26 de jul. de 2016

CORITIBA: NOVO ESTÁDIO É DISCUSSÃO SOBRE O FUTURO



É sintomático. Quando em campo as coisas não vão bem aparecem propostas de construir um novo estádio ou de reformar o Couto Pereira, o que gera irritação na torcida não só pelo fato de demonstrar pouco foco na atividade-fim do clube, mas também porque geralmente acaba virando discussão vazia, que tempos depois cai no esquecimento, não sem antes haver a divulgação de desenhos e maquetes bonitos e entusiasmantes, que acabam em decepção.

Porém, o fato de todas as diretorias do clube nos últimos 30 anos terem prometido coisa assim sem cumprir, não pode excluir a discussão do assunto, porque ela é, em essência, uma projeção sobre futuro da instituição. 

Sim, é preciso que o Coritiba Foot Ball Club discuta de modo sério e objetivo o futuro do seu patrimônio, e que considere não só as opiniões da torcida, mas também dos sócios, dos conselheiros e dos diretores, além, claro, de pessoal qualificado para avaliar negócios e suas viabilidades.

Não se faz negócio sem objetividade. Negócios que projetam um futuro fantasioso, a partir de premissas falsas quase sempre dão errado. Negócios que consideram demais as paixões dos envolvidos, idem. Negócio é por definição, algo simples e direto, que considera o risco a partir de fatos e projeções objetivos, alheios às emoções.

Temos fatos objetivos já sabidos que podem ser trazidos à discussão:

a) Hoje, o clube tem como moedas de troca em um negócio como este, que não será inferior a 500 milhões de reais, a propriedade do CT Campina Grande, do CT Bayard Osna e do estádio, sendo que não pode ser desalojado dos dois últimos antes que uma nova praça esportiva e um novo CT sejam erguidos e entregues em plenas condições de uso. E quando cito isto, é porque estou excluindo de qualquer negócio o uso das verbas de TV, publicidade e bilheteria, que sustentam o clube e não podem ser carreadas para mais nada, sob pena de agravar a má-fase do futebol e inviabilizar o clube a partir do agravamento da situação da sua atual dívida.

b) O município de Curitiba não aprovará a demolição do Couto Pereira. A partir do noticiário havido quando do projeto da W-Torre, sabe-se que o município imporá restrições à construção de novo estádio no local. Fatores como o recuo em relação à rua e a proibição de atividades complementares terão impacto no modelo negocial, de modo que é mais fácil reformar do que erguer nova construção. Porém, isso afeta a viabilidade econômica do negócio, porque também já ficou claro que a região não comporta um shopping-center, um hotel, um centro de convenções e um estádio, todos concentrados ali. É sabido que a prefeitura vetou, porque a região não aguentaria o fluxo de tráfego, além de outros problemas.

c) Não se deve imaginar um negócio em Curitiba, a partir de premissas que valem para, por exemplo, os EUA. Nos EUA, o conceito de estádio afastado das áreas centrais das cidades considera que o evento esportivo é uma oportunidade de passar um dia agradável com a família, não apenas o torcer pelo time. No Brasil temos a cultura da vitória a qualquer custo. Assim, o torcedor chega no estádio mais ou menos na hora do jogo e, se o time está perdendo, sai até antes para ganhar tempo, ou seja, ele não vai ao estádio para experimentar a gastronomia ou passear com a família, ele vai ver o jogo e, se o time perde, vai sair dali o mais rápido que puder. Não há nenhum estádio no Brasil que se mantenha sem a necessidade de agregar pessoas que paguem mensalmente pelo direito de assistir eventos nele, e os shows e eventos são considerados como receitas extraordinárias, nunca fixas. Não há no Brasil, estádio que seja um lugar de entretenimento 7 dias por semana.

Claro que há inúmeros outros fatores, alguns deles indecifráveis, como por exemplo, a quantidade de público que a mudança de endereço ganharia ou perderia, o que aconteceria com as tradições da instituição que sempre se orgulhou de ocupar o "Alto da Glória", o sentimento em relação ao que muita gente (inclusive eu) viveu nas arquibancadas do Couto Pereira.

Eu penso que a mudança de endereço não diminuiria o amor pelo clube, nem a procura por acompanhá-lo. Muitos clubes tradicionais já mudaram de endereço e outros tantos nem estádio têm e nem por isso perderam torcedores, vide Grêmio (que já mudou-se duas vezes), Flamengo, Fluminense e mesmo Corinthians até pouco tempo. Se o clube estiver bem em campo, o torcedor o seguirá. 

E também imagino que um negócio bem feito terá reflexos positivos em campo, porque se der lucro, naturalmente haverá mais recursos para investir em futebol.

O que não podemos de modo algum, é excluir do clube e da comunidade Coxa-Branca a discussão sobre o assunto porque não gostamos da diretoria, porque temos desconfianças em relação ao Conselho Deliberativo ou ainda porque o clube está mal em campo. Também não podemos limitar o assunto às tradições e à intransigência de ficar no Alto da Glória porque nossos corações ficariam apertados com o fim do Couto Pereira. Se pensarmos sempre assim, o clube não evoluirá, porque desconfianças e boas lembranças sempre existirão entre os Coxas.

O mundo evolui, não é diferente com o futebol. Na década de 70, o gigantismo do Couto Pereira fez o Coritiba virar um clube de expressão nacional não só porque os Coxas pagavam ingressos, mas porque nossos rivais pagavam para jogar os grandes jogos em nossa casa. Hoje, isso não existe mais, o modelo de negócio tem que mudar, temos que viabilizar estruturas de treinamento modernas para as categorias de base, temos que criar fatores que aumentem a visibilidade da marca Coritiba e que impulsionem as vendas de produtos dela. É o futebol moderno, é o mundo de hoje que se impõe. É a competitividade que caracteriza o tempo em que vivemos que nos obriga a discutir essas coisas, sob pena de simplesmente desaparecermos do mercado.

A alternativa à isto é simples: voltemos ao amadorismo, renunciemos a tudo o que é moderno e profissional e aceitemos um clube tradicionalíssimo, que jogue apenas torneios suburbanos.

A discussão tem que ter menos paixão e mais objetividade.

25 de jul. de 2016

A VIOLÊNCIA BRASILEIRA DESCONTROLADA



Mais de 50 mil assassinatos por ano, tiroteios, mortes e ferimentos causados por balas perdidas, explosões de caixas automáticos, assaltos cinematográficos a bancos e transportadoras de valores, guerras entre traficantes, pichações  por todos os lados, manifestações políticas que vandalizam patrimônio publico e privado e que ofendem os valores mais básicos de pura e simples educação ao estar em publico, brigas entre gangues de rua, desrespeito às mais básicas regras de convívio social, violência contra mulheres, explosão de casos de pedofilia, homofobia, racismo, xenofobia, maus tratos a animais, separatismo político, abandono de idosos, trânsito caótico e mortífero, corrupção generalizada em todas as esferas da administração pública, tráfico de drogas, de armas, de escravos, de crianças e de animais silvestres.

Uma guerra civil não declarada. Absolutamente nada no Brasil está livre da violência descontrolada causada pelo excesso de leis paternalistas que consideram o bandido como uma vítima da sociedade, não como um destruidor dela, com direito aos mais variados recursos, à prescrição e à todo tipo de perdão, e inclusive, com o direito de culpar a vítima, com a possibilidade de algum parlamentar lhe tomar as dores.

No Brasil o indivíduo abre o porta-malas de um carro de som em frente de um hospital as 3 da madrugada e promove uma "rave" com muito álcool e drogas. Se instado a acabar com a baderna, ele agride a pessoa que pediu clemência pelos adoentados, e, na remotíssima possibilidade da intervenção da polícia, nem preso ele vai. e, quando é chamado à Justiça, paga pelo crime com uma cesta básica doada a algum miserável escolhido pelo juizado especial.

E nossos maiores astros do "show biz" promovem o álcool, o consumismo, o sexo irresponsável e a pura e simples destruição da infância, querendo tornar adultos o mais rápido possível as crianças que serão futuras consumidoras de lixo supostamente cultural como o funk e o sertanejo universitário.

O Brasil está nessa situação porque simplesmente não cultua mais nenhum valor, não adaptou seus conceitos morais à sociedade moderna e urbana. 

É o resultado de um sistema legal tão generoso que um indivíduo que planeja matar a esposa e o faz com requintes de crueldade, é condenado a 30 anos mas não passa mais que 6 em regime fechado e ainda é capaz de pedir a guarda dos filhos com enormes chances de sucesso. 

E décadas martelando na cabeça das pessoas que o policial é tão mau quanto o bandido.

E uma verdadeira obsessão em acabar com a família e com bons costumes, sob a alegação de que impedem que mulheres e homossexuais tenham seus direitos consolidados, 

E leis cada vez mais restritivas de direitos do honestos, como se criminoso tenha apreço por regras de qualquer natureza.

A violência no Brasil está descontrolada porque somos uma sociedade doente, que em certo momento escolheu defender o crime, achando que ele existe porque o país é socialmente injusto. É o resultado de décadas de pensamento ideológico socialista e marxista que não se adapta à uma sociedade eminentemente capitalista, com o resultado claro: o criminoso se prevalece das leis toscas e frouxas e do aparato político desconectado com a realidade por ranço ideológico.


18 de jul. de 2016

FAROL ACESO, FATURAMENTO ALTO




Não é surpresa nenhuma que, numa época de crise com as contas públicas em colapso, os governantes brasileiros inventem uma nova regra de trânsito, supostamente para "dar mais segurança" aos motoristas, multando pesadamente e até organizando "blitzes" para fiscalizar com rigor.

Farol baixo ligado durante o dia não era norma de segurança obrigatória, mas quase todo motorista sabia ser bom e que pouco custava fazê-lo. Eu, particularmente, sempre deixava os faróis ligados em rodovias, e a maioria dos motoristas passou a fazê-lo agora. 

Mas é fato, os governos brasileiros queriam pegar os distraídos, não porque eles não cumpriram a regra, mas porque são presas fáceis para a sanha fiscalista e arrecadatória do Brasil, que joga dinheiro no lixo com olimpíada e copa do mundo, mas não é capaz de empreender campanhas eficientes de conscientização sem cair na tentação de arrancar mais dinheiro dos otários para pagar auxílio-moradia para alguns nababos.

Se o governo brasileiro tivesse um mínimo de seriedade, teria instituído essa regra uns 5 anos atrás (ou, melhor, já com a promulgação do Código Nacional de Trânsito em 1997), obrigando as montadoras a fornecerem veículos que acionem os faróis tão logo seja dada ignição. Em 5 anos, ficaria algo tão comum que ninguém mais esqueceria.

Mas é óbvio que a intenção não é nem nunca foi dar segurança a quem quer que seja. Os governos brasileiros desprezam o cidadão, para eles, só há 4 tipos de pessoas que devem ser protegidas: os políticos, os altos funcionários públicos (juízes, promotores, auditores fiscais, etc...), os grandes empresários e as celebridades do futebol e do show bizz. Todos os demais são LIXO que só servem para pagar impostos cada vez mais altos e serem multados por regras estúpidas como esta, para que os governos façam caixa em época de vacas magras.

O farol aceso não é diferente do kit de primeiros socorros, caça-níqueis utilizado pelo governo Sarney, nem daquela regra do novo extintor que, de tão inútil que era, acabou levando à desnecessidade do equipamento nos automóveis, não sem antes multar uma horda de motoristas, porque faltava uma letra "a" na identificação do equipamento do seu carro. 

Não se engane o leitor, a única intenção dessa regra foi arrancar uns quebrados da sociedade, dar mais uma aumentadinha na carga tributária para garantir as mordomias do andar de cima durante a crise

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11 de jul. de 2016

PORTUGAL NA EURO - A VITÓRIA DO FUTEBOL COMPROMETIDO



Tantos empates e tantas prorrogações denotam, sim, um futebol pragmático, mas o diferencial da seleção verde-rubra foi o comprometimento, coisa que os pragmáticos da bola nem sempre praticam.Vivenciamos uma época de futebol por demais pragmático que sinceramente não me agrada, mas não se pode dizer que Portugal foi campeão apenas porque carregou o regulamento sob o braço. 

Falar em futebol pragmático e comprometido me lembra o Felipão. Sim, aquele Felipão multi-campeão pelo Grêmio, campeão da América pelo Palmeiras, campeão do mundo pela Seleção Brasileira e que elevou o futebol de Portugal a um patamar que não se imaginava. O Felipão mau-humorado, agitado e grosseirão que não admitia choro. O Felipão zagueirão pesado do interior gaúcho, não o paizão sentimental da Copa de 2014, muito menos aquele que, ao voltar para o Grêmio, declarou também necessitar de carinho.

Portugal teve muito comprometimento ontem e durante o torneio. 12 anos passados da derrota traumática na Euro que jogou em casa, era nítido que nossos patrícios portugueses jogavam com sangue nos olhos, acreditando em todas as jogadas, doando suor, deixando as lágrimas para outra hora, mesmo sabendo não serem favoritos e inferiores. 

Cristiano Ronaldo, craque afamado, übersexualpop star da humanidade saiu de campo mas não do jogo. Preferiu o banco, engolir as lágrimas e suportar a dor. Nada de chuveirinho mais cedo, nada de terno  e tribuna de honra, nada de "tô nem aí, sou milionário" como visto frequentemente nos campos do Brasil de Felipão.

E o jogo foi correndo, e a diferença técnica foi diminuindo na medida em que Portugal barrava o avanço da fabulosa seleção francesa embalada pela Marselhesa nas vozes dos seus concidadãos, no templo em que foram multi-campeões.

E ao lado do campo, Cristiano era um Felipão dos bons tempos. Navegar era preciso, e mesmo fora do jogo berrava, gesticulava, mandava fazer falta, xingava os companheiros e praguejava a torto e direito. Era o jogo da sua vida, era a vida do seu jogo que estava em disputa. E Portugal, que jogara três prorrogações, aos 10 do segundo tempo do prolongamento parecia estar inteiro, enquanto os (ótimos) franceses tropeçavam nas próprias línguas e já não conseguiam mais trocar passes precisos.

O futebol pragmático de Portugal avançou na Euro aos trancos e barrancos. Não jogou bonito, foi pro gasto. Mas jogou comprometido, porque além da vontade de vencer teve um líder. Aqui no Brasil o chamaríamos de marrento ou mascarado, mas um líder que engoliu as lágrimas e distribuiu "pqps!" inspirando os companheiros. Um líder sensibilizado pelo semblante preocupado dos compatriotas nas arquibancadas, que saiu do campo mancando para entrar na história do futebol do seu país - o grande líder de uma grande batalha onde viver não era preciso.

Foi épico. 

1 de jul. de 2016

#BREXIT



Winston Churchill foi a primeira grande liderança política a defender uma união econômica da Europa, isso em um discurso na Universidade de Zürich em 19 de setembro de 1946, no contexto de um continente destroçado, amedrontado e com o risco de nova guerra com o comunismo soviético batendo às suas portas.

Aristocrata, historiador, militarista. conservador e nacionalista, ele foi pragmático. A história mostrava que as muitas guerras continentais tinham relação direta com o estado econômico dos países. Além disso, a Europa havia experimentado uma escalada armamentista, a guerra que acabara em 1945 foi tão violenta e destrutiva que os vencedores só o eram no papel, o continente inteiro estava prostrado, de modo que o medo de um novo conflito era grande.

Os movimentos europeus levaram aos embriões da integração econômica, especialmente com a criação da Comunidade do Carvão e do Aço, que depois virou Comunidade Econômica Européia e transformou-se União Européia, quando se decidiu pela criação de uma moeda (quase) comum.

Claro que havia a resistência britânica. O isolamento do Reino Unido o salvou do nazismo, embora tenha lhe custado o império colonial que ruiu de vez com a independência da Índia em 1947, mas o orgulho imperial ainda existia, como existe até hoje. Em 28 de novembro de 1949, em um comício do Movimento Europeu, Churchill declarou:

"A Grã-Bretanha é parte integral da Europa, e tencionamos cumprir nosso papel da retomada de sua prosperidade e grandeza" 

E mais adiante encerrou dizendo:

"As recomendações de Strasburg (1) exortam à criação de um sistema econômico que abarque não só os estados europeus, mas todos os outros estados e territórios em toda parte, associados à eles."

O velho estadista colonial de tantas guerras do passado sucumbira à integração continental, mas em verdade, ainda prezava a soberania do Império Britânico, que durante a guerra ele não só defendera como teria jurado impedir que acabasse. E o sentimento interno na Inglaterra não era diferente. Em 26 de junho de 1950, em um discurso parlamentar ele declarou essa importância inglesa, mas deixou claro que 

"Devido à nossa posição peculiar no mundo, a Grã-Bretanha tem oportunidade, de dela mostrar-se digna, de exercer um papel importante e possivelmente decisivo nos três maiores agrupamentos das democracias ocidentais... O movimento geral do mundo é no sentido de uma interdependência de nações. Sentimos à nossa volta a crença de que essa é nossa melhor esperança. Se a soberania indivisível, independente, é assim tão sacrossanta e inviolável, como podemos, então, estar todos ligados a uma organização mundial?"

Ou seja, não deixou de valorizar a soberania  e a independência, embora soubesse que, ao menos no caso da Europa, a internacionalização seria inevitável, porque já havia um inimigo comum meio europeu e meio asiático, a URSS, que não seria bloqueado apenas por eventual união militar.

Ninguém pode negar que a CEE e depois UE funcionou como apaziguador de ânimos e gerou riqueza para todos, a ponto de nações reconhecidas por seu nacionalismo extremo, como a Espanha, a Áustria e a Grécia, aceitarem adesão ao bloco econômico.

Mas desde Churchill, o que é claro, é que o Reino Unido sempre foi renitente em relação à extensão de uma UE porque preza sua soberania, talvez ainda em decorrência da história colonial. Já era assim na criação dos embriões do bloco, continuou sendo ao não abdicar da Libra em favor do Euro e continua sendo até hoje, como o recente plebiscito fundado na reclamação de que a UE impõe regras e burocracia e transfere aos seus membros a solução de problemas de países problemáticos do bloco, como a Grécia, com seus políticos irresponsáveis que mentiram sobre os números da economia para aderir à união, ou os países do leste, ainda cheios e problemas decorrentes da influência soviética e limítrofes ao Oriente Médio, sujeitos às migrações que as guerras constantes causam por ali.

É interessante notar que o plebiscito recente foi decidido no interior da Inglaterra, nas áreas menos urbanas e mais conservadoras e a partir da insatisfação inglesa (inclusive do governo de David Cameron) com a UE distribuindo imigrantes sírios pelo continente, quando a Inglaterra não aceitou recebê-los. As áreas economicamente mais integradas, como Londres, votaram pela manutenção no bloco.

Penso que é por isso mesmo que se deve  esperar um pouco para afirmar se a saída da UE é boa ou má, completa ou parcial, definitiva ou temporária, ou ainda, se vai gerar o caos econômico ou se vai causar problemas para quem quer que seja, basicamente pelo fato de que Churchill estava certo em declarar que a Grã-Bretanha era, sim, parte integral da Europa, apesar de insular, por muitos motivos, entre eles o tamanho da economia e a influência global.

O Reino Unido não é qualquer economia, é a 6ª do mundo pelo tamanho do PIB. Alguns dos bancos britânicos são dos maiores do planeta, seja por atuação global, seja no volume de ativos. Empresas britânicas tem influência mundial detendo mercados e tecnologia sensível. O Reino Unido tem relações privilegiadas com os EUA e com os países da "commonwealth", a Comunidade Britânica de Nações, que engloba nada menos que Canadá, Austrália e Nova Zelândia, além de dezenas de outros pequenos países, resultado do fim do império.

É simplista dizer que os ingleses terão fechados os mercados europeus ou que o resto da Europa dará as costas para o Reino Unido, porque todas as relações internacionais, sem exceção, tem por finalidade fomentar as trocas comerciais, e, no caso, duvido que os empresários continentais ficarão satisfeitos em perder uma clientela qualificada, o financiamento e os investimentos dos bancos britânicos ou ainda a facilidade que a Inglaterra pode oferecer no comércio com outros países de economia importante no mundo.

É óbvio que o "brexit" tem potencial de causar problemas. Quantos cidadãos ingleses hoje trabalham em países da UE sem necessidade de vistos específicos? Quantos cidadãos europeus fazem o mesmo no Reino Unido? Quantos contratos dependem de fronteiras livres e ausência de alfândegas?

Mas apenas em face da pequena lista de fatores acima, não é improvável que a UE empreenderá um tratado bilateral de livre comércio com o reino de Elizabeth, contendo o acirramento de qualquer ânimo. O Reino Unido continuará a ser parte da Europa,  talvez com algumas restrições, mas dificilmente não integrado ao bloco por algum meio. É uma economia grande e influente demais para ser desprezada.


(1) Primeira sessão da assembléia da Europa.
JENKINS, Lorde Roy - Churchill (biografia), Editora Nova Fronteira, 2003.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...