É certo que choveu além da conta e cidade alguma suportaria tanta água em tão pouco tempo.
Mas absolutamente nada retira a responsabilidade que atinge a população do Rio de Janeiro e os políticos que ela elege.
Sob a imagem de um povo alegre e cordial esconde-se um descompromisso com regras de convivência urbana. Os cariocas ergueram no submundo da "cidade maravilhosa" uma estrutura assemelhada a uma bomba de efeito retardado, montada em encostas perigosíssimas sem observância das mínimas regras de segurança construtiva.
Mais do que isso, a favela foi glamurizada, virou "comunidade" que cresce sem parar e sem limitação de lugar ou preservação ambiental, onde a Lei não chega e onde há quase uma anomia, pois eventualmente algumas regras são ditadas por bandidos que se adonam do lugar e protegem suas atividades dentro de um caos que lhes é favorável.
E não pense o leitor que esse quadro é apenas responsabilidade de miseráveis que constróem seus barracos em qualquer lugar. No início de 2009 eu postei aqui sobre o choque de ordem que o atual (e bom) prefeito Eduardo Paes tratou de colocar em prática, para combater ilícitos comuns entre os cariocas, tais como montar barracas comerciais em qualquer lugar, estacionar sobre calçadas, construir sem alvarás, invadir áreas públicas (como ruas e parques, alguns casos sob o argumento de aumentar a segurança de alguns moradores), depositar lixo em qualquer lugar, desmatar sem autorização, represar águas irregularmente e dezenas de outros. O povo do Rio de Janeiro é culpado (em parte) palo caos que afeta a cidade e parte do estado.
E os políticos? O populismo é uma marca do Rio de Janeiro desde tempos imemoriais.
A administração publica do Rio de Janeiro pouco fez, historicamente, para combater a favelização da cidade. Desde a demolição dos cortiços para construir a Avenida Brasil, quando os proprietários foram indenizados mas as familias moradoras foram simplesmente jogadas na rua, passando pelo "socialismo moreno" que retirou a polícia das favelas e acabou com o mínimo controle que um dia existiu sobre elas, o Rio tem incentivado o adensamento urbano irracional sem promover programas efetivos de moradias populares e sem praticar polícia edilícia, ou seja, impedir construções fora de padrões de engenharia e de regulamentação de zoneamento.
No Rio, não existe o conceito de desfavelizar, os políticos de lá entendem que entrar no morro, fazer escadarias e uma ou outra creche ou cancha esportiva urbaniza o local, embora na prática, apenas incentiva a ocupação caótica e especulativa, em lugares onde o aluguel de barracos é proporcionalmente mais caro que o de muitas coberturas chiques de bairros nobres. Urbanizar um lugar é muito mais que abrir escadas, impõe abrir arruamento, construir praças, incentivar a regularização fundiária e levar água, luz e esgoto das linhas regulares. Pouco ou nada disto se faz, mas os políticos cariocas estão sempre prontos a defender de modo hipócrita o povo das favelas, condenado à miséria em guetos onde não circulam pessoas fora da comunidade e, por consequência, não circulam riquezas que tem potencial de melhorar a vida de todos.
É certo também que esse quadro não é exclusivo do Rio. Ele é mais visível no Rio porque lá existe um processo de décadas, mas mesmo cidades ditas "organizadas" como Curitiba também sofrem, embora pontualmente, com fatos como estes. A questão é que o Rio só está tomando conta do caos em que se meteu agora, às portas de sediar uma olimpíada, e ao custo de dezenas de mortes!
Mas absolutamente nada retira a responsabilidade que atinge a população do Rio de Janeiro e os políticos que ela elege.
Sob a imagem de um povo alegre e cordial esconde-se um descompromisso com regras de convivência urbana. Os cariocas ergueram no submundo da "cidade maravilhosa" uma estrutura assemelhada a uma bomba de efeito retardado, montada em encostas perigosíssimas sem observância das mínimas regras de segurança construtiva.
Mais do que isso, a favela foi glamurizada, virou "comunidade" que cresce sem parar e sem limitação de lugar ou preservação ambiental, onde a Lei não chega e onde há quase uma anomia, pois eventualmente algumas regras são ditadas por bandidos que se adonam do lugar e protegem suas atividades dentro de um caos que lhes é favorável.
E não pense o leitor que esse quadro é apenas responsabilidade de miseráveis que constróem seus barracos em qualquer lugar. No início de 2009 eu postei aqui sobre o choque de ordem que o atual (e bom) prefeito Eduardo Paes tratou de colocar em prática, para combater ilícitos comuns entre os cariocas, tais como montar barracas comerciais em qualquer lugar, estacionar sobre calçadas, construir sem alvarás, invadir áreas públicas (como ruas e parques, alguns casos sob o argumento de aumentar a segurança de alguns moradores), depositar lixo em qualquer lugar, desmatar sem autorização, represar águas irregularmente e dezenas de outros. O povo do Rio de Janeiro é culpado (em parte) palo caos que afeta a cidade e parte do estado.
E os políticos? O populismo é uma marca do Rio de Janeiro desde tempos imemoriais.
A administração publica do Rio de Janeiro pouco fez, historicamente, para combater a favelização da cidade. Desde a demolição dos cortiços para construir a Avenida Brasil, quando os proprietários foram indenizados mas as familias moradoras foram simplesmente jogadas na rua, passando pelo "socialismo moreno" que retirou a polícia das favelas e acabou com o mínimo controle que um dia existiu sobre elas, o Rio tem incentivado o adensamento urbano irracional sem promover programas efetivos de moradias populares e sem praticar polícia edilícia, ou seja, impedir construções fora de padrões de engenharia e de regulamentação de zoneamento.
No Rio, não existe o conceito de desfavelizar, os políticos de lá entendem que entrar no morro, fazer escadarias e uma ou outra creche ou cancha esportiva urbaniza o local, embora na prática, apenas incentiva a ocupação caótica e especulativa, em lugares onde o aluguel de barracos é proporcionalmente mais caro que o de muitas coberturas chiques de bairros nobres. Urbanizar um lugar é muito mais que abrir escadas, impõe abrir arruamento, construir praças, incentivar a regularização fundiária e levar água, luz e esgoto das linhas regulares. Pouco ou nada disto se faz, mas os políticos cariocas estão sempre prontos a defender de modo hipócrita o povo das favelas, condenado à miséria em guetos onde não circulam pessoas fora da comunidade e, por consequência, não circulam riquezas que tem potencial de melhorar a vida de todos.
É certo também que esse quadro não é exclusivo do Rio. Ele é mais visível no Rio porque lá existe um processo de décadas, mas mesmo cidades ditas "organizadas" como Curitiba também sofrem, embora pontualmente, com fatos como estes. A questão é que o Rio só está tomando conta do caos em que se meteu agora, às portas de sediar uma olimpíada, e ao custo de dezenas de mortes!
Ontem já era... Vive hoje e agora... amanhã a gente vê como é que fica.
ResponderExcluirPrezado Fabio,
ResponderExcluirAcho a sua análise dos problemas do Rio um pouco simplista. O Rio não ficou assim em razão do populismo, como adoram dizer os cariocas quando culpam o Brizola por todas as suas favelas e mazelas. O problema é muito anterior a isso, e não foi sofrido pelo Rio Grande do Sul de forma tão itensa pois na época em que surgiram os primeiro quilombos, nosso querido Estado era muito pobre, e tinha pouquíssimos escravos em comparação com o Rio. Os problemas do Rio começaram com a côrte escravagista e pelos republicanos que nada fizeram para integrar os quilombolas a sociedade. Essa parcela grande e significativa da população do Rio foi esquecida durante mais de um século e somente agora começam a existir no Brasil ações que buscam reduzir essa desigualdade. O fato de o Rio ter deixado de ser a capital do Brasil também contribuiu muito para que a cidade tivesse suas receitas reduzidas e problemas para desenvolver sua infraestrutura. Não creio que as favelas sejam glamouralizadas. Pelo contrário, os cariocas e brasileiros em geral tendem a classificar os pobres como bandidos, simplesmente porque estão no endereço errado e porque tem a cor da África, enquanto tratam com o maior respeito moradores de apartamentos fornecidos pelo Estado em Brasília, que francamente falando, não valem a metade do que vale um operário carioca, que trabalha 14horas por dia, e é obrigado a viver em apartamentos situados nas encostas, sem boas condições de acesso e transporte. Politicamente falando, o Rio continua estando na vanguarda do Brasil. Não é por nada que o movimento das Diretas Já, dos Cara Pintadas, e a maior vaia que o Lula já recebeu, aconteceram no Rio. Se os recursos minerais do Rio não pertencem somente ao Rio, mas a todos os brasileiros, ao contrário do que acontece com os minérios de Minas, do Pará, com o gado Mato Grosso, os problemas também são da nação. Aliás esse senso de nação e de país é muito maior no Rio (talvez por ser uma cidade cosmopolita que foi a capital da república) do que em outros Estados separatistas que ficaram na contra-mão da história, como o nosso querido RS. Sou um gaúcho que fui extremamente bem tratado pelos cariocas, após me sentir em terra estrangeira em Porto Alegre, local onde os profissionais são pouquíssimo valorizados, que tem poucas oportunidades, e que pende entre governos populistas ou soberbos, com pouca habilidade política. Tenho acompanhado com interesse os programas desenvolvidos nas favelas e a ocupação das mesmas pelo Estado, e isso tem sido extremamente positivo para as comunidades (ninguém quer dar emprego para alguém que tem rótulo de favelado). Isso está devolvendo cidadania a esse sofrido e batalhador povo. Um grande abraço, desculpe pelo tamanho do comentário.
Terráqueo
Terráqueo,
ResponderExcluirSeja sempre bem vindo.
Concordo que o problema é bem anterior ao Brizola, razão pela qual citei a retirada dos cortiços para construção da Avenida Brasil.
De resto, seu comentário é perfeito!
Fábio
ResponderExcluirComo frisou, este quadro não é só no Rio, mas por ser esta cidade um ponto turístico dos mais relevantes internacionalmente (e tão bem alardeado) este problema se agrava no Estado.
Na verdade, não acho o Rio um primor de beleza. Há lugares bem mais organizados em estados não tão alardeados assim. E como já falei antes, no Rio, criou-se uma cultura do banditismo. Traficantes ricos e endinheirados não vão presos, políticos tem convivência oculta com gente de alta periculosidade, máfias organizadas comandam bairros e locais de foco, a mílicia na região traz votos de favelados, a cidade tem grave problema de segurança - que toda hora é necessária a intervenção militar.
Enfim, o maravilhoso Rio foi entregue ao acaso e, hoje, políticos e autoridades só se interessam pelo dinheiro que virá do pré-sal. E o povo de lá? Ah, o povo... Quem se importa? É só massa de manobra.
Tudo isso seria amenizado com um plano diretor, fiscalização e educação, não só no Rio, mas em todos os municípios do país
ResponderExcluirAs chuvas revelam necessidades, responsabilidades e situação. No entanto, aqui no Brasil (SP, RJ, SC) bem como no resto do mundo, o que se pode concluir é que não há obra humana capaz de segurar tanta água!
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