6 de out. de 2010

ABORTO

Essa discussão eleitoral sobre o aborto é no mínimo absurda.

Porque se por um lado o programa do PT defende a descriminação do aborto (e defende mesmo!), por outro, o discurso de José Serra, de ser "em favor da vida" é ridículo, na exata medida em que ninguém em sã consciência é a favor da promoção da morte. Ou seja, tanto o PT quanto o PSDB entraram na seara da mais pura demagogia eleitoreira.

A liberdade em abortar é e sempre foi uma bandeira de esquerda, uma contraposição ao conservadorismo nos países onde o processo político é desenvolvido. É uma discussão libertária mas ao mesmo tempo meramente ideológica e destituída de senso prático.

Um dia, para chocar as hostes conservadoras alguém inventou que a mulher pode fazer do seu corpo o que bem entender como se a gravidez independesse da intervenção masculina. E a partir disso, aviltou os direitos do nascituro e esqueceu dos direitos paternos pois, pode ser raro, mas há homens que aceitam os filhos mesmo gerados em relações fugazes. E ignoraram as consequências fisiológicas e psicológicas do ato, como se uma mulher fosse apenas uma máquina de fazer filhos que podem ser descartados no processo de qualidade.

E assim ficamos discutindo essa bobagem nos últimos 40 anos.

O que aconteceria se no Brasil o aborto fosse liberado?

Eu respondo: uma horda de meninas irresponsáveis de 14 a 18 anos acorreria ao sistema de saúde, acompanhadas ou não de seus namoradinhos igualmente irresponsáveis, para evitar a maternidade indesejada que ocorreu por preguiça mental de aprender métodos contraceptivos. E uma vez abortadas, provavelmente repetiriam o ato por ignorância ou influência nefasta de seus "companheiros" sempre aptos ao prazer mas não às responsabilidades de criar filhos, ou ainda de familiares preocupados com uma honra perdida no exato momento em que aceitaram o aborto como solução para a educação que não deram ou não quiseram receber em momento passado.

O aborto, no Brasil, seria uma fuga de um problema bem maior e mais grave que uma gravidez indesejada, seria uma fuga para o problema seríssimo de falta de cultura, discernimento e vontade de aprender de uma parte substancial da população, que passaria a usá-lo como método contraceptivo sem pensar exatamente nas consequências à integridade física e psicológica da mulher envolvida.

Tenho todo o respeito pelas opiniões religiosas que não aceitam sequer o aborto dos casos previstos em Lei, tanto quanto as opiniões libertárias de quem pretende o aborto livre e indiscriminado. Mas não concordo com elas, sou favorável ao aborto nos casos previstos em Lei:

a) estupro;
b) risco de morte da mãe;
c) risco de criança deficiente.

Fora isso, o aborto deve ser tratado como crime praticado em conluio de todos os envolvidos (o médico, a mulher, o companheiro/namorado/marido/parceiro sexual). E o aborto autorizado pela Lei deve ser feito sob controle judiciário das circunstâncias.

16 comentários:

  1. Eu sempre achei o zé serra um cara sem personalidade. Essas mudanças de gesto, de postura, de palavras e de atitude dele dizem muito.

    Só os idiotas é que não conseguem ver a sua 'alma covarde' por dentro.

    ResponderExcluir
  2. PT,

    Mas convenhamos, DILMA também não é nenhuma personalidade própria, já que não assume que seu partido é favorável à descriminação do aborto.

    Mas é a tal coisa, Dilma não foi escolhida pelo partido, mas pelo presidente, que a impôs... ou seja, Serra pode não ter personalidade, mas Dilma tão pouco!

    ResponderExcluir
  3. Gostaria que quem comentar aqui diga se é favor ou não à descriminação do aborto.

    ResponderExcluir
  4. Eu também aceitava os itens da lei, até que uma mãe, mesmo sabendo da deficiência do feto continuou a gestação. De fato nasceu deficiente. Viveu até os 15 anos. Morreu nos braços dela. Tive contato com ele muitos e muitos anos. Ele esteve no meu casamento.

    Desde então, excluir este preceito da lei. Os fetos, mesmo deficiente, exceto os anteriores da lei, sou a favor de não abortarem.

    Quanto a politica, vão querer mudar a opinião agora? Se tentarem, fica pior.

    ResponderExcluir
  5. Estou decepcionado com os dois candidatos, mas ainda voto no Serra, porque eles estão sendo hipocritas. Aliás, a discussão sobre aborto é sempre hípócrita, porque não adianta nada criminalizar, porque ele sempre vai ocorrer. Eu sou amplamente favorável ao aborto, sobretudo num pais carente como o Brasil. É só olhar o mapa mundi. Todos os países socialmente desenvolvidos pode-se fazer aborto e no Brasil hipócrita ele é proibido.

    ResponderExcluir
  6. É um tema complicado mas, dentro daquilo que a Lei permite, estupro, risco à mãe ou deficiência do feto sou favorável mas mesmo assim, a decisão fica a critério da mãe no caso de estupro e deficiência e do marido ou família no caso de risco à mãe. Caso contrário, sou contrário pois também conheço várias crianças com problemas que trazem muitas alegrias aos seus familiares.

    ResponderExcluir
  7. Ronald,

    Por isso a necessidade do controle judiciário. EM todos estes casos previstos em Lei, o aborto é facultativo, depende justamente do que você escreveu.

    ResponderExcluir
  8. Sou favorável ao aborto quando uma mãe não tem condições, e nem perspectiva, de criar de seu filho agora ou futuramente, mas "principalmente" quando esta mãe quer isso ou opta por livre e espontanea vontade.

    Se ela decidir pelo aborto e posteriormente se arrepender disso (que vai contra os preceitos religiosos) somente à ela cabe a "dor na consciência" pelo ato tomado.

    Não sei as condições psicológicas de todas as mulheres ou futuras mães no Brasil, mas sei que gerar um filho pode representar uma enorme alegria com uma grande responsabilidade. Portanto, algo em que elas devem pensar seriamente antes de decidir.

    ResponderExcluir
  9. Sobre o tema aborto na política...

    Sinceramente, vejo como um absurdo esse tipo de veiculação de boatos envolvendo algo tão íntimo quanto à opinião pessoal de alguem sobre Deus e a religião (independentemente deles serem verdadeiro ou não).

    Isso só mostra que a baixaria vai ficar ainda pior nesses últimos trinta dias que antecedem o 2º turno. E, o pior é que, com esse baixo nível real, só quem sai perdendo é o país. E a sociedade.

    Os presidenciáveis devem realmente dar sua posição sobre o tema, mas condeno a ideia de tornar esses temas religiosos no centro de uma disputa por votos. Não acho isso bom para o Brasil.

    ResponderExcluir
  10. A que não é demagoga, Marina Silva, o povo não quis, agora é engolir os demagogos e aguardar 2014. Meu abraço.

    ResponderExcluir
  11. Sou a favor do aborto livre e por descisão da mulher. Sem necessidade de aprovação judicial.
    Falar em opção pela vida em um mundo desigual,cheio de miséria, ignorância e drogas é cinismo.
    A igreja é a última indicada para opinar, o alimento espiritual não cura a desnutrição infantil mundo afora .
    O aborto é comum em todas as sociedades, em boas e caras clínicas para a elite cínica, na base do açougue para as pobres excluidas!
    O assunto não é para campanha política, é uma vergonha que Serra encoste Dilma na parede comum assunto assim.Mostra má fé!

    ResponderExcluir
  12. Não é hora de discutir o aborto.E, presidente da república não legisla.O eleitor devia procurar saber o que seu deputado ou senador pensa.Uma pessoa decidir em quem vai votar para presidente na hora do voto é ser muito alienado.

    ResponderExcluir
  13. Para mim também só aprovo o aborto no casos que citou: a) estupro; b) risco de morte da mãe; c) risco de criança deficiente, caso a mãe queira fazer.
    Quanto a briga que o Serra-PSDB-DEM criou para amealhar votos é suja, tira dele - se tiver - sinais de franqueza e hombridade, o que me leva a votar na Dilma, eu que já votei nele noutras eleições, quando ele não mostrou seu lado rasteiro.

    ResponderExcluir
  14. Eu acho que o aborto deveria ser legalizado; acabaria com muitas mortes desnecessárias, acabaria com esse monte de crianças sem pais, sem comida, sem futuro e etc.

    ResponderExcluir
  15. Fábio, como a má fé não escolhe criação, nada impede que aquele casalzinho omita o pai do ser que virá, sugira que foi estupro e consiga o aborto.

    Acredito que a descriminalização acaba com os pardieiros que realizam esse serviço de maneira criminosa. Fiscalizar locais que fazem isso dá o mesmo trabalho que ampliar a educação / orientação sexual. A mesma igreja que não quer o aborto, cria caso para que a educação sexual faça parte da grade curricular. Sem a alteração da atual lei [que seria reposicionada na legislação atual, que garante legalmente uma condição tanto para a mulher abortar quanto para um homem querer a guarda daquele filho.

    No mais, entra no que conversamos aqui mesmo uma outra vez, a respeito da grande transferencia de responsabilidade que tem acontecido nas nossas gerações. Que passa por como a mídia e os demais canais de consumo cultural lidam com a sexualidade, de novelas à programas de auditório.

    Quanto a ter entrado no cunho político, só uma cortina de fumaça ante a incapacidade de discutir problemas que a sociedade quer resolver mas há o medo das e nas duas elites [a trabalhista e a social democrática, em aspas para as duas] de que o povão realmente aprenda e passe a colocar outros tipos de líderes no poder.

    ResponderExcluir

Não serão publicados comentários ofensivos, fora dos limites da crítica educada.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...