28 de jan. de 2010

A TELEBRÁS ESTÁ VOLTANDO?


Um dos maiores "mamutes" a atrasar o desenvolvimento do país entre o fim dos governos militares e sua privatização foi o Sistema Telebrás. Empresas estatais de telefonia com quadros funcionais inchados, administradas por critérios políticos, altamente deficitárias e tecnologicamente (muito) atrasadas, prestando péssimos serviços à população.

O Sistema Telebrás remonta à privatização de uma companhia telefônica no Rio Grande do Sul pelo então governador Leonel Brizola, que alertava já na época que as empresas estrangeiras cobravam tarifas absurdas e prestavam serviços péssimos. Com o advento da Revolução de 1964, os governos militares acabaram concluindo pelo mesmo e, dada a necessidade de modernizar o país, estatizaram todo o sistema e de quebra criaram a Embratel, para gerenciar as comunicações via satélite. Foi um dos pilares do "milagre" econômico que o país experimentou entre o fim dos anos 60 e meados dos anos 70, mas depois enveredou pelo péssimo caminho do empreguismo, do uso político, das mordomias para os políticos-dirigentes e por fim da ineficiência e defasagem tecnológica que quase sempre atingem estatais no Brasil e mesmo pelo mundo afora. O resultado foi que, a partir da democratização do país, o Sistema Telebrás virou um fardo pesado, que consumia recursos estatais em seus seguidos déficits, sem qualquer capacidade de adequar o Brasil aos novos tempos da comunicação total e instantânea das novas tecnologias como o telefone celular e a internet.

Que a privatização do setor de telecomunicações foi falha, não nego. Sempre digo e repito que todos os investimentos em modernização saíram exclusivamente dos bolsos dos consumidores por meio de aumentos brutais de tarifas, sem contar outros aspectos excusos, como a alteração da Lei das S/A apenas para este processo, voltando a ser alterada para devolução da redação anterior, logo após encerrado o processo de venda pública.

Mas os mesmos críticos da privatização na marra do sistema durante o governo FHC, são as pessoas que deixaram que ele ficasse altamente concentrado em poucas empresas (oligopólio) durante o governo Lula, que agora pretende ressuscitá-lo por decreto para Plano Nacional de Banda Larga.

A intenção é boa: uma empresa estatal que supriria a internet de banda larga em municípios em que as grandes operadoras não tenham interesse ou onde elas pratiquem preços muito altos. No entanto, empresas estatais não conseguem competir em preço final se não subsidiadas. Seus custos são maiores em virtude das obrigações licitatórias e das carreiras funcionais e, claro, do fator político sempre presente em suas esferas decisórias.

Ressuscitar a Telebrás é um retrocesso perigoso, no sentido de criar precedente para que se recrie no país a cultura de empresas estatais ineficientes à serviço de interesses político-eleitorais, com prejuízo ao erário e principalmente às funções essenciais do Estado: educação, saúde e segurança pública.


Leia mais em "O Globo":


17 comentários:

  1. Estão inventando outras maneiras de manter a PTZADA nas tetas.

    ResponderExcluir
  2. mas eu acredito que mesmo assim, ela deverá ser reativada, pois quem irá fazer acontecer este esquema, senão ela própria?

    ResponderExcluir
  3. De uma viajada pelas regiões metropolinas e pelo interior do País que você vai ver o que é "MAMUTE" a atrasar o desenvolvimento do País.
    Em localiades um pouqinho mais no interior nem telefonia fixa tem.

    ResponderExcluir
  4. O Adão tem toda a razão, mais uma estatal para abrigar os "companheiros"...

    ResponderExcluir
  5. Tido aquilo que é estatal, no meu modo de ver, é ineficiente. Vejamos o caso da Vale o que ela era e o que é hoje. A Petrobrás só não é a maior do mundo pois é comandada por políticos e apadrinhados. Pegue as maiores empresas, as mais rentáveis no mundo e vejam quantas são estatais. Então, não se pode deixar de concordar em numero, gênero e grau com seu ponto de vista, ressuscitar a Telebrás é um grande retrocesso..

    ResponderExcluir
  6. Seria bem mais simples investir a tonelada de dinheiro que será utilizada nessa reativação e nos investimentos em tecnologia [a desculpa das teles para não cobrir as demais cidades] na estruturação da transmissão de dados pela rede elétrica. Mais rápida, mais "limpa" [e mais barata], matando dois coelhos com um modem só: democratiza o acesso à informação e moderniza o sistema elétrico [que já está passando por uma "sutil" mudança, dado o novo padrão de tomadas].

    Mas estamos no país da politicagem, então este é só mais um devaneio de quem olha um pouco além, pensando no povo =)... abraços!

    ResponderExcluir
  7. Se reativada, será um retrocesso e desperdício de dinheiro público, uma vez que nas telecomunicações no Brasil não faltam investimentos privados. Onde falta dinheiro público, cada vez mais, é na educação, saúde e segurança pública. Boa semana! Beijus,

    ResponderExcluir
  8. Muitas atividades por vários motivos devem ter participação direta do governo. A teoria do "governo mínimo" mostrou-se uma canoa arrombada.
    Mas não é preciso exclussividade cartorial do governo.
    Educação, saúde, segurança,setor financeiro, petroleo podem ter empresas particulares e do governo. Telecomunicações, principalmente WEB sem problemas...

    ResponderExcluir
  9. Fabio, tudo isso é muita politicagem.

    Olha, te respondemos lá no O que elas estao lendo.

    Obrigada pela atencao de sempre.

    Um abracao

    ResponderExcluir
  10. Marcelo Carlos Mayer2/2/10 19:15

    Fábio, essa boataria da reativação da Telebras está causando novamente um alvoroço nos papéis da empresa na Bolsa de Valores de SP. Hoje (02/02), teve uma alta de mais de 10%, sendo que, de janeiro até agora, são mais de 80%! Infelizmente, é pura especulação financeira, e que deve ter muito "tubarão" dentro do governo que está ganhando muito dinheiro dessa forma. Até estourar a bolha e sobrar para a "sardinhada".

    ResponderExcluir
  11. Aqui em Sampa, quando era a Telesp, o cabidão de empregos reinava...e tem gente que tem saudades...

    ResponderExcluir
  12. Tenho que conhecer o projeto para dar palpites.Assim livremente vc tem razão. Me dá raiva ao lembrar como era antes da privatização quando nem tinha telefone aqui em Guarapari ( minha casa era usada como de veraneio e tínhamos que telefonar em postos com a fila dando volta no quarteirão).Só meia dúzia tinha telefone em casa e valia uma fortuna.Lembro que tive qeu empatar dinheiro para ter telefone no escritório e lá em casa custei a ter um. E para dar linha?! Meu Deus, isso foi há 15 anos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  13. Olá, tudo bem? O Brasil votou duas vezes em Lula que defende um Estado maior e nacionalista.. A volta da Telebrás é coerente, portanto, para a maior parte dos brasileiros...Mudança só ocorre na urna. Abraços, Fabio www.fabiotv.zip.net

    ResponderExcluir
  14. Anônimo3/2/10 12:38

    Meu querido, as operadoras de telefonia do brasil de hoje, nada mais é que estatal no fornecimento e privatizadas no lucro,pois, você acha que se o governo federal subsidiar recursos para as atuais operadoras, elas atenderiam no interior do Brasil? Tenho certeza que não pois elas não possuem infraestrutura para um bom atendimento às fátias melhores do mercado.
    Não sei qual operadora lhe atende, se ela tiver um bom atendimento à população? pode divulgar que migrarei para a mesma.

    ResponderExcluir
  15. Anônimo,

    De carta forma você tem razão, até porque no texto, eu digo que essas empresas pouco investiram no sistema, elas arrancaram a melhoria dele do aumento brutal de tarifas.

    Mas eu ainda prefiro as PÈSSIMAS companhias quase privadas, que as antigas estatais com suas dezenas de diretorias e mordomias.

    ResponderExcluir
  16. Fábio

    A resposta mais interessante para essa especulação está na Bovespa. E foi bem dita pelo amigo ali:

    ...essa boataria da reativação da Telebras está causando novamente um alvoroço nos papéis da empresa na Bolsa de Valores de SP. Hoje (02/02), teve uma alta de mais de 10%, sendo que, de janeiro até agora, são mais de 80%!.

    É lá que se geram e rodam (linguagem de investidor) os lucros quando alguem influente resolve falar 'alguma coisa' sobre telefonia no Brasil.

    ResponderExcluir
  17. Marcelo e Neto,

    Eu não me admiraria se descobrissem que é tudo um golpe para alavancar ações. No Brasil, é plausível!

    ResponderExcluir

Não serão publicados comentários ofensivos, fora dos limites da crítica educada.

CORITIBA: O MEDO DO FUTURO.

No erro de uma diretoria interina, que acionou a justiça comum em 1989 para não jogar uma partida marcada de má-fé pela CBF para prejudicar ...