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11 de fev. de 2011

MAIS DO MESMO SOBRE A COPA DO MUNDO 2014

Na Folha de S.Paulo:

TCU aponta erros e diz que Copa pode repetir fracassos do Pan.

No Estado de S.Paulo:

TCU aponta problemas em obras do Maracanã para Copa do Mundo de 2014.

O TCU afirma que o orçamento para as obras do Maracanã não passa de ficção. O estádio que foi reformado para o Mundial FIFA de Clubes em 2001, depois para os Jogos Panamericanos de 2007, já projeta custos de mais de R$ 1 bilhão, sendo que estes não páram de crescer, o que está acontecendo em todas as demais sedes onde já há obras de estádios públicos. Nos dois casos de estádios privados, mesmo com dinheiro público as obras não começam.

Estamos caminhando a passos largos para um episódio de assalto aos cofres públicos na esteira de obras emergenciais e revisões de contrato.

7 de out. de 2009

FAVELAS - UM DOS DESAFIOS DA RIO 2016


Até por ser contra as olimpíadas no Rio de Janeiro, embora, repita, voto vencido e portanto agora torcendo para que sejam um sucesso, mesmo assim não vou deixar de apontar os enormes desafios que a cidade terá que enfrentar para sediar os jogos.

Em primeiro lugar, é preciso um amplo programa de desfavelização, que não pode ser confundido com aquela experiência demagógica dos anos 80, quando estado e município construíram escadarias para melhorar o acesso da população aos morros e quando muito bondes e teleféricos nos casos mais graves, mas sem uma visão verdadeiramente urbanística. O "socialismo moreno" institucionalizou o morro tolerando a instalação do caos urbano. Custou caro para o Brasil inteiro, que dizer para o Rio.

Há dois tipos de favelas no Rio, as pequenas, com até 5 mil habitantes, e as demais, que são verdadeiras cidades dentro cidade e cujo porte implica investimentos colossais em diversas áreas.

Urbanização pressupõe acesso, transporte, lazer, educação e segurança pública, de modo que, para desfavelizar uma comunidade não raro é preciso derrubar 1/3 dos barracos para fazer arruamento, iluminação pública, praças, canchas esportivas e obras de contenção de encostas, quando existe num morro.

A questão é que, em áreas menores, esse processo não é tão difícil ou custoso, e já existe ação pública nesse sentido, o programa Favela-Bairro, cujos fundamentos o leitor pode conferir aqui, e são justamente o de anexá-las aos bairros próximos, melhorando a mobilidade das pessoas que nelas vivem e buscando a melhoria da organização urbana, o arruamento e a construção de equipamentos de lazer, segurança e educação.

É óbvio também que, pelas características da empreitada, as pequenas comunidades são prioridade, porque urbanizando-as, a tendência é que deixem de ser fortalezas do crime organizado, até porque a enorme maioria de quem vive nelas não tem relação alguma com o crime. Ademais, em lugares com poucas pessoas, basta transferi-las, demolir os barracos e reconstituir a área.

Agora, o que fazer com as favelas de grandes dimensões, que além do caos urbano ainda encontram o seríssimo problema da criminalidade organizada a ditar seus rumos?

Num lugar onde vivem 20 mil pessoas como o da foto acima, é preciso ter arruamento pelo qual se possa fomentar o trânsito, especialmente o transporte coletivo regular integrado ao resto da cidade. É preciso ter parques e praças que aguentem um grande fluxo de visitantes. É errada a idéia de que bastam canchas esportivas e postos de saúde, é preciso criar corredores de trânsito e ruas arborizadas para fazer com que as pessoas circulem, o que leva à criação de áreas comerciais com melhoria efetiva da qualidade de vida das pessoas. Lugares assim precisam deixar de ser guetos para virarem parte de uma cidade, um bairro com ruas residenciais pacatas e outras movimentadas para o comércio. Estas áreas devem conhecer desenvolvimento econômico, o que é impossível sem mobilidade urbana.

A questão é que no Rio algo assim implicará numa anterior guerra ao crime organizado, que certamente não quer urbanização nenhuma. E haverá, claro, a contraposição a interesses políticos dos mais mesquinhos, partida daqueles que se aproveitam da miséria e da exclusão de pessoas, indivíduos que não têm interesse na criação de novos bairros e corredores de desenvolvimento.

É um desafio monumental. Mas se o Rio de Janeiro pelo menos não tentá-lo, e adotar a solução mais fácil, de fazer acordo com traficantes para sediar jogos tranquilos como ocorreu em 2007, o projeto olímpico de nada valerá para as pessoas que vivem nesses lugares, elas continuarão excluídas da sociedade.

30 de set. de 2009

RIO 2016?

Esta semana, saiu uma notícia segundo a qual o Flamengo, clube que ostentou por décadas o patrocínio de empresa pública mesmo sendo contumaz devedor de impostos, pretende reorganizar sua divida de meio bilhão de reais aproveitando as verbas para construção de estádios que o BNDES aventa liberar para a Copa 2014. O presidente do clube chegou a exortar os demais integrantes do Clube dos 13 a fazer o mesmo.

Ou seja, o que já era ruim, o financiamento com dinheiro estatal e subsidiado para estádios públicos em cidades onde não há futebol (Natal, Campo Grande, Manaus) ou para entidades privadas (Curitiba, São Paulo, Porto Alegre), piorou porque está claro que existem interesses em aproveitar de brechas nesta carteira de crédito, para fazer com que o suado dinheiro dos impostos seja usado para sanear clubes de futebol mal administrados por dirigentes amadores e não raro mal intencionados.

E ontem, nada mais, nada menos que o presidente da FIFA, Joseph Blatter, aderiu de corpo e alma ao lobby contra o estádio do Morumbi, fazendo menção a uma reforma absurda que a Prefeitura de São Paulo pretende tocar no estádio do Pacaembu, orçada em 250 milhões, podendo chegar a 300, para depois entregar a praça para o Corinthians.

Mas nas entrelinhas, Blatter faz coro a quem diz que, se São Paulo quiser sediar o jogo de abertura ou uma semi-final do evento, tem que levantar um estádio totalmente novo, para 60 ou 70 mil pessoas, ao custo aproximado de 1 bilhão de reais, segundo o que têm se especulado, porque o "novo" Pacaembu teria capacidade máxima de 45 mil espectadores.

Bom para o Corinthians que, de sem estádio, poderia escolher o que mais lhe agradasse, além de deixar de se preocupar com o terreno que recebeu da municipalidade em Itaquera, para construir um estádio, mas que hoje é usado como centro de treinamentos.

O Brasil aceitou o encargo da Copa em 2007. Passados mais de 2 anos, ainda não iniciou sequer uma obra.

E assistimos um verdadeiro circo onde se diz que não haverá dinheiro público para estádios, mesmo com prefeituras e governos estaduais prometendo levantar estádios nababescos em praças onde não existe um clube de futebol capaz de atrair público que torne a arena viável financeiramente, como Manaus, Natal e Cuiabá. O mesmo filme que vimos nos Jogos Pan-Americanos de 2007, com as cifras multiplicadas por 100: O impasse sobre o financiamento das praças esportivas, depois o atraso desesperador para a entrega das obras, depois a liberação de recursos públicos emergenciais sem licitação e por fim, o esquecimento dos casos de hiper-faturamento nos meandros de tribunais de contas atrelados aos interesses políticos menores dos orgãos político-legislativos.

E ainda a safadeza dos clubes proprietários dos estádios privados escolhidos para o evento. Antes da escolha, faziam campanha por ela em meio a discursos otimistas e projetos mirabolantes. Agora, choram e dizem que não se endividarão para cumprir o encargo, clamando por dinheiro público, de preferência a fundo perdido e contando com o apoio velado de políticos, como um vereador de Curitiba que afirmou em alto e bom som que 150 milhõesnão entregues para reformar um estádio, farão a cidade perder 2,4 bilhões em obras do PAC.

Sem contar alguns relatórios menos divulgados, segundo os quais, obras como o trem-bala entre Campinas, Sâo Paulo e Rio, o metrô de Curitiba, a extensão do metrô de Porto Alegre e outras, não ficariam prontas ao tempo do evento.

E como um pesadelo que só piora e faz a vítima suar frio nos colchões e cobertores, ainda existe a possibilidade real do Rio de Janeiro ser escolhido para sediar as olimpíadas de 2016, mesmo com os escândalos do Pan-Americano de 2007, sua violência descontrolada e sua desorganização urbana vergonhosa, a ponto de exigir o "choque de ordem", verdadeira guerra da prefeitura contra o hábito da desordem e desrespeito à Lei, parte da cultura da Cidade Maravilhosa.

Não bastasse a conta colossal que pagaremos por esta Copa do Mundo de 2014, ainda daremos um troco para financiar uma aventura primeiro-mundista, num país onde a educação é ridícula, a saúde inexistente e a segurança pública exclusividade de políticos corruptos.

Queira Deus que o Comitê Olímpico Internacional impeça mais este acinte!

PS: Vejam a matéria que segue, da Folha de S.Paulo. É sobre a cidade brasileira que pretende sediar uma olimpíada, onde se não se morre por conta da onda de criminalidade, se morre no péssimo sistema de saúde pública.

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