Desde que o mundo é mundo, o poder, a riqueza e a fama são atrativos para o sexo oposto. Mas parece que em pleno século XXI os atores diversos da tragédia recorrente não entendem como as coisas efetivamente funcionam nesse assunto.
No mundo em que vivemos, filhos são uma opção. É certo que ainda existem aqueles acidentes, as crianças indesejadas nascidas muito mais do entusiasmo de um momento do que da opção dos pais. Mas já existe discernimento e informação suficiente por toda à parte, para que se afirme que hoje em dia, faz filho quem quer ou quem assume o risco, não existem grandes surpresas, todo mundo sabe direitinho de onde vêm as crianças.
João, que veio do nada e ficou rico jogando bola nunca preocupou-se em adquirir cultura e inteligência, ele passou a viver a vida com os prazeres que nem sonhava quando criança. Um dia, se envolve com Maria, garota igualmente pobre e pouco aculturada, embora bela, que faz plantão em concentrações, jogos e treinos de clubes famosos. Joana, a esposa oficial descobre e exige a separação de corpos e a divisão do patrimônio. João diz que é mentira e que nada ocorreu e as coisas se acalmam. Maria aparece grávida na imprensa exigindo pensão alimentícia. Joana pede o divórcio. João diz que é mentira e que vai solucionar o problema. O escândalo rende manchetes e comentários, na disputa entram os advogados, sinal de que tudo saiu do controle, os outrora garotos de infância pobre são apresentados ao mundo real, onde atos têm consequências, um mundo onde o dinheiro serve para adquirir prazeres, mas também para causar problemas a quem não sabe usá-lo.
Na maioria da vezes, casos assim se resolvem com um exame de DNA e uma ou várias sentenças. O jogador passa a ter descontado de seus rendimentos o valor de uma pensão, perde a esposa oficial e algum patrimônio e acaba tocando a vida. Em outros, ocorre o barraco, o escândalo que dá manchetes em revistas de fofocas. Em alguns, a tragédia.
Mas quem acaba pagando o preço de tudo isso?
Eu respondo: as crianças, que nascem sem saber dos desvios morais e dos defeitos dos pais, e crescem às vezes em meio ao luxo proporcionado por remuneração valiosa determinada em juízo, mas sem um pai e em alguns casos, sem uma mãe, mal sabendo que, dependendo do pai ou da mãe, aos 19 anos é capaz de ser abandonado à pobreza pela desoneração alimentícia ou até pelo fim da carreira da pessoa que o sustenta, incapaz de fazer um pé de meia que garanta os seus depois de certa idade.
As pessoas simplesmente não pensam nas crianças, mas são elas que pagarão o preço da ganância e da mesquinhês de quem tem fama, dinheiro e sucesso, mas poucos miolos ativos na cabeça.