3 de jun. de 2009

INSISTINDO NA CHATICE...

Eu vou continuar a ser chato com os leitores e falar das cidades para a Copa, porque a decisão da CBF (a FIFA não decide isso, ela apenas avaliza) baseia-se demais em critérios políticos e de menos em praticidade.

Pensemos bem: o que cidades como Natal, Manaus, Brasília e Cuiabá farão com estádios padrão FIFA depois da Copa?

Estas cidades sequer tem times na série A do campeonato brasileiro e mesmo que consigam alçar um clube à divisão principal, é improvável que ele se mantenha lá por muito tempo. A tendência do futebol brasileiro atual é que a série A do brasileirão seja composta de muitos clubes paulistas e um ou outro de fora. Hoje, São Paulo já detém 7 das 20 vagas, e no ano que vem, é provável que sejam 8!

Portanto, se a escolha fosse técnica, estas cidades seriam desclassificadas da disputa que ao meu ver, de uma pessoa contrária à copa no Brasil, deveria limitar-se a Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Fortaleza, quando muito, Goiânia, cidades que têm clubes tradicionais do futebol brasileiro.

Aliás, seria aconselhável até que cidades como o Rio, São Paulo e Porto Alegre fossem autorizadas a ceder dois estádios para o evento, diminuindo os custos e aumentando a possibilidade de conseguir investidores (O Engenhão, que custou 350 milhões, não será usado na Copa, embora seja o único estádio brasileiro em condições de recebê-la atualmente).

Pior que isso, estádios padrão FIFA, não servem para práticas de outras modalidades, porque não têm pistas de atletismo, a proximidade do campo com as arquibancadas é requisitada pela entidade que cuida do futebol, o que, aliás, é argumento para detonar o uso do Morumbi em São Paulo, buscando forçar a cidade a construir outro estádio grande a um custo estratosférico.

Na década de 70, ergueram-se vários estádios enormes pelo país afora, quase todos eles sub-utilizados ou abandonados desde então: Machadão (Natal), Pinheirão (Curitiba), Rei Pelé (Maceió), Castelão (São Luiz), Fonte Nova (Salvador), Albertão (Teresina), Almeidão (João Pessoa). Vamos repetir o mesmo erro construindo arenas luxuosas para a Copa do Mundo, destinadas a virarem cemitérios de dinheiro?

E ainda há outro aspecto.

Fora Rio, São Paulo e quanto muito Belo Horizonte e Porto Alegre, duvido que haverá investidores privados em estádios. O meu time, o Coritiba, aventou construir um novo estádio, em parceria com a empresa que levantará a nova Arena do Palmeiras. Mas a empresa só topou condicionando a construção de um centro anexo ao estádio, com hipermercado, hotel, shopping-center, estacionamento e centro de convenções. O resultado é que a prefeitura de Curitiba vetou, porque um monstro assim tornaria o trânsito caótico na região do Alto da Glória, bairro que sedia o clube. E a empresa caiu fora do negócio e os diretores do meu Coxa estão agora com cara de b... tentando se justificar para a torcida, pela expectativa falsa que promoveram.

Tenho todo o respeito por Natal, cidade que adoro. E também por Manaus, Cuiabá e Brasília, mas sinceramente, vão jogar dinheiro fora, e, pior, dinheiro público, porque nenhum investidor privado aparecerá para levantar esses novos estádios.

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