roubou</i>. De lá para cá, a corrupção endêmica foi se tornando cada dia mais ousada. Na própria época da ditadura militar teve um presidente do Banco do Brasil que não só construiu uma mansão gigantesca para seu uso pessoal, como ainda teve a pachorra de fazer a piscina no formato da letra do seu sobrenome, para que toda sua glória fosse vista do ar, numa época em que piscina era coisa que se admirava. Mais tarde, um senador da república admitiu em plenário que traiu a esposa e que manteve uma (bela) jornalista e seu filho com ele com dinheiro do gabinete, claro, sem ser cassado. O "deus" Lula, acusado de corrupção em 9 processos, voa de jatinho para os 4 cantos do país alegando ser pobre e perseguido. É verdade também, que aquele que deveria (ao menos, em tese) ser seu maior opositor, o senador Aécio Neves, também foi pego aceitando 2 milhõezinhos de reais para "pagar advogados", mas igualmente sem ser cassado, do mesmo modo que Lula é candidato a presidência inclusive com o direito de fazer campanha antecipada sem que nenhuma autoridade eleitoral tome providência. </div>
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Já Michel Temer é acusado de negociar e receber uma mala semanal de 500 mil reais, a ser paga por 14 anos, totalizando 84 milhões de reais. O ex-ministro de Lula e ex-vice-presidente da Caixa do governo Dilma, tinha 51 milhões em um apartamento que usava de cofre, e no qual as vezes passava provavelmente para tomar banho de dinheiro, tal qual o Tio Patinhas faz nos quadrinhos infantis. Se todo mundo do grupo governante tiver coisa parecida, o bilhão é uma questão de contar as cabeças.</div>
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E o incrível é que a cada novo escândalo, os valores sobem juntamente com a ousadia. </div>
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A corrupção que era coisa de milhares de reais, passou para os milhões e, no protagonismo do BNDES em favor de empresários escolhidos por Lula para alavancar a economia (Eike, Joesley e Wesley, por exemplo), passou para a casa dos bilhões, incluindo o assalto sistemático já comprovado da Petrobrás, com ouvidos moucos do Conselho Fiscal do qual fazia parte a ex-presidente Dilma Roussef, também acusada de vários delitos. </div>
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Mas o pior da corrupção ainda não está nestes próceres da república que o povo trata de reeleger ou de endeusar, no caso específico de Lula. Pior ainda está nos vereadores que descontam 40% do salários dos assessores, nos médicos que desviam equipamentos dos hospitais públicos para seus consultórios, nos procuradores gerais que ganham comissão para homologar licitações fraudadas, nos prefeitos que transformam o município num balcão de negócios, nos fiscais que ameaçam de multar em troca de benefícios pessoais imediatos ou fazem vistas grossas para safadezas de empresários e contribuintes que embora não roubem o Erário, prejudicam a população manipulando produtos e serviços em desconformidade com a Lei.</div>
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E ainda pior do que esta corrupção de agentes públicos subalternos, é a corrupção do povo. O povo que oferece 50 reais pro guarda de trânsito quebrar a multa por excesso de velocidade. O povo que rouba energia elétrica, água, internet e TV por assinatura fazendo gato. O povo que aceita dar o voto em troca de cesta básica ou de 20 reais pro boteco, como é comum em cidades pequenas. E é a mais grave, porque é esse povo que elege e que, um dia eleito, entra na espiral de corrupção almejando o topo dela, os palácios, os jatinhos, as viagens suntuosas, as mordomias, os amantes belíssimos mantidos no sigilo com o dinheiro que deveria ser usado em favor da sociedade.</div>
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Muita gente se engana ao achar que a Lava Jato vai acabar com corrupção, ou que esta será extinta com a cassação do presidente que se encontra no Palácio do Planalto neste momento ou no futuro. Podemos acumular 100 operações iguais à Lava Jato que o máximo que conseguiremos como nação é prender uns poucos não-delatores e recuperar alguns bilhões de reais, no máximo, <i>contendo</i> a corrupção, quem sabe fazendo com que ela volte a ser contada na casa dos <i>milhões</i> e não na dos <i>bilhões</i>. </div>
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As pessoas parecem não entender que os agentes que hoje estão acusados, indiciados e mesmo presos em Curitiba são todos crias de um sistema que é corrupto desde sua base. No Brasil, é comum o sonho de encostar-se de alguma forma no Estado. Quando eleito o mais humilde dos vereadores, no mínimo ele passa a ser chamado de Vossa Excelência, ganha um salário generoso sem fazer grande coisa em troca e ainda tem o direito de contratar assessor. Na medida que sobe na carreira política ou que assume cargos ainda mais importantes nas várias esferas de governo, o indivíduo passa a conviver com as tentações dos palácios, dos carros oficiais ou até mesmo das facilidades que cargos públicos oferecem no dia a dia. É óbvio que o cara que trocava o voto por 20 reais, certamente cederá às tentações, o cara que recebeu dinheiro para fazer campanha de vereador, também, o cara que faz gato para roubar TV por assinatura, idem, tanto quanto o cara que queria quebrar a multa dando 50 reais pro agente de trânsito.</div>
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A pessoa que é corrupta no seu dia a dia, também o será no trato com a coisa pública. E tal qual qualquer bandido, será insaciável em usar a corrupção pelo prazer pessoal, indo de vereador a presidente da república, sempre aumentando sua expectativa em relação ao que o poder deverá lhe dar. </div>
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Por isso, podemos até conter a corrupção, mas ela não vai acabar. Nossa escolha como país tem de ser a de como combatê-la permanentemente sem a histeria que marca estes anos de Lava Jato, onde o falso combate ao crime substituiu até mesmo as necessidades mais prementes do país. Nossa luta contra a corrupção que nós mesmos, enquanto povo, institucionalizamos, chegou em um patamar em que esquecemos que temos uma sociedade que precisa progredir, gerar empregos e funcionar ao menos em um padrão econômico mínimo.Temos que lutar contra a corrupção, mas também pelo país.</div>
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A corrupção nunca vai acabar, mas a viabilidade do país pode, com efeitos desastrosos para a maioria que não acumulou dinheiro roubado da coisa pública.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-65605824036136843002017-10-24T22:51:00.004-02:002018-05-03T20:26:00.892-03:00BRASIL: O PAÍS QUE ODEIA SUAS CRIANÇAS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYWxbwY6JEBatgI5yMr6_kgO6eelR9njTaeSTxMLyHRwu9ObNAJt8cyBhwcXZwlU7E0z5CI1egNopVGuXjy1tDG3eMPwj2H-zaS4b8IMUFD2M5dAs_aMP5uzrNdOArqPnGfS73C6Omt5Y/s1600/e-mail-mkt-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="290" data-original-width="540" height="171" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYWxbwY6JEBatgI5yMr6_kgO6eelR9njTaeSTxMLyHRwu9ObNAJt8cyBhwcXZwlU7E0z5CI1egNopVGuXjy1tDG3eMPwj2H-zaS4b8IMUFD2M5dAs_aMP5uzrNdOArqPnGfS73C6Omt5Y/s320/e-mail-mkt-3.jpg" width="320" /></a></div>
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Nós, brasileiros, somos campeões da bondade em teoria. Temos sempre as melhores intenções quando escrevemos nossas leis, quase sempre belas e cheias de conceitos ideais com objetivos audaciosos. Mas na prática, pouco ou nada fazemos para que estas leis funcionem e cumpram as promessas de seus autores.</div>
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Uma das coisas que os brasileiros mais fantasiam é a infância. Nossas leis são rígidas. Em <i>teoria</i> nossas crianças são intocáveis. Existe todo um arcabouço legal fantasioso que regula desde a publicidade de brinquedos até o que um professor pode dizer ou não para uma criança em sala de aula, e que foi feito para que, sendo lido, nos dê a impressão de que realmente cuidamos de nossas crianças, com o discurso oficial sempre muito bonito de que elas são nosso futuro como nação. </div>
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Mas na prática, nossa sociedade <i>odeia</i> suas crianças, às usa como mercadorias e escudo para seus crimes recorrentes, sua falta de sensibilidade e sua divisão ideológica maniqueísta. O Brasil sempre foi um país de péssimo histórico com a infância. Trabalho infantil é uma coisa recorrente em nossa sociedade desde sua fundação, maus tratos são uma constante desde sempre, pouco importa o conteúdo das leis.</div>
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Em certa época de minha vida advoguei na área de família e saia estarrecido do fórum ao constatar o uso de crianças para atingir alguma das partes do processo. Sob a desculpa de cuidar do menor, mães impedindo a visita pelos pais, pais negando pensão alimentícia e casais que não trabalhavam achacando avós. Uma coisa pavorosa, o pior da espécie humana se aproveitando da inocência de uma criança por vingança pessoal ou interesse meramente mercantil.</div>
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Isso foi há 20 anos e de lá para cá, esse comportamento que era típico nos fóruns de família parece ter espraiado para o dia a dia de nossa sociedade doente e violenta, sexista e desonesta em sua essência, mercantilista ao ponto de sacrificar suas crianças sem a menor sensibilidade. </div>
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É um quadro vem se agravando de modo dramático. Quando criança, eu tinha a possibilidade de sair de casa e ir brincar na pracinha que ficava há uns 3 ou 4 quadras, ou ainda procurar um campinho para jogar futebol com os primos. Hoje, nossa sociedade neurótica criou uma situação em que uma criança desacompanhada em uma praça é quase certeza de tragédia, tamanho o foco maldoso que colocamos sobre elas.</div>
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Sexualizamos a infância. Sob a desculpa da "democracia" e da "liberdade de expressão" desprezamos todos os valores mais básicos do desenvolvimento delas. Queremos que elas namorem aos 5 anos de idade, às vestimos como adultos, às levamos para festas juninas onde estão sujeitas a sertanejo universitária pregando "pegar" e beber, ou ao funk sexualizado, seguindo a lógica perversa de que é apenas música. Elas não brincam mais, ficam presas aos malditos smartphones, à internet e à TV, sujeitas a todo tipo de sensualização que nossa sociedade doente praticamente exige. E dessa sexualização da infância decorrem pais e parentes que violam as crianças de suas próprias famílias, promoção e defesa descarada da pedofilia, inclusive com a violação direta das leis idealizadas que não servem para muita coisa quando interpretadas por juízes frouxos e, em casos recentes, por artistas desonestos desesperados para usar dinheiro da Lei Rouanet. Dentre os países com algum desenvolvimento social, o Brasil é o campeão em prostituição infantil e violência contra crianças, mas para nossa sociedade não importa, a nossa "liberdade" exige que o sexo esteja em todos os aspectos da vida, pouco importando o efeito final.</div>
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Negligenciamos a educação. Impedimos nossas escolas de disciplinar e sujeitamos os educadores aos maus humores de pais tão super-protetores quanto incompetentes em educar, a ponto de preferirem culpar a escola pelos erros que seus filhos cometem porque não recebem limite nenhum em casa. De tanto que nossas leis ideais protegem, nossos agentes públicos (leia-se: Ministério Público e Conselhos Tutelares) simplesmente são incapazes, seja por preguiça, seja por incompetência, de distinguir um ato disciplinador de um ato de violência, classificando tudo como crime, atando as mãos de quem tenta ensinar, a ponto delas mesmas, <i>cooptadas</i> por ideologia política, invadirem as escolas onde deveriam estudar, sem que os pais ou mesmo o Estado nada fizessem por semanas, como aconteceu no PR, em SP e no RJ.</div>
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Dizemos que não, mas temos tolerado trabalho infantil, prostituição, pedofilia e mesmo o uso das crianças como escudo para a prática de crimes, inclusive políticos, já que elas não são poupadas da guerra ideológica entre supostos progressistas contra conservadores de araque, predominantemente ladrões comprovadamente lutando apenas pelo direito de assaltar os cofres públicos.</div>
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O Brasil tem odiado suas crianças. Quando vemos assassinatos cruéis de crianças de colo como os que repercutiram na última semana, quando não percebemos que nossa sociedade transforma um jovem de 13 anos num monstro a disparar tiros contra colegas de colégio, é porque odiamos no sentido de não tratá-las como crianças, são apenas mais cidadãos aos quais impomos nossa agenda brasileira de libertinagem, negligência e demagogia, tolerando a violência comezinha que acaba por desaguar no crime visceral que choca por uns poucos dias quando exposto no noticiário do horário nobre das TV(s).</div>
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O Brasil odeia suas crianças. Fala muito em amá-las, mas nada faz para respeitá-las. É um país doente que está destruindo seu próprio futuro com raiva e demagogia ilimitadas, promovidas por interesses mesquinhos e não raro, meramente eleitoreiros. Uma tristeza!</div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-25685103542192658622017-10-04T11:18:00.000-03:002017-10-04T11:18:43.548-03:00A ECONOMIA DESCOLOU DA POLÍTICA?<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg0fl9Vgb2ubXh7xTyUZR2aNuSBiwAhH21fYaQr1viEGoo6Mo6jAFcRHrRJRY-WZzq7kkFvYvwmfZUF15zBpGwQCQjyWlb6lqbL_pb0_0MOqc0euPIzTCu-FQ5K_sDCqKHsoCmhKYBmhs/s1600/economia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="270" data-original-width="480" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg0fl9Vgb2ubXh7xTyUZR2aNuSBiwAhH21fYaQr1viEGoo6Mo6jAFcRHrRJRY-WZzq7kkFvYvwmfZUF15zBpGwQCQjyWlb6lqbL_pb0_0MOqc0euPIzTCu-FQ5K_sDCqKHsoCmhKYBmhs/s320/economia.png" width="320" /></a></div>
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Talvez por eu ser otimista ou querer ser otimista, o que se nota é uma reação, ainda tímida, mas constante, da economia do país.<br />
<br />
Ha quem diga que a economia descolou da crise política, o que em verdade, é uma grande besteira, o que se pode dizer é que ela voltou a funcionar <i>apesar</i> da crise política que não cessa, mas mesmo isto não aconteceu sem intervenção governamental. Dizer que a economia esta andando pelas próprias pernas é profundo desconhecimento do país, alheamento puro e simples à realidade.</div>
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A economia brasileira é extremamente dependente do impulso governamental. Seja porque o Estado é um grande empresário por meio das estatais gigantescas, seja porque o país tem o traço cultural de <i>depender</i> de dinheiro público para absolutamente tudo. </div>
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Certamente o leitor já notou essa onipresença do Estado em nossa economia. Qualquer expansão de planta industrial tem dinheiro de banco ou agência de fomento estatal (BNDEs, BRDE, Fomento Paraná). Na agricultura, os créditos subsidiados e com prazos generosíssimos por meio do Banco do Brasil. Na construção civil, a dependência às carteiras de crédito imobiliário da Caixa, ou ainda o programa Minha Casa, Minha Vida. No futebol, a maioria dos clubes da série A e B patrocinados pela Caixa Econômica Federal, sem contar o financiamento de estádios para a Copa do Mundo. Na cultura, não há um único filme ou peça que não tenha no mínimo um patrocínio do Banco do Brasil, da Eletrobrás, do BNDEs ou da Petrobrás, sem contar a facilidade com que a Lei Rouanet é usada para financiar turnê de cantor sertanejo ou cantora de axé. E concessões em todas as áreas, e regulação por vezes até insana. E tributos que incidem em cascata. E monopólios como o da Petrobrás ou o dos Correios. Isso se estende até mesmo à concessão de parcelamentos de longo prazo para o pagamento de tributos atrasados.</div>
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O Estado brasileiro é indutor econômico ao mesmo tempo em que naturalmente é regulador e também consumidor e tomador de serviços. Mas em última análise, ele é ator de praticamente <i>todas</i> as relações econômicas em maior ou menor grau, está presente em tudo, mitas vezes como um sócio oculto.</div>
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No governo Dilma, a Petrobrás era <i>obrigada </i>a assumir 30% de todos os investimentos do Pré-Sal, sem o que não haveria negócio com os demais 70%. O resultado foi simples: altamente endividada pela manutenção artificial do preço dos combustíveis para conter a inflação (que mesmo assim, subia), a estatal simplesmente não tinha como investir os 30%, o que significou investimento nenhum, dado que ela era parceira obrigatória. Na mesma linha, os aeroportos não podiam ser privatizados sem participação da INFRAERO e até mesmo aventou-se ressuscitar a extinta Telebrás para negócios de internet e telefonia. Um estado de coisas que foi atacado pelo governo Temer, e teve efeitos imediatos: os investimentos voltaram, mas desta vez, com a Petrobrás tendo a <i>opção</i> de investir se quiser e com a Infraero não sendo obrigada a aplicar recursos que não tem nas novas concessões. Ou seja, ponto para o governo Temer, por mais que ele seja considerado ilegítimo ou golpista ou ainda simplesmente desonesto.</div>
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Por outro lado, quando as empresas ficam inadimplentes perdem o direito às certidões negativas que o Estado emite, e sem as quais não se vendem bens nem se fazem grande parte da operações de crédito, especialmente as mais baratas, subsidiadas também pelo Estado. Verdade que é um circulo vicioso: o dinheiro impago de impostos é mais barato para o empresário, mas ao mesmo tempo ele impede expansão de negócios, porque trava as certidões negativas. O governo Temer conseguiu a promulgação de leis que facilitaram a queda <i>relevante</i> das taxas de juros e ao mesmo tempo, parcelou os impostos em atraso, possibilitando a emissão das certidões. Pode até ser errado facilitar a vida do devedor de impostos, mas o efeito econômico é certo: as empresas voltam a investir e criar indução econômica. Ou seja, mais um ponto para Temer, que no mínimo, conteve o avanço do desemprego.<br />
<br />
Muita gente não percebe que a tímida recuperação econômica se deu a partir de uma mudança visível da atitude do Estado em relação à economia. Mal ou bem, assolado por problemas políticos/institucionais/criminais e sendo chantageado a liberar emendas parlamentares, ainda assim o Estado brasileiro tem tomado medidas que induzem a retomada econômica. Certo que se pode fazer muito mais, tal como diminuir a burocracia, demitir a maioria dos funcionários em confiança, reavaliar mais programas governamentais em busca de desperdício e desvios, etc... o governo Temer só não faz mais, porque o presidente está no centro de um grupo político pouco menos incompetente, mas tão desonesto quanto os que o antecederam nos governos Dilma e Lula, e com os mesmos vícios e as mesmas acusações de corrupção endêmica.<br />
<br />
Mas é mentira dizer que a economia reage independentemente do governo, esse mérito não pode ser tirado de Michel Temer. A economia não descolou da política, apenas aproveitou uma mudança de visão da política sobre ela.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-60810992392628567062017-10-02T18:19:00.004-03:002017-10-03T08:44:47.827-03:00A ARTE É LIVRE. A LIBERTINAGEM, NÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisUtzQ-t55Up0qpzxDk9EP4l6Bb0TAmYmC-4ULdPso77L5RThXEQkZUn5jxAC8H1nzknoG7mhUrVEMK82gyfyiwRWi86C45J0_hZgfG4aYyusCTeB6Wpe8QppMwIqgiXZsOwbk8GQtv1M/s1600/goya.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="548" data-original-width="723" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisUtzQ-t55Up0qpzxDk9EP4l6Bb0TAmYmC-4ULdPso77L5RThXEQkZUn5jxAC8H1nzknoG7mhUrVEMK82gyfyiwRWi86C45J0_hZgfG4aYyusCTeB6Wpe8QppMwIqgiXZsOwbk8GQtv1M/s320/goya.jpg" width="320" /></a></div>
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<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Libertinagem é descrença a preceito, que implica comportamento desmedido em relação a alguma coisa. Muita gente à confunde com liberdade, fazendo um errado juízo de valor com democracia, pelo que acaba concluindo erroneamente que, em vivendo sob democracia, tudo é aceito e mesmo as regras que regem a sociedade devem ser contestadas porque a liberdade assim exige.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">No Brasil não há lei mais paternalista, mal redigida e de efeitos tão deletérios quando o Estatuto da Criança e do Adolescente. Se trata de uma peça da mais pura hipocrisia legislativa, dentro daquele conceito bem brasileiro de que a simples redação em termos ideais, resolve problemas no mundo real. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">No entanto, apesar de ruim, a dita Lei não carece de clareza e quando entra na tipificação de crimes contra crianças e adolescentes é rigorosa e muito bem inteligível. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">E em seus artigos 240 e 241 ela tipifica o crime de apologia à pedofilia. No primeiro artigo ressalta que é crime <i><span style="background-color: white; font-size: x-small; text-align: justify; text-indent: 18.9333px;"> "..v</span><span style="background-color: white; font-size: x-small; text-align: justify; text-indent: 18.9333px;">ender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente..."</span></i><span style="background-color: white; font-size: x-small; text-align: justify; text-indent: 18.9333px;"> </span> e pune no artigo 241, C por <i>"...s<span style="background-color: white; font-size: x-small; text-align: justify; text-indent: 35px;">imular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual..." . </span></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; text-indent: 35px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; text-indent: 35px;">Ou seja, nos dois casos recentes em que a classe artística reclamou de censura, o que na verdade ocorreu foram crimes, porque em Porto Alegre havia registro contendo cena sugerindo ato de pedofilia, e porque a representação do MAM semana passada insinuou cena de sexo</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-small; text-indent: 35px;"> com crianças. </span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">O que se notou nesse processo todo foi uma histeria vinda de setores da sociedade que são privilegiados com verbas da Lei Rouanet para praticarem libertinagem e protestarem contra o mundo e contra as leis que não os agradam, incluindo nisso o protesto indireto porque Dilma Roussef foi cassada após destruir a economia do país. </span><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Chegaram ao absurdo completo de usar a nudez das obras de Michelângelo para se dizerem perseguidos por grupos políticos de direita, que querem acabar com a arte. </span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Chega a ser ridículo comparar nudez com pedofilia em um país como o Brasil onde posar nu é motivo de sucesso e admiração pela sociedade, onde corpos seminus numa praia são tão comuns quanto a areia dela. Dizer que as obras de arte clássicas dos museus europeus mostram casais homossexuais e poses eróticas, é simplesmente esquecer que, naqueles mesmos grandes museus, arte que envolve pedofilia só é exposta de modo muito restrito, porque lá isso também é crime, e naqueles países eles também tem preocupação com o desenvolvimento sadio de crianças e adolescentes, afora o fato de que não é crime lá, como não é aqui, ser homossexual. Mas é crime lá, e também aqui, praticar e fazer apologia à pedofilia!</span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">É inaceitável o caso de Porto Alegre onde não só se expunham perversões sexuais como se convidavam escolas para visitar aquela exposição, que ainda tinha o agravante de ser financiada com dinheiro público. Do mesmo modo que é indefensável colocar crianças numa manifestação supostamente artística, sugerindo ato sexual. A lei é clara, não é preciso interpretá-la para saber que esse tipo de situação é crime.</span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">O que essas pessoas querem não é promover a arte, querem em verdade um passe livre para simplesmente contestarem todas as leis que lhes incomodem, seja porque são mesmo pedófilos, seja porque não aceitam a autoridade do Estado, sem a qual sociedade nenhuma existe.</span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Mas fico me perguntando o que essa gente diria se alguém montasse uma peça de teatro intitulada "Saudades da Ditadura" e fizesse a representação de presos políticos sendo torturados, enquanto atores vestidos de militares fumam charutos cubanos pisoteando fotografias de pessoas mortas e torturadas os porões do DOI-CODI. </span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Seria arte? Será que alguém usaria o exemplo das "Execuções de 3 de Maio" de Francisco Goya para dizer que é apenas arte, que não pode ser limitada, que é feita para chocar?</span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Pedofilia e tortura não são atos bárbaros, de igual efeito deletério para a pessoa, a família e a sociedade? Será que pedofilia pode, mas tortura não, ou vice-versa?</span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Sejamos francos: a arte é livre, ninguém está proibindo o artista de expor sua nudez ou suas opiniões, mesmo erradas (quando não completamente imbecis como a destes casos recentes), mas existe um limite chamado LEI, sem o qual não se vive em sociedade, e pelo qual esta mesma sociedade fixa parâmetros do que ela não quer e do que pretende proteger.</span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Querem fazer esse tipo de manifestação? Simples: parem de criticar o sistema e de falar em opressão e façam lobby para alterar a Lei, mas não à violem, porque por mais que o país seja cheio de problemas e injustiças, e governado por bandidos de direita e de esquerda, ainda assim há valores que a maioria dos brasileiros quer preservar, um deles, a infância sadia!</span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Volto a repetir: a arte é livre, a libertinagem, não.</span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"> </span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-34930941305256509602017-09-12T10:18:00.001-03:002017-09-12T17:14:46.203-03:00O PMDB VELHO, NÃO DE GUERRA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxTdqEV5lSrGPx8Z1SdKiHkSDCJGwZFXgMhnuxgPE06vXb_vmQDKT867RC49X6sha5YuCCmHtdd6fwTwmUHYr7iNI3Zl0Hhtk3zPIVoQGc45-gMetsrGwgDY5wbZ665N22mngf4KYl5Hk/s1600/pmdb-pt-psdb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="292" data-original-width="581" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxTdqEV5lSrGPx8Z1SdKiHkSDCJGwZFXgMhnuxgPE06vXb_vmQDKT867RC49X6sha5YuCCmHtdd6fwTwmUHYr7iNI3Zl0Hhtk3zPIVoQGc45-gMetsrGwgDY5wbZ665N22mngf4KYl5Hk/s320/pmdb-pt-psdb.jpg" width="320" /></a></div>
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Nascido MDB (Movimento Democrático Brasileiro) para compor o bipartidarismo na marra criado após vários Atos Institucionais para para reabrir o Congresso Nacional em 1969, era uma grande frente de oposição que agregava todos os insatisfeitos com o regime político de então, que era tremendamente popular, por mais que já estivesse, naquela altura dos acontecimentos, dominado por oligarquias paroquiais dos estados, talvez com a exceção em São Paulo.</div>
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<br /></div>
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Mas é bom lembrar que reaberto o Congresso com essa composição artificial, a partir de então o regime se tornou brutal, os piores anos de repressão foram na primeira metade da década de 70, de modo que mesmo o então MDB não tinha capacidade de fazer oposição, conquanto tivesse de fazer composições, inclusive com as oligarquias que, de um modo ou outro, estiveram excluídas do regime militar, seja por não conseguirem aderir à ARENA ou porque não eram aceitas pelos militares, seja porque oligarquias rivais chegaram antes à condição de apoiadoras do regime.</div>
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<br /></div>
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Ou seja, o PMDB sempre foi um partido com índole adesista, por mais que não se deva, nem se possa esquecer a imensa luta de homens como Ulisses Guimarães, Theotônio Vilela, Pedro Simon, Mário Covas, José Richa, Alencar Furtado, Franco Montoro e outros tantos, pela volta da democracia. O partido lutou, sim, pela democracia, mas nem por isso depurou seus quadros, aceitando sempre a adesão de quem se apresentasse à eles, sem maiores requisitos.</div>
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<br /></div>
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Tão logo o país retomou o pluripartidarismo, Tancredo Neves fundou o PP e tempos depois, o PMDB absorveu esta legenda, porque havia o temor de todos em perder a eleição de 1982 em Minas Gerais. Depois disso, houve uma dissidência no PDS, causada pela candidatura de Paulo Maluf à presidência, quando ele se contrapôs ao candidato do regime, o então ministro e coronel Mário Andreazza. Essa dissidência transformou-se no PFL, atual DEM, que uniu-se ao PMDB para levar o então governador de MG ao Palácio do Planalto na eleição indireta de janeiro de 1985. José Sarney, eleito vice pelo PFL e tendo assumido a presidência, logo bandeou para o PMDB de onde nunca mais saiu.</div>
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<br /></div>
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Desde então, o PMDB <i style="font-weight: bold;">NUNCA</i> saiu do poder federal. Em 1986, conseguiu vitória consagradora em todas as eleições estaduais, com exceção do RJ de Leonel Brizola do PDT. Com isso, foi o partido responsável pela <i>péssima </i>Constituição de 1988, que quebrou o país no fim da década de 80 e que ajudou a quebrá-lo anos depois, na gastança desenfreada dos governos de Lula e Dilma. A CF/88 foi permeada de benesses para grupos paroquiais do partido, abrigando desde o nacionalismo mais tosco e atrasado de diferenciar empresa nacional de empresa estrangeira, até o patrimonialismo em favor do funcionalismo público que nos legou o fim do regime celetista federal, que hoje pressiona a previdência. Essa distribuição de interesses levou à criação do PSDB, que era, com exceção do grupo de Ulisses Guimarães, a ala "pura" da legenda, a parte não-oligárquica e não-patrimonialista, que com o tempo converteu-se no PSDB oligárquico e patrimonialista de hoje em dia.</div>
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<br /></div>
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O PMDB aderiu ao governo Collor no primeiro momento, por mais que boa parte dele tenha possibilitado o impeachment logo depois. Derrotado nas urnas em 1994 (Orestes Quércia), aderiu ao governo FHC e inclusive abriu mão de lançar candidato à presidência em 1998, como também não lançou em 2002, 2006, 2010 e 2014, sempre aderindo ou ao PSDB ou ao PT, ao sabor da conveniência máxima de <i>estar sempre no poder</i>, com ministérios, cargos, diretorias de estatais e livre trânsito no Planalto, para cuidar dos interesses de seus vários aparatos oligárquicos locais.</div>
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<br /></div>
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O PMDB sempre foi um partido adesista, oligárquico, patrimonialista. Se em algum momento da sua história teve grandes homens lutando por ideais, isso não afasta a maior parte de sua história, em que esteve preocupado demais com integrantes como este Geddel Vieira Lima, que está na cúpula do partido desde antes de estourar o escândalo dos anões do orçamento. Muito menos de Renan Calheiros, Michel Temer, Romero Jucá, Edison Lobão ou ainda outros ícones menores, como Roberto Requião, cujas práticas políticas não diferem em nada das da maioria da legenda, embora cultive a imagem de ícone da oposição, mesmo enchendo suas administrações estaduais de parentes e amigos em cargos de confiança, com o discurso nacionalista que não se sustenta na realidade.</div>
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<br /></div>
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E tão não-éticos e oportunistas quanto o PMDB, são partidos como o PSDB e o PT que sempre se aproveitaram desse vigor fisiológico da legenda em apoiar todo governo que apareça, para que seus líderes nunca percam as benesses e mordomias às quais se acostumaram ao ponto do vício.</div>
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<br /></div>
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Dado o tamanho e capilaridade do seu quadro de integrantes, o PMDB continuará ainda por muito tempo a ser protagonista político brasileiro. A questão é saber como e se, os demais partidos e correntes políticas vão continuar aceitando essa troca deslavada de apoio por cargos, diretorias, emendas parlamentares e todo tipo de chicana política. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Não que o PMDB seja muito pior que os demais partidos. O Mensalão, a Lava Jato, a Satiagraha e todas as muitas operações anti-corrupção já demonstraram que a inocência não é regra em partido nenhum. O problema é que o PMDB está há tempo demais no cerne do poder e por não ter programa, nem objetivos próprios, ele adere fácil a qualquer ideia tosca de poder como a do PT de Lula e só sai dela bem depois do barco afundado.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O PMDB é velho, suas idéias são velhas, sua forma de fazer política é velha, seus conceitos éticos são velhos, é a velhice acomodada nos vícios, não a velhice sábia que conhece o valor da guerra, mas a velhice que adere ao que é conveniente, que é o oposto da guerra... o PMDB é velho, mas não de guerra!</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-37115512446684845032017-09-05T10:22:00.002-03:002017-09-05T17:43:55.259-03:00DAS DELAÇÕES PREMIADAS AO CAOS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1U6diHrd40tQB80ygWFfSWH6x5W5wysoJYEyc0KagEV7-OeD5EQfyrvdSnZ99ucWRgZDuhe39DhpNmdLW_0ky97Q4ZMEhrv9vZyetCQz7Q_Z_ODwsT3G5TGc-Bq_FtP-HV41MgQM2sH4/s1600/ministerio-publico.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="237" data-original-width="500" height="151" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1U6diHrd40tQB80ygWFfSWH6x5W5wysoJYEyc0KagEV7-OeD5EQfyrvdSnZ99ucWRgZDuhe39DhpNmdLW_0ky97Q4ZMEhrv9vZyetCQz7Q_Z_ODwsT3G5TGc-Bq_FtP-HV41MgQM2sH4/s320/ministerio-publico.png" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um processo criminal só pode ser instalado com<i> <b>prova material</b></i> do delito e <i><b>indícios</b></i> de autoria. Não existe nenhuma outra hipótese legal e nenhum outro requisito. Não existe como iniciar um processo penal com esta prova ainda a ser produzida ou sem indicação mínima da autoria, é isto que o juiz analisa e decide na chamada sentença de pronúncia: se existe prova, e se de alguma forma o crime pode ser atribuído ao indiciado, que então vira réu ou não. A prova pode até ser reforçada durante o processo, mas na instalação a ocorrência do crime tem que estar definida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em contrário do que a imprensa vem dizendo, não cabe ao delator fazer prova, esta continua sendo obrigação exclusiva do acusador. O delator<i> pode </i>apresentar <i>complementos</i> à prova já existente, pode enviar documentos e gravações que corroborem sua versão no sentido daquilo que a Lei exige dele, que é <i>identificar coautores e partícipes da organização criminosa</i>, sua <i>estrutura hierárquica</i> e possibilitar a <i>recuperação total ou parcial do produto do crime</i>, ou ainda, impedir que se faça nova vítima. Mas a prova da existência da organização e de seus vários crimes deve existir <i>antes</i> do ato de delação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A prova material pode ser circunstancial, desde que forte. Se existem vários indícios que formam um conjunto hígido que indica o crime, a prova dele existe independentemente da necessidade de uma documento cabal, cabe ao juiz dosar a aplicação da lei após o contraditório, uma vez que o <i>indiciado</i>/<i>réu</i> necessariamente tem que estar ligado ao conjunto probatório, existindo nexo de causalidade entre seus atos e o resultado criminoso. Assim, a prova precisa existir antes, não se pode punir por <i>achar</i> que entre ela e o autor há nexo de causalidade ou ainda por <i>achar</i> que a prova se aplica ao caso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Daí o acusador pode ter um conjunto de provas que indique que vários crimes foram cometidos, ou ainda que foram cometidos em conluio/conjunto/litisconsórcio e talvez não saber quem foram todos os autores. Aí que entra o delator, cabe à ele identificar a coautoria dos delitos, indicar <i>meios</i> de obter o nexo de causalidade entre o crime já provado e as pessoas que indicou, ele deve descrever a modalidade da participação dos coautores. Ou seja, o delator não faz prova, ele corrobora com as provas que tem que existir <i>antes, </i>indicando como ela é ligada à quem foi delatado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A delação premiada é um instituto falho em nossos sistema jurídico, basicamente porque sua aplicação decorre de uma interpretação de vários institutos legais diferentes*, com finalidades diferentes, que <i>tentam</i> ser compilados na Lei 12.850/2013 que trata da organização criminosa, e cuja redação é ruim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por exemplo: no § 1º do artigo 4º, a Lei 12.850 diz que a <i>personalidade</i> do colaborador deve ser considerada na concessão do benefício, o que por si só já torna sua aplicação subjetiva. Afinal, como avaliar a personalidade de alguém, que é subjetiva, e transformá-la em algo que tem que ser objetivo, que é a prova? Adiante, se constata que a Lei possibilita o cancelamento da delação, mas não prevê punição adicional para aquela <i>personalidade </i>que à usou de modo incorreto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E por força da Constituição, o delator não precisa fazer prova contra si mesmo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ou seja, um pilantra qualquer pode usar da delação, que é ato objetivo fundado em um preceito subjetivo (a personalidade) para fazer o que bem entender, inclusive criar o caos completo para desestabilizar o processo, roubar a credibilidade da Justiça e do acusador. No máximo, ele terá a delação cancelada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O delator por si só, já é um criminoso, se sua personalidade é considerada no ato, então ele é precário, deve ser muito bem analisado, até em minúcias, antes que se determine autoria de coautores, e aí é que está o problema - <b>estamos assistindo uma enxurrada de delações feitas por indivíduos que estão tentando ganhar tempo tumultuando os processos e envolvendo pessoas por simples citar de nomes ou situações - </b> mas muitas vezes sem prova anterior e sem nexo de causalidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pior que isso, estamos assistindo parte dos órgãos acusadores usando a delação para supostamente fazer prova que já deviam ter antes do ato!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É certo que o número de inocentes é pequeno dentro da classe política, o problema é que esse acúmulo explosivo de delações que estão sendo usadas para fazer prova, e não para confirmá-la, está produzindo o caos político e a destruição da credibilidade das instituições sempre que as delações são divulgadas sem que correspondam a sentenças condenatórias. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No fim das contas, a personalidade dos delatores é que está pautando o país. Via de regra eles são espertos, querem o caos porque dentro dele aliviam sua situação, ganham tempo e até mesmo chances de fuga, e é o caos que o país está experimentando, tanto político, quando econômico e social.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<h4 style="text-align: justify;">
* Legislação que trata de delação: Lei 8072/90 - Crimes Hediondos; Lei 11343/2006 - Drogas; Lei 9080/95 - Crimes contra a Ordem Tributária; Lei 9269/96 - artigo 159 do Código Penal; Lei 9.613/1998 - Lavagem de Dinheiro; Lei 9807/99 - Proteção às Vítimas e Testemunhas; Lei 10149/2000 - Acordos de Leniência; Lei 9034/95 - Crime organizado; Lei 12850/2013 - Organizações Criminosas.</h4>
<div>
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-21411043609616384972017-08-31T10:55:00.000-03:002017-08-31T12:12:39.750-03:00REFORMA POLÍTICA: DISCUSSÃO PARA DAR EM NADA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5czYvTUQbBw8fDXaSludy9oe-DlcGXmRd9bPv0Uuwf3m0h94oQWaVG4OsH2JWnXqhPociosYWT4buUYEOADlo0uI79G9Z6lkVIIb4CRjV4KlExAm-Iz7gasp_PdsKH2oVoOAJuz20-7M/s1600/charge-reforma-polc3adtica103771.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="291" data-original-width="450" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5czYvTUQbBw8fDXaSludy9oe-DlcGXmRd9bPv0Uuwf3m0h94oQWaVG4OsH2JWnXqhPociosYWT4buUYEOADlo0uI79G9Z6lkVIIb4CRjV4KlExAm-Iz7gasp_PdsKH2oVoOAJuz20-7M/s320/charge-reforma-polc3adtica103771.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A reforma política não era considerada prioritária em 2014, quando o atual Congresso foi eleito. Mas o país experimentou o segundo impeachment em menos de 30 anos e o acúmulo de delações premiadas que desnudou a corrupção generalizada, a falta global de caráter, a falência da ética política mais básica em todos os níveis e em todos os poderes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse ínterim, constatou-se que a fragmentação política decorrente da interpretação leniente da Constituição cobrou um preço caríssimo. O país não tem partidos, não agrega idéias, não consegue encontrar um rumo, não é capaz de enfrentar seus problemas. Tudo, aqui, se resume no custo econômico <i>imediato</i> da política, sempre sustentado pelo aumento de impostos e burocracia que chegou ao limite dentro de uma sociedade cansada de tanto escândalo, com mendigos institucionais posando de reis em suas mordomias, esfregando na cara das pessoas que o dinheiro suado dos impostos tem como uso prioritário a boa vida da classe política e seus satélites.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Daí veio a primeira abertura de processo de crime comum contra um presidente, e isso forçou a analisar o que ninguém da classe política queria, nem na situação, nem na oposição. E deu-se início a discussão legislativa mais tosca, incoerente, ridícula, estúpida e pândega que já assisti na vida, basicamente porque não passou de uma encenação que teve como objetivo acalmar os ânimos da sociedade e verificar a opinião pública sobre assuntos de interesse da classe política - o financiamento de campanhas, a blindagem deles contra operações como a Lava Jato e a manutenção do sistema proporcional - que garante a muitos ocupar cadeiras no Congresso sem ter votos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ingênuo quem acreditou que seria possível iniciar uma discussão de reforma política em julho, para ser votada em dois turnos tanto pela Câmara quanto pelo Senado até outubro. Pior ainda quem acreditou que um projeto relatado por um deputado do PT (partido que é sempre contra tudo e todos, salvo se for por interesses ideológicos próprios), que não tem apoio nem mesmo dentro de sua bancada, teria sucesso em um Congresso <i>em tese</i> dominado pelo PMDB da ala de Michel Temer, tomado pelo fisiologismo explícito que salvou o presidente da abertura de um processo de cassação por crime comum.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esta legislatura nunca quis fazer reforma alguma. Se tivesse algum intuito renovador teria iniciado os debates sobre as reformas já em janeiro de 2015, mas estava preocupada demais com a distribuição farta de cargos pelo novo governo de Dilma Roussef. Depois veio o impeachment, e o interesse voltou-se para a distribuição de cargos pelo governo Michel Temer, que até iniciou a discussão sobre as reformas trabalhista e previdenciária, a primeira votada sem maiores discussões e a segunda paralisada, sem qualquer perspectiva de avançar antes de 2019, pressionando as contas públicas, alimentando a bola de neve da previdência social falida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As eleições em 2018 serão com o voto proporcional que garante que parte substancial do Congresso seja formado por gente sem voto. Haverá reeleição e isso vai continuar quebrando estados e até a União, na lógica dos governantes em gastar tudo o que tiverem em caixa para garantir a recondução, pouco importando o efeito posterior, Dilma Roussef que o diga. Continuaremos a constatar a criação indiscriminada de legendas partidárias de aluguel, que vão trocar votações no Congresso por cargos em confiança e emendas parlamentares.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o pior, com o financiamento de campanhas não regulamentado, alimentando a corrupção e o caixa 2, porque não se conseguiu chegar a um consenso de como possibilitar doações de empresas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2019 teremos um novo presidente, mas um Congresso igual: fisiológico, descomprometido com o país, fragmentado em dezenas de siglas e com o troca-troca constante, de parlamentares num entra e sai frenético nas legendas, incapaz de votar reformas, assistindo a inviabilização do Brasil como país.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5921196954439345666.post-88261093360593751582017-08-16T10:22:00.001-03:002017-08-16T16:32:01.200-03:00RENDIMENTOS DE 500 MIL, A CONSTITUIÇÃO IGNORADA<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2xxXldHuIXSe6uUwm4Le-bm_fhHVg0e0l0G3zdwag-cRuJT6WX9TbhdGu-2E5qgy8X0dCbsBuQQI6P5yxbvbg0NIJwpcx59_YFqYbIjOpfw3Serb4DsD1_B5Y1ryPmHvVmyfJQ7Qfhy0/s1600/constitui%25C3%25A7%25C3%25A3o+ulisses.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2xxXldHuIXSe6uUwm4Le-bm_fhHVg0e0l0G3zdwag-cRuJT6WX9TbhdGu-2E5qgy8X0dCbsBuQQI6P5yxbvbg0NIJwpcx59_YFqYbIjOpfw3Serb4DsD1_B5Y1ryPmHvVmyfJQ7Qfhy0/s1600/constitui%25C3%25A7%25C3%25A3o+ulisses.jpg" /></a></div>
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Quando o poder constituinte é originário, ou seja, quando uma sociedade se organiza no sentido de escrever uma nova constituição a partir do zero, como o Brasil para a Carta de 1988, as regras ali postas substituem todo o ordenamento jurídico anterior. Quando nessa mesma ocasião um ato de disposições transitórias faz ressalvas e indica quais os direitos anteriores à ela que entende como adquiridos e preservados e quais não, emite-se uma ordem que deve permear toda a legislação que seguirá, bem como todas as decisões judiciais consequentes de modo exaustivo, sem margem de interpretação, afinal, <b>o ADCT nada mais é que a própria interpretação que se quer <i>literal</i> e <i>absoluta</i> das regras postas naquela Constituição</b>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A simples leitura do artigo 37, XI da Constituição com o artigo 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias torna claro que não somente o limite da remuneração paga a um servidor público deve ser o subsídio mensal dos ministros do STF, como não se admite nenhuma verba ou vantagem adicional, seja na ativa, seja na aposentadoria, o que por sua vez torna inconstitucionais quaisquer regras ou leis que fixem auxílios como o de moradia ou indenizações por desvio de função ou por assunção de função em grau superior de carreira.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, de 1988 para cá, os poderes Legislativo e Judiciário simplesmente <i>ignoraram</i> a Constituição, seja aprovando leis que acumularam rendimentos de servidores ativos e aposentados e seus pensionistas, seja interpretando o ordenamento jurídico em descaso ao artigo 17 do ADTC, isso em esferas federal, estadual e até municipal e em todos os poderes, o que levou a <i>milhares</i> de casos de pagamentos feitos acima do teto de remuneração, onerando a coisa pública e especialmente a previdência do serviço público, criando uma casta de servidores públicos milionários em detrimento a todos os demais, como, por exemplo, os do Rio de Janeiro, que hoje não conseguem receber em dia nem salários de 5 mil reais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O caso do juiz matogrossense que recebeu 500 mil neste mês é apenas mais um, de um complexo de interpretações casuísticas de leis flagrantemente inconstitucionais que foram se acumulando. O fato, porém, é que o artigo 17 do ADCT até admite auxílio-moradia e verba indenizatória, <i>desde que, </i>somados aos vencimentos do servidor <i>não ultrapassem</i> o subsídio mensal dos ministros do STF. Pode-se até interpretar extensivamente no sentido de que tais verbas podem acrescidas aos vencimentos do servidor até o fim da sua carreira, e depois na aposentadoria e na pensão, <i>desde que </i>tenham por limite mensal o subsídio dos ministros do STF. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E então chega-se no verdadeiro problema: por quê o Judiciário interpreta as leis fora do limite que é tão óbvio? Por quê servidores em carreira de Estado se beneficiam de uma ilegalidade flagrante? Por quê os Tribunais de Contas, o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público, que foram criados com a justificativa de serem o controle externo das instituições nunca acusaram nem tomaram providências para conter essa sangria de recursos públicos espraiada por toda a administração em todas as esferas?<br />
<br />
Mais do que isso, qual a punição cível e/ou criminal devida por flagrante violação da Constituição Federal?<br />
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<span style="font-family: inherit; font-size: xx-small;">A</span><span style="font-family: inherit; font-size: xx-small;">rt.37 <span style="background-color: white; text-indent: 24px;">XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; </span></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: xx-small;"><span style="background-color: white; text-indent: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-size: xx-small;"><b style="background-color: #f9f9f9; font-family: "Lucida Sans Unicode", "Lucida Grande", sans-serif; text-align: left;">Art. 17.</b><span style="background-color: #f9f9f9; font-family: "lucida sans unicode" , "lucida grande" , sans-serif; text-align: left;"> Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título</span><span style="background-color: #f9f9f9; font-family: "lucida sans unicode" , "lucida grande" , sans-serif; text-align: left;">.</span><span style="background-color: white; font-family: inherit; text-indent: 24px;"> </span></span></div>
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