16 de fev. de 2010

É ALTO O CUSTO DE SALVAR A ECONOMIA, INTERVINDO NELA OU NÃO



Após a II Guerra, o Estado indutor de crescimento econômico se fez presente, até porque as economias européias estavam destruídas com enorme perda de massa crítica (empresários, cientistas, técnicos em áreas sensíveis, etc...) no conflito, o que forçou os Estados nacionais a tomar a frente da recuperação.

Essa intervenção estatal perdurou até meados da década de 70, quando as crises do petróleo e do endividamento dos Estados atingiu até a Meca do capitalismo, os EUA. O keynesianismo tinha se esgotado. o Estado empregava gente demais e era ineficiente, muitas vezes o que produzia não era suficiente para compensar os custos de uma operação.

O que se convencionou chamar "neo-liberalismo" iniciou-se em 1979 com a ascenção ao poder da primeira-ministra Margareth Thatcher na Inglaterra, e com o início do governo Ronald Reagan em 1980, com a diferença de que este não privatizou porque os EUA não tinham grandes estatais, sendo que ele adotou os outros pilares do novo sistema: a desregulamentação e a diminuição de impostos.

E, quer queiram os defensores do Estado empresário, quer não, o crescimento econômico do primeiro mundo foi consistente pelas três décadas seguintes, mesmo que em 1997 tenha caído o governo tory de John Major, assumindo os trabalhistas, sem, no entanto, mudar radicalmente as políticas econômicas até então em voga.

E mesmo as crises pontuais da dívida da Rússia e das economias asiáticas não mudaram muito o quadro. As economias americana e européias enriqueceram a olhos vistos, até que em 2007 acabaram os tempos de bonança e o Estado teve que intervir para salvar o sistema financeiro que havia inchado na esteira da pouca regulamentação, coisa que só não aconteceu no Brasil, porque sofremos uma crise como a do "sub-prime" bem antes (na década de 90), combatida com o PROER e com o aperto da fiscalização do BACEN promovidas no governo esquerdista de Fernando Henrique Cardoso.

O que aconteceu?

Na minha modesta opinião (figurativa) de leigo, o mesmo equívoco que levou à grave crise do petróleo e das dívidas públicas de meados dos anos 70: a fé extrema de que não se deve mexer em time que está ganhando.

Tal qual os Estados nacionais que já estavam falidos na década de 60 mas não faziam nada mudar esse quadro, no início dos anos 2000 já se notava que a falta de regulamentação do sistema financeiro criava distorções, mas nada se fez para combater o que se sabia perigoso.

Um dos equívocos de nossos dias é achar que agora, o Estado deve voltar a ser empresário porque salvou as economias injetando dinheiro no sistema financeiro. A atuação dos Estados nacionais foi atrasada, eles deveriam ter revisto bem antes a política de não intervir em bancos mantendo a pouca regulamentação, mas isso não significa que devam voltar ao papel de indutor da economia.

Felizmente para o mundo e infelizmente para os povos de alguns países (Espanha, Portugal, Grécia e Bélgica, especialmente) a intervenção do Estado para evitar o aprofundamento da crise do sub-primelevou a um efeito colateral, a completa desestruturação das contas públicas.

E isso foi rápido. Menos de um ano após a corrida das economias nacionais em injetar bilhões no sistema financeiro, agora aparece a conta, que as vezes é suportada por economias nacionais extremamente fortes como a dos EUA, mas que afeta a todos, de modo que não vai demorar, todos os países serão no mínimo forçados a empreender ações para (novamente) conter seus déficits públicos, impedir a emissão de moeda (inflação) e garantir o pagamento em dia de suas contas.

Os países que insistirem em impor uma política de intervenção estatal na economia, arriscam repetirem a década de 70, os países que insistirem em manter o sistema financeiro desregulamentado, arriscam rever os problemas de 2007.

No fim das contas o que vale é o meio termo, o estatismo excessivo é tão deletério quanto o liberalismo excessivo. O Estado empreendedor é tão perigoso quanto o Estado que se abstém de intervir quando necessário.

6 comentários:

  1. Olá, tudo bem? O Estado até poderia ser forte, SE não ocorresse jogos políticos, corrupção e eficiência administrativa.. M as a burocracia é tamanha que impede isso.. Abraços, Fabio www.fabiotv.zip.net

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  2. Eu sei porque sua audiencia vem aumentando porque vc deixou de ser lido por blogueiro para ser lido pelo publico em geral, seus textos sao bons e no futuro vc vai receber comentarios do publico em geral. Fabio, tudo que vc disse è verdade, mas o que vc acha do estado noruegues, que fico em investidor e dono de quase todas as empresas norueguesas?

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  3. Cilene,

    A exeriência norueguesa tem muita relação com a cultura do pais. São a exceção de uma regra que existe no mundo todo.

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  4. Do Regan, se me lembro bem, gostei de como ele resolveu a crise e a greve dos aeroportos... boa estratégia e boa aplicação.

    Quanto à economia e a ação do Estado, tem servido para alguns pensarem e tentarem impor velhas ideias.

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  5. Eu sempre bati na tecla do Estado regulador e não forte. Os investimentos estatais devem se ater à Saúde, Segurança, Educação e Infraestrutura(Transportes, Saneamento, Abastecimento, Habitação Popular).A outra área onde o Estado deve sempre intervir, é na Assistência Social. Nas outras áreas deve haver uma regulação, um acompanhamento, para evitar oligopólios e monopólios.Como voce disse, casos como a Noruega são exceções.O melhor exemplo de convivência Estado x Capital é a Suécia.

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  6. Dois pesos e duas medidas.

    O que vale é a regra da não-intervenção em casos evidentes onde há "competência" no gerenciamento das coisas ou empresas, e intervenção onde não há essa competência. Não sou a favor de um Estado regulador, mas sou a favor de um Estado forte, onde sua presença deva realmente se fazer presente e for necessária - no caso de uma má gestão.

    O maior problema é encontrar no Estado, corpos técnicos eficientes para atuar, e também de como evitar a 'lavagem de dinheiro' quando sua ação começa.

    Em política, aqui no Brasil ou em qualquer país estrangeiro, não dá para se acreditar muito.

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