Inicia-se hoje, depois de longos, penosos e quase inexplicáveis 7
anos, o julgamento da denúncia de corrupção mais grave da história
brasileira, que envolve membros do poder executivo e do legislativo,
e uso da máquina pública e da legislação de controle para o
assalto aos cofres públicos a partir de um esquema cuja
finalidade era a de perpetuação no poder de um grupo bem definido
interno a um determinado partido. E a denúncia demonstra tudo isso,
informando que se desviaram recursos públicos com a finalidade
inclusive de manter uma base parlamentar que trataria de providenciar
a legislação necessária para este esquema de perpetuação de
poder.
À gravidade do esquema desvendado pela Polícia Federal e denunciado
pelo Ministério Público, somou-se ainda a constatação do caos do
processo penal brasileiro, cujos inúmeros recursos que possibilitam
chicanas processuais são reforçados por outro número relevante de
medidas cíveis que acabam se entrelaçando e atrasando o processo
principal gerando a grave possibilidade de extinção da pretensão
punitiva do Estado pela passagem do tempo, a prescrição.
Ou seja, não se trata apenas do julgamento de indivíduos
denunciados de corrupção, se trata em essência de colocar a
sociedade brasileira à limpo e de se definir de uma vez por todas o
que é e o que não é crime nas relações com o Estado e a forma de
definição de um conceito de celeridade processual para casos
similares, buscando acabar de vez com a facilidade com que corruptos
de toda a ordem se livram das punições da Lei após assaltar os
cofres públicos.
Não estou pedindo que os 38 réus do mensalão sejam punidos apenas
pelo clamor público (até porque este não há, depois de 7 anos, em
cada 10000 brasileiros, se muito um lembra do caso), mas pelos fatos
apurados e comprovados. Se tiver que haver absolvições, que sejam,
mas aos condenados, requer-se todo o rigor da Lei, com cadeia,
confisco de bens para compensar os prejuízos causados ao Erário e
se necessário for, busca internacional dos que eventualmente se
retiraram do país, para que paguem pelos crimes cometidos e sirvam
de exemplo para que os casos consequentes tenham a mesma punição
por consequência.
E pelo aspecto político da questão, que o STF deixe claro que não
vai tolerar esquemas de qualquer ordem que pretendam perpetuar quem
quer que seja no poder. Nenhum partido tem o direito de usar o
dinheiro dos impostos para se manter no controle da coisa pública.
Ninguém tem o direito de se colocar como um semi-deus a monopolizar
mesmo que a força as correntes parlamentares, para manipular o
processo legislativo em favor próprio.
Trata-se de definir de quem é o Brasil, se do povo ou apenas dos
políticos.
Fábio, tudo inicia com esse mistério que vai corroendo as instituições. Toffoli vai ou não vai se declarar suspeito. Nunca antes na história do STF se viu uma situação tão constrangedora. Ontem o Min. Marco Aurélio -- que se deu por suspeito no julgamento de seu primo Collor -- disse que se Toffoli não se declarar suspeito ele vai suscitar essa suspeição, mas que não gostaria de fazer isso. Toffoli vai ficar muito tempo no STF e corre o risco de carregar consigo a péssima fama de juiz suspeito.
ResponderExcluirNão acredito que o ministro Dias Toffoli será problema, Maia.
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