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26 de jan. de 2016

O ATAQUE AO NETFLIX

As operadoras de TV por assinatura perderam 1 milhão de assinantes, mas não se pode dizer que a culpa é apenas da crise. 

Com enorme concentração de audiência em uma única emissora do país, pouca diferença faz contar com mais 128 canais. Se a maioria das pessoas nunca troca de canal, a TV por assinatura é um supérfluo, despesa que um cidadão corta numa crise como a que o país enfrenta. 

A maior parte do mercado de TV por assinatura do país é controlado por 5 empresas. Houve época em que havia 3 operadoras de HDTV por satélite, Sky Directv e Tecsat, sendo que as duas primeiras fizeram fusão e a terceira, fechou as portas por conta de uma estranha política de distribuição de sinal de algumas produtoras de conteúdo, até hoje não explicada. Este não é um quadro apenas da TV por assinatura, é inerente à telefonia também, cuja concentração resiste e barra qualquer concorrência mais efetiva. O fato é que os preços de todas elas são muito próximos, de modo que o consumidor não consegue migrar de operadora, o que significa que prefere ficar sem o serviço, no aperto de uma crise.

Mas podemos ir além. Muitas destas operadoras tem sinal e serviços de manutenção deficientes, algumas simplesmente ignoram a Lei e os regulamentos da ANATEL, cobrando taxas como a do segundo ponto ou descumprindo promoções que elas mesmas oferecem aos clientes. Qualquer trato com elas é difícil e irritante, demanda tempo e paciência, e ao mesmo tempo, não são raros os casos de assinantes que são perseguidos por tele-marketing que liga todos os dias oferecendo novos serviços com preços fantásticos, sem, no entanto, explicar o prazo de tais promoções. Tudo isso é levado em conta na hora de cortar a despesa.

A solução que encontraram para combater a perda de assinantes é focar um ataque aos serviços de conteúdo pela internet, especialmente o Netflix. Por serem companhias ligadas às empresas de telefonia, provedoras do sinal de internet, as TV(s) por assinatura detectaram que, além de perderem assinantes para um serviço muito mais barato, no qual o usuário escolhe o que quer assistir e não fica preso às suas grades cheias de filmes velhos e reprises de programas diversos, também lhes impactam no custo de operações, porque exigem mais "streaming", ou seja, maior capacidade de transferência de dados. 

Cara, lerda e instável, nossa internet é de qualidade duvidosa. Mas "streaming" exige mais velocidade e isso exige investimentos que essas companhias telefônicas nunca foram entusiastas em fazer.

O ataque ao Netflix e similares tenta impor ao serviço as malditas quotas de produções nacionais, as taxas cobradas pela ANATEL e os impostos por prestação de serviços de telecomunicação, como os 29% de ICMS que o estado do Paraná cobra. Não que o Netflix ou quem quer que seja não deva pagar impostos, mas o fato é que burocracia e leis estúpidas inviabilizam qualquer preço competitivo no Brasil, de modo que, de R$ 19,90, ele passará para algo em torno de três vezes isto, se a mão pesada do Estado resolver intervir na atividade.

Vai acabar sendo apenas mais uma operadora, e não fique surpreso o leitor se, de repente, o You Tube e similares também passarem a cobrar mensalidades, já que não são algo muito diferente, que talvez também seja alvo da metralhadora das 5 gigantes que regulam a concorrência do setor no país, com as graças das autoridades que vivem emprestando dinheiro do BNDES e incentivando fusões, quando em verdade tinham que fazer o contrário.

Alega-se que ao impor tais regras ao Netflix, cuida-se da concorrência "leal" em igualdade de condições. Mas em verdade é tentativa de inviabilizar um futuro concorrente potencial, é sabido que as grandes companhias de tecnologia vislumbram aplicativos individuais de conteúdo, que extinguiriam a TV como a conhecemos, pois acabaria o conceito de grade de programação ou mesmo o de exclusividade do meio de transmissão. O Netflix é um modelo da TV do futuro, em que o cidadão poderá assistir o que quiser, onde e quando quiser, pagando mensalidade por um pacote básico de serviços, ou comprando o programa individualmente sem a necessidade de uma assinatura permanente. 

Mais que a perda de assinantes, as TV(s) por assinatura estão lutando contra a perda definitiva de utilidade. O problema é que cedo ou tarde elas terão que se adaptar aos novos tempos, mas estão lutando para que o Estado imponha regras e cobre impostos extorsivos. E novamente, a conta ficará com o consumidor.

É o capitalismo de cartel à brasileira...


11 de jul. de 2012

O CARRO USADO VIROU MICO ATÉ PARA A SOCIEDADE

O brasileiro se acostumou a trocar de carro colocando o veículo antigo no negócio como entrada. Assim tem sido durante décadas, mas parece que agora a situação está mudando em vista da facilidade de adquirir carros zero quilômetro.

Dias atrás eu estava em um feirão, porque uma pessoa próxima pretende trocar de carro e queria aproveitar o desconto do IPI. Fora o vendedor safado que queria vender um carro por um valor 4 mil reais mais alto que o da publicidade, o que me chamou a atenção foi o fato dele reclamar do estoque altíssimo de carros usados que implicava oferecer um valor (bem) baixo para o veículo que entraria no negócio.

É a tal coisa, nessas horas vemos como funciona a ganância do empresário brasileiro. Se o leitor pesquisar bem pela internet, pela tabela FIPE ou mesmo nas lojas de carros usados, verá que o preço deles cai na hora da compra pela concessionária mas, apesar do mercado não lhes ser favorável, não cai na hora da revenda (embora com a redução do IPI isso tenha acontecido para evitar paralisação total do mercado). 

O resultado é simples, na hora de comprar ou trocar de carro o consumidor naturalmente busca o carro zero, porque tudo nele é em tese mais barato, se bem que no final das contas, se colocar veículo usado no negócio, a vantagem será nenhuma.

Não sei se existe quem conte com a distração do consumidor em pesquisar, mas o que se pode ver é carro usado custando mais que carro zero quase igual. E daí os empresários reclamam de seus pátios cheios de veículos e do aluguel que pagam para manter essa estrutura. Mesmo assim, eu pelo menos entendo que não se pode dizer que isso seja uma característica do mercado ou uma situação pontual dele.

Em um mercado saturado de veículos novos, o carro usado naturalmente tem que perder valor e o comerciante por sua vez, tem que ter sua margem de lucro diminuída. Se é justo que as concessionárias recebam veículos usados por valores inferiores ao de mercado e ao da tabela FIPE, por outro lado não é coerente deixar os pátios lotados de veículos que geram custos de manutenção e não oferecê-los por um valor mais acessível ao consumidor mantendo intacto o percentual de lucratividade ou mesmo brigar para que as taxas de juros nesta operações sejam idênticas às do negócio que envolve veículo novo.

Sobre as taxas de juros então não há razão lógica para serem diferenciadas, se o "spread" é determinado pelo risco da operação, se mantida a proporcionalidade de valor, este é exatamente o mesmo para carro novo ou usado, porque o valor financiado é tão menos quanto o valor da garantia, o próprio carro. Se a taxa de juros para adquirir carro usado é maior que a de carro novo, isso é parte da estratégia de marketing das companhias automobilísticas, para quem o carro já não é mais sua responsabilidade uma vez usado por alguém, por mais que carregue sua marca, elas impõe o fato de serem um gigante competindo contra pequenas lojas de veículos multimarcas.

O que parece que os empresários e mesmo as autoridades não percebem é que esse estoque gigantesco de automóveis, se já não está gerando problemas, vai começar a gerá-los. Alguém já parou para pensar no ônus ambiental de um carro parado em um pátio por meses a fio? Ou ainda, no desperdício de recursos naturais que representa um estoque colossal de veículos parados ao passo em que, para produzir mais máquinas novas extrai-se minério de ferro, se produz aço e se gastam outros diversos recursos naturais? 

O Brasil não tem planos de reciclagem desses veículos. Ainda estamos na fase dos ferro-velhos que acumulam estoques mas não se preocupam em efetivamente reciclar peças, armazenando-as em boas condições e recolocando-as no comércio. Por aqui, o veículo fica no ferro velho até ser depenado e quando sobrar apenas a carcaça, se sobrar apenas a carcaça, terá o aço encaminhado para ser derretido e reutilizado. Se as montadoras fossem obrigadas a reciclar um percentual dos veículos que colocam para rodar, e se os impostos fossem progressivos para veículos cada vez mais velhos e sem condições ideais de rodagem, talvez seria possível retirar um percentual relevante de carros velhos das ruas e diminuir o problema da estocagem de outros tantos veículos que os substituiriam. 

O que não pode é carro usado ser vendido a preço de carro zero e os estoques aumentarem exponencialmente gerando um risco ambiental dessa magnitude para a sociedade. Não se trata apenas de uma questão comercial ou mesmo do sonho de consumo de uma pessoa, o carro é um item de consumo que não pode ficar parado e que exige que as autoridades compreendam o grave problema que ele encerra, que vai muito além dos engarrafamentos das grandes cidades.





CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...