O presidente dos EUA, Barack Obama, não era mais para o mundo que um ilustre desconhecido até janeiro de 2008, quando se iniciaram as eleições primárias que o escolheriam como candidato democrata à Casa Branca.
E eis que menos de um ano após sua posse, recebe a mais importante honraria da humanidade sem ter feito em 10 meses absolutamente nada que a justificasse.
Muitos americanos já haviam recebido o prêmio com absoluta justiça. O então presidente Woodrow Wilson foi laureado por seus esforços em criar a Liga das Nações. O general George Marshall foi premiado pela criação e os esforços em prol do plano que levou seu nome, e que ajudou a reconstruir a Europa devastada pela guerra com recursos do tesouro norte-americano. Henry Kissinger pelo plano de paz com o Vietnã, o ex vice-presidente Albert Gore por seus esforços pelo meio ambiente e o ex-presidente Jimmy Carter por sua atuação em prol dos direitos humanos e da solução pacífica de conflitos.
Se houvesse algum critério para o Nobel, até mesmo um presidente malquisto dentro e fora dos EUA, Richard Nixon, poderia ser premiado por aproximar a China ao ocidente. A abertura econômica que disto decorreu resultou na retirada de milhões de chineses da miséria completa na adoção de um sistema econômico misto de socialismo e capitalismo, sem contar a diminuição sensível das tensões militares na Ásia.
Apesar de ser um marco político na história americana, representando minorias raciais que compõe a heterogênea sociedade daquele país e mesmo governando a partir de conceitos mais flexíveis de segurança nacional e abrindo-se ao diálogo com focos de tensão como o Irã, Obama não praticou ainda nenhum ato de verdadeiro impacto que o qualificasse ao prêmio.
Em 2009, comemora-se 20 anos da queda do muro de Berlin, que foi um dos fatos mais importantes do século XX, talvez um divisor de eras da humanidade, por representar que regimes mantidos apenas pela coação contra os cidadãos não prosperam, e ao mesmo tempo indicar que não existe sistema econômico tão perfeito que não possa agregar novos parâmetros. Por esta razão, talvez o ex-chanceler alemão Helmuth Kohl mereceria a homenagem. Ainda havia a possibilidade de laurear o dissidente chinês Hu-Jia por esforços em prol da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão, por mais que isso irritasse o governo chinês. E ainda, Oswaldo Paya pela luta sem tréguas contra a ditadura cubana ou o Dr.Denis Mukwege, médico congolês que ampara e protege mulheres vítimas de violência sexual em seu país.
Todos eles merecem o prêmio mais que Barack Obama, uma vez que não se pode premiar ninguém por atos futuros. Talvez Obama entre para a história e um dia justifique a láurea que ele mesmo recebeu com surpresa, mas hoje, a homenagem não se justifica.
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