Mostrando postagens com marcador jornalismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador jornalismo. Mostrar todas as postagens

5 de jun. de 2017

GAZETA DO POVO: O TRISTE FIM DE UMA ERA


O tempo tem sido cruel com o jornalismo, especialmente com o impresso. Sob a desculpa dos custos de impressão e da migração dos leitores para a internet, não está se eliminando apenas a plataforma impressa, está se eliminando o texto, que vem sendo substituído por notinhas de rodapé que agradam aquela parcela de idiotas que dizem não terem tempo na vida moderna para ler um jornal, embora o percam generosamente postando fotos nas redes sociais e arranjando discussões toscas nos "posts" ainda mais toscos de gente que nem escrever mais sabe, embotada de abreviaturas, sinaizinhos e emoticons, de "tops", de "delicia", de "aí, galera" e das demais expressões de preguiça mental que que vem substituindo a comunicação que observava as regras gramaticais e o bom senso.

Sim, o meio impresso um dia vai acabar. O problema não é ele acabar, é como ele vai acabar.

Porque com os custos dos aparelhos eletrônicos de hoje em dia, um jornal pode acabar com sua edição impressa e substituí-la por um tablet, na qual o leitor verá os textos, as manchetes, as colunas e os gráficos, e inclusive boa e velha capa que resumia tudo e chamava para aquilo que o leitor tinha interesse preferencial. O que não pode é o impresso acabar e ser substituído pelas notinhas rápidas, pelos tweets e pelo assobio de mensagem que o seu telefone faz a cada vez que alguém lhe manda um recado. 

Neste 1º de junho, a centenária Gazeta do Povo deu adeus à sua edição impressa, substituindo-a por uma revista semanal ainda mais fraca e mal produzida que a edição de fim de semana, que pouco menos de 2 anos atrás substituiu a famosa edição dominical, que não raro contava com 300 páginas de informação, publicidade e classificados. O jornal veio minguando, perdendo qualidade e desaparecendo.  Até dias atrás era não mais que uma sombra do que um dia foi, agora, nem isso.

Curitiba viu desaparecerem vários jornais nos últimos anos, inclusive na aquisição pela própria empresa proprietária da Gazeta, de seus maiores concorrentes locais, o Estado e a Tribuna do Paraná. ambos já com sérios problemas operacionais. Apesar de ainda terem sobrado alguns diários, como a própria Tribuna, o Bem Paraná, o Industria e Comércio e os gratuitos Metro e Jornal do Ônibus, a impressão geral é que vão todos desaparecer, substituídos por publicações digitais cheias de blogs independentes, chamadas sensacionalistas e textos curtos, tocadas por jornalistas novatos e, claro, tão baratos quanto antenados com as tendências dos jovens que não aprendem mais o hábito da leitura com seus pais, porque não tem mais tempo para sair do Facebook ou do Instagram para ler mais que uma linha de informação.

Pense em um jornal brasileiro que, proporcionalmente à população da sua cidade, vendia mais que a Folha, o Estadão e O Globo. Pense numa edição dominical que reunia o melhor do jornalismo nacional, reproduzindo colunas de todos os grandes impressos da época. Pense em cadernos lotados de classificados de automóveis, imóveis, empregos e facilidades, que tornaram a publicação uma referência mercadológica local. Pense em segmentação bem antes da palavra estar na moda. Pense numa publicação que todo vestibulando acompanhava, porque sabia que ela era a primeira a divulgar os resultados dos concursos mais importantes da cidade.

A Gazeta do Povo tinha lá seus defeitos, um deles, estar sempre em cima do muro em qualquer questão polêmica. Mas suas muitas qualidades faziam dela um jornal inigualável que não só conseguia se destacar da concorrência renhida em Curitiba (não faz 10 anos, havia 8 grandes jornais diários em Curitiba, incluindo o O Estado do Paraná, que era o grande rival do jornal da família Cunha Pereira). A Gazeta agregava matérias do dia a dia, informava de todos os lados das disputas políticas, preservava a memória de Curitiba e do Paraná, promovia a cultura, a educação e a inteligência de modo geral. Francisco Cunha Pereira Filho, seu diretor por várias décadas, um dia declarou que queria a Gazeta sempre como um resumo do Brasil, razão pela qual buscava colunistas de jornais rivais do país, que compartilhavam suas páginas. 

Agora, será uma plataforma digital. Provavelmente terá o mesmo fim do também centenário e famoso Jornal do Brasil, que ao extinguir sua edição impressa perdeu prestígio e visibilidade, sobrando apenas as memórias de uma redação fervente, opinativa e corajosa que fazia história porque gostava do jornalismo profundo e esclarecedor. Vai acabar uma página cheia de chamadas para textos curtos e rápidos de ler, compartilháveis nas redes sociais para que um monte de outras pessoas leiam apenas a manchete. 

Talvez seja o resumo do novo jornalismo que a internet de um país onde os jovens odeiam ler gestou na marra, dentro dos gabinetes e rapazes imberbes e recém-formados, que concebem todos os dias algum monstrengo sem alma sob a desculpa de que a internet vai substituir tudo e todos... talvez até seus próprios empregos.






18 de jun. de 2009

A LIBERDADE DE EXPRESSÃO NÃO TEM PREÇO NEM DIPLOMA

Na prática, o STF reiterou ontem o princípio de liberdade de expressão consagrado na Constituição Federal, cláusula pétrea que independe de regulamentação e que é pilar da própria existência do Estado brasileiro.

Se o diploma passasse a ser obrigatório à toda atividade jornalística, a partir da decisão este blog teria que sair do ar basicamente porque ele leva informação e opinião aos seus leitores, por mais que eu jamais tenha me arvorado na condição de jornalista, algo que efetivamente não sou.

Mais do que isso, uma interpretação ao pé da letra de uma obrigatoriedade assim poderia ser utilizada para impedir a expressão de opinião especialmente contra a classe política, tão atacada ao mesmo tempo em que é tão protegida pelo Judiciário brasileiro, que é sempre rápido em defender mediante liminares os direitos (ou supostos direitos) dos senhores representantes do povo, quanto lerdo em puni-los nas suas falhas.

Notícia falsa ou opinião expressada de tal modo a ofender alguém, não precisa de lei específica, e não será coibida exigindo-se diploma de jornalista, do exato mesmo modo que o diploma de bacharel em direito não faz um advogado honesto e competente.

Trata-se difamação ou calúnia, punível na esfera criminal em conformidade com o código específico, e na esfera cível a título de dano moral, sem aquela absurda tarifação que existia na revogada Lei de Imprensa, que ainda incluía regras muito mais de interesse do regime de exceção que a outorgou, do que da sociedade brasileira, em especial a classe dos jornalistas, com ou sem diploma.

E se persistisse a exigência do diploma, os não-jornalistas passariam a caluniar e difamar por meios não oficiais, tão comuns no nosso dia a dia.

Penso que faculdades de jornalismo são importantíssimas no mundo em que vivemos, cuja mídia é preponderantemente eletrônica, ao contrário de um passado remoto, onde a comunicação era feita quase que exclusivamente por meio impresso.

Hoje em dia, é preciso ter capacitação técnica para colocar a notícia no ar numa rede de TV ou rádio e mesmo num site da internet. Os órgãos de comunicação continuarão a buscar os talentos com formação específica até porque terão que ter quadros técnicos para manter sua atividade, porque se a apuração da notícia é uma exigência de talento, a divulgação dela exige um quadro técnico que considere diversos fatores, cuja administração se aprende nos bancos das faculdades de jornalismo, tais como o tempo de exposição ou o uso de expressões adequadas ao meio em voga para que seja bem assimilada.

O mercado para jornalistas diplomados só tende a crescer e não será essa não-obrigatoriedade de diploma que vai desempregar gente qualificada. Aliás, o desqualificado pode ter quantos diplomas puder que ainda sim não arranjará lugar de trabalho, isso em qualquer área do conhecimento.

Mas não se podem perder talentos da expressão de idéias e opiniões por que eles não tem diploma de jornalista ou mesmo diploma algum. Seria como exigir diploma de nível superior para um político ser presidente da república. Se é verdade que político não pode ser analfabeto, por outro lado, é público e notório que estadistas e mesmo políticos comuns não podem ter carreiras limitadas pela exigência de um diploma. Na liberdade de expressão, isso funciona do mesmo jeito, porque o talento de uma pessoa em expressar suas opiniões em favor de toda a sociedade, não pode ser limitado por uma exigência material.

O STF reafirmou ontem a fé na democracia e ao contrário do que muitos possam afirmar, valorizou a profissão de jornalista profissional e diplomado ao deixar claro que neste mercado, é a capacitação e a qualidade do profissional que vale, muito antes do diploma que ostenta na parede do seu escritório.

20 de jul. de 2007

QUANDO A MEDIOCRIDADE VENCE

Notem os internautas que NoMínimo, um dos espaços mais festejados da web nacional, que contava com jornalistas das mais diversas tendências de pensamento, como Ricardo Kotsho, Pedro Dória, Guilherme Fiuza, Xico Vargas, Xico Sá, Villas-Boas Corrêa e outros, foi substituído nos portais IG e IBest, pelo Paulo Henrique Amorin, com seu Conversa Fia... digo, Afiada.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...