22 de fev. de 2010

GENTE QUE PRECISA DE BEBIDA PARA SE DIVERTIR



Não sei.

Pode ser que por ser ativista contra o álcool, eu me revolte com coisas assim e não veja graça nenhuma. Pode ser que por odiar cerveja e identificar nela a pior droga que assola a juventude brasileira, eu não consiga ser simpático à pessoas que confundem bebida com diversão.

Quem bebe para se divertir é um idiota sem caráter e personalidade, e o pior de tudo é que é regra entre a juventude de hoje em dia é justamente esta: quase todos querem ser uma Paris Hilton da vida.

Afinal, Paris Hilton ganha uma nota preta para fazer propaganda de uma cerveja cuja marca não seria aceita num país decente preocupado com sua infância.

E Paris Hilton se diverte, afinal de contas. Ela está em todas as festas mais badaladas, passeia de iate, anda de Rolls Royce e troca de namorado como troca de roupas, sendo que suas roupas são sempre de marcas famosas e os namorados têm uma característica em comum: são todos tão toupeiras quanto ela!

Sinceramente, há algo de errado quando uma grande empresa de um país lança um produto de apelo sexual, chama uma ídolo adolescente para fazer sua publicidade e não se preocupa em passar a idéia errada de que não existe diversão sem embriaguês.

19 de fev. de 2010

63 MIL REAIS



A Constituição Federal determina que nenhum agente público pode ganhar mais que um ministro do Supremo Tribunal Federal. À esta regra, agregou-se uma interpretação do próprio STF, segundo a qual para sua aplicação, ao salário básico do ministro da casa, deve ser agregado o valor do subsídio que ele recebe ao compor o Tribunal Superior Eleitoral e sua presidência, vez que neste tribunal, o cargo é temporário e assumido por rodízio.

Chegou-se a um valor atual de pouco mais de 26 mil reais, teto do salário do funcionalismo público em todas as esferas administrativas, de todos os poderes.

Sou da opinião que em face de preceito constitucional não existe direito adquirido. A Carta de 1988 decorreu de um poder Constituinte Originário, uma Assembléia Geral que definiu estritamente, inclusive no Ato das Disposições Transitórias, quais os assuntos eram protegidos pelo direito adquirido anterirmente à promulgação.

Um dos assuntos ao qual a Constituição não fez menção de garantir direitos adquiridos, foi o do teto do funcionalismo. Ou seja, uma vez promulgada, nenhum agente público poderia receber mais que o teto.

No entanto, na semana que passou descobriu-se que há, no Tribunal de Justiça do Paraná, vários funcionários que recebem acima deste teto, sendo que existe um, em especial, um escrivão, que recebe de salário base a quantia de R$ 63 mil reais! E mais do que isso, à este salário básico somam-se algumas vantagens que elevam sua remuneração para mais de R$ 100 mil reais!

E ao invés de dar-se aplicabilidade imediata à Constituição, o TJPR e o Conselho Nacional de Justiça declararam que vão "analisar de modo técnico" a questão antes de tomar providências.

Já é um acinte saber que no Brasil existem funcionários públicos muitíssimo bem remunerados, tais como juízes, promotores, procuradores e delegados de polícia, e agentes públicos como senadores, deputados e vereadores, que trabalham pouquíssimo, que não batem ponto, que não são encontrados em suas repartições e que as vezes delegam suas funções a subalternos para gozar do ócio.

Mas muito pior do que isto, porque, afinal, existem bons juízes, promotores, procuradores, delegados, senadores, deputados e vereadores, é constatar que o Estado brasileiro paga salários de de artistas de TV ou jogadores de futebol de alto desempenho para pessoas cuja função primordial, por pública, é dar cumprimento integral à Constituição, coisa que não fazem na cara dura.

Isso tem que acabar! Hoje em dia as pessoas vislumbram cargos públicos como uma oportunidade de trabalhar pouco, ganhar muito bem e eventualmente até enriquecer. É o Estado divorciado da sua função de distribuir o bem comum, para distribuir benesses individuais.

16 de fev. de 2010

46664 (*)

.Nascido livre, vale a pena viver.
Mas só vale a pena viver,
porque você nasceu livre.
(da música Born Free de Andy Willians e John Barry, para o filme "A História de Elza")


Sempre digo que o século XX foi pródigo em grandes homens.

Winston Churchill, Carol Woytila (o papa João Paulo II), Franklin Delano Roosevelt, Wladimir Ilitch Lênin, Golda Meir, Margareth Thatcher, Gamal Abdel Nasser, Mohandas Ghandi, Jawaharlal Nehru, Madre Teresa de Calcutá, Lech Walesa, e muitos outros fizeram do século XX uma era de igualdade e direitos jamais imaginada no passado.

Grandes homens são o farol da civilização. O sacrifício e a coragem são, historicamente, o motor das mudanças sociais, a inspiração para grandes movimentos de progresso e realização. Quando grassa a injustiça, o ser humano prostrado precisa de um líder.

Entre 1910, ano da independência do país, e os anos finais do século XX, na África do Sul os negros foram gradualmente isolados em guetos onde não tinham autorização sequer para empreenderem atividades econômicas que lhes vislumbrassem a melhoria de suas condições sociais. A eles eram negados os direitos políticos e os econômicos, suas vidas resumiam-se a experimentar a miséria eterna sob o jugo cruel de um regime racial baseado exclusivamente na opressão violenta que lhes negava a terra onde trabalhar e mesmo a discussão sobre as injustiças que lhes acometiam (Steve Biko, ativista, foi assassinado e seus algozes jamais foram julgados por alegada falta de provas). Mesmo aos negros que eram autorizados ao convívio com os brancos, não era permitida mais que uma relação de servilismo escravo.

Faltavam pouco mais de 10 anos para o fim do século, quando a tensão social explodia e a população negra, que era a maioria absoluta naquele país chegava ao seu limite. Foi mais ou menos a época em que ouvi falar pela primeira vez de um líder incomum, condenado à prisão perpétua por traição e terrorismo e cumprindo sua pena após pegar em armas mesmo pregando a paz, revoltado com o massacre de 69 indefesos e desarmados que pediam melhores condições de vida em 1960.

Alguém que durante a vida fez declarações díspares como “...entre a bigorna que é ação da massa unida e o martelo que é a luta armada, devemos esmagar o apartheid...” e “...unam-se, mobilizem-se, lutem!...” e também pregou comiseração ao dizer que “...uma boa cabeça e um bom coração formam uma formidável combinação...” ou ainda pregar que “...não há caminho fácil para a Liberdade...”.

E da prisão sua imagem serena inspirava a luta de um povo cansado de lutar pela Liberdade, que não queria a guerra mas precisava de um líder, uma luz na escuridão da injustiça.

Então, o destino elegeu presidente dos brancos um pequeno herói de nome Frederik de Klerk, cujo grupo político compreendera que aquele regime não se sustentaria, que o mundo mudara e mesmo que entre os negros havia um líder, cuja ascendência tornaria impossível a manutenção do apartheid.

Nelson Mandela foi libertado em 12 de fevereiro de 1990. Naquela ocasião, levantou o braço direito em um ângulo de 45 graus com o punho cerrado, marca da resistência heróica do seu povo. Mas pregou a conciliação ao invés da vingança, abdicando da guerra para trabalhar pela paz como nenhum outro ser humano nos últimos 20 anos. Nem a injustiça de sua prisão e as acusações de trair o país que sempre amou e de um terrorismo que jamais praticou, foram suficientes para desviá-lo de seu sonho pelo “...dia em que todas as pessoas levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos...”.

Mandela é advogado de formação, fundador do Congresso Nacional Africano em 1942, signatário da Carta da Liberdade de 1955, Nobel da Paz de 1993 (em conjunto com Frederick de Klerck) “pelo trabalho de pacificação com o fim do regime do Apartheid e pela fundação da nova democracia da África do Sul”(**). Em 1994 foi eleito presidente de seu país e ao contrário do que se poderia imaginar de alguém que chegara ao poder como ele, não manobrou por sua reeleição, entregando o cargo em 1999 e deixando oficialmente a vida pública em 2004, quando virou símbolo de um país saído das trevas, a pregar a Justiça e a Igualdade, a luta incesssante e sem tréguas pelos direitos humanos e pelo combate à AIDS.

É o grande herói nacional da África do Sul porque foi capaz de unir o país no complicado processo de integração racial ainda em curso, sem atentar contra a democracia nem pregar o ódio ao passado.

Mandela é um daqueles seres humanos especiais, que merecem cada uma das muitas homenagens, como o Nobel da Paz de 1993, a honraria maior da multirracial Índia, o Bharat Ratna em 1990, o título de Cidadão Honorário do Canadá em 2001 e o de Embaixador da Consciência em 2006 pela Anistia Internacional. Mas a homenagem mais singela e bonita que reconheci à sua pessoa, foi feita pelo grupo musical típico chileno, Illapu, cuja letra diz o seguinte:


La noche que anda de negro
cargada de soledad
que se levante Mandela
Mandela, mande ya

La noche que anda escondida
y sigue siempre esperando
debe ser el mediodia
o la manana cantando

Mande Mandela, Mandela ya!
que la noche se levante,
y no se vuelva acostar!


Neste ano de 2010, quando o mundo será recepcionado na terra de Mandela para uma festa esportiva, vamos prestar a merecida homenagem para este homem que honrou àqueles que acreditam na paz e entrou para a história da luta dos direitos de todos nós seres humanos.


(*) Número de inscrição de Nelson Mandela na prisão na qual ficou por 28 anos.
(**) Palavras da comissão que defere o Prêmio Nobel.

É ALTO O CUSTO DE SALVAR A ECONOMIA, INTERVINDO NELA OU NÃO



Após a II Guerra, o Estado indutor de crescimento econômico se fez presente, até porque as economias européias estavam destruídas com enorme perda de massa crítica (empresários, cientistas, técnicos em áreas sensíveis, etc...) no conflito, o que forçou os Estados nacionais a tomar a frente da recuperação.

Essa intervenção estatal perdurou até meados da década de 70, quando as crises do petróleo e do endividamento dos Estados atingiu até a Meca do capitalismo, os EUA. O keynesianismo tinha se esgotado. o Estado empregava gente demais e era ineficiente, muitas vezes o que produzia não era suficiente para compensar os custos de uma operação.

O que se convencionou chamar "neo-liberalismo" iniciou-se em 1979 com a ascenção ao poder da primeira-ministra Margareth Thatcher na Inglaterra, e com o início do governo Ronald Reagan em 1980, com a diferença de que este não privatizou porque os EUA não tinham grandes estatais, sendo que ele adotou os outros pilares do novo sistema: a desregulamentação e a diminuição de impostos.

E, quer queiram os defensores do Estado empresário, quer não, o crescimento econômico do primeiro mundo foi consistente pelas três décadas seguintes, mesmo que em 1997 tenha caído o governo tory de John Major, assumindo os trabalhistas, sem, no entanto, mudar radicalmente as políticas econômicas até então em voga.

E mesmo as crises pontuais da dívida da Rússia e das economias asiáticas não mudaram muito o quadro. As economias americana e européias enriqueceram a olhos vistos, até que em 2007 acabaram os tempos de bonança e o Estado teve que intervir para salvar o sistema financeiro que havia inchado na esteira da pouca regulamentação, coisa que só não aconteceu no Brasil, porque sofremos uma crise como a do "sub-prime" bem antes (na década de 90), combatida com o PROER e com o aperto da fiscalização do BACEN promovidas no governo esquerdista de Fernando Henrique Cardoso.

O que aconteceu?

Na minha modesta opinião (figurativa) de leigo, o mesmo equívoco que levou à grave crise do petróleo e das dívidas públicas de meados dos anos 70: a fé extrema de que não se deve mexer em time que está ganhando.

Tal qual os Estados nacionais que já estavam falidos na década de 60 mas não faziam nada mudar esse quadro, no início dos anos 2000 já se notava que a falta de regulamentação do sistema financeiro criava distorções, mas nada se fez para combater o que se sabia perigoso.

Um dos equívocos de nossos dias é achar que agora, o Estado deve voltar a ser empresário porque salvou as economias injetando dinheiro no sistema financeiro. A atuação dos Estados nacionais foi atrasada, eles deveriam ter revisto bem antes a política de não intervir em bancos mantendo a pouca regulamentação, mas isso não significa que devam voltar ao papel de indutor da economia.

Felizmente para o mundo e infelizmente para os povos de alguns países (Espanha, Portugal, Grécia e Bélgica, especialmente) a intervenção do Estado para evitar o aprofundamento da crise do sub-primelevou a um efeito colateral, a completa desestruturação das contas públicas.

E isso foi rápido. Menos de um ano após a corrida das economias nacionais em injetar bilhões no sistema financeiro, agora aparece a conta, que as vezes é suportada por economias nacionais extremamente fortes como a dos EUA, mas que afeta a todos, de modo que não vai demorar, todos os países serão no mínimo forçados a empreender ações para (novamente) conter seus déficits públicos, impedir a emissão de moeda (inflação) e garantir o pagamento em dia de suas contas.

Os países que insistirem em impor uma política de intervenção estatal na economia, arriscam repetirem a década de 70, os países que insistirem em manter o sistema financeiro desregulamentado, arriscam rever os problemas de 2007.

No fim das contas o que vale é o meio termo, o estatismo excessivo é tão deletério quanto o liberalismo excessivo. O Estado empreendedor é tão perigoso quanto o Estado que se abstém de intervir quando necessário.

10 de fev. de 2010

COISAS QUE O BRASIL DEVERIA LEMBRAR DURANTE O CARNAVAL

Apesar da Rede Globo e suas congêneres pregarem a total alienação, vendendo a idéia de que o mundo todo está olhando o carnaval brasileiro e se lixando para o resto, a coisa na prática não é bem assim.
Seria aconselhável que entre um dia de folia e outro, ou entre um porre e outro por aqueles indivíduos que acham que se divertir é encher a cara, que as pessoas se lembrassem de algumas coisas importantes, tais como:
1. Seria bom verificar o que os senhores políticos aprontam durante o carnaval. Por exemplo, tramita em regime de urgência na pocilga congressual brasileira, um projeto de lei que pretende oficializar mais de 7 mil cartorários que ganharam suas escrivanias por hereditariedade, ou seja, sem concurso público! Um acinte, uma grosseira violação à Constituição Federal.
2. Estima-se que os gastos excessivos dos governos brasileiros cedo ou tarde impliquem em nova crise de dívida pública, que vai gerar contingenciamento orçamentário e provável disparada de juros com recessão e aumento de impostos.
3. E falando em despesas, estamos na metade de fevereiro de 2010, e ainda não foi aplicado um prego em obras para a Copa de 2014, que a cada dia tem aumentada a expectativa de ser patrocinada exclusivamente pelo governo brasileiro e provavelmente, superfaturada!
4. Se chover demais durante as festividades de Momo, arrisca o folião não ter casa para onde voltar, vez que, no Brasil, as autoridades não fazem polícia edilicia e não impedem o adensamento urbano em áreas de risco ou fora dos padrões construtivos oficiais.
5. Saiba também, caro folião, que se você se acidentar durante as festas e precisar de um plano de saúde que venha a negar algum serviço ao arrepio da Lei, nenhum juiz (nem os de plantão) se dignará a analisar o seu caso, por mais urgente que ele seja, antes da próxima quinta-feira dia 18, isso se você tiver sorte.
6. Apesar do sucesso da Lei Seca, que diminuiu as autuações por embriaguês ao volante em mais de 50%, o Brasil ainda é campeão mundial disparado e acidentes e mortes no trânsito, mais de 70% delas ainda causadas por motoristas embriagados, sendo maior parcela das vítimas concentradas nos dias de carnaval.
7. A crise econômica mundial não acabou. Pelo contrário, na semana que se passou, indícios fortes de repique de seus efeitos foram encontrados ao redor do globo.
Portanto, divirta-se, mas não esqueça que existem coisas mais importantes que os interesses comerciais das TV(s) com suas "modelos e atrizes".

8 de fev. de 2010

OS BOÇAIS

A imagem é do www.icaranews.com.br


Parece que boas maneiras são coisa do passado.

Tenho visto na praça aqui em frente de casa, desde menininhas de 12 anos até indivíduos maduros bebendo álcool sem parar em praça pública, divertindo-se em berrar, em quebrar garrafas na calçada, em vandalizar equipamentos públicos, em arranjar brigas, em impedir o trânsito e especialmente em gozar da cara de quem ousa implorar para que diminuam um pouco o volume do som que sai de seus carros, que as vezes não têm nem faróis de freio, o que demonstra o quanto as autoridades se preocupam com o problema.

E a impressão que fica, é que fazem sucesso entre mulheres (se bem que me recuso a classificar meninas de 12 a 18 anos como mulheres, por mais que as que apareçam aqui em frente de casa ajam e se vistam como cortesãs de beira de cais) os homens que se exibem desse jeito, sempre de chapéu atolado, sem camisa, com a lata ou garrafa long-neck de cerveja nas mãos e aquele eterno sorriso de idiota que todo bêbado inútil que se preza ostenta.

E quando não são cowboys, são os vileiros tocando funk (em volume insuportável também), vestidos como esquimós no calor de 35 graus, mas agindo igualmente, com a diferença de que preferem beber cachaça, o que não diminui o incômodo que causam.

Isso explica ou é explicado por coisas que se ouvem ao ligar o rádio: "você diz que não me ama, mas no fundo paga pau!" ou ainda, "beber, cair e levantar" ou, ainda, "tapinha não dói". Manifestações da boçalidade pura e simples que atormenta o país na esteira do paternalismo excessivo do Estado, do sexismo exagerado nos meios de comunicação, do sistema educacional leniente e sem disciplina e da omissão de pais e mães que colocam filhos no mundo mas não se importam que eles fiquem nas ruas andando sem rumo.

Os boçais nunca foram tão poderosos. São astros da música e da TV, exibem-se impunes em qualquer lugar, e o pior de tudo é que eles gostam de violência e baderna, o que explica em parte os índices desastrosos de violência urbana deste país.

5 de fev. de 2010

A CARA DE PAU DO EX-DEPUTADO


A imagem é do site do jornalista Cláudio Humberto.


Luiz Fernando Ribas Carli Filho é acusado de dirigir embriagado em altíssima velocidade em um carro blindado, violar um sinal vermelho e matar dois jovens num acidente de trânsito pavoroso em maio de 2009.

Como parênteses, diga-se que os (muitos) radares de trânsito que existem na região do acidente não acusaram a alta velocidade do veículo, fato até hoje não explicado pelas autoridades, especialmente as de trânsito de Curitiba. Mas como naquele momento ele era deputado, podemos tirar conclusões.

Logo após que saiu do coma no qual entrou por conta do acidente, o então deputado estadual do PMDB, eleito pelo sobrenome do seu pai que já havia ocupado o cargo e atualmente é prefeito de Guarapuava-Pr, renunciou, para evitar a perda de direitos políticos, especialmente o direito de se candidatar novamente já em 2010.

E ontem, simplesmente não compareceu na primeira audiência de instrução do processo criminal, evitando especialmente os holofotes da TV e os "flashs" da imprensa escrita, tratando de, num único ato, chegar a dois objetivos: a) protelar o processo, vez que vai alegar alguma falha na citação, compromisso concorrente do seu advogado ou coisa parecida; b) evitar o desgaste na imprensa e preservar sua imagem, porque provavelmente será candidato novamente em 2010.

Sendo de uma família de pequenos oligarcas municipais, é provável que se reeleja. Guarapuava não é uma cidade pequena, conta com algo em torno de 150 mil habitantes, é bonita, bem cuidada e progressista. Mas padece do mesmo mal que o resto do Brasil: seus eleitores tem memória curta e acreditam em histórias da carochinha.

Se a Justiça não enquadrar este indivíduo e não dar respostas processuais rápidas (no sentido de antes das eleições), corremos o risco de vê-lo ocupando novamente uma cadeira na Assembléia Legislativa, usando das (muitas) imunidades do cargo para não ser sentenciado nem responder pelo crime bárbaro do qual é acusado.
PS.: A sociedade paranaense e brasileira tem que mobilizar-se. Crimes cometidos por políticos devem ser julgados com celeridade e rigor, a título de exemplo. A mãe de uma das vítimas, senhora Cristiane de Souza Yared, mesmo devastada pela dor, dá exemplo de coragem mantendo uma campanha permanente por JUSTIÇA. Mesmo sem conhecê-la, estou com ela. Hoje, políticos brasileiros roubam, matam e se aproveitam de seus cargos para manter-se impunes, vivendo como nababos acima do bem e do mal. Enquanto esse estado de coisas prevalecer, o Brasil não será um país de iguais e nunca vencerá a corrupção e a miséria.

4 de fev. de 2010

CAÇAS DA FAB: SERÁ QUE A DECISÃO SAIU MESMO?




A Folha de S.Paulo noticia hoje que o presidente Lula e o ministro Nelson Jobim conseguiram diminuir substancialmente o preço do caça francês Rafale, que então foi o escolhido na licitação da FAB, após 13 longos anos de incompetência, demagogia e lobbies de todos os tipos imagináveis.

Só que ao se tratar de notícias boas no Brasil, sempre há um senão.

Vão adiar o anúncio oficial porque hoje, o governo brasileiro recebe oficialmente o novo embaixador dos EUA, país que participava da licitação com a Boeing e seu F-18 Super Hornet.

O problema é que no Brasil, adiamento não necessariamente é por pouco tempo.

No entanto, serei otimista.

Na minha opinião, bem como na da própria FAB, o melhor avião era o sueco NG-Gripen.

No entanto, compras dessa natureza ou são feitas diretamente pagando um determinado preço, ou embarcam outros interesses nacionais, tais como alianças estratégicas, transferência de tecnologia e mesmo a troca de mercadorias entre os países.

Por isso não vou criticar o governo. O Rafale é um avião extraordinário, embora não esteja vendendo bem no mercado internacional, o que talvez mude com a decisão brasileira. Melhor agora é receber os aviões e aprender a operá-los e mais do que isso, aprender a administrar seus altos custos, o que implicará em rever muitas das práticas administrativas que existem nas forças armadas brasileiras.

Leia mais:

Folha de S.Paulo
Blog do Vinna

Blog do Poder Aéreo

3 de fev. de 2010

NÚMEROS PARA 2014


A imagem é do site M de Mulher
O site Contas Abertas reporta que o primeiro orçamento da Copa do Mundo de 2014 é de 17,2 bilhões de reais. Destes, 5,6 bilhões serão aplicados somente no eixo Rio-São Paulo, e apenas 1,1 bilhão será gasto nas duas sedes sulistas da competição, Curitiba e Porto Alegre.

Uma das desculpas para aceitar a Copa seria a integração nacional e a distribuição de investimentos pelo país. Balela! Rio e SP ficarão com mais de 30% do investimento enquanto Curitiba e Porto Alegre, somadas, com 6,44% dele. O argumento é falho porque os números evidenciam discriminação contra o sul do país. Melhor afastá-lo do que entrar numa interminável discussão nessa seara.

Para investimento eminentemente privado, a "esmola" de R$ 333 milhões que seriam gastos pelos clubes de futebol donos dos 3 estádios privados, sendo que o São Paulo Futebol Clube gastaria R$ 240 milhões e os dois outros, o resto, equivalente a R$ 93 milhões. Só que o quadro consolidado anexo, informa que o gasto total para o estádio curitibano seria de R$ 184 milhões, e apenas R$ 138 gastos pelo clube proprietário, que receberia assim, um "presente" de R$ 46 milhões. Ainda assim, os números da planilha não batem com a estimativa do texto.

Mas o fato é que o tal do investimento privado também é uma balela. Corresponderia a 1,95% embora a conta não inclua novos hotéis, restaurantes, serviços e obras que não serão tocadas pelo poder público. Mesmo assim, irrisório, considerando-se que os três clubes donos de estádios tentam de todos os modos que os governos coloquem dinheiro a fundo perdido em suas arenas, o que acontecerá cedo ou tarde se não aparecerem investidores que, sinceramente, são prováveis apenas em São Paulo. Ninguém vai investir dinheiro em Curitiba, que não faz parte do roteiro internacional de shows e eventos ou mesmo no Beira Rio em Porto Alegre, sabendo que a Arena Grêmio terá suas obras iniciadas agora em fevereiro e já contempla muito mais do que a capacidade da capital gaúcha em atrair grandes eventos.

Eu quero que a Copa 2014 seja um sucesso. Mas os números preocupam e mostram que as coisas não são assim tão transparentes como apregoado.

Leia a matéria do Contas Abertas aqui.
Veja a planilha anexa,
aqui.

É CEDO PARA COMEMORAR PESQUISAS


A imagem é do blog Jovem Pan


Assim como era cedo, há 1 ano, comemorar o primeiro lugar folgado do governador de São Paulo na corrida presidencial, ainda é cedo para comemorar o empate técnico dele com a ministra nas pesquisas da semana passada.

Também não compartilho do entusiasmo de alguns blogueiros com o resultado da eleição chilena, onde a presidente Michele Bachelet, extremamente popular, não conseguiu eleger seu sucessor por não conseguir transformar essa popularidade em votos.

Nem Serra, nem Dilma têm o que comemorar nesse momento, pelo contrário, devem se preocupar é em organizar suas candidaturas.

Nestas eleições de 2010 todos os candidatos viáveis que se apresentam são de esquerda (Serra, Dilma, Marina Silva e Ciro Gomes). Seus discursos são parecidos a ponto de ninguém defender a reforma radical do Estado excessivamente paternalista e ineficiente. Logo, os programas e problemas eleitorais são semelhantes. Também está claro que quem quer que seja eleito, precisará do PMDB para governar, salvo se o resultado da eleição para o Congresso Nacional seja surpreendente, minguando o "coringa parlamentar" que ele é, o que duvido.

José Serra mantém os índices altos porque já foi candidato à presidência, é conhecido do público e faz um bom governo em São Paulo, onde vence todas as pesquisas. Mas não podemos esquecer que o presidente Lula entrou em duas eleições (l994 e 1998) como favorito por ser conhecido do público, e não venceu. É sabido também que enquanto o governador de Minas Gerais, Aécio Neves não decidir seu papel nestas eleições, o quadro não ficará estável.

Já a ministra Dilma Roussef emplacou nas pesquisas porque está em campanha aberta ao lado do presidente Lula, num contexto em que a oposição não tem meios de demonstrar suas idiossincrasias. Hoje, se a oposição usar a munição que tem contra a ministra, ficará a nítida impressão de atacar o presidente Lula e o seu governo. Ficaria a impressão de brigar com Lula, que é popular, e não com Dilma. Quando o horário eleitoral gratuito de TV e rádio começar, a situação pode mudar, será candidato X candidato, e os ataques terão alvo determinado. Dilma também terá o problema do vice, que certamente virá do PMDB. Qual o efeito em campanha de Dilma numa chapa com alguém ligado intimamente a, por exemplo, José Sarney?

As pesquisas dão uma imagem do momento, mas elas não são capazes de prever o que poder acontecer no calor de uma campanha, ou os efeitos das variáveis do processo.

Em 1989, o clima emocional levou a verdadeiras gangorras entre Collor, Brizola e Lula, com espasmos em favor de Afif Domingues e uma virada de mesa em favor de Silvio Santos. Se o segundo turno tivesse ocorrido duas semanas depois, é provável que Collor sequer seria eleito. E penso que, dada a tentativa de mitificação e endeusamento do presidente Lula, por meio de cinema, literatura e publicidade, uma campanha emocional não está descartada para 2010.

28 de jan. de 2010

A TELEBRÁS ESTÁ VOLTANDO?


Um dos maiores "mamutes" a atrasar o desenvolvimento do país entre o fim dos governos militares e sua privatização foi o Sistema Telebrás. Empresas estatais de telefonia com quadros funcionais inchados, administradas por critérios políticos, altamente deficitárias e tecnologicamente (muito) atrasadas, prestando péssimos serviços à população.

O Sistema Telebrás remonta à privatização de uma companhia telefônica no Rio Grande do Sul pelo então governador Leonel Brizola, que alertava já na época que as empresas estrangeiras cobravam tarifas absurdas e prestavam serviços péssimos. Com o advento da Revolução de 1964, os governos militares acabaram concluindo pelo mesmo e, dada a necessidade de modernizar o país, estatizaram todo o sistema e de quebra criaram a Embratel, para gerenciar as comunicações via satélite. Foi um dos pilares do "milagre" econômico que o país experimentou entre o fim dos anos 60 e meados dos anos 70, mas depois enveredou pelo péssimo caminho do empreguismo, do uso político, das mordomias para os políticos-dirigentes e por fim da ineficiência e defasagem tecnológica que quase sempre atingem estatais no Brasil e mesmo pelo mundo afora. O resultado foi que, a partir da democratização do país, o Sistema Telebrás virou um fardo pesado, que consumia recursos estatais em seus seguidos déficits, sem qualquer capacidade de adequar o Brasil aos novos tempos da comunicação total e instantânea das novas tecnologias como o telefone celular e a internet.

Que a privatização do setor de telecomunicações foi falha, não nego. Sempre digo e repito que todos os investimentos em modernização saíram exclusivamente dos bolsos dos consumidores por meio de aumentos brutais de tarifas, sem contar outros aspectos excusos, como a alteração da Lei das S/A apenas para este processo, voltando a ser alterada para devolução da redação anterior, logo após encerrado o processo de venda pública.

Mas os mesmos críticos da privatização na marra do sistema durante o governo FHC, são as pessoas que deixaram que ele ficasse altamente concentrado em poucas empresas (oligopólio) durante o governo Lula, que agora pretende ressuscitá-lo por decreto para Plano Nacional de Banda Larga.

A intenção é boa: uma empresa estatal que supriria a internet de banda larga em municípios em que as grandes operadoras não tenham interesse ou onde elas pratiquem preços muito altos. No entanto, empresas estatais não conseguem competir em preço final se não subsidiadas. Seus custos são maiores em virtude das obrigações licitatórias e das carreiras funcionais e, claro, do fator político sempre presente em suas esferas decisórias.

Ressuscitar a Telebrás é um retrocesso perigoso, no sentido de criar precedente para que se recrie no país a cultura de empresas estatais ineficientes à serviço de interesses político-eleitorais, com prejuízo ao erário e principalmente às funções essenciais do Estado: educação, saúde e segurança pública.


Leia mais em "O Globo":


CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...